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terça-feira, 17 de maio de 2011

Código aberto segue em alta, mas sem métricas de avaliação

Com o avanço de soluções open source nas organizações, já é hora de avaliar retorno sobre o investimento sob a luz de planos de governança.
Por Stacy Collett, Computerworld/EUA


Em 2006, uma das redes das forças armadas dos Estados Unidos queria identificar a prevalência de softwares de código aberto na infraestrutura de TI da companhia.

Os funcionários do departamento de TI sabiam que o Linux e outros aplicativos de código aberto com foco na infraestrutura eram usados por algumas divisões, mas eles queriam obter entendimento completo sobre o uso e estimar o ROI (retorno sobre o investimento) das soluções para determinar se o uso de código aberto passaria a ser determinado como política.

Consultores da empresa Olliance Group observaram as operações das forças armadas e, depois de três dias, apareceram com notícias surpreendentes: a rede de forças armadas usava Linux e outras aplicações de código aberto em 75% de suas divisões. Entre as que utilizavam open source, os softwares da categoria atingiram o status de missão crítica em 50% delas.

Embora o código aberto tenha aparecido sem a anuência da gerência de TI, a empresa de consultoria determinou que muitas das divisões usando open source estavam experimentando ROI de 300% a 700%. Mas a rede militar ainda não tinha um plano de governança nesse sentido. “É desnecessário dizer que eles foram forçados a implantar um”, disse o vice-presidente sênior da Olliance, Andrew Aitken.

Isso aconteceu no mundo comercial também. Com a proliferação de aplicações de código aberto, e com os fornecedores criando modelos de licença em software com serviço, o código aberto está em estágio atingindo graus cada vez maiores de maturidade.

“No mundo de grandes ambientes distribuídos que temos hoje, as companhias fazem muito de seu próprio desenvolvimento em cada unidade em todo o mundo e elas terceirizam muito dele. Então, eles acabam ficando sem saber o que seus parceiros estão usando. Por conta disso, está levando tempo para que se desenvolva uma massa crítica para chamar a atenção das pessoas que têm conhecimento, experiência e responsabilidade em modelos de ROI e custo total de propriedade (TCO)”, diz Aitken.

Com isso, não é surpresa que 42% dos 130 respondentes de uma pesquisa da Computerworld EUA sobre usuários de código aberto dizem que não medem ROI ou TCO de seus projetos de código aberto. Pior ainda é que 19% não sabem dizer se isso é medido, o que quer dizer que a questão é deficiente na grande maioria das companhias. Para piorar, mais de dois terços não têm um plano de governança.

Segundo o analista da Gartner, Mark Driver, em muitos casos, usuários de código aberto estão baseando toda a questão do TCO em custo de aquisição. “Eles presumem que, no longo prazo, será mais barato, mas não levam em consideração custos de hardware, treinamento, necessidades de consultoria e ramificação do tempo de indisponibilidade em caso de falhas de sistemas”, completa.

Segundo Aitken, muitos de seus clientes não têm nenhuma medida ou sequer ligam para siso. “Simplesmente não está no léxico deles a perspectiva de olhar o open source sobre a perspectiva do ROI”. O maior foco é criar valor para os negócios e economizar dinheiro de TI.

Mas muitas empresas não podem ter a certeza de criar valor para negócios sem rodar os números antes. E ter um plano de governança é uma das melhores maneiras de aderir ao controle de custos de código aberto, além de manter a companhia longe de batalhas legais envolvendo o uso de software proprietário.

Custos e valores ocultos

Sempre que uma organização adota uma nova tecnologia, há a esperança inicial de que ela será mais barata, melhor e mais segura. “Por isso que muitas vezes a aquisição acaba se justificando por antecipação”, diz o diretor técnico da OGN Outercurve Foundation, Stephen Walli. A ONG viabiliza a participação de companhias em projetos de código aberto.

Calcular ROI pode ser fácil se você compra um pacote como o Red Hat Linux. Mas, na prática, é mais difícil porque há muitas alternativas de aplicativos de código aberto para muitos modelos de uso. “As pessoas estão aprendendo que há outros benefícios”, como redução de risco ou a habilidade de construir um site de internet sem criar código do zero ou comprar ferrametnas caras de desenvolvimento”, diz Walli.

O argumento simples, que diz que “código aberto é mais barato”, está perdendo relevância, em parte porque mais e mais companhia estão citando a qualidade, confiabilidade e segurança como razões para mudar para softwares dentro desse conceito, de acordo com estudo da Accenture de 2010.

O diretor sênior da Accenture responsável por open source, Tomas Nyström, diz que é fácil criar valor com código aberto, mas é muiot importante ser sistemático em como esse valor vai ser criado e garantir que isso será realizado”, diz. Ele aconselha as companhias a considerar todo o ciclo de vida de usar código aberto. Isso inclui estimar o gasto com treinamento, fazer inventário dos impactos no help desk, calculando não somente o custo do equipamento e equipe, por exemplo.

Outros custos ocultos incluem a garantia de qualidade e testes, manutenção e potenciais gastos com a compra de um outro sistema caso o código aberto não seja aderente às necessidades.

Muitos CIOs evitaram questões de ROI no código aberto, focando no valor criado para os negócios, diz Walli. “Calcular ROI contra o TCO é uma tarefa muito difícil de ser realizada, mas frequentemente é mais fácil de demonstrar uma vez que o sistema está implantado”.

Governança é fundamental
Por que a governança é tão importante? Pergunte à Barnes & Noble, livraria norte-americana que se viu em uma disputa entre a Microsoft e os desenvolvedores do Android. A Microsoft acabou estendendo o processo à empresa, dizendo que o tablet Nook Color, que utiliza sistema Android, continua propriedade intelectual da Microsoft, encontrado nesse sistema de código aberto para equipamentos móveis.

Governança tem outro significado para usuários de código aberto. Walli põe os usuários de códgo aberto em três categorias: os que compram, os que usam e os que fazem. “Uma vez que você identifica em qual categoria está, deve construir um processo de governança que dialogue bem com as três diferentes funções”, descreve.

Comprar código aberto é como comprar qualquer outro software. Como parte do plano de governança, os líderes de TI podem criar um website interno dedicado a ofertas de open soruce, com uma lista de produtos aprovados para compra, número de produtos e downloads.

Usar código aberto significa baixar sem comprar serviços ou suporte de um fornecedor. “Se você só está baixando uma versão comunitária, as habilidades das quais a empresa necessita são outras. E você permite que as pessoas demonstrem o que aprenderam em casa”, diz Walli.

O plano de governança, nesse caso, deve identificar os profissionais que estão dispostos a colaborar nesse processo e com a comunidade, conhecendo, então, pode aplicar patches de segurança ou lidar com outras questões que podem ser levantadas. O plano também deve especificar exatamente o que vai ser baixado de código aberto.

Os desenvolvedores usam, comumente, pedaços de código aberto para constuir aplicações, como no caso da Barnes & Noble. “É aí que começam as preocupações sobre licença e que deve haver discussões com conselhos internos para explicar o que deve ser considerado na hora de usar o open source”, diz Walli.

O departamento de TI deve manter controle das políticas de código aberto, sem deixar questões para a esfera legal. O desenvolvedor deve ajudar os advogados a entender as motivações econômicas para usar código aberto e “os livrar de preocupações sobre derivativos, plágios ou processos judiciais”, diz Walli. Ele compara o uso de código aberto com a escrita de um contrato por parte do advogado. O advogado não começa do zero, ele pega o texto de contratos prévios que estão disponíveis na comunidade, que já foram revisados e que são de conhecimento público.

O ROI e o TCO precisam ser determinados antes do plano de governança? Esse é um problema como o do ovo e da galinha, mas governança é sobre como fazer algo, enquanto ROI é sobre porque fazer algo. Em qualquer ponto na evolução da estratégia de código aberto da companhia, nunca é tarde demais para surgir com um plano de governança. Por outro lado, se o projeto tem um ROI comprovado, então é sempre mais fácil desenvolver regras sobre os melhores usos do open source na empresa.

No final, analistas da indústria dizem que a um balanço entre gerenciar riscos do open source e administrar oportunidades. “Tudo bem reagir a um risco em potencial, mas a visão de longo prazo deve ser a de maximizar oportunidades. O código aberto é inevitável em toda o ecossistema do universo tecnológico”, diz Aitken. “As empresas não podem arcar com atitude de avestruz”, conclui.

Fonte:http://computerworld.uol.com.br/gestao/2011/05/16/codigo-aberto-segue-em-alta-mas-sem-metricas-de-avaliacao/

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