Translate

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Opinião: os telemóveis (Celulares ) também podem matar



Já se sabia que os telemóveis também matam - especialmente quando usados ao volante de um automóvel. Agora é a vez de a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificar como "possivelmente cancerígeno" o uso dos celulares.


Há bem mais de uma década que o assunto é debatido por especialistas, fabricantes, ativistas e consumidores - e sempre sem chegar a um consenso.

O debate ficou bem patente numa reportagem da Exame Informática em 2003: Nesse trabalho, entrevistámos um professor do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL) que media as ondas eletromagnéticas de uma chamada de telemóvel com um dispositivo próprio e alertava para os vários riscos para a saúde; ouvimos fabricantes a dizer, em off the record, piadas sobre os efeitos do uso de telemóveis para a saúde, e também um especialista da OMS, que negava qualquer problema com as radiações de telemóveis.

O relatório apresentado ontem pela mesma OMS vem confirmar que algo mudou desde então - até porque já passou o tempo suficiente e as amostras dos vários estudos tornaram-se suficientemente representativas do ponto de vista estatístico.

O alerta da OMS tem por base uma avaliação levada a cabo por 31 cientistas de 14 países, que compilaram vários artigos científicos realizados até à data, e produziram uma avaliação para a Agência Internacional para a Investigação sobre o Cancro (IARC) com base nas conclusões desses estudos.

E neste campo não é só a estatística que tem importância capital - também a escolha das palavras faz toda a diferença. Os investigadores do IARC dizem que o uso de telemóveis, ao contrário dos micro-ondas e dos radares, torna-se "possivelmente cancerígeno" - desde que haja uma média de 30 minutos de conversação por dia durante 10 anos. De acordo com os investigadores, uma pessoa que tenha este nível de utilização tem mais probabilidade de sofrer de um Glioma (cancro maligno) ou de neuroma acústico (que pode ser removido por cirurgia). A classificação de "Possivelmente cancerígeno" é a terceira da escala da IARC, ficando atrás de "Provavelmente cancerígeno", e da primeira da escala, que dá pelo nome de "cancerígeno".

Foram precisos mais de 10 anos até que a OMS admitisse que as radiações dos telemóveis podem ser cancerígenas. Resta saber se vão ser precisos mais 10 anos para serem desenvolvidas tecnologias ou métodos de estudo que poderão substituir a classificação agora atribuída por "Provavelmente cancerígeno" ou "Cancerígeno", ou mesmo "Não cancerígeno".

Em qualquer dos casos, a classificação terá uma importância à escala global - até porque já há 4,6 mil milhões de telemóveis ou dispositivos equivalentes ativos no Globo... e vêm aí as redes 4G, que usam novas frequências, prometem alargar o raio de ação a dispositivos domésticos e potenciam o uso de telemóveis cada vez mais potentes e evoluídos.

Por todas estas razões e mais algumas, é bom que a indústria tecnológica comece a trabalhar no assunto, com o objetivo de criar tecnologias que garantidamente são saudáveis, e não opte por imitar as tabaqueiras norte-americanas que, nos anos 90, preferiram jogar com termos jurídicos e semânticos em vez de assumir abertamente que o tabaco faz mal à saúde. Até porque toda a gente consegue viver sem cigarros - mas grande parte da humanidade já não concebe a vida sem telemóvel. E há mesmo quem, por causa da ânsia de ter informação na hora, continue a arriscar-se duplamente usando as pequenas máquinas enquanto guia.

Fonte:http://aeiou.exameinformatica.pt/opiniao-os-telemoveis-tambem-podem-matar=f1009680

Nenhum comentário:

Postar um comentário