JC e-mail 4091, de 08 de Setembro de 2010.
Estudo da OCDE mostra desemprego maior para quem cursou ensino médio
Os indicadores de educação do Brasil ainda estão muito abaixo da média registrada pelos países desenvolvidos, o que prejudica o mercado de trabalho brasileiro, como mostrou estudo divulgado ontem pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A pesquisa "Olhares sobre Educação 2010" aponta que mais da metade (51%) da população brasileira entre 25 e 64 anos ainda não tinha completado o ensino médio em 2008, enquanto na média dos 31 países ricos da OCDE a taxa é de 29%.
Além disso, a taxa de desemprego no Brasil é menor entre os adultos que não completaram o ensino médio que entre aqueles que já completaram este nível de ensino.
Em entrevista à BBC Brasil, o economista Etienne Albiser informou que o índice de desemprego entre os que não concluíram o segundo grau no Brasil é de 4,7%, enquanto a taxa dos que terminaram o curso é de 6,1%.
Os dados vão contra a tendência registrada entre os países desenvolvidos, como aponta o estudo. Em geral, a taxa de desemprego entre aqueles que cursaram o ensino médio é quatro pontos percentuais menor que os que não têm esta formação. E, segundo especialistas, o ensino médio é considerado o preparo mínimo para disputar uma vaga em um competitivo mercado de trabalho.
Segundo Albiser, a diferença no caso brasileiro está ligada à alta taxa de desemprego entre mulheres que concluíram o segundo grau e também à estrutura da economia brasileira, que teria mais necessidade de mão de obra menos qualificada.
Os números citados pela OCDE diferem dos dados mais recentes da Pesquisa Mensal do Emprego (PME) do IBGE. Pela PME, a taxa de desemprego da população com onze anos ou mais de estudo - ou seja, com o ensino médio completo - era de 6,6% em julho.
No caso de quem tem entre oito e dez anos de estudo, a taxa é de 9,3%. O nível chega a 6,1% na população classificada entre sem instrução a oito anos de estudo. A taxa maior nas faixas mais instruídas ocorre porque representam parcela maior na força de trabalho no Brasil, já que quase metade da população ocupada no país tem pelo menos o ensino médio completo.
Organização defende investimento em educação
A boa notícia é que o investimento em educação, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB, conjunto dos bens e serviços produzidos no país ao longo de um ano), aumentou de 3,7% no período entre 1994 e 2000 para 5,2% em 2007, segundo a OCDE. A taxa, no entanto, ainda é inferior à média dos países ricos da OCDE, de 6,2%.
O Brasil também passou a dedicar um percentual maior de seu orçamento à educação. O nível subiu de 11,2% em 1995 para 16,1% em 2007.
Com o acirramento da concorrência no mercado de trabalho, a OCDE defende mais investimentos na qualidade de a educação, de maneira a garantir um crescimento econômico a longo prazo.
- Diante de uma recessão mundial que continua a pesar sobre o emprego, a educação constitui um investimento essencial para reagir às evoluções tecnológicas e demográficas que redesenham o mercado de trabalho - afirmou o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, ao lançar o estudo em Paris.
(O Globo, 8/9)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=73317
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