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sábado, 19 de fevereiro de 2011
Mundo árabe: em ebulição por democracia
As revoltas populares contra os regimes autoritários se espalharam pelo mundo árabe nesta sexta-feira, dia de orações, sendo duramente reprimidas e deixando vários mortos no Iêmen, na Líbia e em Barein. Foto:Mohammad Huwais/AFP
Sex, 18 Fev, 05h56
MANAMA (AFP) - As revoltas populares contra os regimes autoritários se espalharam pelo mundo árabe nesta sexta-feira, dia de orações, sendo duramente reprimidas e deixando vários mortos no Iêmen, na Líbia e em Barein
As revoltas foram inspiradas nas que derrubaram Zine El Abidine Ben Ali, na Tunísia, e Hosni Mubarak, no Egito, e fazem nascer no mundo árabe a esperança de que a pressão popular possa levar à democratização.
O presidente americano Barack Obama "condenou o uso da violência (...) contra manifestações pacíficas" na Líbia, bem como em Bahrein e no Iêmen, dois regimes aliados dos Estados Unidos, e disse estar "profundamente preocupado".
A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, denunciou, por sua vez, reações "ilegais e excessivas" contra "reivindicações legítimas".
Na Líbia, onde o coronel Muammar Kadhafi reina há 42 anos, os comitês revolucionários, pilares do regime, ameaçaram manifestantes com uma resposta "fulminante". Segundo um levantamento feito pela AFP com fontes locais, a repressão já fez mais de 50 mortos no país desde terça-feira.
Movimentos de protesto, que começaram através do Facebook, foram violentamente reprimidos quinta-feira em Benghazi, segunda maior cidade do país e bastião da oposição, onde milhares de pessoas participaram nesta sexta-feira dos funerais das vítimas, e em Al Bayda, onde 14 pessoas já morreram desde quarta-feira. As duas cidades se situam no litoral, a leste de Trípoli.
Em Al Bayda, manifestantes enforcaram dois policiais, segundo um jornal líbio.
A ONG Human Rights Watch (HRW), que menciona 24 mortos nesta quinta-feira, denunciou uma repressão "selvagem" e "a brutalidade de Muammar Kadhafi ante qualquer contestação".
Quatro presos foram mortos nesta sexta-feira pelas forças da ordem quando tentavam fugir da prisão El-Jedaida, perto de Trípoli, segundo uma fonte da segurança.
Em Bahrein, reino do Golfo, a monarquia sunita mobilizou o exército na capital Manama, onde manifestantes pedem a liberalização do sistema político, do qual a maioria xiita se sente excluída.
À noite, militares abriram fogo contra manifestantes em Manama. Pelo menos 26 pessoas feridas foram hospitalizadas, uma delas "em estado de morte clínica" segundo um deputado da oposição.
O príncipe herdeiro Salman ben Hamad Al-Khalifa prometeu, por sua vez, um diálogo com a oposição, desde que a calma retornasse.
Bahrein é considerado de importância estratégica para Washington, por ser o quartel-general de sua V Frota, encarregada de vigiar as rotas marítimas de petróleo no Golfo, apoiar as operações no Afeganistão e contra-atacar eventual ameaça iraniana.
No total, segundo fontes oficiais, cinco pessoas foram mortas e pelo menos 200 feridas desde o começo, na segunda-feira, do movimento de contestação. A oposição fala em seis mortos.
No Iêmen, segundo fontes médicas, quatro manifestantes foram mortos na noite de sexta-feira em Aden, principal cidade do sul, durante a dispersão pela polícia de manifestações contra o presidente Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos. Mais cedo, dois manifestantes morreram e 27 ficaram feridos em Taez (270 km a sudoeste de Sanaa) durante repressão violenta.
Este número eleva a 11 os mortos desde o início do movimento, que não enfraquece, apesar das promessas de medidas sociais e econômicas, entre elas um aumento dos salários.
A multiplicação de ataques contra manifestantes é "inquietante", considerou nesta sexta-feira a embaixada americana no Iêmen.
Estado pobre, com mais de 23 milhões de habitantes, o Iêmen é considerado pelos Estados Unidos um parceiro estratégico na luta contra grupos terroristas inspirados pela Al-Qaeda.
Na Jordânia, oito pessoas ficaram feridas em Amã, quando partidários do governo entraram em confronto com centenas de jovens que pediam reformas políticas, de acordo com testemunhas.
Segundo o site de oposição, all4Syria.info, com emissão de Dubai, mais de uma centena de sírios também se manifestaram em Damasco contra a brutalidade policial.
Ao mesmo tempo, no Cairo, depois de 18 dias de pressão popular, centenas de milhares de pessoas foram às ruas festejar o fim do antigo regime.
Por ocasião da grande prece de sexta-feira, na praça Tahrir, no Cairo, símbolo da revolução, o teólogo catariano de origem egípcia, xeque Youssef Al-Qardaoui, famoso no mundo árabe, pediu aos líderes de países do Oriente Médio que não tentem fazer "parar a História", mas ouvir seus povos.
Em Djibuti, que abriga uma importante base militar americana, choques com a polícia explodiram na noite desta sexta-feira, ao final de manifestação de milhares de pessoas contra o regime do presidente Ismaël Omar Guelleh, no poder desde 1999.
E na Argélia, a oposição mantém-se determinada a ir para as ruas neste sábado, apesar das promessas do poder de levantamento do estado de emergência e de medidas para responder às expectativas dos argelinos.
bur-/cw/sd
Fonte:http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/110218/mundo/orientem__dio_manifesta____es_viol__ncia_1
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