A química pode ser uma das principais armas para a Humanidade enfrentar alguns dos maiores problemas que a afligem ultimamente, das mudanças climáticas à fome, passando por áreas como saúde, energia e novos materiais.
Apesar disso, o Brasil carece de profissionais no setor, tendo que "importar" químicos, conta César Zucco, presidente da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), que encerrou ontem (26) sua 34ª reunião anual.
Ao longo da semana, mais de 4,4 mil profissionais, pesquisadores e estudantes debateram em Florianópolis os rumos da química no País e no mundo, abordando temas como a conversão de CO² em combustíveis, a ecologia química dos oceanos e a chamada "química verde", que pretende substituir materiais tóxicos por outros que agridem menos o meio ambiente em diversas indústrias.
- Nos EUA, a indústria química fatura US$ 670 bilhões por ano. Já no Brasil, foram cerca de US$ 123 bilhões em 2010, sem contar as indústrias petrolífera e farmacêutica - diz Zucco. - A química não emprega muito, mas emprega bem. Apesar disso, falta gente. Não temos químicos suficientes e importamos profissionais, principalmente para a área de petróleo.
Segundo o presidente da SBQ, essa carência é reflexo da má formação dos brasileiros desde o ensino fundamental, problema que afeta outras áreas de ciências exatas, como física e matemática.
- A maneira como difundimos o conhecimento é muito ruim - avalia Zucco. - Não se pode ensinar o que não se sabe, mas só saber também não é suficiente para ser um bom professor. O problema é que nossas escolas de formação não ensinam mais a ensinar. Ensinar é criar oportunidades e mostrar caminhos, mas temos muitas dificuldades de preparar e incentivar os alunos a gostar de química. Aprendemos mal e isso é difícil de consertar depois.
Para Zucco, uma das maneiras de melhorar esse quadro seria usar a aparência de "magia" da química para atrair a atenção dos jovens: - A química é muito fácil de ser demonstrada e chamar a atenção - considera. - Basta lembrar que os primeiros químicos foram os alquimistas. Eles eram muito criativos, mas não tinham conhecimento dos princípios básicos da química. Hoje, a química continua com essa aura de "magia", mas temos tecnologias e métodos modernos que nos permitem trabalhar em cima de princípios científicos.
(O Globo)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=77729
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