Edição do dia 27/07/2010
27/07/2010 08h09 - Atualizado em 27/07/2010 08h24
Levantamento da ANL aponta que os brasileiros leem 1,9 livros por ano. Os dirigentes do setor comemoram, mas dizem que dá para melhorar.
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Um dia na vida de Ulisses. Um dia na morte de Quincas. Quem gosta de ler sabe: é possível ir da Irlanda de James Joyce até a Bahia de Jorge Amado só correndo a prateleira.
É um mundo imenso, cada vez mais lido e vivido pelos brasileiros. O aumento no número de livrarias confirma essa boa notícia que apareceu em uma pesquisa, que será divulgada nesta terça-feira (27) pela Associação Nacional de Livrarias. Essa pesquisa também traz algumas surpresas, como o estado brasileiro com mais livrarias por habitante. Veja na reportagem de Walace Lara.
A leitura é de alguém que começa a descobrir o prazer das palavras. Estamos lendo mais. Esta é uma das principais conclusões de uma pesquisa inédita da Associação Nacional de Livrarias (ANL). O levantamento mostra que no país existem 2.980 lojas – 11% a mais do que havia em 2006. Os dirigentes do setor comemoram, mas dizem que dá para melhorar.
“O nosso índice ainda é muito baixo. Ainda é 1,9 livros ano lido por habitante ano. Isso é muito pouco e muito aquém de países latino-americanos. Na Argentina, se lê em torno de cinco. No Chile, três. Na Colômbia, se lê 2,5 livros por anos”, declara Vitor Tavares, presidente da ANL.
Um dos motivos para o índice não ser mais alto é a falta de livrarias em pequenas e médias cidades. Hoje, a maior parte está concentrada nos grandes centros. A região Sudeste é a que tem o maior número de lojas. O estado de São Paulo tem mais que o dobro do segundo colocado, o Rio de Janeiro.
Destaque para a Bahia com o maior número de livrarias no Nordeste. É o sexto colocado no país, empatado com Santa Catarina. Curiosa é a situação de Roraima que tem apenas 25 livrarias. Parece pouco, mas, proporcionalmente, o estado do Norte tem a melhor média nacional.
Parte do sucesso nacional pode ser atribuída à venda de produtos diferenciados, como CDs e DVDs. Além disso, os ambientes foram modernizados. “Você tem várias outras opções dentro de uma livraria, desde um bom café, um espaço para leitura, para troca de ideias, reunião com amigos. Então, isso é uma renovação muito boa”, comenta a empresária Iêda Freitas Santos.
A pesquisa também traz outra boa notícia. Um ambiente voltado para o público especial é cada vez mais comum nas livrarias. Não é à toa. Os títulos infantis e juvenis são os mais vendidos. Crianças e adolescentes são os principais clientes das grandes e pequenas livrarias.
“O infantil é 100% leitor. Não tem uma única criança que os olhos não brilham quando você coloca um livro perto dela”, afirma Samuel Seibel, dono da livraria.
É a mesma sensação observada por quem possui apenas uma única livraria e que, segundo a pesquisa, forma o maior grupo do mercado. É o caso de Ângela e Denize. O fascínio em desenvolver a leitura era tanto, que elas abriram uma livraria, dedicada apenas ao público infanto-juvenil.
“A gente acredita realmente que o livro é capaz de transformar as pessoas, transformar o mundo, formar uma consciência crítica, formar cidadãos, pessoas melhores”, aposta Maria Ângela Prado de Melo Aranha, dona de livraria.
“Eu estou tão acostumada a ler. Desde pequenininha, eu já aprendi. Então, eu adoro, eu acho que você viaja muito nos livros”, comenta Victória Naomi Zynger, de 11 anos.
A maioria das livrarias (56%) não faz vendas pela internet. Ou seja, são aquelas lojas bem tradicionais, em que o dono conhece praticamente todos os clientes, que vão até lá para comprar um livro e principalmente para bater um papo.
Fonte:http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2010/07/aumenta-o-numero-de-livrarias-no-brasil-revela-pesquisa-da-anl.html
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