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sexta-feira, 4 de março de 2011

Tendência: O futuro dos leitores eletrônicos

Redação do Site Inovação Tecnológica - 03/03/2011



Cientistas fazem previsões sobre o futuro tecnológico dos leitores eletrônicos e os nichos de mercado que eles deverão ocupar. [Imagem: Univ.Cincinnati]


Leitores e tablets

Pesquisadores da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, divulgaram uma "revisão crítica" dos últimos desenvolvimentos tecnológicos no campo dos leitores eletrônicos.

Esta nova categoria de gadgets, ainda sem uma personalidade totalmente definida, inclui sucessos de venda como o Kindle, assim como uma procissão de "similares e assemelhados".

Outros, os chamados tablets, como o iPad, afirmam ser também leitores eletrônicos. Mas, o que cada um faz de melhor, e o que todos farão no futuro, ainda é uma questão em aberto.

Os leitores eletrônicos são os primeiros filhos da chamada eletrônica orgânica, constituída por circuitos eletrônicos impressos sobre plásticos e que promete, entre outros avanços, equipamentos totalmente flexíveis, como telas de enrolar.

Futuro tecnológico

Mais do que uma revisão técnica, contudo, o artigo contém previsões sobre o futuro tecnológico desses dispositivos e os nichos de mercado que eles deverão ocupar.

O principal autor das previsões é ninguém menos do que Jason Heikenfeld, um cientista na área de microfluídica e autor de alguns dos mais significativos avanços recentes na área das telas e monitores baseadas na eletrônica orgânica:

Tecnologia microfluídica revoluciona telas e monitores
Livros eletrônicos atingem qualidade de papel impresso
Surge nova geração de telas digitais baseada em elementos de terras raras

A seguir, os pesquisadores listam os avanços mais importantes que os consumidores podem esperar no campo dos dispositivos de leitura eletrônica e papéis eletrônicos em um horizonte que vai do final de 2011 até daqui a 20 anos.

Já em uso, mas com melhoramentos iminentes



As etiquetas eletrônicas permitirão a realização de promoções por horário. [Imagem: Univ.Cincinnati]
Etiquetas eletrônicas nas prateleiras dos supermercados, eventualmente superando uma promessa ainda não cumprida pelas chamadas etiquetas inteligentes, ou RFID.

O que os pesquisadores chamam de etiqueta eletrônica não é um substituto avançado dos códigos de barras, mas pequenas telas atualizáveis à distância, que praticamente só consomem energia quando estão sendo atualizadas.

Atualmente, é preciso que funcionários rotulem os produtos nas prateleiras, seja para atualizar seus preços, seja para identificar novos produtos.

Imagine a economia de custos se todas essas etiquetas pudessem ser atualizadas em poucos segundos, de forma centralizada.

Isso permitirá também a realização de promoções por horário, focando públicos diferentes que vão às compras em momentos diferentes do dia ou da noite.

No mercado dentro de um ano



Leitores eletrônicos com telas coloridas não deverão demorar. [Imagem: Univ.Cincinnati]
Leitores eletrônicos, como o Kindle, com telas coloridas.

Mas, segundo Heikenfeld, será uma cor apagada quando comparada com o que os consumidores estão acostumados, por exemplo, em um iPad.

Embora o próprio iPad seja vendido como um leitor de livros eletrônicos, especialistas afirmam que o brilho excessivo é cansativo - por isso a Amazon escolheu uma tecnologia que permite melhor contraste e praticamente sem brilho.

Mas os pesquisadores vão continuar a trabalhar rumo à próxima geração de cores mais vivas também para os leitores eletrônicos, assim como no aumento de sua velocidade, eventualmente até alcançar a navegação na web e vídeos em dispositivos como o Kindle.

Na verdade, o objetivo de longo prazo dos pesquisadores da área parece ser fornecer telas para um iPad, mas consumindo uma fração da energia usada pela tela atual.

Os avanços vão chegar também aos brinquedos.

Fazendo a alegria das crianças há décadas, um brinquedo permite que se desenhe em uma tela inúmeras vezes - para apagar o desenho, basta girar um botão.

A eletrônica orgânica vai permitir o uso de uma tela de resolução muito mais elevada, garantindo desenhos com qualidade de nível profissional, que serão totalmente apagados eletronicamente.

A mesma tecnologia permitirá que vitrines transparentes tornem-se cartazes para veiculação de anúncios em lojas.

Chegando dentro de dois anos

Leitores eletrônicos com baixo consumo de energia e capazes de mostrar vídeos em cores.

"As cores desta primeira geração de baixa potência e alta funcionalidade não serão tão brilhantes quanto as que você obtém hoje no LCD, mas que consomem energia demais," alerta Heikenfeld.

Ele estima um brilho equivalente a um terço do que se obtém hoje no iPad, mas consumindo uma fração da energia.

Chegando no prazo de três a cinco anos


Os aparelhos poderão mudar de cor automaticamente, assumindo a cor da sua roupa ou do móvel sobre o qual forem colocados. [Imagem: Univ.Cincinnati]
Aparelhos eletrônicos cujos invólucros plásticos - o próprio corpo do aparelho - poderão mudar de cor ou mostrar diferentes padrões.

Em outras palavras, você será capaz de mudar a cor do seu celular, alterando entre um cinza discreto para o horário de trabalho e algo mais chamativo, dependendo das suas atividades sociais.


Os aparelhos poderão até mesmo mudar de cor automaticamente, assumindo a cor da sua roupa ou do móvel sobre o qual forem colocados.

Outdoors brilhantes, visíveis de dia e à noite, e com resolução muito superior aos atuais de LEDs, já presentes principalmente em estádios e eventos culturais.

"Nós já temos a tecnologia que permitirá que estes outdoors digitais operem simplesmente refletindo a luz do ambiente, como se fossem cartazes impressos convencionais. Isso significa baixo consumo de energia e boa visibilidade mesmo sob luz solar intensa," garante o pesquisador.

Telas de dobrar e de enrolar. A primeira geração deverá ser em preto e branco, mas telas de enrolar coloridas virão logo em seguida.

Na verdade, protótipos ainda sem funcionalidade total já estão no mercado, lançados pela Polymer Vision, da Holanda - veja Telas flexíveis e enroláveis chegam ao mercado.

Dentro de 10 a 20 anos

Leitores eletrônicos coloridos com a mesma qualidade das revistas impressas, visíveis sob luz solar intensa, mas com baixo consumo de energia. "Pense neles como iPads ou Kindles 'verdes'," disse Heikenfeld.

Folhas eletrônicas para substituir as folhas de papel.

Serão dispositivos virtualmente indestrutíveis, ultrafinos e enroláveis como uma folha de papel comum.

Deverão ser totalmente coloridos e interativos, e recarregarão continuamente pela luz do ambiente ou pela luz solar direta.

Usarão apenas conexões sem fios - sem aberturas externas, resistirão a chuvas e trovoadas, podendo até mesmo ser lavados.

Bibliografia:

A critical review of the present and future prospects for electronic paper
Jason Heikenfeld, Paul Drzaic, Jong-Souk Yeo, Tim Koch
Journal of the Society for Information Display
Vol.: 2011; 19 (2)
DOI: 10.1889/JSID19.2.129

Fonte:http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=tendencia-futuro-leitores-eletronicos&id=010150110303&ebol=sim

Ondas eletromagnéticas destroem minas terrestres à distância

Simon Bradley, da Swissinfo - 03/03/2011



Robôs especializados na destruição de minas são eficientes, mas caros demais para serem usados por quem mais precisa deles.[Imagem: Robert R. McRill/U.S. Navy]


Um grupo de cientistas colombianos e suíços desenvolveu uma técnica para detonar explosivos à distância usando ondas eletromagnéticas.

Bombas móveis e minas terrestres

As chamadas "bombas móveis" - ou IED (Improvised Explosive Device) - causam milhares de mortes e mutilações em países como Colômbia, Afeganistão e Iraque.

"A Colômbia tem uma das mais altas taxas de vítimas de minas antipessoais do mundo," diz Nicolás Mora, pesquisador colombiano e estudante de pós-graduação na Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL) na Suíça.

"Os IED são instalados por guerrilheiros para barrar o avanço do exército. São colocados em trilhas no mato, porém são lugares habitados onde tem gente que passa para ir à escola ou ao hospital," conta Mora.

Entre 2005 e 2010, na Colômbia, as bombas móveis provocaram aproximadamente mil mortes por ano, um terço das quais de civis.

O problema das minas terrestres é muito mais antigo e mais conhecido.

As minas antipessoais são fabricadas principalmente de plástico, para evitar os detectores convencionais de metal. A maior parte utiliza corrente elétrica ou dois fios para detonação.

Pulso eletromagnético

Dois anos atrás, Nicolás Mora começou a trabalhar em um novo mecanismo, primeiro com estudos teóricos de eletromagnetismo e simulações em computador, juntamente com Felix Veja, a Universidade Nacional da Colômbia, em Bogotá.

Uma das principais dificuldades que os pesquisadores encontraram foi como induzir uma corrente eletromagnética suficientemente forte para explodir um detonador de uma mina que pode estar a uma certa profundidade.

Eles também tiveram que calcular as frequências de ressonância compatíveis com os muitos tipos de minas fabricadas.

"Não existem duas minas iguais", explica Farhad Rachidi, chefe do Laboratório de Compatibilidade Eletromagnética da EPFL. "As formas, as capas dos detonadores e os fios usados são todos diferentes e os sistemas de resposta a uma onda eletromagnética dependem desses parâmetros."

Detonador à distância

Mas a equipe descobriu que, apesar da ampla gama de bombas improvisadas, todas tinham gamas similares de frequência, explica Mora.

"Então desenvolvemos um sistema que concentra nisso e assim perdemos menos energia," acrescenta.

Os pesquisadores testaram o sistema na Colômbia em novembro do ano passado e em janeiro de 2011 e deu certo.

Eles usaram minas improvisadas fornecidas por técnicos em desativação de bombas profissionais. O dispositivo foi instalado com controle remoto a uma distância média de 20 metros.

"Agora temos que desenvolver um protótipo menor, a prova d'água e mais fácil de transportar no terreno", explica Vega.

O instrumento atual compreende um pesado gerador e uma antena de 1,5 metro.

Desativação de minas

Ainda que o novo dispositivo não tivesse sido originalmente pensado para as minas terrestres convencionais, Rachidi está entusiasmado com os resultados obtidos.

"Esta é a primeira vez que usamos ondas eletromagnéticas em um projeto humanitário. Estudávamos apenas os efeitos biológicos dos campos magnéticos em seres humanos," acrescenta.

"Temos recebido muitas mensagens e chamadas nos últimos dias de pessoas de meios distintos, incluindo militares. Recebemos uma mensagem da Marinha dos Estados Unidos, dizendo que está muito interessada no que fazemos.

"Atle Carlson, especialista em desminagem da Norwegian Peoples' Aid, elogiou nosso projeto," conta Rachidi.

"Os IED são um problema na Colômbia", acrescenta. "Desativar minas é um trabalho perigoso, então estamos muito interessados em qualquer tecnologia que possa facilitar essa tarefa."

Fonte:http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=ondas-eletromagneticas-destroem-minas-terrestres&id=010115110303&ebol=sim

Criado primeiro simulador quântico

Redação do Site Inovação Tecnológica - 04/03/2011



No simulador quântico aberto, um íon adicional interage com o sistema quântico e, ao mesmo tempo, estabelece um contato controlado com o ambiente. [Imagem: Harald Ritsch]


Físicos austríacos construíram aquele que parece ser o primeiro simulador quântico prático, uma ferramenta longamente sonhada pelos cientistas que estudam os blocos básicos que formam a matéria.

Estudo dos fenômenos quânticos

Incontáveis fenômenos se baseiam na natureza da física quântica: a estrutura dos átomos e das moléculas, as reações químicas, as propriedades dos materiais, o magnetismo e, possivelmente, também alguns processos biológicos.

Como a complexidade dos fenômenos quânticos aumenta exponencialmente quando se aumenta o número de partículas envolvidas, o estudo detalhado desses sistemas complexos atinge limites práticos muito rapidamente.

Os computadores atuais simplesmente não conseguem lidar com a quantidade de cálculos necessários para simular esses fenômenos.

Para superar essas dificuldades, os físicos vêm trabalhando no desenvolvimento de simuladores quânticos em várias plataformas - átomos neutros, íons ou sistemas de estado sólido.

Simuladores quânticos

Com os simuladores quânticos, os estudos poderão ser feitos experimentalmente em laboratório, onde o próprio arranjo quântico se encarregará de resolver as complexidades inerentes ao seu funcionamento.

Como se espera que aconteça nos computadores quânticos do futuro, esses simuladores utilizam a estranha natureza da física quântica para controlar essa complexidade.

O grande desafio é isolar o simulador quântico da natureza ao seu redor.

Os distúrbios induzidos pelo ambiente provocam perda de informações nos sistemas quânticos e destroem efeitos importantes, como o entrelaçamento e a coerência.

Sistema quântico aberto

O grupo austríaco agora desenvolveu o primeiro simulador quântico na forma de um sistema aberto.

Em vez de lutar contra os distúrbios ambientais, Julio Barreiro e seus colegas da Universidade de Innsbruck resolveram tirar proveito deles e construíram um simulador quântico que tira proveito de um acoplamento controlado com o ambiente.

Eles utilizaram um íon adicional que interage com o sistema quântico e, ao mesmo tempo, estabelece um contato controlado com o ambiente, beneficiando-se de um mecanismo chamado dissipação.

"Nós controlamos não apenas todos os estados internos do sistema quântico composto por até quatro íons, como também sua ligação com o meio ambiente," explica Barreiro.

Esses íons são os mesmos qubits usados em experimentos da computação quântica, que poderá ter um novo impulso com o uso da nova ferramenta.

Amplificação dos efeitos quânticos

O resultado surpreendente é que, usando a dissipação, os pesquisadores são capazes não apenas de gerar, mas também de intensificar efeitos quânticos como o entrelaçamento.

Mesmo sendo um sistema pequeno, o simulador agora demonstrado poderá ser usado como elemento fundamental na construção de simuladores quânticos mais sofisticados, capazes de lidar com os problemas mais complexos da física quântica.

Por exemplo, na preparação dos chamados estados de muitos corpos, que até hoje só podem ser criados e observados em sistemas quânticos muito bem isolados, no estudo da incipiente atomotrônica e na investigação de outros sistemas de dinâmica quântica virtualmente inalcançáveis pelos experimentos até agora.

Simuladores quânticos aproximam-se do uso prático
Bibliografia:

An Open-System Quantum Simulator with Trapped Ions
Julio T. Barreiro, Markus Müller, Philipp Schindler, Daniel Nigg, Thomas Monz, Michael Chwalla, Markus Hennrich, Christian F. Roos, Peter Zoller, Rainer Blatt
Nature
24 February 2011
Vol.: 470, Pages: 486-491
DOI: 10.1038/nature09801

Fonte:http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=simulador-quantico&id=010165110304&ebol=sim

Eletrônica molecular e spintrônica convergem em molécula orgânica

Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/03/2011



Imagem criada por microscópio eletrônico das moléculas orgânicas (50 x 50 nanômetros quadrados). A variação nas cores indica variação na orientação dos spins.[Imagem: CFN]


Pela primeira vez, cientistas conseguiram combinar os conceitos da spintrônica e da eletrônica molecular em um único componente - um "componente" que é na verdade uma única molécula.

Menor sensor magnético do mundo

Componentes baseados nesse princípio têm um potencial especial: eles possibilitam a fabricação de sensores magnéticos minúsculos e altamente eficientes.

Na verdade, o novo componente é também o menor sensor magnético já construído.

Os sensores magnéticos estão presentes nas cabeças de leitura dos discos rígidos e nas memórias não-voláteis, que não perdem dados na ausência de energia.

Desta forma, ainda que esteja em escala experimental, o novo componente acena com a possibilidade de construção de dispositivos de armazenamento de dados de altíssima densidade, onde cada bit estará guardado em uma única molécula.

E não apenas isto: esses circuitos poderão ser construídos em materiais flexíveis por técnicas de impressão, uma das principais marcas da eletrônica orgânica.

Spintrônica mais eletrônica molecular

O uso de moléculas orgânicas como componentes eletrônicos tornou-se um campo florescente de pesquisas nos últimos anos, quando se percebeu que a miniaturização sofre de um problema intrínseco - por menores que se tornem os componentes, a tecnologia atual depende de uma enxurrada de elétrons para representar os dados, na forma de uma corrente ligada (1) ou desligada (0).

Na spintrônica, por outro lado, a informação é codificada na rotação intrínseca do elétron, o spin. A vantagem é que essa "rotação" é mantida mesmo quando se desliga a energia, o que significa que o componente pode guardar as informações sem qualquer consumo de energia.

A eletrônica molecular parte de um princípio diferente da miniaturização. Em vez da redução contínua da dimensão dos componentes, a ideia é construir componentes a partir de moléculas individuais.

Agora, uma equipe de pesquisa franco-alemã combinou esses dois conceitos.

Magnetorresistência gigante molecular

Os cientistas descobriram que a molécula orgânica H2-ftalocianina - ela está presente na tinta azul da sua caneta e no azul da sua calça jeans - apresenta uma forte dependência da resistência elétrica quando ela fica presa entre eletrodos magnéticos - ou polarizados pelo spin.

Em outras palavras, alterações magnéticas muito fracas podem gerar grandes diferenças na resistência elétrica da molécula.

Esse efeito foi observado pela primeira vez em contatos puramente metálicos, por Albert Fert e Peter Grünberg - um efeito conhecido como magnetorresistência gigante e que valeu o Prêmio Nobel de Física de 2007 aos dois.

O que os cientistas fizeram agora foi demonstrar a magnetorresistência gigante em moléculas individuais - em uma molécula orgânica, e não nos materiais inorgânicos tradicionalmente usados na eletrônica.

Por outro lado, progressos nessa escala estão sendo feitos também na área inorgânica:

Primeiro nanoprocessador programável
Ftalocianina

As ftalocianinas começaram a ficar famosas em 2007, quando cientistas demonstraram que elas poderiam ser a base de um computador molecular no futuro:

Computador molecular: uma única molécula poderá substituir um transístor
Mais recentemente, elas foram usadas para incrementar as células solares, que poderão se tornar mais baratas, mais flexíveis e mais versáteis:

Moléculas de calças jeans aumentam eficiência de células solares
Bibliografia:

Giant magnetoresistance through a single molecule
Stefan Schmaus, Alexei Bagrets, Yasmine Nahas, Toyo K. Yamada, Annika Bork,, Martin Bowen, Eric Beaurepaire, Ferdinand Evers, Wulf Wulfhekel
Nature Nanotechnology
20 February 2011
Vol.: Published online
DOI: 10.1038/nnano.2011.11
Fonte:http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=eletronica-molecular-spintronica-convergem-molecula-organica&id=010110110302&ebol=sim

Sistema dessaliniza água do mar usando energia renovável

Glenda Almeida - Agência USP - 02/03/2011


A membrana é o filtro do sistema, que compõe o método conhecido como "osmose reversa". Assim, a água, antes salgada, passa pela coluna, é filtrada e transformada em água potável. [Imagem: Juvenal Rocha Dias/Ag.USP]


Dessalinização alternativa

Um sistema mecânico capaz de transformar a água do mar em água potável utilizando energia renovável acaba de ser desenvolvido na Escola Politécnica (Poli) da USP.

O equipamento poderá atender a necessidade de países como Cabo Verde, na África, onde a água potável não é um recurso tão abundante.

O projeto é de autoria do engenheiro Juvenal Rocha Dias, cidadão caboverdiano, que efetuou os cálculos e medições para o trabalho durante suas pesquisas de mestrado e doutorado na Poli. A ideia surgiu justamente pela observação das necessidades de seu país de origem.

Segundo Dias, já é possível que os governos de países menos desenvolvidos pensem numa alternativa menos custosa que a técnica mais comum de dessalinização, que funciona com energia elétrica obtida a partir da queima de combustível fóssil, como o diesel.

A nova alternativa propõe ser menos nociva ao meio ambiente e pode custar menos ao poder público, no que diz respeito aos gastos com a compra de combustíveis derivados do petróleo.

Coluna de dessalinização

O sistema denominado "coluna de dessalinização" funciona basicamente como um filtro, utilizando energia eólica - fornecida pelos ventos - provinda de cata-ventos ou turbinas eólicas, e energia potencial gravitacional, que existe por conta da força da gravidade, relacionada à massa dos corpos e à altura da qual se encontram.

Dias explica que o processo de dessalinização se inicia com o bombeamento de água salgada para a parte superior de uma coluna, em formato cilíndrico, onde há um reservatório.

O peso dessa água impulsiona um êmbolo que pressiona o ar contido em uma câmara inferior do sistema. Esse ar exerce uma força sobre outro reservatório. A água contida nele é pressionada e passa por uma espécie de membrana.


A membrana é o filtro do sistema, que compõe o método conhecido como "osmose reversa". Assim, a água, antes salgada, passa pela coluna, é filtrada e transformada em água potável.

Segundo o pesquisador, a dimensão da coluna a ser construída depende do consumo de água potável desejado. Por exemplo, para a produção de 5 mil metros cúbicos (m3) de água, o que equivale, em média, à água utilizada por 10 pessoas ao longo de um dia, o sistema deve possuir cerca de 25 metros (m) de altura.

De acordo com os cálculos realizados, o consumo específico de energia no processo equivale a 2,8 kWh/m3 de água potável produzida, bem abaixo do consumo específico de energia de sistemas convencionais, que apresentam valores em torno 10 kWh/m3 de água potável produzida a partir da dessalinização da água do mar.

Custo e usos alternativos

A professora Eliane Fadigas, orientadora do estudo, diz que os possíveis gastos com a construção e instalação do sistema podem ser caros. Porém, a longo prazo, o investimento pode valer a pena, principalmente para países na situação econômica como a de Cabo Verde.

"O governo vai poder redirecionar o dinheiro que era utilizado com a compra de Diesel para outras necessidades, ligadas também à população. É evidente que tudo isso depende da vontade política", explica Eliane.

"Além de servir para transformar a água do mar em água potável, a coluna também pode ser adaptada e reprojetada para outros fins. Por exemplo, a partir do uso de filtros apropriados, o sistema pode ser utilizado para a despoluição de riachos e lagos, ou mesmo como fonte de água para uso na agricultura ou produção de energia elétrica", acrescenta a professora Eliane. "Ao idealizar o sistema, pensamos não só na questão dos gases poluentes, mas também onde poderíamos depositar o sal retirado da água. Esse 'resto' pode ser, por exemplo, devolvido para o mar de uma forma controlada", completa o engenheiro.

Limitações do projeto

Durante o estudo na Poli, o pesquisador construiu um protótipo da coluna, utilizando materiais diversos para teste, como baldes, papelão e concreto, e obteve sucesso nos testes. Segundo a pesquisa, os modelos reais terão como principal material o aço. Ainda será testado um protótipo da coluna mais próximo do real, por meio do qual será possível medir, por exemplo, as perdas por atrito, o que pretende aprimorar o modelo.

Segundo o engenheiro, há algumas limitações no funcionamento do sistema. "Uma vez que é movido à energia eólica, ele depende das condições dos ventos, e até mesmo dos requisitos dos cata-ventos, que, por sua vez, devem ser instalados próximos ao mar ou a fontes de água. Isso não acontece caso a fonte de energia seja a turbina eólica, de mecanismo diferente do cata-vento. Há portanto a limitação de espaço, já que quanto mais cata-vento, mais potência", aponta Dias.

Mas já imaginando possibilidades de compensar essas limitações, a pesquisa também sugere utilização da chamada bomba clark, que serve como reaproveitadora das energias "perdidas" durante os processos do sistema.
Fonte:http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=dessalinizacao-agua-mar-energia-renovavel&id=010125110302&ebol=sim

Sexta extinção em massa



Estima-se que cerca de 4 bilhões de espécies tenham vivido na Terra. Desse total que evoluiu no planeta nos últimos 3,5 bilhões de anos, nada menos do que 99% deixaram de existir.

O número pode impressionar, mas não envolve nada anormal e demonstra como a extinção de espécies é algo comum e equilibrado pela própria especiação, o processo evolutivo pelo qual as espécies se formam. Eventualmente, esse balanço deixa de existir quando as taxas de extinção se elevam. Em alguns momentos, cinco para ser exato, as taxas são tão altas que o episódio se caracteriza como uma extinção em massa.

Após as extinções em massa nos períodos Ordoviciano, Devoniano, Permiano, Triássico e Cretáceo - quando os dinossauros, entre outros, foram extintos -, cientistas apontam que a Terra pode estar se aproximando de um novo episódio do tipo.

Em artigo publicado na edição desta quinta-feira (3) da revista Nature, um grupo de cientistas de instituições dos Estados Unidos levanta a questão de uma eventual sexta extinção em massa. O artigo tem entre seus autores o brasileiro Tiago Quental, que durante a produção do estudo estava no Museu de Paleontologia da Universidade da Califórnia e desde fevereiro é professor doutor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.

"Paleontólogos caracterizam como extinções em massa os episódios em que a Terra perde mais de três quartos de suas espécies em um intervalo geológico curto, como ocorreu apenas cinco vezes nos últimos 540 milhões de anos. Biólogos agora sugerem que uma sexta extinção em massa possa estar ocorrendo, por conta das perdas de espécies conhecidas nos últimos séculos e milênios", disseram os autores.

O estudo analisou como as diferenças entre dados modernos e obtidos a partir de fósseis e a influência de novas informações paleontológicas influenciam o conhecimento a respeito da crise de extinção atual.

"Os resultados confirmam que as taxas de extinção atuais são mais elevadas do que se esperaria a partir [da análise] dos registros fósseis, destacando a importância de medidas efetivas de conservação", afirmaram. Como exemplo cita que, nos últimos 500 anos, das 5,5 mil espécies de mamíferos conhecidas pelo menos 80 deixaram de existir.

"Se olharmos para os animais em perigo crítico de extinção - aqueles em que o risco de extinção é de pelo menos 50% em três gerações ou menos - e assumirmos que seu tempo acabará e que eles sumirão em mil anos, por exemplo, isso nos coloca claramente fora do que poderíamos considerar como normal e nos alerta que estamos nos movendo para o domínio da extinção em massa", disse Anthony Barnosky, curador do Museu de Paleontologia e professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, principal autor do estudo.

"Se as espécies atualmente ameaçadas - aquelas classificadas oficialmente como em risco crítico, em risco ou vulneráveis - realmente se extinguirem, e se essa taxa de extinção continuar, a sexta extinção em massa poderá chegar tão cedo quanto de três a 22 séculos", disse.

Entretanto, segundo os autores do estudo, não é tarde demais para salvar muitas das espécies em risco de modo a que o mundo não ultrapasse o ponto em retorno rumo à nova extinção em massa.

"Ainda temos muita biota da Terra para salvar. É muito importante que direcionemos recursos e legislação para a conservação de espécies se não quisermos nos tornar a espécie cuja atividade causou uma extinção em massa", afirmou.

O artigo Has the Earth's sixth mass extinction already arrived? (doi:10.1038/nature09678), de Anthony Barnosky e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.
(Agência Fapesp)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=76647

Programe ou será programado




Artigo do professor Nelson Pretto*, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), para o jornal A Tarde da Bahia, na terça-feira (1).

Fiquei bastante impactado com o filme Cisne Negro. Impactado pela beleza do filme, atuação de Natalie Portman e pela possibilidade de pensar, a partir dele, a educação. É forte a pressão que o artista sofre para melhor desempenhar o seu papel.

Longe de mim pensar que a educação deva seguir uma metodologia como essa, muito menos nestes tempos em que, por decreto, sugere-se que não exista reprovação nos primeiros anos de escolaridade.

Claro que não defendo considerar a reprovação como uma boa ameaça para estimular o estudo da meninada. Não gosto dessas políticas por não acreditar que as questões e desafios mais fundamentais da educação sejam resolvidos por decreto. E decretos não faltam! Voltando ao filme, o que mais me instigou relacioná-lo com a educação foi a insistência com que o durão - e canastrão - diretor falava à nova bailarina que galgava o papel principal e o estrelado de que a sua superação não se daria simplesmente por mais e muito mais técnica. Nem seria apenas por mais conhecimentos, por fazer tudo bem direitinho, bem certinho, mas, sim, por um soltar a imaginação.

Por um intenso criar, um viver plenamente sua arte e sua vida. Penso ser assim também com a educação.

Gosto muito de flanar pelo Youtube e também por lá postar alguns vídeos. Recentemente assisti a uma entrevista do escritor russo Isaac Asimov (bit.ly/atarde1102).

O velho Asimov discute o futuro da educação e relembra o tempo em que a educação era feita por tutores que percebiam onde estava o interesse dos jovens e, a partir daí, avançavam na sua formação com os conhecimentos necessários para que eles compreendessem o mundo e, mais do que isso, pudessem dominá-lo, já que a educação era para poucos, a elite dominante.

Nossas lutas históricas provocaram uma profunda transformação daquela educação para poucos para a implantação de um sistema educacional público que atendesse a todas as pessoas. No vídeo, Asimov explica que a única forma de se fazer isso era tendo um só professor para uma grande quantidade de estudantes. Mais ainda, para organizar a situação, foi dado ao professor um currículo para ensinar. Passamos, então, a pensar a educação como um sistema, mais próximo de uma fábrica, com cada um desempenhando o seu papel, com ações sempre delimitadas, principalmente para os professores que passaram a seguir orientações emanadas de currículos, programas e avaliações nacionais e internacionais.

Pior: além de acompanhar essas normas, são eles constantemente seguidos, quase perseguidos, para que o sistema possa ter controle de sua autonomia em nome do bom desempenho. O ensino passa, então, a ser controlado por sistemas de avaliação que precisam ser universais com sua eficiência verificada - auditada! - através de exames, a exemplo do Pisa (sigla do Programa de Avaliação de Estudantes), que mede as chamadas competências em matemática e ciências. Assim, a escola passa a funcionar na busca de capacitar o jovem para responder a determinadas questões, de Matemática, por exemplo, muitas vezes sem nem mesmo compreender o que está respondendo. Nada de criação, nada de inovação, nada de vibração existencial.

No meu canal do Youtube (www.youtube.com/nlpretto) tenho um vídeo onde falo sobre videogames. Recentemente, recebi uma mensagem de Code Masters, um garoto de 17 anos que está no 1º ano do ensino médio, concordando comigo e afirmando que gostaria muito de que sua escola tivesse cursos de programação de computador, "linguagens c++, delphi, compiladores, engine de games, modelagem 3d etc". Ele quer que as autoridades o escutem porque deseja aprender essas coisas e não apenas as profissões tradicionais como pedreiro, mecânico, eletricista, etc. O comentário de Code Masters coincide com o que diz o pesquisador americano Douglas Rushkoff no seu recente livro Programe ou será programado.

Os computadores e as redes nos trazem inúmeras possibilidades de produção de conhecimentos e de culturas e não apenas de consumo de informações e, se não forem aprisionadas por teorias pedagógicas estreitas e imediatistas, podem contribuir para a formação de uma geração de pessoas geniais que estarão programando as máquinas, suas vidas e, principalmente, os destinos do planeta e da humanidade.

Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=76642

Brasil investe no nanomundo



Novos materiais microscópicos prometem revolucionar indústria eletrônica e química.

O material é microscópico, mas seu potencial é gigantesco. Objeto da outorga do Prêmio Nobel de Física de 2010 aos cientistas de origem russa Andre Geim e Konstantin Novoselov, o grafeno é uma folha de carbono extremamente fina, com apenas um átomo de espessura, que poderá revolucionar a indústria nos mais variados campos, de computadores mais potentes a novos aviões e satélites. E o Brasil tenta aproveitar- se disso. O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), trabalha no estudo das características do material e no desenvolvimento de produtos com ele.

Com seus laboratórios de ponta e equipamentos de alta tecnologia - como o Titan, o mais poderoso microscópio em operação na América Latina -, o Inmetro tornou-se um centro de excelência no campo da nanotecnologia com base no carbono.

Esta área contempla, além do grafeno, os nanotubos. A instituição é uma das cinco em todo mundo que estão desenvolvendo um padrão de qualidade para a produção deste material, que já chega à marca global de 300 toneladas por ano.

" A nanotecnologia hoje é um assunto que engloba várias áreas, diz Carlos Alberto Achete, coordenador da Divisão de Metrologia de Materiais do Inmetro. " Não somos uma universidade, mas, como um instituto de metrologia, trabalhamos no desenvolvimento de material de referência, padrões e procedimentos de forma a fornecer subsídios para que a indústria brasileira se torne mais competitiva e estimular a inovação tecnológica.

De acordo com Achete, ainda não há um marco regulatório para a área de nanotecnologia, o que faz do trabalho do Inmetro fundamental.

Os nanotubos, segundo ele, começam a ter seu uso testado em baterias, tintas, cimento e outros materiais compostos. Há, inclusive, a intenção de abrir uma fábrica deles no País.

"Alguém que quiser se desenvolver na nanotecnologia e ser inovador tem que, sobretudo, ter a capacidade de medir", considera Achete, parafraseando Lord Kelvin, físico e engenheiro britânico do século 19 que afirmou: "Se você não pode medi-lo, não pode melhorá-lo".

"A metrologia em materiais é nova no mundo todo. Isso nos leva à questão de como fazer o controle de qualidade de produtos nanotecnológicos. O Inmetro desenvolve esse potencial de análise, pois podemos medir o tamanho, propriedades e composição químicas dessas nanopartículas.

Meta é estimular produção industrial

Já com relação ao grafeno, conta Achete, o Inmetro conseguiu reproduzir o método criado por Geim e Novoselov para sua fabricação em 2004, quando usaram uma simples fita adesiva para retirar a folha de átomos de carbono do grafite comum usado em lápis, e começa a explorar alternativas, como a esfoliação e a deposição dos átomos de carbono com vapor.

Agora, a intenção é estimular a indústria nacional a produzir grafeno a partir do grafite mineral para uso em pesquisas e produtos no país e exportação. "Já perdemos o bonde do silício, que exportamos como material bruto, lembra Achete. O Brasil tem grafite de altíssima qualidade, que, com a esfoliação, pode virar grafeno. Isso é uma inovação fácil que a indústria nacional de grafite pode fazer e aumentar enormemente o valor agregado de seu produto. Em vez de vender grafite, podemos começar a vender grafeno.

Achete destaca ainda que os produtos que usam a nanotecnologia não precisam ser necessariamente microscópicos. Entre os exemplos estão palmilhas de sapatos e tênis
tratadas com nanopartículas de prata para eliminar odores, às quais cabe ao Inmetro verificar se estão realmente presentes e cumprem a função prometida. O instituto também está avaliando um novo revestimento que deverá ser usado para proteger toda uma nova geração de satélites nacionais.

"O material pode ser pequeno, mas o produto pode ser muito grande", ressalta. "O grafeno tem propriedades únicas e abre perspectivas em várias áreas, com aplicações das mais sofisticadas. Quando colocamos um monte de folhas juntas, por exemplo, ele se transforma em nanofitas, que também têm propriedades interessantes. Em suma, não estamos fazendo nenhum milagre. Muitas pessoas suam muito para dar esse apoio ao desenvolvimento da indústria nacional".
(O Globo)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=76636