Notícias Quinta-Feira, 05 de agosto de 2010
JC e-mail 4067, de 04 de Agosto de 2010.
Pouco mais de seis habitantes a cada grupo de cem navega na internet fixa com conexão de alta velocidade
O número de assinantes de banda larga fixa no Brasil cresceu 13,5% no primeiro semestre em comparação com o mesmo período do ano passado. Com 1,45 milhão de novos clientes entre janeiro e junho, o total de conexões chegou a 12,2 milhões, segundo estimativa da consultoria Teleco. Isso significa que entre 100 habitantes no Brasil, apenas 6,32 tem uma conexão de velocidade rápida.
O preço alto e a baixa cobertura são os principais entraves ao crescimento mais acelerado do serviço de banda larga fixa, segundo especialistas. "O número poderia, pelo menos, acompanhar o crescimento do número de computadores no país, já que hoje é difícil imaginar um PC sem conexão à internet", diz Vinícius Caetano, analista da consultoria Pyramid Research.
Só no ano passado foram vendidos 12 milhões de PCs no Brasil, sob forte impulso das compras pelas classes C e D. Atualmente existem 63 milhões de PCs em funcionamento no país e a perspectiva é de que o número vá chegar a 77 milhões até o fim do ano, de acordo com o professor Fernando Meirelles, da FGV-SP. Ou seja, há um claro descompasso entre a venda dos equipamentos e a dos serviços de banda larga.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2009 o gasto médio com banda larga no Brasil equivalia a 4,58% da renda mensal por cidadão, por conta dos preços cobrados. Na Rússia, o valor era menos da metade: 1,68%. Já nos países desenvolvidos, a relação estava em torno de 0,5%.
Amos Genish, presidente da GVT, diz que a carga tributária é a grande vilã para as operadoras. "Se não fosse a carga de 45%, os preços seriam competitivos com os Estados Unidos e a Europa", diz o executivo. Segundo Genish, a GVT tem um preço mínimo de R$ 49 para seu pacote mais básico. Baixar esse preço, com o nível atual de impostos, não seria viável. A estratégia é ampliar a velocidade do serviço, sem mexer nos valores cobrados. Até o ano que vem, o pacote que hoje chega a 3 megabits por segundo (mbps) será ampliado para 5 mbps.
Na comparação entre o primeiro semestre e o mesmo período do ano passado, a GVT teve uma expansão de 65% na base de assinantes de banda larga, chegando a quase 900 mil clientes. A expectativa é de atingir a marca de 1 milhão em setembro, diz Genish.
Para Paulo Mattos, diretor de regulamentação da Oi, a expansão mais acelerada do serviço está limitada pelo poder aquisitivo da população, principalmente nas cidades com poucos habitantes. "Na área coberta pela Oi, 80% dos municípios têm menos de 30 mil habitantes. Isso já cria um mercado em que o poder aquisitivo é menor. Você pode até ter ofertas agressivas, mas bate no problema da renda", diz.
O executivo ressalva que o ganho de poder aquisitivo das classes C e D, que estão comprando um computador pela primeira vez, cria um mercado potencial muito grande. No primeiro semestre, a Oi chegou a 4,3 milhões de assinantes de seu serviço de banda larga, 5,9% a mais do que no mesmo período de 2009.
De acordo com Mattos, a operadora antecipará até o fim do ano a meta de levar o Velox, seu serviço de internet rápida, para todos os municípios de sua área de cobertura. O objetivo, que deveria ser cumprido até o fim de 2011, foi uma das condicionantes definidas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para aprovar a compra da Brasil Telecom. Serão mais 1,2 mil cidades cobertas até o fim do ano, totalizando os 4,9 mil municípios atendidos pela Oi.
Na Telefônica, as classes C e D tiveram papel importante no crescimento do Speedy no primeiro semestre. No dia 20 de julho, a empresa informou que 86% das ativações do serviço no começo de 2010 vieram desses segmentos da população. "Muitas famílias estão comprando o serviço para substituir o dinheiro gasto nas lan houses", disse na ocasião Fábio Bruggioni, diretor do segmento de clientes residenciais da Telefônica.
Com 3 milhões de assinantes, o serviço Speedy chega a 23% dos domicílios de São Paulo, afirmou Antônio Carlos Valente, presidente da operadora, também em julho. De acordo com o executivo, boa parte dos R$ 930 milhões que a Telefônica investirá em banda larga em 2010 serão para aumentar a infraestrutura nos 622 municípios onde atua no Estado de São Paulo. A operadora prevê chegar a 3,5 milhões de assinantes neste ano.
A Net também está investindo na expansão da rede nas regiões onde já atua com serviços de banda larga. Segundo Rodrigo Marques, vice-presidente de estratégia e gestão operacional da companhia, 9 milhões dos 11 milhões de domicílios cabeados pela empresa têm estrutura bidirecional, ou seja, podem acessar a internet. O desafio é modernizar a estrutura dos 2 milhões restantes.
A operadora tem apostado na velocidade de seus pacotes para ganhar terreno. Em São Paulo, a oferta mais básica custa R$ 29,80 por conta do incentivo de isenção fiscal do governo do Estado. Segundo Marques, a isenção representa um desconto de R$ 10 no valor da assinatura. Até abril, o executivo afirma que haviam 100 mil assinantes do serviço de banda larga popular. "Ainda temos uma oferta pela qual, por R$ 10 a mais, o assinante leva uma assinatura de TV a cabo."
Eduardo Tude, da Teleco, diz acreditar que os investimentos em banda larga serão ainda mais intensos a partir do ano que vem, quando estiverem adiantados os processos de convergência de operadoras como Vivo e Telefônica e Claro e Embratel.
Outro fator que pode influenciar o mercado, diz Tude, é o Projeto de Lei da Câmara nº 116 (antigo PL 29). Se for aprovado, ele permitirá às operadoras de telefonia fixa oferecerem TV por assinatura em suas próprias redes. Para Tude, a possibilidade de ter a IPTV pode acelerar os investimentos em fibra óptica.
Para Bruno Baptistão Neto, consultor da Frost & Sullivan, o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) também terá um grande impacto. "Nas grandes cidades os investimentos vêm sendo feitos, mas todo mundo está esperando a rede do governo para expandir o serviço nas localidades consideradas menos rentáveis."
(Gustavo Brigatto)
(Valor Econômico, 4/8)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=72608
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