O maior pólo de inovação tecnológica do mundo fica nos arredores de São Francisco nos Estados Unidos. Aqui no Brasil ele ainda não nasceu, mas algumas pessoas já estão tentando mudar esse quadro
Quarta-feira, 10 de novembro de 2010 às 11h06
Stephanie Kohn
Do coração da Califórnia saíram as maiores empresas de tecnologia da atualidade. Nos arredores de São Fransisco, no Vale do Silício, a Apple, Google, Yahoo, HP, MySpace, YouTube e tantas outras companhias que revolucionaram o mundo da tecnologia começaram seus negócios. Como um passe de mágica, centenas de jovens que moravam ou estudavam por ali conseguiram transformar seus sonhos, até então distantes, em realidade.
A origem da criação das empresas que praticamente ditam regras do mundo contemporâneo começou na Segunda Guerra Mundial. Para se defender dos alemães que já tinham desenvolvido sofisticados sistemas de radares, a Universidade de Stanford recebeu cerca de US$ 50 milhões em fundos para pesquisas militares. Quando Frederick Terman voltou para Stanford depois de chefiar uma escola em Harvard, ele sugeriu que a Universidade criasse sua própria escola de tecnologia no campo da Engenharia. A partir daí, o Vale do Silício se desenvolveu.
Porém, além do incentivo financeiro, o que moveu Stanford, e consequentemente, a região foi o incentivo dos professores. Terman encorajou dezenas de alunos a abrir seu próprio negócio, como foi o caso de Willian Hewlett e David Packard, fundadores da HP. Hoje, o Vale do Silício é um polo de inovação e um modelo para outros países.
Aqui no Brasil, por exemplo, três empreendedores estão tentando implantar a ideia que há anos ronda o Vale. Reinaldo Normand, Rodrigo Veloso e José Augusto Corrêa estão promovendo o empreendedorismo no país por meio da BricChamber. A ideia é conectar líderes, pessoas criativas e fomentar a inovação entre jovens e empresários. "Acredito que o incentivo ao empreendedorismo é essencial para o desenvolvimento de um país. Por isso resolvi fazer a Semana do Vale do Silício no Brasil", conta Reinaldo, fundador da Zeebo e empreendedor residindo em Xangai, na China.
O evento é a primeira ação concreta da BricChamber, - projeto que contempla países emergentes como Brasil, Rússia, Índia e China - para conectar pessoas, favorecer negócios e estimular ações empreendedoras. Com palestras de líderes como Aber Whitcomb, co-fundador do MySpace, o BricChamber pretende aumentar o networking dos brasileiros e mostrar que as ideias podem sair do papel. "O empreendedor é um cara apaixonado e sonhador que consegue ter sucesso no seu negócio por gostar muito do que faz e não por querer apenas ganhar dinheiro. Repare que quase tudo o que começou com ingenuidade deu certo", lembra Reinaldo.
Um dos palestrantes, também originado da região de inovação da Califórnia é Jawed Karim, um dos fundadores do fenômeno YouTube. Segundo Jawed, o sucesso do Vale do Silício foi uma junção de características, inclusive, o apoio de empresas que queriam investir em novas ideias. "Não vejo porque o Brasil não possa crescer e se transformar em um outro Vale do Silício. Vocês têm ideias, empresas e dinheiro", comenta. No entanto, Reinaldo acha que aqui no Brasil há um ponto importante e bastante diferente dos Estados Unidos. Para ele, se o governo brasileiro fosse menos burocrático, as pessoas se arriscariam mais em abrir novos negócios. "Não acho que o governo deva ser o incentivador do empreendedorismo, mas acredito que ele deve ajudar não atrapalhando", brinca.
Reinaldo ainda conta que o grande problema é que no Brasil as ideias empreendedoras ainda são vistas apenas como sonhos. "Se alguém aqui diz que quer criar o novo Google, vão rir da cara dele. Lá na Califórnia, os empresários levam as ideias relevantes mais a sério", conta. Jawed complementa ao dizer que o mais importante é criar um negócio que seja agradável e divertido de se fazer. "Começamos o YouTube como uma brincadeira que podia virar negócio. Se não tivéssemos nos divertido com a criação do site, acho que não teria dado certo", explica.
De fato, o Vale do Silício transformou a economia mundial de uma forma irreversível. Agora os países emergentes, que crescem exponencialmente, devem e podem acompanhar a revolução digital, inserindo na sua cultura a ideia de que o sucesso dos negócios depende muito mais do capital intelectual do que o capital tangível. "Um país que quer se desenvolver tem que incentivar a inovação e não existe nada mais inovador do que investir em novas tecnologias", conclui Jawed.
Para quem se interessou no projeto, pode entrar em contato com Reinaldo pelo seu perfil no Facebook.
Fonte:http://olhardigital.uol.com.br/produtos/digital_news/o-brasil-tambem-pode-ter-seu-vale-do-silicio/14794
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