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quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Nós sabemos tudo sobre você!
Em matéria especial, o Olhar Digital consulta especialista em segurança, que mostra que suas informações poderiam estar bem mais seguras
22 de Novembro de 2011 | 18:50h
Rafael Arbulu
Já não é de hoje que vemos diversas campanhas de conscientização relacionadas ao uso mais seguro das redes sociais. Um dos problemas da evolução tecnológica é que os métodos de se fazer mal a alguém também acompanham tais mudanças, tornando-se mais minuciosos - e perigosos. E isso, infelizmente, já chegou às redes sociais.
Vamos fazer um teste: você conhece a Elaine dos Santos? Talvez nunca tenha ouvido falar da garota da foto ao lado, mas leia os próximos dois parágrafos e, depois, nos diga se conseguiu conhecê-la um pouco melhor.
Elaine dos Santos é co-fundadora da Remix Social Ideas, uma agência de marketing voltado à aproximação de empresas e seus públicos através das mídias sociais. Inaugurada em 2009, a Remix é a primeira investida de Elaine como empreendedora, mas, no currículo, ela conta com funções variadas em grandes empresas, como a Agência Click e a DBOpen. Ela é formada em Educação Física - algo que não tem muito a ver com o que faz hoje e, na sua carreira focada em publicidade e mídias sociais, Elaine já foi até palestrante na Campus Party, moderando alguns debates do evento.
No lado pessoal, Elaine namora o sueco Ola Persson, de português fluente, que veio morar com a amada no Brasil pouco antes de um incidente muito famoso, do qual Elaine quase fez parte das estimativas de uma tragédia: o vôo da Air France que caiu no Rio de Janeiro era paralelo àquele em que ela se encontrava, que saiu de São Paulo em direção à Paris. Ela só ficou sabendo do acidente quando chegou em território francês.
Você pode estranhar o perfil gratuito de uma pessoa aparentemente anônima que traçamos nessa matéria, mas a verdade é que Elaine, popularmente conhecida como "Lalai", nos contou isso tudo – e ela só se deu conta disso quando a procuramos, com esse texto pronto, em busca da autorização dela para publicação. Tudo isso que você leu sobre Lalai foi encontrado não através de uma busca jornalística, examinando dados "por baixo do pano", ao modo de um detetive, mas sim através de tudo o que ela mesma postou em redes sociais onde mantém perfis. "Eu tenho receio da minha própria exposição, ao mesmo tempo em que não consigo contê-la", disse Lalai, ao ver o material que nossa equipe reuniu. "Eu sigo o fluxo, estou sempre conectada e experimentando novas redes sociais... é a partir da minha própria experiência que eu consigo desenvolver estratégias para as marcas com as quais trabalho", completa.
Seja pelo Twitter, Facebook, LinkedIn, Tumblr, um blog no Wordpress ou mesmo um site pessoal, é fato que, com a chamada "geração internet", nós nos dispomos a contar ao mundo quem nós somos. Nossos gostos, afeições, medos, paixões – quem são nossos namorados, amantes, onde trabalhamos e o que fazemos – tudo está disponível para quem quiser ver, a poucos cliques de distância. Mesmo a equipe do Olhar Digital pode ser facilmente "descoberta" apenas por digitar nome e sobrenome no Google.
Isso levanta uma questão interessante: é possível anular a sua presença na internet? Existe alguma forma prática de limpar sua existência online? Ou o mundo de hoje exige uma conexão constante, ao preço de sacrificar parte da sua privacidade pelo bem das relações pessoais e comerciais? Veja na próxima página.
Segundo o analista de vírus e outros malwares da Kaspersky, Fabio Assolini, tal possibilidade está ao alcance de todos, mas eliminar sua "existência online" é uma atitude que vai exigir muito esforço: "Se a pessoa tem cuidado de não publicar dados pessoais na internet, o risco que ela corre de alguém encontrar esses dados são baixos. Uma maneira de fazer isso é usando apelidos, ao invés do nome real, em determinados sites", diz o especialista. "Se o cadastro em um site não envolver venda ou compra de produtos diretos, a pessoa pode e deve mentir: pra que um site de games precisaria saber meu nome e endereço se eu não vou comprar nada lá?", completa.
Assolini afirma que o problema das redes sociais reside na cultura do usuário brasileiro. Segundo ele, nós não temos o hábito de utilizar as ferramentas de segurança oferecidas pelos próprios sites de relacionamento. "É um fator cultural – nós somos sociáveis, fazemos amizade com facilidade. Isso faz com que nós não tenhamos malícia nessa parte de segurança. Na Europa, por exemplo, isso é mais sério", exemplifica. "Diversas cidades procuraram o Google, preocupados com essa questão em relação ao Street View. Algumas, inclusive, pediram que não fossem incluídas no recurso por medo do que isso poderia acarretar em questões de segurança. O único lugar no Brasil em que reclamaram disso foi no Sul, onde, talvez, isso tenha se dado pela ampla influência alemã no Estado".
Devido à sociabilidade do usuário brasileiro, em nosso país a incidência de casos como roubo de contas, spamming e outras pragas é maior. Isso, segundo o analista, também é culpa da nossa cultura: "a maioria dos usuários aceita como amigo uma pessoa que não conhece. Por exemplo, um perfil falso que mantém na apresentação uma foto de uma mulher muito bonita – a chance de um homem aceitar o pedido de amizade de alguém assim é muito grande – e isso facilita ações inclusive criminosas, como seqüestros, por exemplo".
Aliás, a própria Kaspersky tem o que falar sobre sequestros: usando informações divulgadas no Facebook, criminosos sequestraram Ivan Kaspersky, filho do fundador da empresa, Eugene Kaspersky. A situação acabou bem, com a prisão dos envolvidos. Mas essa foi uma situação de final satisfatório. Mas muitas outras podem não acabar assim...
"O usuário tem que estar preocupado em usar as ferramentas de privacidade oferecidas pela rede social, o que, hoje, quase todas oferecem. O que é necessário é uma conscientização do internauta. Selecionar bem quem ele adiciona em seu perfil é essencial mas, acima de tudo, evitar postar informações muito pessoais – uma vez publicadas, a chance de isso ir parar onde não deve é grande, e isso vale para fotos, check-ins no Foursquare, dizer que esta preparando viagens etc. – tem gente que faz check-in ao entrar em casa", diz Assolini, que ainda complementa dizendo que isso, apesar de não constituir solução definitiva, é um obstáculo a mais para pessoas mal intencionadas.
Porém, vale citar que nem tudo é questão para o usuário se atentar. As próprias redes sociais nem sempre colaboram na criação de um ambiente seguro dentro de seus recursos, o que, de acordo com Assolini, é outro fator que compromete a proteção de quem usa o serviço: "O Facebook, por exemplo, tem uma interface relativamente complexa, e isso, para um usuário comum, não é um 'facilitador'. A esse tipo de usuário, só interessa criar o perfil e usar a rede. Em comparação com o Orkut, por exemplo, essa é uma falha não tão evidente – o Orkut era mais 'direto ao ponto' ao educar o usuário na proteção de informações".
Diante desse quadro, o analista recomenda a não-postagem de material muito pessoal em redes sociais. Apenas a oferta de um espaço para que dados como CEP ou celular sejam preenchidos em uma rede social, já deixam o brasileiro compelido a contar para todos uma informação que pode, no futuro lhe trazer problemas. "A chance de isso 'morrer', depois de publicada tal informação, é muito pequena. Internet não esquece das coisas".
Um bom exemplo dessas "falhas humanas" de segurança já foi publicado aqui no Olhar Digital. O site "Take This Lollipop.com" exibe um thriller onde um psicopata visualiza as informações de quem acessa a URL em questão antes de sair de casa portando uma faca, planejando "uma visitinha" até o local onde você está. Clique aqui e confira.
Fonte:http://olhardigital.uol.com.br/jovem/redes_sociais/noticias/nos-sabemos-tudo-sobre-voce
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