Fonte: Blog do Ethevaldo Siqueira de 11.09.2011
O Brasil e o mundo têm muito a aprender com a maior e mais prestigiosa das instituições européias de pesquisa aplicada presentes na IFA 2011, o conglomerado Fraunhofer, que reúne mais de 50 institutos, mantido pela indústria e pelo governo alemão. Suas pesquisas visam a atender às necessidades da população em saúde, segurança, comunicação, energia e ambiente.
Verdadeira fábrica de tecnologia, essa organização é um dos melhores exemplos de colaboração entre governo e indústria, ou seja, do modelo de parceria público-privada (PPP). Na definição de seus diretores, o Fraunhofer tem de ser criativo, dar forma à tecnologia, conceber produtos, aprimorar métodos e técnicas e abrir novos horizontes. Em resumo: forjar o futuro.
Espalhado por diversos pavilhões, o Fraunhofer apresentou nesta IFA 2011, seguramente, o maior número de inovações da exposição, nas áreas de meio ambiente, sustentabilidade, áudio, vídeo, TV digital e 3D, comunicações via satélite e internet de alta velocidade, entre outras áreas. Conhecido mundialmente por suas conquistas foi o criador do MP3, sistema de compressão de áudio digital tão popular hoje entre os jovens.
No centro de exposições de Berlim (Messe Berlim), o Fraunhofer ganhou mais destaque na seção denominada IFA TecWatch, ou Tecnologia para os mercados de amanhã, de grande impacto, em especial para estudantes e pesquisadores de todo o mundo. Ali estavam expostos centenas de avanços e inovações nas áreas de rádio e TV digitais, televisão sobre protocolo IP (IPTV) e sistemas de informação interativa e comunicação via satélite. Um de seus destaques foi o sistema Dicit, interface por comando vocal a distância para controle da televisão interativa. Com ele, o usuário pergunta à sua TV e obtém como resposta a lista dos principais programas e melhores filmes do dia.
Um dos avanços que mais chama a atenção dos usuários hoje é o controle remoto por gestos, para controlar as funções básicas do televisor. Desde a IFA 2010, o Fraunhofer apresentou esse novo tipo de interface, ou seja, o modo como nos relacionamos com as máquinas, desenvolvido por um de seus institutos, o Heinrich Hertz Institute.
Mágica dos comandos
No desenvolvimento de novas interfaces, um de seus mais recentes avanços parece até coisa mágica. É o sistema de comando de um televisor apenas por gestos das mãos do usuário, à distância de até 4 metros, desenvolvido também pelo Fraunhofer.
Na área de educação, desenvolve diversos recursos auxiliares do ensino, lousa eletrônica e uma incrível enciclopédia audiovisual, com acesso à internet, que é consultada por alunos e professores. Esta é a lousa inteligente do futuro, explicou um dos cientistas.
Na visão de um de seus palestrantes, o desenvolvimento de toda a eletrônica de consumo e de entretenimento dos próximos anos terá dois focos ou centros motores em nossas residências: a TV e a internet. Os progressos da TV se dão em diversos níveis, seja em suas telas ou displays, seja no conteúdo e modelos de negócios, entre os quais a TV aberta, a TV por assinatura, Web TV e uma espécie de ServiceTV, que será utilizada para os serviços públicos do governo eletrônico.
A convergência mais significativa dos últimos anos é representada pelo casamento do televisor com a internet, na TV conectada ou, num sentido mais amplo, na Smart TV.
O valor dos sonhos
Por suas inovações cada dia mais criativas, o Fraunhofer pode ser também comparado a uma fábrica de sonhos. Nos últimos dois anos, produziu diversos novos conteúdos na área de TV3D, inclusive as primeiras gravações musicais de alto padrão de concertos da famosa Filarmônica de Berlim em Blu-ray 3D.
O espetáculo é ainda mais impressionante em home theater com projeção tridimensional. A combinação da melhor imagem com o melhor som, que poderá ser levada para milhões de lares, é o melhor exemplo do valor dos sonhos, na visão da instituição. É claro que os espectadores e ouvintes mais conservadores acham que a imagem 3D modifica o clima da audição de música clássica.
Uma das áreas onde o Fraunhofer tem mais investido é na humanização das interfaces, que busca repensar o uso de teclados, botões, telas sensíveis ao toque, microfones de comando vocal e sistemas de identificação biométricos (impressões digitais, reconhecimento da fisionomia, da voz e da íris). E, de fato, as modernas telas de toque (touchscreens) criam uma relação muito mais intuitiva e amigável entre usuários de dispositivos como o iPhone, o iPad e similares. Ou entre usuários de tablets ou mesmo desktops, como os recém-lançados pela HP.
No futuro, é provável que as pessoas venham a aderir ao comando de voz, outra interface já suficientemente evoluída e capaz de substituir os teclados tradicionais de centenas de dispositivos e aparelhos elétricos e eletrônicos.
O nosso CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento) de Campinas bem poderia adotar um modelo de administração e de financiamento público-privado semelhante ao do Fraunhofer, num conglomerado que poderia integrar até a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Centro Tecnológico da Aeronáutica, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e outros.
Fonte:http://www.sbpcpe.org/index.php?dt=2011_09_14&pagina=noticias&id=06819
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