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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Alemanha considera aceitar estrangeiros nas Forças Armadas do país

Alemanha corre o risco de não conseguir cumprir missões

Com o fim do serviço militar obrigatório, Alemanha busca meios para tornar a Bundeswehr mais atraente. Ingresso de cidadãos estrangeiros, proibido até então, passou ser uma solução considerada pelo Ministério da Defesa.
Depois do corte de recursos e das mudanças no sistema de alistamento, o ministro alemão da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, considera agora aceitar cidadãos estrangeiros nas Forças Armadas do país. Guttenberg elaborou um documento de 72 páginas com estratégias sobre como a Bundeswehr pode atrair voluntários e soldados profissionais para preencher patentes.

As propostas surgem num momento em que há temores de que a Alemanha não consiga cumprir suas obrigações em diversas missões da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no exterior.

Segundo Guttenberg, "os regulamentos poderiam ser expandidos para residentes [na Alemanha] com as habilidades necessárias, aptidões e desempenho que possam ser aplicados nas forças militares – mesmo que haja a ausência de cidadania alemã."

Países selecionados

"Estamos considerando a possibilidade de atrair cidadãos de países-membros da União Europeia e de outros países, como a Suíça, com quem temos acordos especiais em termos de reconhecimento de qualificações vocacionais", revelou o porta-voz do Ministério alemão da Defesa, Steffen Moritz, na segunda-feira (14/2).

Mortiz esclareceu que apenas cidadãos estrangeiros que já vivem na Alemanha seriam considerados aptos para as Forças Armadas. O porta-voz também admitiu que não há expectativa de que haja um número elevado de candidatos com esse perfil.

Guttenberg anunciou planos de cortes no contingente das Forças Armadas alemãs, dos atuais 250 mil postos para 185 mil, num esforço para diminuir os gastos e modernizar a Bundeswehr.

Estrangeiros na Alemanha

Estatísticas oficiais mostram que, em 2009, havia 7,7 milhões de estrangeiros vivendo na Alemanha. Atualmente, apenas cidadãos alemães podem servir nas Forças Armadas do país – embora já tenha havido algumas exceções no passado.

De acordo com Moritz, "existiram apenas algumas poucas ocasiões em décadas passadas em que se recorreu a uma cláusula especial para empregar residentes estrangeiros nas forças militares nacionais, quando houve uma necessidade por especialistas que o país não dispunha."

E ainda: "As estatísticas mais recentes disponíveis mostram que não existiu nenhum caso como esse nos últimos quatro anos."

Ainda não foram tomadas decisões nesse sentido, afirmou Moritz, acrescendo que a aprovação parlamentar e uma emenda constitucional ainda seriam necessárias, caso as Forças Armadas se decidam a favor da medida.

O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, informou que a chanceler federal, Angela Merkel, ainda não se pronunciou sobre o assunto. "Nós estamos considerando os primeiros aspectos dos muitos que ainda estão por vir nesse processo de decisão", comentou Seibert.

Apoio da oposição

Ainda na segunda-feira, a oposição social-democrata e verde sinalizou que apoiaria as propostas. Hans-Peter Bartels, porta-voz social-democrata para assuntos militares, afirmou, no entanto, que permitir que pessoas de outros países prestem serviço militar compulsório poderia levar a complicações.

Em entrevista ao jornal Die Welt, Bartels mencionou o caso particular da Turquia: a presença de cidadãos daquele país servindo nas Forças Armadas alemãs poderia causar problemas com a Turquia, a menos que as duas nações assinem um acordo especial. A maior parte dos estrangeiros que vivem na Alemanha é formada por aproximadamente 3 milhões de residentes turcos.

Omid Nouripour, porta-voz dos verdes para assuntos militares, disse ao mesmo jornal que apoiaria a proposta, caso ela se dirija a "pessoas cujas vidas são centradas na Alemanha". No entanto, Nouripour afirmou ainda ao Die Welt que soldados do Iraque ou de outros países em crise militar não deveriam ser aceitos, alegando que, nesse caso, a Bundeswehr "se transformaria num exército mercenário que não teria nada a ver com um monopólio do Estado sobre uso legítimo da força."

O argumento de Nouripour parece duvidoso, já que o alistamento de soldados de tais países não está em negociação, rebateu Moritz.

Confiança

O serviço militar obrigatório para jovens alemães deve se encerrar no fim de março. A partir desse ponto, as Forças Armadas irão depender de soldados com contratos temporários. O governo espera que 15 mil soldados de todas as tropas façam parte dessa categoria no futuro.

Enquanto isso, as Forças Armadas da Alemanha estão preocupadas com a possibilidade de não conseguirem atrair número suficiente de soldados profissionais para preencher as 170 mil vagas necessárias, e estão prontas para explorar novos potenciais.

Outra maneira de atrair recrutas é deixar o serviço mais favorável ao clima familiar, com mais cuidados para crianças, por exemplo. Também estão planejados programas sabáticos para os prestadores de serviço, assim como estágios e inserção na universidade. E ainda, ficaria mais fácil para soldados que passam para o setor privado fazer a transferência dos benefícios da aposentadoria.

Karl-Theodor zu Guttenberg defende que as reformas deixarão as Forças Armadas mais eficientes e mais preparadas para servir em missões internacionais.

Autor: Hardy Graupner (np)
Revisão: Carlos Albuquerque

Fonte:http://www.dw-world.de/dw/article/0,,14842982,00.html?maca=bra-newsletter_br_Destaques-2362-html-nl

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