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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Parceria tenta melhorar aulas de ciências no país

Governo fará convênio com instituto de Israel para pesquisa e treinamento

A israelense Zahava Scherz veio ao Brasil com uma tarefa nada fácil: ensinar professores a melhorarem as aulas de ciências. Diretora do Instituto Davidson, um braço do prestigioso Instituto Weizmann de Ciência, que fica em Israel, ela é uma das autoras do método conhecido como LSS (Learning Skills for Science ou aprendizado de habilidades para a ciência).

Depois de uma palestra ministrada por ela na USP, na sexta-feira (28/1), a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão ligado ao Ministério da Educação, afirmou que pretende assinar convênio com o Weizmann.

A troca de experiências possibilitada pela parceria terá dois focos: melhorar o ensino de ciências nas escolas brasileiras - com programas como o LSS, entre outros- e fomentar pesquisas.

O principal objetivo do LSS é fazer com que estudantes de educação básica desenvolvam habilidades de investigação e se interessem pela carreira de cientistas.

A primeira escola a adotar o método na América Latina é o colégio judaico Renascença, em São Paulo. Em 2011, alunos do 6º ano do fundamental seguirão o programa. Leia entrevista de Scherz:

- O que é o LSS?

O programa foi desenvolvido nos anos 1990 pelo departamento [de educação em ciência do Davidson] e foi "descoberto" pela Inglaterra nos anos 2000. Eles decidiram adotar e iniciaram um programa de colaboração. Nós os ajudamos a adaptar o programa para a realidade inglesa. Hoje nós temos um programa para estudantes de 14 a 16 anos e outro para os de 16 a 18 anos, com material para estudantes, professores e um site, em inglês.

A ideia principal é que, para ser cientista e bom cidadão no futuro, é preciso não só ter conhecimento de ciência, mas ter várias habilidades, de investigação e de aprendizado. No entanto, geralmente, no sistema educacional, as habilidades não são ensinadas explicitamente. Diz-se que, se for dada oportunidade ao estudante, ele desenvolverá as habilidades. É como se você levasse alguém a uma piscina e esperasse que ele aprendesse a nadar.

Nossa ideia é que temos que ensinar as habilidades de aprendizado e investigação de maneira explícita, não como uma disciplina diferente, mas integrada ao currículo de ciências.

- Quais são as habilidades ensinadas?

As habilidades ensinadas são: retenção da informação, escutar e assistir a vídeos científicos, leitura crítica e eficiente de publicações científicas, descrição de dados, escrita científica e apresentação do conhecimento.

Nós brincamos o tempo todo com atividades que sejam desafiadoras, mas não frustrantes. Essas atividades são muito baseadas em fontes de internet, artigos e vídeos de especialistas, e têm de ser integradas ao currículo. É por isso que não se pode apenas traduzir o programa para outra língua, é preciso adaptá-lo ao currículo do país.

- O programa pode ser usado em que idade?

Eu acredito que deva começar na 3ª série e continuar até o ensino médio.

- Há uma preocupação específica com os alunos que têm mais dificuldades?

O programa é bastante modular. No site britânico, todas as atividades estão em três níveis: fácil, intermediário e desafiador.

- Na opinião da sra., a preparação para as feiras e competições de ciências deve ser uma prioridade das escolas?

Tudo o que agrega motivação e curiosidade aos estudantes é importante. Nas feiras de ciências, você pode ver que os alunos ficam muito orgulhosos do que fazem, e isso é muito importante para motivar os estudantes para as ciências. Outra coisa são as olimpíadas, em que há competições muito duras, e isso eu não sei se deve ser para todos os estudantes, mas é uma outra maneira de desafiar os melhores alunos.
(Fabiana Rewald)
(Folha de SP, 30/1)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=76174

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