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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Açúcar envelhece

Não apenas doces, balas e afins têm essa ação nefasta. Alimentos como o arroz branco, com altoíndice glicêmico, também fazem a glicose ir às alturas e, aí, os ponteiros do nosso relógio biológico saem do compasso, acelerando a passagem do tempo

por Thais Szegö | fotos Gustavo Arrais

Para começo de conversa, saiba que a ordem é ficar de olho na velocidade com que os alimentos liberam glicose no sangue. "Quando suas taxas vivem nas alturas, as células se tornam resistentes à insulina, hormônio que abre caminho para a entrada do açúcar nas células", explica o médico Edson Credídio, diretor da Associação Brasileira de Nutrologia.

Impedida de penetrar na membrana celular, a glicose fica dando sopa na circulação. É aí que mora o perigo, porque então ela se liga às proteínas que encontra pela frente. Dessa união nascem os produtos finais de glicação ou glicosilação avançada, também conhecidos como AGEs, sigla em inglês para Advanced Glycosylation End Products (veja o infográfico). Essas moléculas de nome esquisito se aderem à superfície das células, deixando-as caramelizadas ao pé da letra! E isso, acredite, não é nada saboroso. "O acúmulo de AGEs diminui a capacidade de divisão celular, num processo semelhante ao que acontece quando envelhecemos", diz a nutricionista Adriana Kobayashi, de São Paulo. "Não bastasse isso, a glicosilação dificulta a ação da insulina, formando, assim, um ciclo vicioso", acrescenta a nutricionista Cynthia Antonaccio, da Equilibrium Consultoria em Nutrição e Bem-Estar, em São Paulo.

Controlar o índice glicêmico não significa obrigatoriamente fazer uma contagem rigorosa, como aquela necessária no caso do diabete, quando a pessoa deve anotar na ponta do lápis o açúcar de tudo o que vai no prato. Controlar, aqui, é simplesmente não extrapolar. Siga as nossas dicas para manter suas taxas de glicose em patamares aceitáveis e consulte nossa tabela com o índice glicêmico de 64 alimentos.

PURA MATEMÁTICA

O índice glicêmico (IG) de uma comida indica a quantidade de açúcar que vai parar depressa na circulação por causa do seu consumo. Ele é calculado em duas etapas. Na primeira mede-se a taxa de glicose sangüínea de voluntários que acabaram de saborear o alimento. Passadas três horas, eles engolem glicose pura e mede-se de novo sua taxa de açúcar no sangue. Essa segunda medida, aliás, serve como um valor de referência. O índice glicêmico usa uma escala que vai de zero a 100. Desse modo, é feito o cotejo: se o alimento provocou metade do aumento de glicemia em relação à glicose pura, seu IG fica igual a 50, por exemplo.

DOCES VENENOS

Quando a glicose circulante no sangue e as proteínas se
encontram, é estrago na certa. Veja nossa comparação:

1. Boa parte do que comemos se transforma em glicose. Essa substância, mais presente nos doces e nas massas, é fonte de energia do organismo. Mas é essencial a presença da insulina. Ela seria o talher que leva esse açúcar para dentro das células.


2. Quando ingerimos um alimento com índice glicêmico alto, o excesso de glicose em circulação causa um desarranjo na fabricação da insulina pelo pâncreas. Se a situação se repete, as células alteram a própria membrana e rejeitam a entrada da glicose. Esse quadro é o da famosa resistência à insulina.

3. O açúcar que não conseguiu entrar nas células fica sobrando pelo sangue. Nesse passeio à toa, encontra proteínas e não resiste a ligar-se a elas. Da união nascem compostos caramelados chamados de AGEs.

4. Os AGEs formam uma rede que, ao topar com qualquer célula do corpo, gruda-se em sua membrana. E aí elas ficam caramelizadas. Essa cobertura dificulta a divisão celular, que está por trás da renovação dos tecidos. Também impede a troca de informações entre as células e o meio em que vivem.


CHEIA DE DOÇURA E... FLACIDEZ!
A ação dos AGEs faz a pele despencar



1. Na pele jovem, as fibras de colágeno, responsáveis pela sua firmeza e elasticidade, deslizam umas sobre as outras quando o tecido é esticado.



2. Com consumo excessivo de alimentos com alto IG, essas fibras ficam endurecidas como doces caramelados. Ao se moverem, logo se esbarram e se quebram. E isso se traduz em rugas e flacidez diante do espelho.

Fonte:http://saude.abril.com.br/edicoes/0266/nutricao/conteudo_103559.shtml

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