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sexta-feira, 25 de março de 2011

Educação bilíngue: o importante é agir de forma natural



Fonoaudióloga Linda Schrey-Dern
Uma das grandes dificuldades encontradas por casais de nacionalidades diferentes é ensinar aos filhos as primeiras palavras. Como incentivar as crianças a aprender dois idiomas? Leia os conselhos de uma fonoaudióloga.

É comum casais que vivem fora do país de origem usarem a língua materna em casa. Mas o idioma falado na rua é outro. Como não confundir a cabeça dos filhos? Em entrevista à Deutsche Welle, a fonoaudióloga Linda Schrey-Dern dá conselhos preciosos aos pais de crianças bilíngues.

Deutsche Welle: Alguns especialistas aconselham que as crianças devem aprender a língua de onde moram antes do idioma dos pais. Está correto?

Linda Schrey-Dern: Não, desde o princípio cada um deve falar sua língua materna com os filhos.

E se os pais falam línguas diferentes?



É brincando que as crianças aprendem melhor
Mesmo numa situação como essa, para conversar com o filho, cada um deve usar sua língua materna. É importante usar o idioma que flua mais naturalmente, pois o objetivo é expressar os sentimentos. É uma questão de autenticidade: quanto mais autêntico, melhor para a relação entre pais e filhos.

Falar duas línguas não é exigir demais da criança?

Não, normalmente as crianças não sofrem problemas em aprender dois idiomas paralelamente, pois têm enorme interesse em manter contato com outras pessoas, em brincar com outras crianças. Uma criança nunca aprende uma língua conscientemente, sempre instintivamente.

Existe uma idade a partir da qual fica difícil aprender um novo idioma?

Quanto mais tarde uma criança entra em contato com um novo idioma, mais tempo pode levar o processo de aprendizagem. Sempre tem a ver com o ambiente em que vive. Tenho uma colega que veio para a Alemanha com 12 anos e só falava russo, nenhuma palavra em alemão. Hoje em dia, aos 30 anos, não dá para perceber mais que é russa. E ela continua falando sua língua materna perfeitamente.

Em média, para aprender bem um idioma além do falado pelos pais, basta que o contato seja feito no jardim de infância e na escola?



Grupos pequenos são importantes para um bom processo de aprendizagem
Sim, normalmente basta. Depende também das condições iniciais da criança. Ocasionalmente é preciso um maior esforço para aprender fora da escola.

Há crianças que se recusam a aprender uma das línguas?

Sim, claro que há. Mas o número é pequeno. Numa certa altura, pode acontecer de a criança se decidir por um idioma no qual prefere se comunicar. Isso pode acontecer se ninguém além dos pais usar a "outra língua" com ela. É a lógica natural do menor esforço, que também funciona com as crianças. A situação fica especialmente complicada quando os pais, decepcionados por o filho não usar o idioma deles, acabam forçando a criança a aprendê-lo.

Tem alguma dica para pais de crianças que se recusam a falar tanto a língua de casa quanto o idioma do país onde vivem?

Isso é muito complicado. Numa situação como essa, eu sempre aconselharia a procurar ajuda profissional para saber o que está acontecendo na interação entre pais e filhos. É possível que haja um problema no círculo familiar. Neste caso, um profissional que acompanha a educação infantil seria útil. Os pais sempre devem pensar: considerando que as crianças podem tender ao menor esforço, faz sentido para elas falar a língua dos pais? Elas vão usar esse idioma fora de casa?

Entrevista: Tim Lokotsch
Revisão: Augusto Valente

Fonte:http://www.dw-world.de/dw/article/0,,14916579,00.html?maca=bra-newsletter_br_Destaques-2362-html-nl

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