Entre 2006 e 2008, as empresas estatais federais promoveram mais inovações do que as companhias privadas.
Praticamente sete em cada 10 empresas públicas criaram algum produto ou processo nesse período, segundo a Pesquisa de Inovação nas Empresas Estatais Federais 2008, divulgada quarta-feira (20) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre as empresas privadas, de acordo com a última Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec) do IBGE, a relação cai para quatro em cada dezena.
O estudo sobre inovação nas estatais foi feito em parceria com os ministérios da Ciência e Tecnologia e do Planejamento e analisou, pela primeira vez, as empresas federais isoladamente. Ao todo, foram investigadas 72 companhias públicas, de um total de 118 acompanhadas pelo Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais (Dest).
De acordo com a gerente responsável pela pesquisa, Fernanda Vilhena, esse resultado reflete o padrão de inovação observado nas estatais federais, mais voltado para pesquisa e desenvolvimento (P&D), geralmente em parceria com universidades. "O grande diferencial é que as empresas, sobretudo as industriais, promovem a inovação muito baseada na compra de máquinas e equipamentos. Já nas estatais federais, o padrão de inovação é voltado para pesquisa e desenvolvimento dentro da própria empresa e, também, com arranjos cooperativos com universidades. Isso é muito interessante e acabou determinando o resultado positivo de inovação nessas companhias", disse ele.
A pesquisa também revelou que, entre as estatais inovadoras, 27,8% lançaram algum produto novo no mercado nacional e 29,2% implementaram processo inédito, também direcionado ao mercado interno. Nas empresas privadas, esses percentuais são 4,4% e 2,4%, respectivamente.
Vilhena ressaltou que essa diferença pode ser explicada, além do volume maior de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, pelo monopólio que algumas estatais exercem em determinados setores, como o de energia. "Essas empresas são muito intensivas em pesquisa e desenvolvimento, o que gera muito processo inovador. No caso dos produtos, as estatais, muitas vezes, são as únicas ofertantes de um produto.
Então, ao lançar um produto novo, ele é automaticamente novo para o mercado".
A pesquisa também destacou que o apoio do governo, por meio de bolsas de fundações de amparo à pesquisa e dos incentivos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), impulsionou as inovações nas empresas estatais. Já em relação aos entraves para implementar processos inovadores, o estudo revela que as dificuldades são mais evidentes nas companhias públicas. Mais da metade (57,1%) enfrentaram pelo menos um obstáculo de importância alta ou média para inovar, especialmente relacionado à burocracia da administração pública. A dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações e a rigidez organizacional foram citados por 64,2% delas. Já para o conjunto de empresas privadas ouvidas pela Pintec, os maiores obstáculos foram os elevados custos da inovação (57,1%), os riscos econômicos excessivos (65,6%) e a escassez de financiamento (51,4%).
(Agência Brasil)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=77270
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