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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Universidade Harvard reclama do preço de revistas científicas


 
Assinatura de periódicos está insustentável, diz comunicado divulgado pela instituição.

Harvard, considerada uma das melhores universidades do mundo, está incentivando seus pesquisadores a publicarem artigos em periódicos de acesso aberto. A instituição emitiu um comunicado aos seus mais de dois mil cientistas pedindo que considerem publicar seus trabalhos nas revistas acessíveis de graça na internet.

O comunicado também pede que os pesquisadores, caso publiquem em revistas de acesso pago, garantam que os trabalhos fiquem disponíveis na internet em sites ou blogs - e que incentivem os colegas a fazerem o mesmo.

De acordo com Harvard, a conta de assinatura dos periódicos está "insustentável" -mesmo para uma instituição com orçamento anual de US$ 6 bilhões. A universidade gasta US$ 3,5 milhões por ano para garantir o acesso aos principais periódicos científicos do mundo.

As publicações de maior impacto hoje, ou seja, as que são mais citadas pelos cientistas, cobram assinaturas anuais que chegam a custar US$ 40 mil. Algumas, no entanto, permitem que os autores disponibilizem seus trabalhos na internet. Já as revistas de acesso aberto cobram para publicar os trabalhos aprovados (média de US$ 1.500 por artigo), mas deixam todo o conteúdo disponível gratuitamente.

O movimento de Harvard vem na onda de um boicote internacional de cientistas à editora Elsevier devido ao valor da assinatura de periódicos como o "Lancet". Mais de 10 mil cientistas já se comprometeram a não enviar trabalhos a revistas da Elsevier.

No Brasil, quem paga a conta do acesso aos periódicos é a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Em 2011, a Capes gastou R$ 133 milhões para que 326 instituições do País acessassem mais de 31 mil revistas científicas.
(Folha de São Paulo)

O custo do conhecimento: o apelo por publicações científicas grátis



A guerra dos cientistas contra as revistas científicas e as suas ávidas assinaturas também recrutou a Wikipédia. O governo britânico pediu que o fundador da enciclopédia na web, Jimmy Wales, publique gratuitamente todos os artigos científicos obtidos com o dinheiro dos contribuintes ingleses. 

A reportagem é de Elena Dusi, publicada no jornal La Repubblica, 03-05-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto

Essa é a última ofensiva da campanha batizada de "Primavera da Academia", que teve início em janeiro pelo blog do matemático de Cambridge Timothy Gowers. Desde então, 11 mil cientistas de todo o mundo aderiram ao apelo de boicotar a editora Elsevier, a maior do setor, que recebe gratuitamente os artigos dos cientistas para, depois, impor às suas revistas assinaturas que variam de 20 a 40 mil dólares.

Os cientistas da Primavera da Academia, através do blog www.thecostofknowledge.com, se comprometem a não fornecer artigos, consultoria nem trabalho editorial à Elsevier, acusada em 2011 de ter acumulado lucros de 2,1 bilhões de dólares (com uma margem de 36% sobre as receitas), sobre os ombros da ciência financiada pelo dinheiro público. 

Além de cientistas individuais, também se uniram ao boicote o Wellcome Trust, de Londres, e a Universidade de HarvardMark Walport, presidente do Wellcome Trust (o maior financiador de pesquisas médicas do mundo, depois da Fundação Gates), anunciou o lançamento de uma nova revista online completamente gratuita: eLife. Já a Harvardconvidou a sua equipe a publicar todas as pesquisas gratuitamente no site da universidade. A gigante de Bostongasta 3,75 milhões de dólares por ano apenas em revistas científicas.

"Seguir em frente assim não é possível", escreveu o governo da faculdade em seu apelo aos pesquisadores. O negócio da editoração científica chega a 10 bilhões de dólares, com 25 mil revistas especializadas e 1,5 milhões de artigos por ano. Dos quais apenas 20%, antes da Primavera da Academia, podia ser lido sem pagar.

Artigo de pesquisadores brasileiros é um dos mais citados em odontologia


Estudo publicado em um dos periódicos de maior impacto na área demonstrou que tratamento de periodontites pode ser melhorado por meio do uso concomitante de antibióticos (divulgação)
Especiais


03/05/2012
Por Elton Alisson
Agência FAPESP – Um artigo publicado por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Guarulhos (UnG) no Journal of Clinical Periodontology está entre os mais citados e acessados do periódico de maior impacto científico na área odontológica.
O artigo apresenta os resultados de um estudo realizado com apoio da FAPESP, que indicou que o tratamento convencional de infecções bacterianas que afetam as gengivas e os demais tecidos que circundam os dentes (periodontites) pode ser significativamente melhorado por meio do uso concomitante dos antibióticos metronizadol e amoxicilina.
Os pesquisadores avaliaram um grupo de 30 pacientes atendidos no Centro de Estudos Clínicos em Odontologia da UnG acometidos com periodontite agressiva – um tipo de infecção bacteriana rara que afeta normalmente pessoas mais jovens e é caracterizada pela rápida perda dos ossos de suporte, podendo resultar na perda de dentes, principalmente os molares e incisivos.
Tradicionalmente, a doença e os outros tipos de infecções periodontais são tratados pelos periodontistas por meio da raspagem mecânica e alisamento das raízes dos dentes para remoção das bactérias que colonizam a região entre os dentes e as gengivas e atacam os ossos de suporte dentário. Entretanto, principalmente os pacientes jovens não respondem bem a esse tipo de tratamento e apresentam recorrência da doença.
Ao realizar o tratamento convencional associado ao uso dos antibióticos metronizadol e amoxicilina em metade dos pacientes participantes do estudo, os pesquisadores da UnG constataram que após três meses eles apresentaram uma resposta clínica melhor do que os que só receberam o tratamento convencional. Além disso, também houve uma melhor recolonização da placa bacteriana (biofilme) localizada abaixo da margem da gengiva.
“Observamos que a microbiota bucal dos pacientes que foram submetidos a limpeza mecânica associada à terapia com antibióticos apresentou maior proporção de bactérias benéficas e menor proporção de patógenos. Essas diferenças se mantêm por um período maior do que nos pacientes tratados somente da forma convencional”, disse Magda Feres, coordenadora do programa de pós-graduação em odontologia da UnG e uma das pesquisadoras participantes do projeto à Agência FAPESP.
Para avaliar a placa bacteriana dos pacientes com periodontite agressiva que participaram do estudo, os pesquisadores utilizaram uma técnica molecular para análise microbiológica chamadaCheckerboard DNA-DNA hybridization, que diagnostica bactérias por sonda de DNA.
A técnica, desenvolvida pelo pesquisador Sigmund Socransky, do Forsyth Institute, associado à Universidade Harvard, é utilizada atualmente em apenas seis laboratórios no mundo e foi implantada no Laboratório de Microbiologia da UNG por Feres, que realizou doutorado na instituição norte-americana sob orientação de Socransky.
“Esse método inovou a forma de diagnosticar e de acompanhar os resultados do tratamento de periondotites ao permitir avaliar diversas bactérias associadas às infecções na gengiva e obter diversas amostras de placa bacteriana de cada dente dos pacientes para verificar o que ocorre na composição da microbiota bucal”, explicou Feres.
Por meio da técnica, a pesquisadora e seu grupo conseguiram avaliar as alterações promovidas pelo tratamento tradicional de periodontite agressiva associada à medicação com metronidazol e amoxicilina em um conjunto de 40 bactérias da microbiota bucal dos pacientes, das quais algumas são benéficas e outras são associadas às periodontites.
Os exames revelaram que os antibióticos ajudaram a promover uma melhor recolonização do biofilme dos pacientes, que apresentou maior proporção de bactérias benéficas do que patogênicas em comparação com o dos pacientes que só receberam o tratamento convencional.
“Constatamos que nos pacientes que não tomaram antibióticos houve um retorno maior e mais rápido dos patógenos após o tratamento, enquanto a microbiota dos que receberam a medicação se manteve mais estável e mais benéfica, o que resultou na melhora dos parâmetros clínicos, como redução de sangramento e regressão da doença”, disse Feres.
Os pesquisadores estão com um novo artigo em fase final de avaliação no mesmo periódico – o primeiro foi publicado em 2010 –, com os resultados de um estudo envolvendo 120 pacientes adultos, em que demonstram que a recolonização benéfica se manteve em um período de um ano em pacientes com periodontite crônica – outro tipo de periodontite com maior prevalência em adultos.
Fator de risco para alterações sistêmicas
As periodontites são causadas pela colonização da boca por determinadas espécies de bactérias que podem ser transmitidas dos pais para os filhos e que podem se reproduzir na margem da gengiva quando há uma baixa resistência do hospedeiro.
Ao colonizar a margem da gengiva, o organismo tenta se livrar delas, desencadeando um processo inflamatório de evolução rápida, que produz metabólitos que degradam os tecidos em volta dos dentes e os ligamentos periodontais (os ossos de suporte).
Por estar associada a uma carga muito alta de bactérias agressivas à saúde, alguns estudos recentes em uma área da periodontia, chamada medicina periodontal, têm sugerido que as infecções periodontais podem funcionar como fator de risco para outras alterações sistêmicas, como parto prematuro, doenças cardiovasculares e infecções pulmonares.
“As bactérias podem se alojar em outro local do organismo, além da boca, e desencadear uma reação sistêmica. Mas essas associações ainda não estão totalmente demonstradas”, ressalvou Feres.
Em 2004, a pesquisadora e seu grupo participaram de um estudo internacional que comparou a microbiota de pacientes com periodontite no Brasil, Chile, Suécia e Estados Unidos. O estudo demonstrou que a composição das bactérias da boca pode variar entre os diferentes países.
“É importante que sejam realizados estudos sobre microbiota de pacientes com periodontite em diferentes regiões geográficas porque futuramente isso pode resultar em tratamentos específicos para cada tipo da doença”, afirmou Feres.
Os pesquisadores da UnG realizam uma triagem de pacientes para realização de novos estudos tanto para tratamento das periodontites como da periimplatites – uma infecção que ocorre ao redor de implantes dentários.
O artigo Short-term benefits of the adjunctive use of metronidazole plus amoxicillin in the microbial profile and in the clinical parameters of subjects with generalized aggressive periodontitis(doi: 10.1111/j.1600-051X.2010.01538.x), de Feres e outros, pode ser acessado gratuitamente no site do Journal of Clinical Periodontology emonlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1600-051X.2010.01538.x/full

Sonda espacial vai procurar vida em luas de Júpiter



Redação do Site Inovação Tecnológica - 04/05/2012
Sonda espacial vai procurar vida em luas de Júpiter
A sonda Juice entrará na órbita de Ganimedes, onde estudará a superfície gelada e a estrutura interna dessa lua, incluindo o seu oceano subsuperficial. [Imagem: ESA/AOES]
Explorador de luas geladas
A Agência Espacial Europeia (ESA) anunciou sua próxima grande missão de exploração - uma missão em busca de sinais de vida nas luas de Júpiter.
Será a sonda espacial JUICE (Jupiter Icy moons Explorer: explorador da luas geladas de Júpiter), que irá estudar em detalhes pela primeira vez as luas mais interessantes de Júpiter.
A sonda venceu dois candidatos, o NGO, um observatório para procurarondas gravitacionais, e ATHENA, um telescópio avançado para astrofísica de altas energias.
A sonda Juice será primeira missão do programa da ESA Visão Cósmica 2015-2025.
A sonda Juice fará em Júpiter um trabalho semelhante ao que a sonda Cassini está fazendo em Saturno - com a grande diferença que as luas de Júpiter vêm sendo apontadas há anos como os locais mais prováveis para se encontrar vida no Sistema Solar fora da Terra.
A maior parte da exploração de Júpiter foi feita pela sonda Galileo, que, em 1995, se tornou o primeiro artefato humano a orbitar o planeta, e que se chocou contra Júpiter em 2003.
Vida nas luas de Júpiter
As quatro luas galileanas de Júpiter - a vulcânica Io, Europa, gelada mas compossibilidade de ter um oceano líquido, e as rochosas e geladas Ganimedes e Calisto - fazem do planeta um sistema solar em miniatura.
Como se acredita que Ganimedes, Calisto e Europa escondam oceanos abaixo de suas superfícies, a missão JUICE irá estudar estas luas como potenciais habitats para a vida.
Ela também vai ajudar a responder a duas perguntas fundamentais do programa Visão Cósmica: quais são as condições para a formação dos planetas e para o surgimento da vida em sua superfície, e como funciona o Sistema Solar?
O explorador JUICE irá observar continuamente a atmosfera e a magnetosfera de Júpiter e a interação das luas com o gigantesco planeta gasoso.
A sonda também irá visitar Calisto, o objeto com mais crateras do Sistema Solar, e sobrevoar duas vezes a lua Europa.
Serão então realizadas as primeiras medidas da espessura da crosta gelada de Europa, identificando possíveis locais para futuras explorações robóticas.
Finalmente, em 2032, a sonda Juice entrará na órbita de Ganimedes, onde estudará a superfície gelada e a estrutura interna dessa lua, incluindo o seu oceano subsuperficial.
Ganimedes é a única lua do Sistema Solar capaz de gerar o seu próprio campo magnético e a sonda Juice irá observar em detalhe as singulares interações magnéticas e de plasma entre esta lua e a magnetosfera de Júpiter.
Arquétipo planetário
"Júpiter é o arquétipo dos planetas gigantes do Sistema Solar e de muitos planetas gigantes que têm sido descobertos ao redor de outras estrelas," disse o professor Álvaro Giménez Cañete, diretor do programa de Ciência e Exploração Robótica da ESA.
"A missão JUICE vai nos ajudar a compreender como é que os planetas gigantes gasosos e as suas luas se formam, e qual é o potencial destes planetas para abrigar vida," completou.
A sonda espacial será lançada em 2022 do aeroporto espacial europeu em Kourou, na Guiana Francesa, em um foguete Ariane 5, e chegará a Júpiter em 2030, onde passará pelo menos três anos fazendo observações detalhadas.
Visão Cósmica
O anúncio de hoje marca o fim de um processo iniciado em 2004, quando a ESA consultou a comunidade científica para definir as metas europeias de exploração espacial para a próxima década.
O resultado foi o programa Visão Cósmica 2015-2025 com quatro objetivos científicos.
  1. Quais são as condições para a formação dos planetas e para o desenvolvimento da vida?
  2. Como funciona o Sistema Solar?
  3. Quais são as leis fundamentais do Universo?
  4. Como é que o Universo começou e do que ele é feito?
Em 2007, foi aberto um concurso para missões com estes objetivos, sendo selecionadas algumas missões de grande escala.
Depois de novas rodadas de seleção, sobraram JUICE, NGO e ATHENA.
"Foi muito difícil escolher uma missão entre estes três excelentes projetos. Qualquer uma destas missões produziria ciência de classe mundial," disse o professor Giménez Cañete. "Mas a missão JUICE é o passo necessário para a futura exploração do Sistema Solar exterior."
Os projetos tecnológicos das missões NGO e ATHENA irão continuar, permitindo que as missões possam ser candidatas em concursos futuros. Em 2013 haverá uma segunda rodada de concursos.

Chip gerador de fótons tira computador quântico do laboratório



Redação do Site Inovação Tecnológica - 03/05/2012
Chip gerador de fótons tira computador quântico do laboratório
O chip recebe os fótons e os libera devidamente entrelaçados, sem a necessidade de qualquer outro circuito externo. [Imagem: UToronto]
Móvel pesado
É cada vez maior o interesse pelos avanços mais recentes dacomputação quântica, ainda que vários desafios precisem ser superados por esses supercomputadores e seus qubits.
Pois um desses desafios, e um dos grandes, acaba de ser superado.
Os computadores quânticos dependem de fótons individuais para guardar, ler, escrever e transmitir seus dados.
Ocorre que produzir e controlar fótons individuais - essencialmente a menor unidade de energia - é complexo, demorado e exige um aparato de laboratório virtualmente à prova de vibrações.
Uma mesa de granito de meio metro de espessura e algumas dezenas de toneladas é bom o suficiente.
Mas não seria o móvel mais adequado para colocar em sua casa quando chegar o dia em que você poderá comprar seu PC quântico.
Tecnologias quânticas
Agora, a equipe do professor Amr Helmy, da Universidade de Toronto, no Canadá, acaba de dar vida nova à sua velha escrivaninha de MDF.
Eles criaram um dispositivo eletrônico integrado - um chip, para resumir - capaz não apenas de produzir fótons individuais, mas de produzi-los já entrelaçados.
O entrelaçamento permite que duas ou mais partículas compartilhem suas propriedades mesmo sem qualquer ligação física entre elas.
O que hoje exige a tal mesa de granito e um não menos volumoso conjunto de lentes e espelhos finamente ajustados agora pode ser gerado inteiramente dentro de um único chip.
"Nosso trabalho abre a possibilidade de levar o potencial das poderosas e ainda subutilizadas tecnologias quânticas para os produtos comerciais, fora dos laboratórios," afirmou o professor Helmy.
Fotônica integrada
Outra equipe apresentou recentemente um equipamento similar, que eles chamaram de chip fotônico quântico multiuso.
Mas o chip do professor Helmy tem a vantagem de ser um chip mesmo, no sentido tradicional do termo, permitindo a conexão de outros componentes e a interligação dos fótons produzidos com outros equipamentos.
Isto torna possível ter todos os equipamentos tradicionalmente existentes em um laboratório dentro do mesmo chip.
E colocá-los lá é a próxima meta da equipe.
Bibliografia:

Monolithic Source of Photon Pairs
Rolf Horn, Payam Abolghasem, Bhavin J. Bijlani, Dongpeng Kang, A. S. Helmy, Gregor Weihs
Physical Review Letters
Vol.: 108, 153605
DOI: 10.1103/PhysRevLett.108.153605

O Brasil e o mar no século XXI, em 540 páginas



Com informações do Planeta Coppe - 03/05/2012
O Brasil e o mar no século XXI, em 540 páginas
O livro aborda, entre outras questões, o mar como fonte de energia e de recursos minerais e como fonte de alimentos. [Imagem: Divulgação]
Mar do futuro
O Brasil é banhado por uma costa de 7.408 km, possui área oceânica de exclusividade econômica de aproximadamente de 3.540.000 km2 e cerca de 960.000 km2 de plataforma continental.
Essa vasta área azul abriga negócios de cifras inimagináveis em diversos setores e envolve questões como direito e segurança do mar, desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas.
Para abordar esse verdadeiro oceano de informações, o Centro de Excelência para o Mar Brasileiro (Cembra) lançou o livro O Brasil e o mar no século XXI - Relatório aos tomadores de decisão do país.
A obra, de 540 páginas, reúne textos e capítulos de especialistas da Coppe/UFRJ e de uma série de outras instituições.
Como o subtítulo da obra adianta, a proposta do livro é oferecer a parlamentares e ao Poder Executivo um amplo painel com os principais aspectos relacionados ao mar brasileiro, um conjunto de informações sobre as potencialidades marítimas nacionais para nortear a tomada de decisões. Ao final dos capítulos há uma lista de sugestões sobre cada tema.
Temas
Composto por nove partes divididas em 19 capítulos, o livro aborda, entre outras questões, o mar como fonte de energia e de recursos minerais e como fonte de alimentos.
Os textos foram debatidos em três workshops regionais realizados na Coppe; na Universidade Federal do Rio Grande (Furg), no Rio Grande do Sul; e no Instituto de Ciências do Mar (Labomar), na Universidade Federal do Ceará (UFCE).
Temas como direito do mar, exploração de petróleo, poluição marinha, energia dos oceanos, construção naval e mudanças climáticas, presentes diariamente na imprensa, são discutidos na obra, também destinada a quem trabalha ou se interessa pelo assunto. O livro traz ainda os resultados de uma pesquisa de opinião pública sobre o mar, realizada em agosto de 2011, na qual foram ouvidas 2 mil pessoas.
"Um dos méritos desse projeto é reunir todos esses assuntos em uma única obra. A nossa proposta é que o livro seja uma importante ferramenta para ser consultada por deputados federais, senadores e o primeiro escalão do Poder Executivo, sempre que for preciso tomar alguma decisão relacionada aos temas ligados ao mar", explicou o coordenador do Cembra, Luiz Philippe da Costa Fernandes.
Energia dos oceanos
Em relação à primeira edição do livro, lançada em 1998, pela então Comissão Nacional Independente sobre os Oceanos (CNIO), para comemorar o Ano Internacional dos Oceanos, esta segunda edição foi revista e atualizada e ampliada, com a inclusão de 132 páginas e três novos capítulos sobre energia dos oceanos, biotecnologia marinha e mudanças climáticas.
Uma das novidades, o capítulo "Energia dos oceanos" foi assinado pelo diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe, Segen Estefen, professor do Programa de Engenharia Oceânica da instituição.
Nele, o pesquisador fala sobre as energias das ondas, das marés e das correntes, e sobre o potencial da costa brasileira, estimado em 114 GW, o que além da possibilidade de contribuir para a ampliação da oferta, representa a diversificação da matriz energética.
O capítulo trata também da planta-piloto para conversão da energia das ondas em eletricidade, que a Coppe está implantando no Porto do Pecém, próximo a Fortaleza, em colaboração com Tractebel Energia e o Governo do Estado do Ceará. A unidade, que será inaugurada nos próximos meses, terá potência instalada de 100kw.
"Com a evolução da pesquisa em energias renováveis, o amplo potencial dos recursos energéticos do mar vem atraindo crescente atenção e interesse da comunidade científica e de políticas governamentais. O aproveitamento dos recursos do mar apresenta perspectivas promissoras, em função de vários fatores, tais como extensas áreas, ampla distribuição mundial dos oceanos e, principalmente, altas densidades energéticas, as maiores entre todas as fontes renováveis", explicou Segen Estefen.
Construção naval
O professor Floriano Carlos Martins Pires Jr., do Programa de Engenharia Oceânica, preparou as recomendações contidas no capítulo que trata da construção naval no Brasil.
Nele são abordados temas como a história da indústria da construção naval no país; os chamados PCNs (Planos de Construção Naval I e II); os avanços e recuos do setor na segunda metade do século XX; bem como o período de recuperação atual do segmento.
O capítulo também destaca questões críticas que precisam ser equacionadas para se alcançar uma política de construção naval consistente. "A conjuntura da indústria naval no Brasil é muito favorável. Entretanto, para que o setor chegue ao desenvolvimento permanente e sustentável é preciso consolidar uma produção eficiente e competitiva em nível internacional", afirmou Floriano Pires. Isso ocorreu nos países que desenvolveram indústrias de construção naval relevantes.
Tiragem eletrônica
A tiragem do livro é de 3 mil exemplares e os interessados em obtê-la devem entrar em contato com o Cembra por intermédio do e-mail .
"Provavelmente no final do ano, 'O Brasil e o Mar no Século XXI' já estará disponível em edição virtual na página do Cembra (www.cembra.org.br), onde será mantido permanentemente atualizado, graças a contribuições periódicas dos consultores virtuais de cada capítulo. Também está previsto um sistema de comunicação permanente entre os interessados em esclarecer dúvidas sobre cada tema e os consultores do Cembra - o chamado Cembrapedia", adiantou Costa Fernandes.

Casa do futuro une sustentabilidade e eficiência energética



Com informações da Agência USP - 04/05/2012
Casa do futuro une sustentabilidade e eficiência energética
A casa sustentável e energeticamente autônoma combina elementos de alta tecnologia com soluções tradicionais de arquitetura e engenharia. [Imagem: Ag.USP]
Casa sustentável
Pesquisadores de diversas universidades brasileiras criaram o protótipo de uma casa do futuro, batizada de Ekó House, que está sendo montada na USP.
Trata-se de uma casa eficiente, sustentável e inovadora, que funciona exclusivamente com energia solar, tanto térmica quanto fotovoltaica.
"A casa tem aproximadamente 47 metros quadrados. Ela conta com cozinha, sala de jantar, sala de estar, banheiro e quarto. O ambiente é projetado para dar flexibilidade de uso.
"Com persianas e móveis o ambiente é alterado, aumentando a área social ou a área íntima," explicou Bruna Mayer de Souza, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e uma das integrantes da iniciativa.
Residências Energia Zero
O projeto da Ekó House está em desenvolvimento desde o final de 2010.
O protótipo combina elementos de alta tecnologia com soluções tradicionais de arquitetura e engenharia.
No aspecto de pesquisa, diversos itens do projeto e da construção da Ekó House embasam pelo menos uma dezena de trabalhos acadêmicos que resultarão em teses, dissertações e artigos científicos.
Além disso, o desenvolvimento do protótipo está inserido em um convênio entre USP e Eletrobrás, que tem como objetivo principal o lançamento das bases de uma indústria nacional de Residências Energia Zero (REZ) com tecnologia brasileira e adequação às nossas diversas regiões bioclimáticas.
"O projeto busca desenvolver pesquisa sobre Residências de Energia Zero (REZ) para o nosso clima e sociedade. Buscamos tecnologias que levem a um menor impacto ambiental das residências brasileiras," explica a pesquisadora.
Casa do futuro une sustentabilidade e eficiência energética
A casa eficiente funciona exclusivamente com energia solar, tanto térmica quanto fotovoltaica. [Imagem: Ag.USP]
Solar Decathlon
O projeto é a proposta brasileira que está concorrendo ao Solar Decathlon Europe 2012, uma competição internacional onde 20 equipes, representando universidades de todo o mundo, projetam, constroem e colocam em funcionamento uma casa sustentável e com eficiência energética.
O Solar Decathlon é dividido em dez categorias, que avaliam as inovações da casa, como sua capacidade de geração e eficiência energética, conforto, qualidade espacial e construtiva, entre outras.
As casas são construídas e testadas localmente e transportadas para o local da competição em Madrid, na Espanha, onde devem ser montadas em dez dias. Lá permanecem em exposição lado a lado por 17 dias, quando estão abertas à visitação do público e são realizadas as provas.
"A casa será levada para Madrid parcialmente desmontada, em contêineres. A estrutura é feita de peças de cumaru e placas de OSB (oriented stranded board) que formam painéis. Esses painéis são preenchidos com lã de vidro para isolamento térmico.
"Como revestimento, são usadas placas cimentícias e, entre os painéis e as placas, também é utilizado aerogel, um material fibroso de alta eficiência no isolamento térmico. Os painéis já irão prontos para Madri, com todas as suas camadas instaladas, inclusive com canos e fios, para lá serem apenas encaixados", explica Bruna.