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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O pequeno adesivo que faz você ficar invisível para mosquitos

Por  em 28.08.2013 as 16:00
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Essa é uma grande descoberta para quem vive nas zonas tropicais do país. A nova criação promete te livrar daqueles seres insuportáveis, suas picadas, seus zumbidos: dê adeus aos mosquitos. É o que promete o “Kite Patch”, um pequeno adesivo não tóxico que você deve colar em sua roupa.
Os mosquitos são capazes de detectar o dióxido de carbono exalado por você, a próxima refeição deles, a centenas de metros de distância. O adesivo, segundo os fabricantes, consegue interferir no radar de CO2 de um mosquito. Use um e você ficará efetivamente invisível para os sugadores de sangue por até 48 horas.
A invenção foi desenvolvida por Grey Frandsen, Michelle Brown e Torrey Tayanaka, todos dos Laboratórios Olfactor. De acordo com a página na internet do adesivo, sua fórmula foi baseada nas conclusões do pesquisador Anandasankar Ray e seus colegas da Universidade da Califórnia (EUA).
Os pesquisadores identificaram três grupos de produtos químicos que podem atrapalhar os receptores de dióxido de carbono de um mosquito.
Cada grupo de produtos químicos funciona um pouco diferente para confundir o alvo. O primeiro efetivamente imita o dióxido de carbono e pode ser utilizado para atrair mosquitos para bem longe dos seus alvos humanos e em armadilhas para insetos. O segundo tipo evita completamente a detecção de dióxido de carbono pelos mosquitos, enquanto o terceiro grupo é capaz de mudar todo o sistema usado pelos mosquitos para sentirem o CO2 humano, sobrecarregando os sentidos dos insetos a ponto de causar confusão em suas pequenas cabeças.
O grupo possui um projeto atualmente buscando financiamento para testar a campo, em Uganda, a nova invenção. Segundo os pesquisadores, “será uma das mais difíceis áreas para provar sua eficácia”.
Os cientistas esperam que os testes em larga escala que serão realizados em Uganda deem simultaneamente mais de 1 milhão de horas de proteção para famílias que estão sofrendo com taxas de infecção de malária acima de 60%, além de permitir uma melhora no produto antes que comece a escala para distribuição global do adesivo.
“Os resultados vão nos ajudar a finalizar a fórmula e nos dar alguma indicação de mudança no desenho do adesivo”, explicam os pesquisadores. “Uma vez que estivermos com tudo finalizado, podemos começar o processo de registro médico para os Estados Unidos. Assim que tivermos a aprovação nos EUA, seremos capazes de lançar o produto para uma distribuição ampla e direcionada – especialmente nas áreas onde uma picada de mosquitos pode significar a diferença entre a vida e a morte”, completam.
O “Kite Patch” faz parte do grupo de produtos conhecidos nos círculos epidemiológicos como repelentes espaciais. Em texto publicado na revista especializada “Malaria Journal”, pesquisadores observam que esses repelentes espaciais já prometeram uma revolução na luta contra as doenças de transmissão por vetores, como mosquitos, mas ainda precisam fazer parte de programas mais completos de controle de doenças.
Uma razão para isso é a falta de dados epidemiológicos que suportam a sua eficácia. “Há uma necessidade crítica de experimentos em comunidades que integrem o monitoramento simultâneo da incidência de infecção com dados da população de mosquitos”, escrevem. “O desafio surge na concepção de um estudo de impacto para garantir os verdadeiros efeitos de repelência”. [io9]
http://hypescience.com/o-pequeno-adesivo-que-faz-voce-ficar-invisivel-para-mosquitos/

14 instrumentos científicos imensos que você não vai acreditar que são reais

Por  em 28.08.2013 as 13:00
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A ciência é incrível. E, graças à era da internet, é fácil de ser testemunha desse fato. Por exemplo, uma bela imagem (acima) de tubos fotomultiplicadores nos detectores de neutrinos do Experimento Daya Bay hipnotizou milhões de internautas quando começou a circular online. No entanto, alguns de nós questionaram o que viram, perguntando como ela poderia ser real. Portanto, para o seu prazer visual – e para calar os céticos por aí –, confira um conjunto de enormes e fantásticas experiências científicas e máquinas semelhantes.

14. Tubos fotomultiplicadores dentro do detector de neutrinos Daya Bay, um projeto de física de partículas multinacional destinado a estudar neutrinos, no complexo do reator em Daya Bay, China.

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13. Super-Kamiokande, um grande detector Cherenkov operado em conjunto por seis países: Japão, Estados Unidos, Coreia do Sul, China, Polônia e Espanha. O detector está localizado a 915 metros embaixo da terra, na mina de Kamioka, no Japão.

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12. O ATLAS (a sigla em inglês para A Toroidal LHC ApparatuS), um experimento de detector de partícula, construído no Large Hadron Collider (LHC), um acelerador de partículas do CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), na Suíça.

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11. O experimento Compact Muon Solenoid (CMS), um dos dois grandes detectores de partículas de física de uso geral, do Large Hadron Collider, também localizado no CERN, na Suíça.

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10. O Observatório de Neutrinos de Sudbury (SNO), visto por dentro e por fora. A estrutura está localizada a quase dois quilômetros embaixo da terra, na mina Creighton, na cidade de Sudbury, Ontário, Canadá.

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9. O Experimento Borexino, localizado no Laboratori Nazionali del Gran Sasso, perto da cidade de L’Aquila, na Itália. A máquina mede o fluxo de neutrinos solares e sua assimetria durante o dia e a noite.

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8. O “falecido” gerador Cockcroft Walton, da Fermilab. Infelizmente, ele foi desativado.

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7. A máquina Z, ou Usina de Energia Pulsada Z, é o maior gerador de raios-X do mundo, projetado para testar materiais em condições extremas. Ele está localizado em Albuquerque, Novo México, Estados Unidos, no Laboratório Nacional de Sandia. Seu pulso eletromagnético causa um impressionante relâmpago quando a máquina é descarregada.

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6. Gammasphere, um detector de raios gama no Laboratório Nacional de Lawrence Berkeley (EUA).

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5. A visão de dentro do maior tokamak (reator experimental de fusão nuclear) do mundo, o Joint European Torus (JET). A máquina imensa investiga o potencial da energia de fusão no Centro Culham de Energia de Fusão, em Oxford, na Inglaterra.

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4. O interior da câmara-alvo do National Ignition Facility (NIF), o maior laser do mundo, localizado no Laboratório Nacional de Lawrence Livermore, na Califórnia, EUA.

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3. Segmentos do espelho primário do telescópio espacial James Webb, observados na câmara de testes criogênicos no Centro de Voo Espacial Marshall, da NASA.

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2. A Centrífuga de Grande Diâmetro (LDC, na sigla em inglês), no Centro Europeu de Pesquisa e Tecnologia Espacial (ESTEC) da ESA, a Agência Espacial Europeia. A centrífuga de encontra na cidade de Noordwijk, na Holanda.

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1. O interior do Grande Simulador Espacial, no centro de testes da ESA, na Holanda.

[Gizmondo]
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Físico propõe solução para o enigma do “gato de Schrödinger”

Por  em 28.08.2013 as 12:00
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Há mais de 80 anos, o físico alemão Erwin Schrödinger elaborou um experimento hipotético, baseado em princípios da física quântica, para ilustrar o estranho fenômeno da superposição, em que uma partícula estaria simultaneamente em duas situações distintas, até que uma medição feita por um observador externo fizesse com que esse estado duplo entrasse em colapso, e a partícula fosse vista em uma única situação.
Em artigo recente, o físico Art Hobson apresentou uma solução para o problema – a chave estaria na “não localidade” e no “emaranhamento“.
“A teoria quântica parece sugerir que, se você conectar um sistema microscópico a um aparelho de medição em larga escala que faça distinção entre os dois estados distintos do sistema microscópico, o aparelho também ficará ‘emaranhado’ em uma superposição de dois estados simultâneos”, explica. “Contudo, isso é algo que nunca foi observado e não é aceitável”.
No experimento, o gato estaria preso em uma caixa junto com um átomo radioativo, que, enquanto não fosse analisado, estaria em um estado de superposição, simultaneamente liberando e não liberando radiação (se liberasse, ativaria um mecanismo que envenenaria o gato, matando-o); paradoxalmente, o gato estaria vivo e morto ao mesmo tempo, enquanto o material não fosse medido e o estado de superposição não entrasse em colapso.
O “gato vivo” é um sinal de que o átomo não liberou radiação; o “gato morto” é um sinal de que o material liberou radiação. De acordo com Hobson, o gato e o átomo radioativo estariam “emaranhados” – e como consequência sofreriam efeitos da “não localidade”, em que alterações em um dos objetos automaticamente provocaria alterações no outro, mesmo a distância. “É um único objeto se comportando como um único objeto, mas em dois lugares diferentes”.
Seguindo esse raciocínio, o gato não estaria ao mesmo tempo vivo e morto: ele simplesmente estaria vivo OU morto de acordo com a situação do núcleo radioativo.
Hobson lembra que pelo menos três soluções similares foram propostas desde 1978, mas não receberam a devida atenção, “levando a confusões e até mesmo a afirmações pseudocientíficas sobre as consequências da física quântica”. “Tenho esperança de que essa solução para o problema da medição seja agora aceita pela comunidade científica. É importante organizar os fundamentos da física quântica”, disse. [ScienceDailyPhysical Review A]

A sorte está lançada: Reator de fusão nuclear é selado

Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/08/2013

A sorte está lançada: Reator de fusão nuclear é selado
Vista geral da construção do reator de fusão tipo estelarator, antes de seu fechamento final. [Imagem: IPP]
Esteralator
Enquanto o reator de fusão nuclear do ITER recebe o sinal verde para o início de sua montagem, o Wendelstein 7-X, na Alemanha, dá um passo ainda mais significativo.
Acabam de ser colocadas as últimas coberturas do complicado reator de fusão, selando definitivamente o invólucro onde os cientistas tentarão recriar o processo de geração de energia das estrelas.
Ao contrário do reator do ITER, que é do tipo tokamak, o reator do Wendelstein 7-X é do estelarator (stellarator).
Um tokamak é alimentado por uma corrente de plasma. Essa corrente fornece uma parte do campo magnético responsável por isolar o próprio plasma das paredes do reator - o grande desafio é evitar as instabilidades do plasma circulante pelo torus.
Um reator do tipo estelarator não tem corrente, eliminando de pronto o problema das instabilidades do plasma.
Mas o projeto tem seus próprios desafios, o que justificou a construção do Wendelstein 7-X, que, da mesma forma que o ITER, será um reator de pesquisas, para demonstrar a viabilidade do conceito.
Se tudo correr bem, ele entrará em funcionamento em 2014.
A sorte está lançada: Reator de fusão nuclear é selado
O anel retorcido do Wendelstein 7-X é formado por cinco módulos estruturalmente idênticos. [Imagem: IPP]
Janelas fechadas
O anel retorcido do Wendelstein 7-X é formado por cinco módulos estruturalmente idênticos.
Cada uma das cinco seções do canal de plasma, assim como as 14 bobinas magnéticas supercondutoras, foram conectadas e revestidas por um invólucro externo de aço pesando 120 toneladas.
Cada um dos cinco módulos tem diversas "janelas", onde são conectados instrumentos de medição, bombas e mecanismos de resfriamento.
Com a soldagem da janela número 254, agora o reator de fusão, assim como a sorte do que ocorrerá lá dentro, estão totalmente selados.

Orelhões brasileiros terão sinal de wi-fi gratuito


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TATIANE RIBEIRO
DE SÃO PAULO

O uso do celular no Brasil cresceu mais de 107,2% nos últimos seis anos. Os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) também mostram que o acesso à internet foi ainda maior: aumento de 143,8%. Diante desse cenário, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) estuda uma nova utilidade para os orelhões do país: torná-los pontos de wi-fi gratuito.
A ideia surgiu após um estudo elaborado no ano passado que demonstra que os 950 mil terminais existentes no país estão cada vez mais em desuso. Os dados apontam que 49% dessas unidades fazem menos de duas ligações por dia, e a receita média mensal, que era de R$ 110, caiu para R$ 12,50.
Segundo a agência, o estudo técnico será discutido em consulta pública até março de 2014 para determinar como será feita a modernização desses equipamentos para o acesso público coletivo.
Entre as previsões há a redução do número de orelhões na cidade. Eles serão mantidos principalmente em áreas de maior uso, como nas zonas rurais.
Sobre o funcionamento dos que restarem, será estudado a viabilidade desses orelhões terem outras funcionalidades, como wi-fi e facilidades nas formas de pagamento, como, por exemplo, com o uso cartão de crédito.
Em outros países, os tipos de serviços oferecidos nos atuais equipamentos incluem envio de SMS, acesso à internet com realização de videoconferência em telas sensíveis ao toque, pontos de wi-fi, impressoras térmicas, entrada para USB e leitor de cartão de memória.

Orelhões brasileiros terão sinal de wi-fi gratuito

O uso do celular no Brasil cresceu mais de 107,2% nos últimos seis anos. Os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) também mostram que o acesso à internet foi ainda maior: aumento de 143,8%. Diante desse cenário, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) estuda uma nova utilidade para os orelhões do país: torná-los pontos de wi-fi gratuito.
A ideia surgiu após um estudo elaborado no ano passado que demonstra que os 950 mil terminais existentes no país estão cada vez mais em desuso. Os dados apontam que 49% dessas unidades fazem menos de duas ligações por dia, e a receita média mensal, que era de R$ 110, caiu para R$ 12,50.
Segundo a agência, o estudo técnico será discutido em consulta pública até março de 2014 para determinar como será feita a modernização desses equipamentos para o acesso público coletivo.
Entre as previsões há a redução do número de orelhões na cidade. Eles serão mantidos principalmente em áreas de maior uso, como nas zonas rurais.
Sobre o funcionamento dos que restarem, será estudado a viabilidade desses orelhões terem outras funcionalidades, como wi-fi e facilidades nas formas de pagamento, como, por exemplo, com o uso cartão de crédito.
Em outros países, os tipos de serviços oferecidos nos atuais equipamentos incluem envio de SMS, acesso à internet com realização de videoconferência em telas sensíveis ao toque, pontos de wi-fi, impressoras térmicas, entrada para USB e leitor de cartão de memória.

TATIANE RIBEIRO DE SÃO PAULO

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Videoaulas gratuitas ensinam a fazer de TCC a tese

Como fazer um TCC, Dissertação e Tese

 
Disponibilizadas na internet por professores da FGV e Unifesp, aulas ajudam a elaborar monografias e também dissertações (Portal Porvir)


Atentos a uma das principais dificuldades que alunos de graduação e pesquisadores de pós-graduação têm no decorrer dos cursos: a elaboração do trabalho de pesquisa de conclusão, professores de algumas instituições como a Fundação Getulio Vargas (FGV), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade Católica de Santos (UniSantos) resolveram disponibilizar uma série de videoaulas abertas sobre o assunto na internet.

Ofertadas gratuitamente, as aulas ajudam os acadêmicos na elaboração de trabalhos de conclusão de curso (TCC), monografias, dissertações e até teses de doutorado. Nos vídeos sobre a confecção de monografias, por exemplo, o professor Fábio Maiomone, da UniSantos, oferece todo o conteúdo quase em um formato de curso modular. Ele explica, passo a passo, cada uma das partes que compõem uma monografia (título, justificativa, objetivos, referências etc). Todas as videoaulas foram produzidas pelos próprios professores e foram disponibilizadas no YouTube.

 "Por definição, os trabalhos de conclusão de curso são sempre a coisa mais difícil que o aluno precisa fazer. É o momento que ele tem que sair da zona de conforto e tentar criar algum tipo de originalidade acadêmica. O domínio da formatação do trabalho é fundamental", fala o especialista em educação Claudio de Moura Castro, ex-diretor geral da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), um agência federal de fomento responsável pela avaliação da produção científica dos programas de pós-graduação no país.

Autor do livro A prática da pesquisa - obra que fala sobre a concepção de trabalhos acadêmicos -, Castro ainda destaca a seriedade que o estudante deve ter no momento de elaboração da sua pesquisa. "O aluno deve sempre primar pela qualidade do trabalho acadêmico. E o orientador não deve amenizar a cobrança. Ele deve sempre exigir do estudante uma qualidade metodológica, de conteúdo e, claro, de formatação. Infelizmente, em algumas universidades, principalmente na graduação, isso não ocorre", diz o especialista.

Porvir mapeou além das videoaulas, uma série de materiais adicionais gratuitos que podem ser consultados e até baixados pelos interessados. Confira a listagem completa a seguir:

TCC (Trabalho de conclusão de curso de graduação)
Instrutor: professor José Carlos Abreu (Fundação Getúlio Vargas)
Acesse aqui

Material adicional gratuito para consulta:

MONOGRAFIA (de Graduação ou de Especialização)
Instrutor: professor Fábio Maiomone (Universidade Católica de Santos)
Acesse aqui

Material adicional gratuito para download:

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Instrutor: professor Alexandre Barros (Cientista Político)
Acesse aqui

Material adicional gratuito para download:

TESE DE DOUTORADO
Instrutor: professor João Luiz Azevedo (Unifesp)
Acesse aqui

Material adicional gratuito para download:

(Davi Lira, Portal Porvir)

Copiar nem sempre prejudica a criatividade; na verdade, estimula



 
Para especialistas em propriedade intelectual, liberdade para imitar muitas vezes resulta em inovação e permite que os pobres desfrutem de símbolos do consumo


Demonizada pelos que defendem a ampliação das leis de patentes, a cópia nem sempre é inimiga da inovação. Ao contrário: com frequência, é a mãe da invenção.

É o que afirmam dois especialistas em propriedade intelectual, os norte-americanos KalRaustiala e Christopher Sprigman, autores de "The KnockoffEconomy" ("A Economia da Cópia", ainda não editado em português).

Remando contra a corrente das críticas à indústria da cópia, sobretudo a da China, eles dizem que há casos de sobra em que a liberdade para imitar resultou em inovação, como nos setores do software e da moda.

Leia trechos da entrevista que eles concederam à Folha, por e-mail.

Folha - A cópia e a criatividade podem coexistir?

KalRaustiala e Christopher Sprigman - A opinião convencional é que copiar é ruim. Já que usualmente é mais barato copiar do que criar, copiar solaparia o incentivo à criação. É para isso que existem as leis de direitos autorais.

Na realidade, porém, copiar nem sempre prejudica a criatividade, e em certos casos até a estimula.

Um grande exemplo é a indústria da moda norte-americana. Nos EUA, é legal copiar designs de moda. Mas isso não impede que os estilistas desenhem coisas novas. Na verdade, a liberdade de cópia gera maior criatividade.

Quando cópias são feitas, o design original se torna uma tendência. Como todos sabemos, as tendências de moda um dia morrem, e o mercado exige novos designs para tomar seu lugar.

A liberdade de copiar faz com que esse ciclo gire mais rápido, dando-nos mais criatividade e opções de estilo.

Muitos outros setores são parecidos. Se compreendermos como o processo de cópia funciona, poderemos criar uma sociedade mais inovadora e criativa.

Em que casos os direitos de propriedade intelectual bloqueiam a inovação?

Quando dificultam a melhora de uma invenção. Boa parte das inovações ocorre gradualmente. Com o tempo, invenções são alteradas e refinadas para gerar produtos cada vez melhores.

Mas patentes e direitos autorais com termos excessivamente amplos podem tirar de cena os elementos básicos de um projeto ou invenção e, ao fazê-lo, tornar muito difícil ou dispendioso para terceiros a melhora de uma invenção.

A China é o maior alvo dos críticos. Vocês citariam um exemplo de cópia chinesa que resultou em inovação?

A Xiaomi é uma das fabricantes chinesas de celular com crescimento mais rápido. Criada menos de três anos atrás, a Xiaomi já vendeu 7 milhões de celulares e faturou 10 bilhões de yuans (cerca de R$ 3,8 bilhões). Os celulares da Xiaomi parecem muito familiares, porque o design imita o iPhone.

Superficialmente, a Xiaomi parece ser só mais uma imitadora chinesa. Mas isso desconsidera o aspecto mais importante da ascensão da companhia e uma importante tendência no estilo chinês de "imitação inovadora".

A Xiaomi se tornou uma força na China em parte por se parecer muito com a Apple. Mas seu sucesso na verdade se deve ao fato de ela ser o oposto da Apple.

A gigante americana é famosa pela abordagem "fechada" quanto à tecnologia. A Apple mantém controle fastidioso sobre o design de seus produtos e acredita que sabe melhor que o consumidor o que este deseja.

Enquanto a Apple se comporta de modo ditatorial, a Xiaomi é bastante democrática. Confia muito nas reações dos consumidores.

A cada sexta-feira, a companhia lança atualizações de seu sistema operacional, baseado no Android. Em poucas horas, milhares de frequentadores dos fóruns da empresa sugerem novos recursos e ajudam a resolver defeitos no software.

Assim, a Xiaomi combinou efetivamente o design da Apple e o espírito colaborativo do movimento do software aberto. A Xiaomi é claramente imitadora. Mas também inovadora.

Os senhores argumentam que a ansiedade dos EUA quanto à pirataria chinesa é "um equívoco". A proteção da propriedade intelectual não é de interesse nacional?

Alguns setores prosperam sem proteção à propriedade intelectual. Ampliar essa proteção não necessariamente significa mais sucesso ou crescimento econômico.

Veja o setor de banco de dados. Nos EUA, os bancos de dados não contam com forte proteção de copyrights. Na Europa a situação é a oposta, devido a uma mudança nas leis na década de 1990.

Mas, nos anos transcorridos desde então, o setor vem crescendo mais nos EUA que na Europa. A questão não é a propriedade intelectual, mas a inovação e o crescimento. A propriedade intelectual pode representar uma barreira para isso.

Qual é a importância social da liberdade de copiar?

A China continua a ser um país pobre, mas está crescendo com extrema rapidez. Também é uma das nações com mais desigualdade no planeta, ao lado do Brasil.

Em países com alta desigualdade, as cópias dão aos pobres a oportunidade de desfrutar de alguns dos símbolos de uma sociedade de consumo. Assim, as cópias são uma forma de aliviar ao menos em parte as pressões causadas pela desigualdade.

Isso é importante porque explica a resistência chinesa em impedir as cópias.

A tolerância da população chinesa facilita a prosperidade da indústria da cópia?

"Shanzhai", como é conhecida a cópia de baixo custo na China, significa literalmente "baluarte de bandidos". Mas na China moderna denota um tipo inteligente de cópia que toma um modelo dispendioso e o muda um pouquinho para atender ao consumidor médio.

O governo reconhece esse ponto, considerando alguns dos "shanzhai" como bons exemplos da engenhosidade do povo chinês.

Em que casos a cópia beneficia o produto original?

Bill Gates tinha razão quando disse que, "se eles pretendem roubar, melhor que roubem o nosso produto". O software, especialmente, é um bem dotado do que economistas denominam "externalidades de rede".

Isso significa que, se apenas uma pessoa usar o Microsoft Word, usá-lo não será útil para você. Mas, se todo mundo em seu escritório usar o programa, ele será muito útil e é mais provável que você opte por ele do que por um formato concorrente.

Assim, permitir cópias expande a fatia de mercado, e isso pode se tornar valioso no futuro, mesmo se as cópias atuais forem piratas.

Os senhores sugerem que os EUA deveriam levar sua história de pirataria em conta e "relaxar". Por quê?

No século 19, os EUA eram grandes copiadores, e a superpotência econômica que reinava no período, o Reino Unido, odiava isso.

Mas, com o tempo, todas aquelas cópias terminaram por ajudar muitos britânicos e criaram imenso mercado para bens britânicos. Hoje os EUA se tornaram a maior força para a expansão das leis de propriedade intelectual.

Com o tempo, a China seguirá caminho semelhante.

Sabemos que países passam a dedicar mais atenção à propriedade intelectual à medida que enriquecem e desenvolvem conhecimentos especializados, mas isso pode tomar muito tempo.

Assim, seria sábio que os EUA pensassem no futuro e reconhecessem que a China não mudará assim tão cedo e que copiar não é assim tão ruim quanto muita gente foi levada a crer.

(Marcelo Ninio/Folha de S.Paulo)