Reino Unido transforma Arquipélago de Chagos em área de proteção
A maior reserva marinha totalmente protegida do mundo enfim saiu do papel. Administrada pelo governo britânico, ela conta com 544 mil km² - o dobro do tamanho do Reino Unido - e comporta todo o Arquipélago de Chagos, no Oceano Índico. A pesca comercial será proibida em todo o seu perímetro.
Embora sua criação seja aplaudida por especialistas, sobram ressalvas de que o esforço não é o suficiente para a comunidade internacional cumprir suas metas.
Em 2002, as nações participantes da Convenção da Diversidade Biológica e da Cúpula da Terra para o Desenvolvimento Sustentável comprometeram-se a proteger, até 2012, 10% da área ocupada pelos oceanos do planeta. Hoje, a apenas 15 meses do fim do prazo, estima-se que apenas 1,17% deste território está sob alguma forma de proteção. Diante da impossibilidade de cumprir a promessa, o prazo foi estendido na semana passada para 2012.
A medida não agradou aos pesquisadores da vida marinha, que sustentam que o acordo instituído é menos ambicioso do que o necessário. De acordo com suas estimativas, é preciso proteger um terço das águas oceânicas para que as espécies presentes naquele habitat possam por sua sobrevivência.
- O fracasso em se aproximar das metas originais resultará em uma perda maciça de recursos marinhos e, consequentemente, em menos formas de sustento - pondera Heather Koldewey, administradora do Programa Internacional de Conservação Marinha e de Água Doce da Sociedade Zoológica de Londres. - Seria necessário dedicar de 30 a 40 por cento dos ambientes aquáticos a alguma forma de conservação.
O biólogo marinho Charles Sheppard, da Universidade de Warwick, na Inglaterra, acredita que a criação de mais reservas marinhas é vital para manter "vida suficiente nos oceanos".
- Os governos precisam enfrentar o lobby da pesca industrial antes que seja tarde demais - alerta. - Não podemos suportar mais atrasos, quando seus compromissos já deveriam estar sendo honrados.
A reserva de Chagos é lar de espécies ameaçadas de extinção como tartarugas de mar verde e golfinhos, além de contar com um dos maiores recifes de coral do mundo - um habitat para mais de 1.200 espécies. Sua vida marinha foi duramente atingida pela prática descontrolada da pesca.
A Sociedade Zoológica de Londres estima que, nos últimos cinco anos, cerca de 60 mil tubarões, entre outras espécies, foram capturados como um "complemento acidental" da pesca comercial de atum.
(O Globo, 2/11)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=74465
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