País terá cursos de licenciatura em matemática e biologia, pedagogia e administração pública oferecidos pela Universidade Aberta do Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira (9/11) o papel do Estado na educação ao lembrar as iniciativas do setor ao longo de seus dois mandatos, que chamou de "pequena revolução".
"Não permitam que se repita aqui o erro do Brasil da década de 90", disse o presidente durante a aula inaugural de três polos da Universidade Aberta do Brasil na capital moçambicana. "Quem vai resolver o problema da educação é o Estado. Ele é razão da nossa existência e nós somos razão da existência dele."
Lula ministrou a aula inaugural da primeira turma da Universidade Aberta do Brasil (UAB) no exterior. No total, 620 estudantes acompanharam a palestra no auditório da Universidade Pedagógica em Maputo e nos polos presenciais das cidades de Lichinga e Beira, ambos em Moçambique. A ideia é, em seis meses, integrar mais três cidades à rede, chegando a nove palos em 2012.
Quando explicou os motivos que levam o governo brasileiro a criar polos de estudo a distância em parceira com universidades de Moçambique, Lula voltou a falar da dívida "histórica" com o povo africano e da necessidade de ambas as nações sentirem-se capazes de sair da condição de pobres ou emergentes.
"É construir um futuro em que o Sul não deve ser dependente do Norte. Devermos ser tão importantes ou sabidos quanto eles", disse Lula, ao afirmar que o Brasil é uma mistura de africanos, indígenas e brancos. "É uma vantagem comparativa, mas como tivemos a cabeça colonizada por séculos, aprendemos que somos seres inferiores. E que todo mundo que enrola a língua é melhor que nós", afirmou.
Lula disse que é preciso ter a convicção de que só o estudo pode garantir às pessoas a igualdade de oportunidades, de emprego, salário. "Acho que todo mundo pode levantar a cabeça e tornar o mundo mais igual. E isso se dará pela educação", afirmou.
Segundo ele, o lançamento do projeto da Universidade Aberta do Brasil na África foi a realização de um "sonho de anos", lamentando que, "nas relações internacionais, as coisas demoram mais do que a gente gostaria". Segundo ele, ainda este ano o governo quer lançar a pedra fundamental da Universidade Afro-Brasileira, em Redenção, no Ceará.
(Agência Brasil, 9/11)
Graduação a distância
A parceria entre os governos brasileiro e moçambicano compreende a formação de até 5,5 mil professores da educação básica e 1,5 mil servidores da administração pública, entre 2011 e 2017.
A primeira turma de 600 alunos ingressa, em março de 2011, nos cursos de licenciatura em matemática e biologia, pedagogia e administração pública. As aulas de educação a distância terão polos de apoio da Universidade Aberta do Brasil nas cidades de Maputo, Beira e Lichinga.
Em Moçambique, a graduação de professores e de servidores do governo federal será ministrada pelas universidades federais de Goiás (UFG), Juiz de Fora (UFJF), Fluminense (UFF) e do Rio de Janeiro (Unirio), filiadas à Universidade Aberta do Brasil.
Os conteúdos dos cursos foram desenvolvidos pelas quatro instituições federais, que também produziram materiais didáticos impressos e recursos multimídias. No conjunto, 40 professores vão atuar na formação, sendo 50% brasileiros e 50% moçambicanos. Os tutores que darão apoio presencial aos alunos nos polos são de Moçambique.
A parte da parceria no Brasil envolve o MEC, universidades federais do sistema UAB, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), autarquia que cuida do programa nacional de formação de professores, e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores; e, de Moçambique, o Ministério da Educação.
Na divisão dos recursos financeiros para a oferta dos quatro cursos, cabe ao Brasil custear as bolsas para professores e tutores e equipar os laboratórios dos polos e o governo de Moçambique fica responsável pela administração dos pólos, distribuição dos materiais didáticos e pagamento dos salários dos professores cursistas. De acordo com o chefe da assessoria de assuntos internacionais do MEC, Leonardo Barchini, o custo anual de cada cursista é de R$ 1,5 mil.
Cursos de letras
Na reunião semestral dos ministros da Educação do Mercosul, que ocorre em 26 deste mês, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, o ministro da Educação, Fernando Haddad, vai apresentar um projeto de curso de graduação de letras para os países da América Latina. Letras/português para as nações de língua espanhola e letras/espanhol para brasileiros.
Para os países da África, Haddad prepara um projeto de oferta de graduação em letras/português a distância a ser oferecido pela Universidade Aberta do Brasil.
O projeto pode atender dois grupos de países: para nações que precisam de reforço para consolidar a língua portuguesa, entre as quais se encontra o Timor Leste, país asiático que esteve de 1975 a 1999 sob o domínio da Indonésia, que lhe impôs a língua inglesa.
Esse modelo também será oferecido a Moçambique e Angola, nações que recebem forte influência da língua inglesa que entra pelos sinais de televisão da África do Sul. A outra vertente do curso é para países não lusófonos que desejam oferecer a seus cidadãos a língua portuguesa como segundo ou terceiro idioma.
(Assessoria de Comunicação do MEC)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=74575
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