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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O pequeno adesivo que faz você ficar invisível para mosquitos

Por  em 28.08.2013 as 16:00
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Essa é uma grande descoberta para quem vive nas zonas tropicais do país. A nova criação promete te livrar daqueles seres insuportáveis, suas picadas, seus zumbidos: dê adeus aos mosquitos. É o que promete o “Kite Patch”, um pequeno adesivo não tóxico que você deve colar em sua roupa.
Os mosquitos são capazes de detectar o dióxido de carbono exalado por você, a próxima refeição deles, a centenas de metros de distância. O adesivo, segundo os fabricantes, consegue interferir no radar de CO2 de um mosquito. Use um e você ficará efetivamente invisível para os sugadores de sangue por até 48 horas.
A invenção foi desenvolvida por Grey Frandsen, Michelle Brown e Torrey Tayanaka, todos dos Laboratórios Olfactor. De acordo com a página na internet do adesivo, sua fórmula foi baseada nas conclusões do pesquisador Anandasankar Ray e seus colegas da Universidade da Califórnia (EUA).
Os pesquisadores identificaram três grupos de produtos químicos que podem atrapalhar os receptores de dióxido de carbono de um mosquito.
Cada grupo de produtos químicos funciona um pouco diferente para confundir o alvo. O primeiro efetivamente imita o dióxido de carbono e pode ser utilizado para atrair mosquitos para bem longe dos seus alvos humanos e em armadilhas para insetos. O segundo tipo evita completamente a detecção de dióxido de carbono pelos mosquitos, enquanto o terceiro grupo é capaz de mudar todo o sistema usado pelos mosquitos para sentirem o CO2 humano, sobrecarregando os sentidos dos insetos a ponto de causar confusão em suas pequenas cabeças.
O grupo possui um projeto atualmente buscando financiamento para testar a campo, em Uganda, a nova invenção. Segundo os pesquisadores, “será uma das mais difíceis áreas para provar sua eficácia”.
Os cientistas esperam que os testes em larga escala que serão realizados em Uganda deem simultaneamente mais de 1 milhão de horas de proteção para famílias que estão sofrendo com taxas de infecção de malária acima de 60%, além de permitir uma melhora no produto antes que comece a escala para distribuição global do adesivo.
“Os resultados vão nos ajudar a finalizar a fórmula e nos dar alguma indicação de mudança no desenho do adesivo”, explicam os pesquisadores. “Uma vez que estivermos com tudo finalizado, podemos começar o processo de registro médico para os Estados Unidos. Assim que tivermos a aprovação nos EUA, seremos capazes de lançar o produto para uma distribuição ampla e direcionada – especialmente nas áreas onde uma picada de mosquitos pode significar a diferença entre a vida e a morte”, completam.
O “Kite Patch” faz parte do grupo de produtos conhecidos nos círculos epidemiológicos como repelentes espaciais. Em texto publicado na revista especializada “Malaria Journal”, pesquisadores observam que esses repelentes espaciais já prometeram uma revolução na luta contra as doenças de transmissão por vetores, como mosquitos, mas ainda precisam fazer parte de programas mais completos de controle de doenças.
Uma razão para isso é a falta de dados epidemiológicos que suportam a sua eficácia. “Há uma necessidade crítica de experimentos em comunidades que integrem o monitoramento simultâneo da incidência de infecção com dados da população de mosquitos”, escrevem. “O desafio surge na concepção de um estudo de impacto para garantir os verdadeiros efeitos de repelência”. [io9]
http://hypescience.com/o-pequeno-adesivo-que-faz-voce-ficar-invisivel-para-mosquitos/

14 instrumentos científicos imensos que você não vai acreditar que são reais

Por  em 28.08.2013 as 13:00
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A ciência é incrível. E, graças à era da internet, é fácil de ser testemunha desse fato. Por exemplo, uma bela imagem (acima) de tubos fotomultiplicadores nos detectores de neutrinos do Experimento Daya Bay hipnotizou milhões de internautas quando começou a circular online. No entanto, alguns de nós questionaram o que viram, perguntando como ela poderia ser real. Portanto, para o seu prazer visual – e para calar os céticos por aí –, confira um conjunto de enormes e fantásticas experiências científicas e máquinas semelhantes.

14. Tubos fotomultiplicadores dentro do detector de neutrinos Daya Bay, um projeto de física de partículas multinacional destinado a estudar neutrinos, no complexo do reator em Daya Bay, China.

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13. Super-Kamiokande, um grande detector Cherenkov operado em conjunto por seis países: Japão, Estados Unidos, Coreia do Sul, China, Polônia e Espanha. O detector está localizado a 915 metros embaixo da terra, na mina de Kamioka, no Japão.

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12. O ATLAS (a sigla em inglês para A Toroidal LHC ApparatuS), um experimento de detector de partícula, construído no Large Hadron Collider (LHC), um acelerador de partículas do CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), na Suíça.

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11. O experimento Compact Muon Solenoid (CMS), um dos dois grandes detectores de partículas de física de uso geral, do Large Hadron Collider, também localizado no CERN, na Suíça.

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10. O Observatório de Neutrinos de Sudbury (SNO), visto por dentro e por fora. A estrutura está localizada a quase dois quilômetros embaixo da terra, na mina Creighton, na cidade de Sudbury, Ontário, Canadá.

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9. O Experimento Borexino, localizado no Laboratori Nazionali del Gran Sasso, perto da cidade de L’Aquila, na Itália. A máquina mede o fluxo de neutrinos solares e sua assimetria durante o dia e a noite.

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8. O “falecido” gerador Cockcroft Walton, da Fermilab. Infelizmente, ele foi desativado.

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7. A máquina Z, ou Usina de Energia Pulsada Z, é o maior gerador de raios-X do mundo, projetado para testar materiais em condições extremas. Ele está localizado em Albuquerque, Novo México, Estados Unidos, no Laboratório Nacional de Sandia. Seu pulso eletromagnético causa um impressionante relâmpago quando a máquina é descarregada.

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6. Gammasphere, um detector de raios gama no Laboratório Nacional de Lawrence Berkeley (EUA).

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5. A visão de dentro do maior tokamak (reator experimental de fusão nuclear) do mundo, o Joint European Torus (JET). A máquina imensa investiga o potencial da energia de fusão no Centro Culham de Energia de Fusão, em Oxford, na Inglaterra.

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4. O interior da câmara-alvo do National Ignition Facility (NIF), o maior laser do mundo, localizado no Laboratório Nacional de Lawrence Livermore, na Califórnia, EUA.

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3. Segmentos do espelho primário do telescópio espacial James Webb, observados na câmara de testes criogênicos no Centro de Voo Espacial Marshall, da NASA.

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2. A Centrífuga de Grande Diâmetro (LDC, na sigla em inglês), no Centro Europeu de Pesquisa e Tecnologia Espacial (ESTEC) da ESA, a Agência Espacial Europeia. A centrífuga de encontra na cidade de Noordwijk, na Holanda.

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1. O interior do Grande Simulador Espacial, no centro de testes da ESA, na Holanda.

[Gizmondo]
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Físico propõe solução para o enigma do “gato de Schrödinger”

Por  em 28.08.2013 as 12:00
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Há mais de 80 anos, o físico alemão Erwin Schrödinger elaborou um experimento hipotético, baseado em princípios da física quântica, para ilustrar o estranho fenômeno da superposição, em que uma partícula estaria simultaneamente em duas situações distintas, até que uma medição feita por um observador externo fizesse com que esse estado duplo entrasse em colapso, e a partícula fosse vista em uma única situação.
Em artigo recente, o físico Art Hobson apresentou uma solução para o problema – a chave estaria na “não localidade” e no “emaranhamento“.
“A teoria quântica parece sugerir que, se você conectar um sistema microscópico a um aparelho de medição em larga escala que faça distinção entre os dois estados distintos do sistema microscópico, o aparelho também ficará ‘emaranhado’ em uma superposição de dois estados simultâneos”, explica. “Contudo, isso é algo que nunca foi observado e não é aceitável”.
No experimento, o gato estaria preso em uma caixa junto com um átomo radioativo, que, enquanto não fosse analisado, estaria em um estado de superposição, simultaneamente liberando e não liberando radiação (se liberasse, ativaria um mecanismo que envenenaria o gato, matando-o); paradoxalmente, o gato estaria vivo e morto ao mesmo tempo, enquanto o material não fosse medido e o estado de superposição não entrasse em colapso.
O “gato vivo” é um sinal de que o átomo não liberou radiação; o “gato morto” é um sinal de que o material liberou radiação. De acordo com Hobson, o gato e o átomo radioativo estariam “emaranhados” – e como consequência sofreriam efeitos da “não localidade”, em que alterações em um dos objetos automaticamente provocaria alterações no outro, mesmo a distância. “É um único objeto se comportando como um único objeto, mas em dois lugares diferentes”.
Seguindo esse raciocínio, o gato não estaria ao mesmo tempo vivo e morto: ele simplesmente estaria vivo OU morto de acordo com a situação do núcleo radioativo.
Hobson lembra que pelo menos três soluções similares foram propostas desde 1978, mas não receberam a devida atenção, “levando a confusões e até mesmo a afirmações pseudocientíficas sobre as consequências da física quântica”. “Tenho esperança de que essa solução para o problema da medição seja agora aceita pela comunidade científica. É importante organizar os fundamentos da física quântica”, disse. [ScienceDailyPhysical Review A]

A sorte está lançada: Reator de fusão nuclear é selado

Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/08/2013

A sorte está lançada: Reator de fusão nuclear é selado
Vista geral da construção do reator de fusão tipo estelarator, antes de seu fechamento final. [Imagem: IPP]
Esteralator
Enquanto o reator de fusão nuclear do ITER recebe o sinal verde para o início de sua montagem, o Wendelstein 7-X, na Alemanha, dá um passo ainda mais significativo.
Acabam de ser colocadas as últimas coberturas do complicado reator de fusão, selando definitivamente o invólucro onde os cientistas tentarão recriar o processo de geração de energia das estrelas.
Ao contrário do reator do ITER, que é do tipo tokamak, o reator do Wendelstein 7-X é do estelarator (stellarator).
Um tokamak é alimentado por uma corrente de plasma. Essa corrente fornece uma parte do campo magnético responsável por isolar o próprio plasma das paredes do reator - o grande desafio é evitar as instabilidades do plasma circulante pelo torus.
Um reator do tipo estelarator não tem corrente, eliminando de pronto o problema das instabilidades do plasma.
Mas o projeto tem seus próprios desafios, o que justificou a construção do Wendelstein 7-X, que, da mesma forma que o ITER, será um reator de pesquisas, para demonstrar a viabilidade do conceito.
Se tudo correr bem, ele entrará em funcionamento em 2014.
A sorte está lançada: Reator de fusão nuclear é selado
O anel retorcido do Wendelstein 7-X é formado por cinco módulos estruturalmente idênticos. [Imagem: IPP]
Janelas fechadas
O anel retorcido do Wendelstein 7-X é formado por cinco módulos estruturalmente idênticos.
Cada uma das cinco seções do canal de plasma, assim como as 14 bobinas magnéticas supercondutoras, foram conectadas e revestidas por um invólucro externo de aço pesando 120 toneladas.
Cada um dos cinco módulos tem diversas "janelas", onde são conectados instrumentos de medição, bombas e mecanismos de resfriamento.
Com a soldagem da janela número 254, agora o reator de fusão, assim como a sorte do que ocorrerá lá dentro, estão totalmente selados.

Orelhões brasileiros terão sinal de wi-fi gratuito


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TATIANE RIBEIRO
DE SÃO PAULO

O uso do celular no Brasil cresceu mais de 107,2% nos últimos seis anos. Os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) também mostram que o acesso à internet foi ainda maior: aumento de 143,8%. Diante desse cenário, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) estuda uma nova utilidade para os orelhões do país: torná-los pontos de wi-fi gratuito.
A ideia surgiu após um estudo elaborado no ano passado que demonstra que os 950 mil terminais existentes no país estão cada vez mais em desuso. Os dados apontam que 49% dessas unidades fazem menos de duas ligações por dia, e a receita média mensal, que era de R$ 110, caiu para R$ 12,50.
Segundo a agência, o estudo técnico será discutido em consulta pública até março de 2014 para determinar como será feita a modernização desses equipamentos para o acesso público coletivo.
Entre as previsões há a redução do número de orelhões na cidade. Eles serão mantidos principalmente em áreas de maior uso, como nas zonas rurais.
Sobre o funcionamento dos que restarem, será estudado a viabilidade desses orelhões terem outras funcionalidades, como wi-fi e facilidades nas formas de pagamento, como, por exemplo, com o uso cartão de crédito.
Em outros países, os tipos de serviços oferecidos nos atuais equipamentos incluem envio de SMS, acesso à internet com realização de videoconferência em telas sensíveis ao toque, pontos de wi-fi, impressoras térmicas, entrada para USB e leitor de cartão de memória.

Orelhões brasileiros terão sinal de wi-fi gratuito

O uso do celular no Brasil cresceu mais de 107,2% nos últimos seis anos. Os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) também mostram que o acesso à internet foi ainda maior: aumento de 143,8%. Diante desse cenário, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) estuda uma nova utilidade para os orelhões do país: torná-los pontos de wi-fi gratuito.
A ideia surgiu após um estudo elaborado no ano passado que demonstra que os 950 mil terminais existentes no país estão cada vez mais em desuso. Os dados apontam que 49% dessas unidades fazem menos de duas ligações por dia, e a receita média mensal, que era de R$ 110, caiu para R$ 12,50.
Segundo a agência, o estudo técnico será discutido em consulta pública até março de 2014 para determinar como será feita a modernização desses equipamentos para o acesso público coletivo.
Entre as previsões há a redução do número de orelhões na cidade. Eles serão mantidos principalmente em áreas de maior uso, como nas zonas rurais.
Sobre o funcionamento dos que restarem, será estudado a viabilidade desses orelhões terem outras funcionalidades, como wi-fi e facilidades nas formas de pagamento, como, por exemplo, com o uso cartão de crédito.
Em outros países, os tipos de serviços oferecidos nos atuais equipamentos incluem envio de SMS, acesso à internet com realização de videoconferência em telas sensíveis ao toque, pontos de wi-fi, impressoras térmicas, entrada para USB e leitor de cartão de memória.

TATIANE RIBEIRO DE SÃO PAULO

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Videoaulas gratuitas ensinam a fazer de TCC a tese

Como fazer um TCC, Dissertação e Tese

 
Disponibilizadas na internet por professores da FGV e Unifesp, aulas ajudam a elaborar monografias e também dissertações (Portal Porvir)


Atentos a uma das principais dificuldades que alunos de graduação e pesquisadores de pós-graduação têm no decorrer dos cursos: a elaboração do trabalho de pesquisa de conclusão, professores de algumas instituições como a Fundação Getulio Vargas (FGV), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade Católica de Santos (UniSantos) resolveram disponibilizar uma série de videoaulas abertas sobre o assunto na internet.

Ofertadas gratuitamente, as aulas ajudam os acadêmicos na elaboração de trabalhos de conclusão de curso (TCC), monografias, dissertações e até teses de doutorado. Nos vídeos sobre a confecção de monografias, por exemplo, o professor Fábio Maiomone, da UniSantos, oferece todo o conteúdo quase em um formato de curso modular. Ele explica, passo a passo, cada uma das partes que compõem uma monografia (título, justificativa, objetivos, referências etc). Todas as videoaulas foram produzidas pelos próprios professores e foram disponibilizadas no YouTube.

 "Por definição, os trabalhos de conclusão de curso são sempre a coisa mais difícil que o aluno precisa fazer. É o momento que ele tem que sair da zona de conforto e tentar criar algum tipo de originalidade acadêmica. O domínio da formatação do trabalho é fundamental", fala o especialista em educação Claudio de Moura Castro, ex-diretor geral da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), um agência federal de fomento responsável pela avaliação da produção científica dos programas de pós-graduação no país.

Autor do livro A prática da pesquisa - obra que fala sobre a concepção de trabalhos acadêmicos -, Castro ainda destaca a seriedade que o estudante deve ter no momento de elaboração da sua pesquisa. "O aluno deve sempre primar pela qualidade do trabalho acadêmico. E o orientador não deve amenizar a cobrança. Ele deve sempre exigir do estudante uma qualidade metodológica, de conteúdo e, claro, de formatação. Infelizmente, em algumas universidades, principalmente na graduação, isso não ocorre", diz o especialista.

Porvir mapeou além das videoaulas, uma série de materiais adicionais gratuitos que podem ser consultados e até baixados pelos interessados. Confira a listagem completa a seguir:

TCC (Trabalho de conclusão de curso de graduação)
Instrutor: professor José Carlos Abreu (Fundação Getúlio Vargas)
Acesse aqui

Material adicional gratuito para consulta:

MONOGRAFIA (de Graduação ou de Especialização)
Instrutor: professor Fábio Maiomone (Universidade Católica de Santos)
Acesse aqui

Material adicional gratuito para download:

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Instrutor: professor Alexandre Barros (Cientista Político)
Acesse aqui

Material adicional gratuito para download:

TESE DE DOUTORADO
Instrutor: professor João Luiz Azevedo (Unifesp)
Acesse aqui

Material adicional gratuito para download:

(Davi Lira, Portal Porvir)

Copiar nem sempre prejudica a criatividade; na verdade, estimula



 
Para especialistas em propriedade intelectual, liberdade para imitar muitas vezes resulta em inovação e permite que os pobres desfrutem de símbolos do consumo


Demonizada pelos que defendem a ampliação das leis de patentes, a cópia nem sempre é inimiga da inovação. Ao contrário: com frequência, é a mãe da invenção.

É o que afirmam dois especialistas em propriedade intelectual, os norte-americanos KalRaustiala e Christopher Sprigman, autores de "The KnockoffEconomy" ("A Economia da Cópia", ainda não editado em português).

Remando contra a corrente das críticas à indústria da cópia, sobretudo a da China, eles dizem que há casos de sobra em que a liberdade para imitar resultou em inovação, como nos setores do software e da moda.

Leia trechos da entrevista que eles concederam à Folha, por e-mail.

Folha - A cópia e a criatividade podem coexistir?

KalRaustiala e Christopher Sprigman - A opinião convencional é que copiar é ruim. Já que usualmente é mais barato copiar do que criar, copiar solaparia o incentivo à criação. É para isso que existem as leis de direitos autorais.

Na realidade, porém, copiar nem sempre prejudica a criatividade, e em certos casos até a estimula.

Um grande exemplo é a indústria da moda norte-americana. Nos EUA, é legal copiar designs de moda. Mas isso não impede que os estilistas desenhem coisas novas. Na verdade, a liberdade de cópia gera maior criatividade.

Quando cópias são feitas, o design original se torna uma tendência. Como todos sabemos, as tendências de moda um dia morrem, e o mercado exige novos designs para tomar seu lugar.

A liberdade de copiar faz com que esse ciclo gire mais rápido, dando-nos mais criatividade e opções de estilo.

Muitos outros setores são parecidos. Se compreendermos como o processo de cópia funciona, poderemos criar uma sociedade mais inovadora e criativa.

Em que casos os direitos de propriedade intelectual bloqueiam a inovação?

Quando dificultam a melhora de uma invenção. Boa parte das inovações ocorre gradualmente. Com o tempo, invenções são alteradas e refinadas para gerar produtos cada vez melhores.

Mas patentes e direitos autorais com termos excessivamente amplos podem tirar de cena os elementos básicos de um projeto ou invenção e, ao fazê-lo, tornar muito difícil ou dispendioso para terceiros a melhora de uma invenção.

A China é o maior alvo dos críticos. Vocês citariam um exemplo de cópia chinesa que resultou em inovação?

A Xiaomi é uma das fabricantes chinesas de celular com crescimento mais rápido. Criada menos de três anos atrás, a Xiaomi já vendeu 7 milhões de celulares e faturou 10 bilhões de yuans (cerca de R$ 3,8 bilhões). Os celulares da Xiaomi parecem muito familiares, porque o design imita o iPhone.

Superficialmente, a Xiaomi parece ser só mais uma imitadora chinesa. Mas isso desconsidera o aspecto mais importante da ascensão da companhia e uma importante tendência no estilo chinês de "imitação inovadora".

A Xiaomi se tornou uma força na China em parte por se parecer muito com a Apple. Mas seu sucesso na verdade se deve ao fato de ela ser o oposto da Apple.

A gigante americana é famosa pela abordagem "fechada" quanto à tecnologia. A Apple mantém controle fastidioso sobre o design de seus produtos e acredita que sabe melhor que o consumidor o que este deseja.

Enquanto a Apple se comporta de modo ditatorial, a Xiaomi é bastante democrática. Confia muito nas reações dos consumidores.

A cada sexta-feira, a companhia lança atualizações de seu sistema operacional, baseado no Android. Em poucas horas, milhares de frequentadores dos fóruns da empresa sugerem novos recursos e ajudam a resolver defeitos no software.

Assim, a Xiaomi combinou efetivamente o design da Apple e o espírito colaborativo do movimento do software aberto. A Xiaomi é claramente imitadora. Mas também inovadora.

Os senhores argumentam que a ansiedade dos EUA quanto à pirataria chinesa é "um equívoco". A proteção da propriedade intelectual não é de interesse nacional?

Alguns setores prosperam sem proteção à propriedade intelectual. Ampliar essa proteção não necessariamente significa mais sucesso ou crescimento econômico.

Veja o setor de banco de dados. Nos EUA, os bancos de dados não contam com forte proteção de copyrights. Na Europa a situação é a oposta, devido a uma mudança nas leis na década de 1990.

Mas, nos anos transcorridos desde então, o setor vem crescendo mais nos EUA que na Europa. A questão não é a propriedade intelectual, mas a inovação e o crescimento. A propriedade intelectual pode representar uma barreira para isso.

Qual é a importância social da liberdade de copiar?

A China continua a ser um país pobre, mas está crescendo com extrema rapidez. Também é uma das nações com mais desigualdade no planeta, ao lado do Brasil.

Em países com alta desigualdade, as cópias dão aos pobres a oportunidade de desfrutar de alguns dos símbolos de uma sociedade de consumo. Assim, as cópias são uma forma de aliviar ao menos em parte as pressões causadas pela desigualdade.

Isso é importante porque explica a resistência chinesa em impedir as cópias.

A tolerância da população chinesa facilita a prosperidade da indústria da cópia?

"Shanzhai", como é conhecida a cópia de baixo custo na China, significa literalmente "baluarte de bandidos". Mas na China moderna denota um tipo inteligente de cópia que toma um modelo dispendioso e o muda um pouquinho para atender ao consumidor médio.

O governo reconhece esse ponto, considerando alguns dos "shanzhai" como bons exemplos da engenhosidade do povo chinês.

Em que casos a cópia beneficia o produto original?

Bill Gates tinha razão quando disse que, "se eles pretendem roubar, melhor que roubem o nosso produto". O software, especialmente, é um bem dotado do que economistas denominam "externalidades de rede".

Isso significa que, se apenas uma pessoa usar o Microsoft Word, usá-lo não será útil para você. Mas, se todo mundo em seu escritório usar o programa, ele será muito útil e é mais provável que você opte por ele do que por um formato concorrente.

Assim, permitir cópias expande a fatia de mercado, e isso pode se tornar valioso no futuro, mesmo se as cópias atuais forem piratas.

Os senhores sugerem que os EUA deveriam levar sua história de pirataria em conta e "relaxar". Por quê?

No século 19, os EUA eram grandes copiadores, e a superpotência econômica que reinava no período, o Reino Unido, odiava isso.

Mas, com o tempo, todas aquelas cópias terminaram por ajudar muitos britânicos e criaram imenso mercado para bens britânicos. Hoje os EUA se tornaram a maior força para a expansão das leis de propriedade intelectual.

Com o tempo, a China seguirá caminho semelhante.

Sabemos que países passam a dedicar mais atenção à propriedade intelectual à medida que enriquecem e desenvolvem conhecimentos especializados, mas isso pode tomar muito tempo.

Assim, seria sábio que os EUA pensassem no futuro e reconhecessem que a China não mudará assim tão cedo e que copiar não é assim tão ruim quanto muita gente foi levada a crer.

(Marcelo Ninio/Folha de S.Paulo)

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Equívocos de redação prejudicam trabalhos científicos brasileiros


Avaliação é de Gilson Volpato, professor da Unesp de Botucatu e especialista em redação científica, que lança o Dicionário crítico para redação científica
Por Elton Alisson
Agência FAPESP – Os pesquisadores brasileiros têm se esforçado para melhorar suas habilidades em redação, mas ainda cometem erros ao escrever uma tese ou artigo, segundo Gilson Volpato, especialista em redação e publicação científica.
Para Volpato, professor do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), isso ocorre porque muitos pesquisadores não dominam ainda conceitos básicos da redação científica.
“Temos boas pesquisas no Brasil que, muitas vezes, são poucos citadas porque os resultados são mal apresentados. Isso se deve a uma série de equívocos sobre conceitos fundamentais na redação de um texto científico, que precisam ser corrigidos”, disse Volpato, à Agência FAPESP.
De acordo com o autor – que dá cursos sobre o tema e já auxiliou pesquisadores a reescreverem mais de 250 artigos em humanas, exatas e biológicas –, um dos conceitos relacionados à estrutura e apresentação dos textos utilizado de maneira equivocada está na introdução.
É comum, segundo ele, alguns pesquisadores erroneamente apenas discorrerem nessa parte fundamental de um texto científico sobre a literatura científica que leram, sem fundamentarem as bases e os objetivos da pesquisa.
“Esse é um vício observado nas introduções de algumas teses e dissertações, onde se inclui a chamada ‘revisão da literatura’, por exemplo, e tenta-se replicar essa mesma estrutura de texto nos artigos submetidos às revistas científicas. Porém, essa estrutura acaba não sendo publicada porque os artigos científicos internacionais seguem a lógica científica que é adotada por todas as boas revistas científicas no mundo e não se pode querer fazer algo diferente”, disse Volpato.
Outro conceito errado é sobre artigo de revisão científica. A ideia é que tal trabalho contribua para o avanço do conhecimento, mas, de acordo com Volpato, muitos artigos do tipo costumam apenas resumir as pesquisas em suas respectivas áreas.
“Há pesquisadores que coletam uma série de dados da literatura recente em suas áreas, fazem um resumo de todo o material coletado e acham que fizeram um artigo de revisão. Mas o artigo de revisão tem que avançar, tem que trazer novas conclusões”, afirmou.
Reavaliação de conceitos
Volpato, em parceria com mais cinco pesquisadores, acaba de lançar o Dicionário crítico para redação científica, com o intuito de contribuir para corrigir e balizar conceitos utilizados erroneamente por pesquisadores brasileiros.
O livro reúne definições de 750 termos utilizados em várias áreas, relacionados à publicação, redação, Filosofia da Ciência, Ética, Lógica, Administração, Estatística, Metodologia, Biblioteconomia e Cientometria, entre outras.
Entre os conceitos definidos pelos autores estão os de autoria, fator de impacto, método lógico e metanálise.“O livro reúne conceitos úteis a cientistas de qualquer área, que são definidos com clareza para nortear a construção de uma ciência que seja de alto nível e que atenda aos padrões internacionais de publicação”, afirmou Volpato.
Segundo ele, a publicação leva o nome de dicionário crítico porque muitas definições atuais utilizadas de forma corrente precisam ser reavaliadas. “O dicionário apresenta definições mais ousadas e também faz críticas a alguns conceitos mais tradicionais que já não fazem mais sentido no universo atual da ciência e da redação científica”, disse.
De acordo com Volpato, há poucos exemplos desse tipo de publicação, a maioria voltada para áreas específicas, como o Critical Dictionary of Sociology e o Critical Dictionary of Art, Image, Language and Culture.
A ideia é que a publicação brasileira chegue a ter mais de 5 mil palavras nas próximas edições. Para isso, já está sendo formada uma equipe com especialistas em diversas áreas, e os autores estão solicitando sugestões de novos termos para serem inseridos.
“As pessoas podem sugerir termos ou fazer críticas aos conceitos já definidos, para que possamos revê-los”, disse Volpato. Os interessados em dar sugestões devem enviar e-mail paradcrc2013@gmail.com. Os nomes dos autores das sugestões aceitas serão mencionados nas respectivas edições nas quais suas contribuições forem publicadas.
Além do novo dicionário, Volpato também é autor dos livros Método lógico para a redação científicaBases teóricas da redação científicaPublicação científicaAdministração da vida científicaPérolas da redação científicaDicas para redação científicaCiência: da filosofia à publicação e Estatística sem dor!.
O professor também divulga seu trabalho no site www.gilsonvolpato.com.br , que oferece artigos, dicas e reflexões sobre redação científica, educação e ética na ciência. O site dá acesso a aulas on-line do curso “Bases teóricas para redação científica”, apresentado por Volpato na Unesp.
    Dicionário crítico para redação científica
    Lançamento: 2013
    Preço: R$ 60
    Páginas: 216
    Mais informações: www.bestwriting.com.br 
    Fonte:
http://agencia.fapesp.br/17508

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Caos prova ser superior à ordem


Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/05/2013

Caos prova ser superior à ordem
O efeito foi confirmado em esferas simples, espelhadas internamente: quando elas foram amassadas, passaram a armazenar muito mais luz. [Imagem: Liu et al./ Nature Photonics]
Armazenamento caótico de luz
Uma equipe internacional de cientistas demonstrou que o caos pode superar a ordem - pelo menos quando o assunto é o armazenamento de luz.
A pesquisa envolveu um estudo de cavidades ópticas - dispositivos também conhecidos comoressonadores ópticos - que têm a capacidade de armazenar luz, que fica presa refletindo-se entre conjuntos de espelhos.
A surpresa veio quando foram usados, não espelhos quase perfeitos, como geralmente se procura fazer, mas espelhos deformados.
Surpreendentemente, os caminhos de luz caóticos gerados pela reflexão nos espelhos deformados permitiram o armazenamento de muito mais luz do que usando os caminhos bem ordenados gerados por espelhos precisos.
Os pesquisadores demonstraram um aumento de seis vezes na energia armazenada no interior de uma cavidade caótica, em comparação com uma equivalente clássica com o mesmo volume.
Aplicações da coleta de luz
O trabalho terá importantes aplicações em vários ramos da física básica e da tecnologia, incluindo a óptica quântica e o processamento de sinais ópticos usados na internet, onde a luz precisa ser armazenada por períodos curtos para facilitar as operações lógicas, e também para otimizar a interação luz-matéria.
As células solares também podem se beneficiar, já que capturar mais luz melhora sua capacidade para gerar eletricidade. Quanto mais tempo a luz fica presa na célula solar, maior é a probabilidade de que ela seja absorvida, excitando elétrons e criando eletricidade.
"O conceito por trás desses ressonadores caóticos de banda larga para aplicações de coleta de luz é muito profundo e complexo. Acho fascinante que, ainda que tenhamos usado técnicas estado da arte de fabricação para provar isso, essa ideia pode de fato ser facilmente aplicada ao mais simples dos sistemas," disse o Dr. Andrea Di Falco, da Universidade de St. Andrews.
De fato, o efeito foi confirmado em esferas simples, espelhadas internamente: quando elas foram amassadas, passaram a armazenar muito mais luz.
O projeto, que envolveu pesquisadores da Universidade de Bolonha, na Itália, foi iniciado pelo professor Andrea Fratalocchi, da Arábia Saudita, que desenvolveu a teoria por trás da captação caótica de luz.
Ordem no caos
O caos, a desordem e a imprevisibilidade são comportamentos que permeiam todos os fenômenos naturais.
Ainda assim, a maioria dos sistemas construídos pelo homem tenta evitar esses efeitos, geralmente assumindo que o caos diminui o desempenho dos nossos aparelhos.
Aos poucos, porém, indo fundo o bastante, os físicos têm descoberto uma ordem intrínseca no caos, constatando, por exemplo, a suave geometria do caos quântico, e até mesmo modelado a "ordem que impera no caos".
Uma das primeiras aplicações práticas encontradas por essas teorias foi na robótica:
Bibliografia:

Enhanced energy storage in chaotic optical resonators
C. Liu, A. Di Falco, D. Molinari, Y. Khan, B. S. Ooi, T. F. Krauss, A. Fratalocchi
Nature Photonics
Vol.: Published online
DOI: 10.1038/NPHOTON.2013.108

sábado, 18 de maio de 2013

Editora de Hemingway nos EUA vende e-books no Brasil, sob protestos de grupo nacional


Editora de Hemingway nos EUA vende e-books no Brasil, sob protestos de grupo nacional


Se Ernest Hemingway se notabilizou por frequentar os territórios mais inóspitos do mundo, sua obra agora enfrenta, com percalços, um terreno igualmente duro: a internet brasileira.
A edição de livros digitais do escritor norte-americano (1899-1961) em português está colocando em conflito um dos maiores grupos editoriais do país, a Record, e uma gigante dos Estados Unidos, a editora Simon & Schuster.
Os campos de batalha são variados: entre eles, as lojas brasileiras da Amazon e da Apple e o site da Livraria Cultura. Até o fechamento desta edição, as três vendiam para o território nacional mais de uma versão digital em português de obras de Hemingway, as da editora Bertrand Brasil e as da americana Scribner.
A.E. Hotchner/Associated Press
Ernest Hemingway na Ponte dos Suspiros, em Veneza, na Itália, em 1950
Ernest Hemingway na Ponte dos Suspiros, em Veneza, na Itália, em 1950
"Dentro do território brasileiro, a Bertrand Brasil tem a exclusividade de publicar a obra. Eles não poderiam fazer isso", diz Sérgio França, responsável pela área digital do grupo Record (do qual faz parte a Bertrand).
Há duas semanas, a empresa notificou livrarias, como a Amazon brasileira, que chegou a suspender temporariamente a venda de e-books de clássicos como "O Velho e o Mar" com o selo da editora Scribner (parte do grupo Simon & Schuster).
Mas as vendas voltaram dias depois. O leitor nacional pode comprar atualmente, por exemplo, o romance "Por Quem os Sinos Dobram" na versão da Bertrand Brasil (tradução de Luiz Peazê) por R$ 41 e na do selo Scribner (com tradução de Monteiro Lobato) por R$ 20,39.
"Vamos voltar a notificar todos os que estão vendendo e tomar as devidas medidas", diz a diretora editorial da Bertrand Brasil, Rosemary Alves.
Procurado pela Folha sete vezes, desde o início de maio, por e-mail e por telefone, o diretor responsável pela área de direitos autorais da Scribner, Paul O'Halloran, não respondeu a nenhuma pergunta. Em sua única mensagem, questionou: "Posso saber por que você pergunta?".
HEMINGWAY BÚLGARO
Com as 12 obras de Hemingway à venda em português, é a primeira vez que o selo Scribner, fundado em 1846 e editora original de autores como Scott Fitzgerald, lança livros neste idioma.
Hemingway foi, nos Estados Unidos, o primeiro dos grandes escritores a ter livros digitais à venda, em 2002, pela mesma editora.
Além de vender as obras do autor em português, a mesma Scribner está comercializando pela internet os livros dele em búlgaro.
Reprodução
E-book de Hemingway de editora americana em português
E-book de Hemingway de editora americana em português
"Este episódio mostra que, com o digital, editoras de um país podem vender diretamente traduções de seus livros em outros países", diz Carlo Carrenho, consultor e diretor do site PublishNews.
"O maior problema para uma editora vender seus livros impressos em outro país sempre foi a distribuição física. No digital, isso cai e o grande custo é o da tradução", acrescenta ele.
No caso da Scribner, porém, ela vende traduções já existentes, como as feitas por Lobato e pelo também escritor Jorge de Sena, já publicadas em Portugal pela editora Livros do Brasil, que confirmou à Folha ter feito acordo com a editora americana.
Mas a venda da edição portuguesa, em versões impressas e digitais, seria ilegal, porque, segundo a Record, o contrato deles prevê exclusividade territorial.
"Não é comum que se convencione a possibilidade de venda do mesmo livro por mais de uma editora em um só território", diz o advogado especializado em direitos autorais Luiz Henrique Souza. "Pode estar ocorrendo edição fraudulenta."
"Esse é um tema fascinante, e que em direito é chamado de importação paralela", diz Ronaldo Lemos, fundador do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas, no Rio, e colunista da Folha. Para ele, "se a empresa brasileira decidir resolver a questão legalmente, terá de acionar a Justiça americana".
França, da editora Record, diz que não acredita que o episódio vá tomar este caminho. "Em geral, estes casos acabam sendo resolvidos de maneira cavalheiresca", diz ele, cujo departamento tem lançado 30 e-books por mês.
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TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE EDIÇÃO DIGITAL
1. Uma obra literária pode ter simultaneamente mais de uma edição num país?
Pode, mas só se as obras do autor estiverem no chamado "domínio público" ou se os contratos não estabelecerem limites territoriais ou exclusividade - o que é muito raro no mercado editorial.
2. Que obras são consideradas de "domínio público"?
Para o direito brasileiro, podem ser publicadas por qualquer editora, em versão impressa ou digital, obras de autores mortos há mais de 70 anos. Hemingway, morto há 51 anos, não se enquadra na regra.
3. Existe alguma lei que impeça editoras estrangeiras de venderem e-books no Brasil em português?
Não existe nenhuma legislação específica que impeça que uma empresa estrangeira distribua e-books com alcance para o mercado brasileiro. Mas as editoras podem e costumam estabelecer limites territoriais quando compram os direitos da obra para um país.
4. A legislação é diferente para e-book ou impresso?
Não. A Lei 9610/98, que regulamenta os direitos autorais, aplica-se ao ambiente digital.
5. O que uma editora prejudicada pode fazer?
Pode procurar a editora original e pedir indenização ou procurar a distribuidora que invadiu o território da outra e solicitar a retirada da obra de circulação.
Fontes: advogados Liana Machado, Luiz Henrique Souza e Ronaldo Lemos



http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/05/1280676-editora-de-hemingway-nos-eua-vende-e-books-no-brasil-sob-protestos-de-grupo-nacional.shtml