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domingo, 9 de dezembro de 2012

Criado algoritmo que chefia humanos


Preparado para ter um computador a chefiá-lo? AutoMan mostra que é possível

07/12/2012 13:27:34
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Em 1983, a série “AutoMan” surpreendeu os espetadores do canal de TV ABC com um protagonista que era um misto de humano e computador e que tinha a particularidade de fazer curvas em ângulo reto num carro desportivo. Quase 30 anos depois, o nome AutoMan volta a dar que falar: mais uma vez o foco das atenções é um misto de humano e máquina, mas desta vez não se trata de uma ficção científica de domingo à tarde, mas sim de um projeto de investigação que tem por objetivo criar a próxima geração de gestores, empresários e líderes de empresas, que distribuem tarefas pelos humanos e os recompensam de acordo com o trabalho que executam.
Ainda não se sabe o que pensam os sindicatos sobre os patrões feitos de inteligência artificial e crowdsourcing, mas já é possível ter uma primeira apreciação do criador do sistema, Daniel Barowy, em declarações para o site da NewScientist: «As pessoas acabam por gostar porque sabem que é imparcial».
O AutoMan não tem partido, clube, paixonetas ou ódios de estimação – nem pode ter. Afinal este “boss 2.0” mais não é que um algoritmo que recorre a plataformas de crowdsourcing de forma automatizada para lançar reptos e desafios aos humanos. Não adianta enviar currículos ou cunhas: o algoritmo não discrimina nem valoriza nenhum dos candidatos – o que pode ser visto como uma injustiça para os especialistas mais experientes, mas também abre caminho a candidatos que desenvolveram conhecimentos fora do circuito académico e empresarial.
Para AutoMan o que conta é a qualidade do trabalho – venha ele de onde vier. Como qualquer chefia humana, este algoritmo também tem dúvidas. E quando assim é mantém o repto ativo até que um humano consiga apresentar a resposta mais adequada. À semelhança dos chefes de carne e osso, o algoritmo também mantém a prerrogativa de remunerar os trabalhos de acordo com a qualidade e a prontidão apresentadas.
Ainda não chegou a hora de o algoritmo criado por Barowy se sentar no cadeirão da administração – mas o conceito já começou a dar mostras de viabilidade na plataforma Mechanical Turk, que a Amazon criou com o objetivo de promover a partilha de tarefas pelas multidões. Nesta plataforma, o algoritmo apresenta questões e espera respostas dos humanos. A este ensaio juntou-se outro: o mentor do AutoMan também testou o algoritmo na app VizWiz como forma de apoio à recolha, na Internet, de descrições de fotos tiradas por cegos. O que confirmou a possibilidade de integrar este patrão artificial em aplicações tão simples como as que usamos nos telemóveis.
Barowy acredita que, mais do que mandar patrões para o desemprego, AutoMan promete abrir caminho a nova classes profissionais, que podem dar novo impulso à economia mundial. Pode ser excesso de otimismo, mas o investigador da Universidade de Massachusetts garante que, mais tarde ou mais cedo, os algoritmos vão assumir a liderança: «Uma forma de ver as coisas é que, pelo menos, o sistema reserva as partes do trabalho que são interessantes, criativas e divertidas para os humanos».
Fonte:http://exameinformatica.sapo.pt/noticias/ciencia/2012/12/07/criado-algoritmo-que-chefia-humanos?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_campaign=newsletter&utm_content=2012-12-07

SIM, TEMOS UM NOBEL BRASILEIRO



Anualmente, no último trimestre, a comunidade científica internacional fica tensa, na expectativa da divulgação pela imprensa, com o devido destaque, dos nomes dos diversos ganhadores do cobiçado Prêmio Nobel, com as suas respectivas especialidades e nacionalidades, reacendendo em nosso íntimo aquela pergunta: por que nunca um brasileiro foi aquinhoado, se vários titulares de outros países com dimensões e potenciais culturais menores que o nosso o foram, embora tivéssemos algumas indicações? Sucede, porém que tivemos um, apesar de não reconhecido oficialmente, mas gestado, parido, criado e educado no Brasil. 

Criado a partir de 1901, o Prêmio Nobel foi instituído por Alfred Burnhard Nobel, intelectual e abonado industrial sueco, apaixonado por Química, descobridor da dinamite, já foi distribuído pelo menos até 2007, conforme os dados que consultamos, por 756 pesquisadores, nas áreas de Economia, Física, Química, Medicina, Literatura e Paz (política internacional). É solenemente entregue no dia 10 de dezembro, aniversário da morte do seu criador, em Estocolmo. Só o da Paz é entregue em Oslo, capital da Noruega.

Quanto ao nosso ganhador, quero referir-me a Peter Brian Medawar, nascido no Hospital Santa Teresa, na cidade de Petrópolis, RJ, em 28 de fevereiro de 1915, onde criou-se, filho de um casal anglolibanês, com seus primeiros estudos na nossa terra, só indo para a Inglaterra em torno dos 15 anos, quando seus pais o mandaram para aquele pais pensando na sua educação, o que era um costume também de muitas famílias brasileiras no início do século passado, face as nossas deficiências. Lá, formou-se em Biologia e Zoologia, fazendo carreira nas Universidades de Birmingham e Oxford, tendo ainda sido assistente de Alexander Fleming na descoberta da penicilina. Recebeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1960, na área de Fisiologia, juntamente com Frank M. Burnet, mago da Medicina australiana, pelos seus trabalhos sobre os princípios da tolerância imunológica, o que deu origem ao soro antilinfocitário. A Rainha Elizabeth também homenageou-os com o título honorário de “Sir”, que figura em suas biografias.

Consta que Sir Peter não recebeu o Prêmio na condição de brasileiro, o que tentou junto ao nosso governo, pelo fato do então ministro da Aeronáutica Salgado Filho, ter-lhe negado a nacionalidade requerida, pelo detalhe dele não ter prestado Serviço Militar entre nós. Daí ele ter sido obrigado a optar pela cidadania britânica para poder receber a consagração, de acordo com o estatuto do prêmio. O Nobel foi apenas um dos inúmeros recebidos por ele das mais diversas entidades médicas da Europa e outros países. Em 1962, apesar de não ser médico, foi nomeado diretor do Instituto Britânico de Pesquisas Médicas. Sir Peter Brian Medawar ainda voltou ao Brasil em 1962 para visitar familiares, tendo inclusive tomado parte em diversas reuniões científicas. Nascido em 28 de de fevereiro de 1915, faleceu em Londres em 2 outubro de 1987, aos 72 anos, deixando-nos a dever-lhe as devidas e mais que merecidas homenagens.

(*) Mário V. Guimarães é médico (dr_mariovg@yahoo.com.br)
Fonte: Mário V. Guimarães (*) Diário de Pernambuco de 30.11.2012
Fonte:http://www.sbpcpe.org/index.php?dt=2012_12_06&pagina=noticias&id=07922

BRASIL FICA EM PENÚLTIMO LUGAR EM RANKING DE QUALIDADE DA EDUCAÇÃO



// Reprovado

O Brasil ficou em penúltimo lugar em um ranking global de educação que comparou 40 países levando em conta notas de provas e qualidade de professores, dentre outros fatores.
A pesquisa foi encomendada à consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU), pela Pearson, empresa que fabrica sistemas de aprendizado e vende seus produtos a vários países.
Em primeiro lugar no nível global de Educação está a Finlândia, seguida da Coreia do Sul e de Hong Kong.

Os 40 países foram divididos em cinco grandes grupos de acordo com os resultados.
Ao lado do Brasil, mais seis nações foram incluídas na lista dos piores sistemas de educação do mundo: Turquia, Argentina, Colômbia, Tailândia, México e Indonésia, país do sudeste asiático que figura na última posição.
Os resultados foram compilados a partir de notas de exames efetuados por estudantes desses países entre 2006 e 2010.

Além disso, critérios como a quantidade de alunos que ingressam na universidade também foram empregados.

// Índice da qualidade da educação

1. Finlândia
2. Coreia do Sul
3. Hong Kong
4. Japão
5. Cingapura
6. Grã-Bretanha
7. Holanda
8. Nova Zelândia
9. Suíça
10. Canadá
11. Irlanda
12. Dinamarca
13. Austrália
14. Polônia
15. Alemanha
16. Bélgica
17. Estados Unidos
18. Hungria
19. Eslováquia
20. Rússia
21. Suécia
22. República Tcheca
23. Áustria
24. Itália
25. França
26. Noruega
27. Portugal
28. Espanha
29. Israel
30. Bulgária
31. Grécia
32. Romênia
33. Chile
34. Turquia
35. Argentina
36. Colômbia
37. Tailândia
38. México
39. Brasil
40. Indonésia

// Curva de aprendizado

Tidas como "super potências" da educação, a Finlândia e a Coreia do Sul dominam o ranking, e na sequência figura uma lista de destaques asiáticos, como Hong Kong, Japão e Cingapura.
Alemanha, Estados Unidos e França estão em grupo intermediário, e Brasil, México e Indonésia integram os mais baixos.

O ranking é baseado em exames efetuados em áreas como matemática, ciências e habilidades linguísticas a cada três ou quatro anos, e por isso apresentam um cenário com um atraso estatístico frente à realidade atual.

Mas o objetivo é fornecer uma visão multidimensional do desempenho escolar nessas nações, e criar um banco de dados que a Pearson chama de "Curva do Aprendizado".

// Cultura de aprendizado

Ao analisar os sistemas educacionais bem-sucedidos, o estudo concluiu que investimentos são importantes, mas não tanto quanto manter uma verdadeira "cultura" nacional de aprendizado, que valoriza professores, escolas e a educação como um todo.

Daí o alto desempenho das nações asiáticas no ranking.

Nesses países o estudo tem um distinto grau de importância na sociedade e as expectativas que os pais têm dos filhos são muito altas.

Fonte: BBC de 28.11.2012

Fonte:http://www.sbpcpe.org/index.php?dt=2012_12_06&pagina=noticias&id=07934

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Tecnologia brasileira de purificação de água chega ao mercado


Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/11/2012

Purificação de água com energia solar
O equipamento é compacto e agrupa tudo em uma única caixa pesando apenas 13 Kg, o que facilita seu transporte para locais remotos. [Imagem: Fernanda Farias]
Sucesso
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) conseguiu um feito raro no Brasil: colocar no mercado umproduto baseado em uma tecnologia desenvolvida na instituição.
O pesquisador Roland Ernest Vetter desenvolveu o Água Box, um sistema de desinfecção de água alimentado por energia solar.
Testado na prática em várias comunidades da região amazônica, o aparelho mostrou-se um prático e barato para proteger a população contra bactérias e outros micro-organismos perigosos.
O aparelho foi demonstrado em vários eventos de ciência e tecnologia nos últimos anos, como o lema "Água Solar: Nós lavamos água".
Agora a tecnologia foi licenciada para a empresa Hightech Componentes da Amazônia, que tem até dois anos para colocar o produto no mercado.
Desinfecção com luz ultravioleta
O protótipo da tecnologia foi testado dentro das instalações do INPA e, desde 2008, está instalado em cinco comunidades indígenas próximo ao rio Juruá, no Amazonas.
"Nós desenvolvemos esse equipamento e vimos durante a pesquisa que ele é de suma importância, principalmente para o interior do estado, ajudando a manter a saúde da população", ressaltou Roland Vetter.
O aparelho desinfeta a água por meio de radiação ultravioleta tipo C.
Ele é capaz de tornar potável as águas sujas de rios e lagos, retirando não apenas os particulados, mas também os germes.
O equipamento é compacto e agrupa tudo em uma única caixa pesando apenas 13 Kg, o que facilita seu transporte para locais remotos.
Alimentado por energia solar, o aparelho purifica 400 litros de água por hora. A vida útil da lâmpada ultravioleta é estimada em 10.000 horas.
Mais tecnologias
O Água Box não é a primeira tecnologia desenvolvida pelo INPA.
A instituição tem atualmente, 71 produtos e 52 pedidos de patentes no Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
Já estão em andamento mais quatro processos de transferência de tecnologia para empresas: a fabricação de farinha de pupunha integral; um processo de obtenção de Zerumbona isolada dos óleos essenciais das raízes de zingiber l. Smith; e uma composição farmacêutica do extrato de zingiber zerumbet.

Adeus aos cabos: de energia e de dados


Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/11/2012

Adeus aos cabos: de energia e de dados
O metamaterial está na superfície branca, recobrindo a mesa. As três pequenas placas de demonstração coletam a energia para acender os LEDs. [Imagem: Chris Stevens/Oxford]
Energia e dados sem fios
Roteadores, impressoras e celulares que trocam dados sem fios foram um avanço longamente esperado.
Além do conforto, eles serviram para mostrar como seria agradável um mundo onde a tecnologia dispensasse totalmente os fios.
Chris Stevens, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, acaba de demonstrar que esse desejo está muito mais próximo da realidade do que da ficção.
Stevens demonstrou uma nova tecnologia que permite que os equipamentos eletrônicos não apenas troquem dados sem precisar de cabos, mas também que recarreguem suas baterias sem contato físico.
"Você pode ter uma mesa totalmente ativa, sem cabos e sem baterias, que pode alimentar e interligar seu laptop ou PC, teclado, mouse, celular e câmera," disse o pesquisador.
"Por exemplo, incorporando a tecnologia por trás da tela de um monitor de computador, arquivos, fotos e músicas poderão ser transferidos facilmente entre o computador e um pendrive simplesmente clicando no ícone do pendrive na tela," explicou.
Da invisibilidade ao desaparecimento
A tecnologia de conexão remota é baseada nos metamateriais.
Esses materiais artificiais ficaram conhecidos por permitir a criação de mantos da invisibilidade e agora andam prometendo até mesmo a invisibilidade dos elétrons, algo que poderá mudar a eletrônica.
Mas aqui os metamateriais não foram usados para tornar os cabos de conexão invisíveis, e sim para eliminá-los de verdade.
A superfície do metamaterial, esculpida com padrões precisos, funciona como um guia de ondas magneto-indutivo, um mecanismo similar ao que está sendo explorado nos experimentos para transferência de eletricidade sem fios.
A eletricidade sem fios já está sendo testada para alimentar implantes cardíacos e até carros elétricos.
Mas a vantagem aqui é que os metamateriais permitem também a transferência de dados.
Adeus aos cabos: de energia e de dados
Uma etiqueta de dados é imediatamente identificada e seus dados são baixados para o computador - veja a mensagem na tela, assinalando a identicação da etiqueta azul e dos dados que ela contém. [Imagem: Chris Stevens/Oxford]
Tecidos elétrico-eletrônicos
"A beleza real da coisa é que, como a tecnologia está em uma superfície, nós podemos começar a colocar essa camada como um revestimento em qualquer superfície, ou até mesmo em um tecido," disse Stevens.
Incorporar energia e dados em qualquer superfície deixa as possibilidades de uso limitadas apenas pela imaginação.
Os pesquisadores demonstraram isso ao criar um tapete que alimenta uma lâmpada e ainda fornece dados a uma velocidade de 3.5 gigabits por segundo.
Isso abre a possibilidade, por exemplo, de incorporar a capacidade de recarga e troca de dados - dar acesso à internet, por exemplo - nos tecidos dos carros e ônibus, ou nos pisos e paredes de lugares públicos.
Robustez
Outra vantagem da tecnologia é que, sem as portas e os furos necessários para a ligação dos cabos fica muito mais fácil tornar os aparelhos mais robustos e à prova d'água.
Isso, por sua vez, aponta possibilidades de uso dos metamateriais em aplicações médicas e na indústria aeroespacial.
A tecnologia já está de posse da empresa de licenciamento da Universidade de Oxford, que pretende começar a transformá-la em um produto comercial o mais rápido possível.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Novo supercomputador científico usa processadores gráficos


Redação do Site Inovação Tecnológica - 31/10/2012

Maior supercomputador dos EUA usa processadores gráficos
O supercomputador Titan tornou-se não apenas o maior dos EUA - e eventualmente do mundo - como também será o maior supercomputador voltado exclusivamente para pesquisas científicas. [Imagem: ORNL]
Supercomputador de GPUs
Titan é o nome do mais novo supercomputador norte-americano, que acaba de ser inaugurado no Laboratório Nacional Oak Ridge, ligado ao Departamento de Energia.
A grande novidade é que o supercomputador utiliza processadores gráficos, as chamadas GPUs (unidades de processamento gráfico, na sigla em inglês) criadas para jogos de computador e hoje presentes em todas as placas gráficas mais avançadas.
O sistema híbrido GPU/CPU levou a capacidade do Titan ao incrível patamar de 20 petaflops - mais de 20.000 trilhões de cálculos por segundo.
É algo como se cada um dos 7 bilhões de habitantes da Terra fosse capaz de fazer 3 milhões de cálculos por segundo.
O novo supercomputador Cray XK7 contém 18.688 nós, cada um contendo uma CPU AMD Opteron 6274 de 16 núcleos, e um processador NVIDIA Tesla K20.
A combinação das CPUs (unidades centrais de processamento), a base tradicional dos computadores, com as GPUs, permitiu que o Titan ocupasse o mesmo espaço que seu antecessor Jaguar, com um acréscimo apenas marginal no consumo de eletricidade.
Supercomputador científico
O Titan é na verdade o resultado de uma reforma completa do Jaguar, que era o maior supercomputador dos EUA, com um consumo de energia de 7 MW.
O Jaguar usava apenas CPUs, e chegava a um pico de processamento de 1,75 petaflops.
"Um dos maiores desafios dos supercomputadores de hoje é o consumo de energia," disse Jeff Nichols, do ORNL. "A combinação de GPUs e CPUs em um único sistema requer menos energia do que os processadores isolados."
O Titan foi equipado com mais de 700 terabytes de memória.
Ele será usado principalmente para pesquisas em energia, mudanças climáticas, motores mais eficientes e desenvolvimento de novos materiais.

Resolvido mistério sobre natureza fundamental da luz


Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/11/2012

Resolvido mistério sobre dualidade onda/partícula
Como a vida, e a mecânica quântica, imitam a arte, a eterna dualidade partícula/onda pode ser ilustrada no melhor estilo do artista M.C.Escher.[Imagem: Alberto Peruzzo/Peter Shadbolt/Nicolas Brunner/Jamie Simmonds]
Dualidade onda/partícula
Dois grupos de físicos, trabalhando de forma independente, garantem ter chegado a um veredito final sobre a chamada dualidade onda/partícula.
De Newton a Maxwell, a luz foi sempre considerada como uma onda. Foi Einstein quem ganhou o Prêmio Nobel de Física demonstrando o efeito fotoelétrico, cuja explicação depende de que os fótons sejam vistos como partículas.
E daí pôde então surgir toda a mecânica quântica, que prevê que os fótons, os elementos fundamentais da luz, assim como qualquer outro "sistema quântico", podem ser partículas e ondas simultaneamente.
Contudo, as discussões sobre o assunto nunca foram suspensas porque o resultado - onda ou partícula - dependerá de como a medição é realizada. Meça um fóton de um jeito, e ele lhe dirá que é uma partícula. Altere a medição, e ele se transmutará em partícula.
Isso criou correntes entre os físicos que gostariam de encontrar uma resposta "mais fundamental" - uns defendendo que fótons são essencialmente partículas e outros defendendo que eles são essencialmente ondas.
O que essas correntes buscam é a "verdadeira natureza da luz", porque parece esquisito demais ter que assumir que uma "coisa pode ser duas coisas".
As duas correntes assumem que o fóton se transmutaria em sua segunda personalidade sob condições a serem ainda especificadas ou descobertas.
Partículas e ondas simultaneamente
As equações da mecânica quântica, contudo, tranquilamente assentadas sobre uma história de extremo sucesso, preveem que uma partícula pode estar em diferentes lugares ao mesmo tempo.
Na verdade, a partícula pode estar até mesmo em infinitos lugares ao mesmo tempo - como uma onda. E não apenas "parecendo" com uma onda, mas efetivamente "sendo" uma onda.
O que dois grupos de físicos agora conseguiram fazer foi demonstrar experimentalmente que esse jogo tem mesmo que terminar empatado.
Resolvido mistério sobre dualidade onda/partícula
Este foi o equipamento usado pela equipe da Universidade de Bristol em sua demonstração da dualidade partícula/onda. [Imagem: Fernando Traquino]
Experimentos similares foram realizados por Alberto Peruzzo e colegas da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e Florian Kaiser e equipe, do instituto francês CNRS.
Pela primeira vez, os físicos conseguiram observar os fótons não como partículas ou como ondas, mas como partículas e como ondas, ao mesmo tempo.
Longe de ser uma curiosidade científica, o experimento terá largas implicações para todos os sistemas quânticos, entre os quais os qubits usados pela computação quântica, os processadores fotônicos e as comunicações por fibras ópticas.
Medição quântica
A observação da dualidade partícula/onda é baseada em uma proposta feita pelo físico John Wheeler, nos anos 1980.
O experimento consiste em dividir os fótons e depois reuni-los novamente.
Dividir uma onda é trivial, mas não deveria ser possível dividir um fóton-partícula. A medição emprega dois interferômetros, o primeiro dividindo a onda de luz e o segundo reunindo-a novamente, e vendo o que acontece.
Quando um fóton, disparado individualmente, atravessa o primeiro interferômetro, o resultado no segundo interferômetro continua sendo um padrão de interferência, algo típico de ondas que se mesclam, mas nunca de partículas - ainda que o fóton não possa ser dividido. Assim fica demonstrada a famosa dualidade.
Mas o que falta é ver como e quando um fóton "vira" partícula, ou "vira" onda.
Para isso, os dois grupos idealizaram variações do experimento de Wheeler que permitem que o fóton seja rastreado o tempo todo e medido continuamente.
Resolvido mistério sobre dualidade onda/partícula
Na parte de trás, as oscilações sinusoidais indicam uma interferência de um único fóton - um fenômeno tipo onda. Na parte da frente da ilustração não há oscilações, indicando um comportamento típico das partículas. Entre esses dois extremos, o comportamento do fóton metamorfoseia-se continuamente de onda para partícula, indicando a superposição desses dois estados. [Imagem: S. Tanzilli/CNRS]
Gato de Schrodinger indeciso
As duas equipes usaram configurações ligeiramente diferentes, mas ambas usaram pares de fótons entrelaçados, aqueles que Einstein chamou de fantasmagóricos, porque o que acontece com um afeta o outro, independentemente da distância que os separe.
Um dos fótons é observado e detectado em um interferômetro, enquanto o outro fóton "decide" se a medição será feita de forma a resultar em partícula ou em onda - lembre-se que o tipo da medição determina se o fóton responderá como partícula ou como onda.
Como o que acontece com um fóton sempre interfere com seu companheiro entrelaçado, os cientistas podem observar o fóton continuamente se metamorfoseando entre partícula e onda.
Isso porque os dois compõem a estranha situação conhecida como gato de Schrodinger - um gato guardado dentro de um caixa, com um frasco de veneno cuja abertura é determinada pelo comportamento da partícula quântica, estará vivo e morto ao mesmo tempo, porque a condição da partícula só será definida quando ela for medida, isto é, quando a caixa for aberta.
Mesmo se o fóton de controle decide como medir a partícula depois que ela já passou pelo primeiro interferômetro, ela continua "indecisa", mantendo sua natureza dúbia.
Em termos do gato de Schrodinger, isso significa que, mesmo depois que já deveria estar definido se o gato está vivo ou morto, continua sendo possível determinar se ele está vivo ou morto, ou se ele continua vivo e morto ao mesmo tempo.
Dualidade definitiva
A vantagem dos experimentos é que, em vez de medições individuais, eles permitem explorar a "passagem" da luz de comportamento tipo onda para um comportamento tipo partícula - uma "passagem" que é constante.
Como, nos experimentos, a situação repete-se ao infinito, torna-se possível observar que o fóton assume constantemente as duas condições - ou seja, o fóton é mesmo uma partícula e uma onda, ao mesmo tempo.
A mecânica quântica acertou de novo, reforçando ainda mais seu jeitão esquisito, mas muito eficaz, de explicar a natureza.
Bibliografia:

A Quantum Delayed-Choice Experiment
Alberto Peruzzo, Peter Shadbolt, Nicolas Brunner, Sandu Popescu, Jeremy L. OBrien
Science
Vol.: 338 - 634-637
DOI: 10.1126/science.1226719

Entanglement-Enabled Delayed-Choice Experiment
Florian Kaiser, Thomas Coudreau, Pérola Milman, Daniel B. Ostrowsky, Sébastien Tanzilli
Science
Vol.: 338 - 637-640
DOI: 10.1126/science.1226755

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Luva controlada por computador leva usuário pela mão


Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/10/2012

Luva controlada por computador leva usuário pela mão
É como se a mão estivesse sendo puxada em direção ao alvo.[Imagem: Lehtinen et al.]
Luva robótica
Controlar computadores com as mãos não é mais novidade desde a chegada do Kinect, que logo estará sendo usado até para controlar satélites no espaço.
Mas uma equipe de pesquisadores alemães e finlandeses decidiu inverter o processo.
Ville Lehtinen e seus colegas criaram uma luva que é controlada remotamente pelo computador.
Isso permite que o usuário da luva tenha sua mão guiada para um objeto de interesse.
Segundo a equipe, a luva controlada remotamente terá grande utilidade para ajudar as pessoas a encontrarem objetos em ambientes visualmente complexos, como bibliotecas ou prateleiras de supermercados.
Puxando a mão
A luva háptica usa vibrações sobre as diversas partes da mão para guiar o usuário na direção do objeto, sem que este precise ficar procurando visualmente pelo item de seu interesse.
A busca visual por um objeto pode ser muito frustrante porque a capacidade de reconhecimento de padrões dos humanos reduz a tarefa a uma busca serial quando os diversos itens são muito parecidos - a saída é olhar um por um e testar "É este que quero?" a cada fixação do olhar.
"A vantagem de dirigir a mão por meio de impulsos táteis é que o usuário pode interpretá-los facilmente em relação ao seu campo visual. Isso oferece uma experiência muito intuitiva, como se a mão estivesse sendo puxada em direção ao alvo," disse Lehtinen.
Apontando o dedo
São quatro atuadores vibrotáteis na luva e, sem surpresa, um Kinect para rastrear a posição da mão no espaço 3D e acionar os comandos para "puxar" a mão do usuário rumo ao destino.
Nos testes conduzidos em laboratório, um usuário com a luva localizou os objetos três vezes mais rápido do que usuários sem a luva.
Além de ajudar a encontrar produtos em prateleiras, a tecnologia poderá ser muito útil para os deficientes visuais.
Todos os componentes usados no experimento foram comprados no comércio, o que torna a tecnologia muito próxima do mercado, bastando que um empresário de visão saiba apontar o dedo para o nicho de mercado mais promissor.

Manganês torna aço mais forte e mais leve


Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/10/2012

Manganês torna aço mais forte e mais leve
A primeira linha de produção do novo aço-manganês está sendo construída por uma empresa alemã.[Imagem: Salzgitter]
Aço verde
Mesmo sendo a base de toda a indústria atual, a imagem do aço não mudou muito ao longo das últimas décadas.
Ele continua sendo forte e durável, mas também é pesado e difícil de conformar, gerando produtos - carros, por exemplo - que poderiam ser mais leves e mais ambientalmente amigáveis.
A solução pode estar a caminho, segundo resultados anunciados por pesquisadores de várias universidades europeias, reunidos no projeto PROMS.
O grupo afirma ter produzido um novo tipo de aço que é mais leve, mais dúctil e ultraforte, em comparação com os aços tradicionais.
A chave da inovação está em um processo que permite a fabricação de aços com alto teor de manganês.
Liga de aço-manganês
A maioria dos aços contém até 1,2% de manganês, enquanto as chamadas ligas de aço-manganês, ou ferro-manganês, têm cerca de 13% de manganês.
O novo aço tem um teor de até 25% de manganês - essencialmente uma liga de ferro-manganês.
O aço, tanto o novo quanto os atuais, têm frações percentuais de outros elementos, como silício, níquel, cromo, alumínio, molibdênio e cobre - o percentual de cada um varia conforme a aplicação.
O problema de fabricar aços com alto teor de manganês é que o percentual desses outros elementos precisa ser ajustado com muita precisão para que o metal final não perca suas qualidades.
Os pesquisadores logo viram que a indústria ainda não faz isso porque o processo atual de fabricação do aço não permite.
Novo processo de fabricação de aço
O jeito foi inventar um processo novo.
"Esse aço de alta resistência não pode ser fabricado pelo sistema de lingotamento contínuo convencional," explica Karl-Heinz Spitzer, da Universidade Clausthal de Tecnologia, na Alemanha.
"Ele precisa de novas tecnologias de produção. O projeto mostrou que, com a combinação correta de elementos, a produção em massa de aços com alto teor de manganês é possível usando tanto a rota de altos-fornos quanto a rota de forno de arco voltaico," completou.
Para demonstrar isso, a equipe contou com a participação da siderúrgica Salzgitter, que aceitou o desafio de construir a primeira linha de produção do novo aço-manganês.
Segundo a empresa, como o novo aço precisa ser fabricado em lâminas mais finas - 8 a 15 milímetros (mm), contra 200 a 250 mm do aço convencional - o processo economiza até 75% de energia.
Aços leves
Aços mais resistentes são particularmente interessantes para a indústria automobilística, permitindo reduzir o peso dos carros e, em decorrência, seu consumo de combustível.
Outras áreas onde esses aços superfortes podem ser usados incluem as termoelétricas, onde eles resistem mais à oxidação e à corrosão, sem perder a ductilidade.
"Há uma ampla gama de aplicações industriais onde esses aços de alta resistência poderão ser usados," resume Spitzer.

Mundo quântico funde-se apenas parcialmente


Redação do Site Inovação Tecnológica - 25/10/2012

Mundo quântico funde-se apenas parcialmente
Nuvens de átomos ultrafrios (vermelho) foram criadas dentro de um chip quântico (em cima). Sua interferência cria um padrão ordenado de interferência matéria-onda (embaixo).[Imagem: Vienna University of Technology]
Equilíbrio termal
Coloque um cubo de gelo em uma vasilha de água quente e ele perderá a estabilidade, fundindo-se totalmente.
As moléculas do gelo e as moléculas da água vão atingir um equilíbrio termal, atingindo a mesma temperatura, e não será mais possível identificar umas e outras.
É assim que um cristal sólido bem ordenado acaba na forma de um líquido totalmente desordenado.
Big Bang e computadores quânticos
No mundo quântico, porém, essa transição para um equilíbrio termal é mais interessante e bem mais complicada do que os cientistas acreditavam até agora.
Entre o estado ordenado inicial e o estado amorfo final, emerge algo que está sendo chamado de "estado intermediário quase estacionário".
É uma espécie de pré-termalização, onde sinais muito claros dos estados iniciais perduram por um longo tempo.
Segundo Jorg Schmiedmayer e seus colegas da Universidade Tecnológica de Viena, na Áustria, isso pode ajudar a explicar vários processos fora de equilíbrio na física quântica, o que inclui o estado inicial do Universo, instantes após o Big Bang, e as perdas de dados nos computadores quânticos.
Equilíbrio termal quântico
Os pesquisadores dividiram em dois um condensado de Bose-Einstein, um aglomerado de átomos ultrafrios que se comporta como se fosse um único átomo gigante.
Mas as duas metades não caminharam para o equilíbrio termal como se esperava.
A análise mostrou que "as duas nuvens não se esqueceram de que vieram da mesma nuvem atômica," disse Schmiedmayer.
Em vez de decair rápida e homogeneamente rumo ao equilíbrio, as duas deram uma longa parada no agora descoberto estado intermediário, ou de pré-termalização.
Evitando perda de dados
A transição de sistemas para o equilíbrio termal é importante em muitos campos da física quântica, incluindo o emergente campo da computação quântica.
Um experimento nunca consegue atingir exatamente o zero absoluto, de forma que os cientistas estão sempre às voltas com efeitos de mudanças de temperatura.
Fazer cálculos usando qubits ou armazenar dados em memórias quânticas inevitavelmente cria estados de não-equilíbrio, o que destrói os dados.
O novo conhecimento adquirido com este experimento poderá ajudar a evitar essas perdas de dados.
Bibliografia:

Relaxation and Prethermalization in an Isolated Quantum System
M. Gring, M. Kuhnert, T. Langen, T. Kitagawa, B. Rauer, M. Schreitl, I. Mazets, D. Adu Smith, E. Demler, J. Schmiedmayer
Science
Vol.: 337 no. 6100 pp. 1318-1322
DOI: 10.1126/science.1224953