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sexta-feira, 6 de julho de 2012

Tirada primeira foto da sombra de um átomo


Redação do Site Inovação Tecnológica - 04/07/2012

Tirada primeira foto da sombra de um átomo
O experimento terá aplicações na computação quântica e na biomicroscopia, além dos estudos de física atômica. [Imagem: Streed et al./Nature Communications]
Sombra atômica
Fotografar átomos e moléculas não é uma tarefa fácil - há quem garanta queátomos nunca foram fotografados de fato.
Além de serem muito pequenos, quase um vazio completo, é também muito difícil fazê-los ficar quietos.
Por isso, Erik Streed e seus colegas da Universidade de Griffith, na Austrália, usaram uma técnica para tirar uma foto da sombra de um átomo.
"Nós alcançamos o limite extremo da microscopia; você não pode ver nada menor do que um átomo usando luz visível," contou Dave Kielpinski, coautor da pesquisa.
"Nós queríamos investigar quantos átomos são necessários para gerar uma sombra e provamos que basta um."
Fotografando um átomo
Primeiro, um átomo de itérbio foi convencido a ficar quieto ao ser colocado de castigo no interior de uma câmera de vácuo, devidamente segurado por campos elétricos.
No coração do experimento está um microscópio de resolução extremamente alta, capaz de tornar a sombra escura o suficiente para que possa ser captada.
Tirada primeira foto da sombra de um átomo
Esta é a foto da sombra de um átomo de itérbio. [Imagem: Streed et al./Nature Communications]
A seguir o átomo é exposto a uma frequência específica da luz, produzindo a sombra em um anteparo, sombra esta que é então coletada por um sensor digital.
"Se mudarmos a frequência da luz que projetamos sobre o átomo em apenas uma parte em um bilhão, a imagem não pode mais ser vista," explica o pesquisador.
Computação quântica e biomicroscopia
O Dr. Erik Streed afirma que, além de permitir um melhor entendimento da física atômica, seu experimento poderá ajudar a explorar acomputação quântica.
Os benefícios também são óbvios para a microscopia, inclusive para a biomicroscopia, sobretudo pelas informações sobre a quantidade de luz que cada átomo deve absorver a fim de criar uma sombra.
"Nós podemos agora prever quanta luz é necessária para observar processos no interior das células, sob condições ótimas de microscopia, sem ultrapassar os limites e matar a célula," disse Streed.
Bibliografia:

Absorption imaging of a single atom
Erik W. Streed, Andreas Jechow, Benjamin G. Norton, David Kielpinski
Nature Communications
Vol.: 3, Article number: 933
DOI: 10.1038/ncomms1944

Entenda como os físicos procuram o Bóson de Higgs


Com informações do Berkeley Lab e Nature - 03/07/2012

Como os físicos procuram o Bóson de Higgs
Simulação do canal de dois fótons, um dos dois maiores candidatos para ter sido percorrido pela partícula que pode ser - mas pode não ser - o Bóson de Higgs.[Imagem: CERN]
Pode não ser o Bóson de Higgs?
Na madrugada desta quarta-feira, 04h00 no horário de Brasília, o CERN, a organização por trás do maior colisor de partículas do mundo, o LHC, anunciará seus tão esperados resultados sobre o tão esperado Bóson de Higgs.
Os dados foram coletados pelos dois maiores detectores do LHC, o (A Toroidal LHC Apparatus) e o CMS (Compact Muon Solenoid).
Tudo indica que serão anunciados "fortes indícios" da existência da Partícula de Deus.
Contudo, qualquer que seja o sigma alcançado pelos resultados - é necessário superar 5 para ser considerado uma descoberta - tudo o que os físicos poderão dizer será: "Há algo lá."
Mas será mesmo o Bóson de Higgs? Pode ser. E pode não ser.
Mas por que, com tanto alvoroço, e depois de tantas pesquisas, eles não conseguirão ter certeza?
Para entender isso, é necessário ter ao menos uma vaga ideia do que seja o Bóson de Higgs, a Partícula de Deus, e como os físicos tentam encontrá-la.
Por que as partículas têm massa?
Um bóson de Higgs é uma excitação, uma ressonância - uma representação fugaz, elusiva - do campo de Higgs, que se acredita estender por todo o espaço e dar massa a todas as outras partículas.
No instante do Big Bang, era tudo uma coisa só, um estado de simetria, que durou praticamente tempo nenhum, tendo sido imediatamente quebrada.
Partículas de matéria, chamadas férmions, emergiram desse mar de energia (massa e energia sendo intercambiáveis), incluindo os quarks e os elétrons, que iriam, muito mais tarde, formar os átomos.
Juntamente com eles vieram partículas carreadoras de força, chamadas bósons, que iriam ditar as inter-relações entre todas as partículas. Todos os bósons tinham massas diferentes - em alguns casos, massas muito diferentes.
Usando os conceitos de campo de Higgs e Bóson de Higgs, o Modelo Padrão da Física explica porque os quarks, prótons, elétrons, fótons, e um enorme zoológico de outras partículas têm as massas específicas que eles apresentam hoje.
Como reconhecer o Bóson de Higgs
Estranhamente, no entanto, o Modelo Padrão não consegue prever a massa do próprio Bóson de Higgs - isso só pode ser feito experimentalmente.
E é isso que os cientistas do LHC e do finado colisor Tevatron, nos Estados Unidos, estão tentando fazer.
O problema é que está muito longe de ser simples saber quando o Bóson de Higgs terá sido realmente encontrado.
Qualquer partícula que contenha tanta energia quanto o Bóson de Higgs dura apenas uma fração minúscula de um segundo, antes de se desfazer em outras partículas - um processo chamado decaimento -, cada uma com energia menor.
E mesmo estas resultantes decaem em partículas com energia ainda menor, até finalmente deixarem um rastro que os detectores ATLAS ou CMS conseguem enxergar - ou inferir.
Como os físicos procuram o Bóson de Higgs
Esquema do detector interno do experimento ATLAS. [Imagem: CERN]
Canais de decaimento
De acordo com o Modelo Padrão, o Bóson de Higgs pode decair em pelo meia dúzia de diferentes padrões de trilhas, ou canais.
A probabilidade de cada caminho varia.
Por exemplo, há uma baixa probabilidade de que um Bóson de Higgs com massa equivalente a 100 bilhões de elétron-volts (100 GeV) de energia vá decair em um par de bósons W, portadores da interação fraca.
No entanto, se sua massa for de 170 GeV, a probabilidade de seu decaimento por este canal seria muito elevada.
Mas as medições anteriores, incluindo as feitas no ano passado pelo LHC, e asanunciadas ontem pelo Tevatron, já excluíram muitas massas possíveis para um Bóson de Higgs dentro do Modelo Padrão.
Com base nisso, espera-se detectar algum sinal por volta de 125 ou 126 GeV.
Esses dois canais envolvidos, chamados de canal de dois fótons e canal de quatro léptons, certamente não são as rotas de decaimento mais prováveis.
Segundo Beate Heinemann, dos Laboratórios Berkeley, "a probabilidade que um Bóson de Higgs de 125 GeV decaia em dois raios gama é de cerca de dois décimos de um por cento, e a probabilidade de que ele decaia em quatro múons ou elétrons é ainda menor."
Ou seja, os físicos encontraram um sinal em um lugar muito improvável.
Encontrar a música no ruído
A chave de tudo - de todas as interpretações das todas as medições de todos os canais dos detectores ATLAS e CMS - é o ruído de fundo.
Mesmo que os canais de dois fótons e quatro léptons tenham uma probabilidade baixa, eles são relativamente livre de ruídos, sinais produzidos por detritos de outras partículas que obscurecem as evidências em outros canais.
As rotas mais prováveis para o decaimento de um Bóson de Higgs com massa próxima a 125 GeV seria o de um quark bottom e um antiquark bottom, ou um par de bósons W, ou um par de partículas tau - mas todos eles são muito mais difíceis de detectar.
"Pacotes de prótons cruzam na frente uns dos outros 20 milhões de vezes por segundo dentro do detector ATLAS, com uma média de 20 colisões em cada cruzamento," explicou Heinemann.
Filtros eletrônicos selecionam automaticamente os eventos, reduzindo-os para cerca de 100.000 por segundo, apontados como de possível interesse.
Softwares sofisticados reduzem ainda mais a seleção, para algumas centenas de eventos por segundo, que são então gravados e armazenadas para estudos posteriores.
Vários físicos criticam essas técnicas, dizendo que o LHC está jogando fora dados demais, que poderiam conter alguma coisa interessante.
"Nós tentamos manter tudo o que alguém poderia pensar que poderia ser interessante," defende Heinemann.
Ou seja, o problema não é só saber o que, mas também onde procurar - ainda que isso lembre a lenda na qual o herói perdeu a agulha dentro de casa, mas resolveu procurá-la lá fora por estar mais claro.
Há algo lá
É com base nessa seleção, de dois canais de baixa probabilidade, mas mais fáceis de entender, que os cientistas tiraram suas conclusões que serão anunciadas na madrugada desta quarta-feira.
Analistas consideram difícil que o fator sigma 5, necessário para estabelecer uma descoberta, tenha sido superado.
Mas ainda que seja, o que eles terão realmente observado, será o Bóson de Higgs?
Difícil responder, mas virtualmente impossível de responder com certeza.
A revista Nature publicou ontem uma reportagem cujo título é: "Físicos encontram nova partícula, mas será o Higgs?"
"Ok, há algo lá - uma ressonância," disse Martinus Veltman, da Universidade de Michigan, ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1999. "Agora nós teremos que descobrir se ela tem todas as propriedades que se supõe que o Bóson de Higgs tenha."

terça-feira, 3 de julho de 2012

Hora de investir na educação científica



 
Em entrevista, o acadêmico Alberto Passos Guimarães destaca a importância estratégica de priorizar a educação científica e discute os principais desafios para que os estudantes brasileiros tenham maior interesse pela área.

As perspectivas para o Brasil, no campo da economia, são animadoras. E uma das razões para isto é a série de fatores que pode impulsionar o crescimento do País, entre eles, a realização dos dois maiores eventos esportivos do planeta (a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, no Rio) e as possibilidades de exploração de petróleo na camada pré-sal. No entanto, segundo especialistas, um dos desafios que precisarão ser enfrentados é o do avanço na área educacional, para oferecer a qualificação necessária à mão de obra para que seja possível impulsionar este desenvolvimento. E, dentro deste objetivo, existe outro ainda mais estratégico: formar profissionais capazes de tornar o Brasil um produtor de novas tecnologias.

Nessa linha, é fundamental investir na popularização do acesso à ciência. Países que se destacaram como produtores de inovações tecnológicas, em geral, têm um contingente significativo de seus jovens diretamente interessados em atuar com produção científica, quadro bem diferente do Brasil, nos dias de hoje.

Para o diretor-adjunto do Instituto Ciência Hoje, o acadêmico Alberto Passos Guimarães Filho, o ideal é começar este incentivo ainda na infância. Segundo ele, há duas boas estratégias para alcançar este objetivo. Uma delas é por meio das atividades realizadas no ambiente escolar. Outra é aproveitar os vários outros espaços, como institutos que atuam com Ciência, museus, parques, entre outros.

Em ambos os casos, ele argumenta que é fundamental usar um trunfo: a curiosidade natural que o público infantil possui. Com os adolescentes e jovens, por sua vez, o trabalho deve ir além de instigar a curiosidade do aluno e mostrar que a Ciência é uma aventura sem fim. "É importante mostrar como os astrônomos, os arqueólogos, os paleontólogos, os antropólogos, os físicos, realizam um trabalho de detetive para buscar as explicações para os fenômenos, para os fatos da natureza e da sociedade", salientou Alberto Passos Guimarães.

Avançar na educação científica no Brasil depende de resolver outros problemas ainda mais crônicos. Entre estes desafios, está o de melhorar a qualidade do ensino, na educação básica, em disciplinas que servem de base para quem deseja seguir carreira científica, como Química, Física e Matemática. Segundo o diretor-adjunto do Instituto Ciência Hoje, para avançar no trabalho com estas matérias, é essencial, entre outras ações, melhorar a qualificação dos professores e dotar as escolas de infraestrutura mais apropriada, com a criação de laboratórios e instalação de bibliotecas, por exemplo.

Nesta entrevista, Alberto Passos Guimarães também destaca o papel que os laboratórios têm para o ensino de Ciências, explica de que forma os professores podem fazer um bom trabalho mesmo sem ter estes espaços, comenta sobre a falta crônica de professores nas disciplinas da mais ligadas ao trabalho com as Ciências e ressalta a contribuição trazida por programas de iniciação científica.

Folha dirigida - Que ações poderiam ser colocadas em prática para despertar o gosto pela ciência entre as crianças?
Alberto Passos Guimarães - Podemos considerar dois tipos de ações: aquelas realizadas dentro da escola, isto é, as que fazem parte do ensino formal, e as ações desenvolvidas em outros espaços. Num e noutro caso, para despertar o gosto pela ciência, é necessário fazer uso de um trunfo extraordinário, que é a natural curiosidade das crianças. Essa curiosidade, no entanto, não será aproveitada se as atividades com as quais as crianças tiverem contato forem apresentadas de maneira burocrática e desinteressante.

E em relação ao público jovem: como despertar este interesse?
Guimarães - O mesmo se aplica ao público jovem, a forma de apresentar a ciência deve não apenas fazer uso da curiosidade dos estudantes, mas buscar mostrar a ciência como uma aventura instigante e sem fim. Mostrar como os astrônomos, os arqueólogos, os paleontólogos, os antropólogos, os físicos, realizam um trabalho de detetive para buscar as explicações para os fenômenos, para os fatos da natureza e da sociedade. Mostrar que o conhecimento que esses pesquisadores conseguem registrar em seus trabalhos é, apesar de precioso, provisório e sujeito a contínuas revisões e contestações: a ciência é uma construção que nunca é concluída.

Por que, em geral, os estudantes têm mais dificuldades com as matérias relacionadas, de alguma forma, à ciência, como as disciplinas de física, química e matemática?
Guimarães - Esta constatação baseia-se na realidade do Brasil. Não é necessariamente uma situação vivida em todos os países. Na minha opinião, as causas não devem ser buscadas nas qualidades intrínsecas destas disciplinas, mas sim na realidade do treinamento dos seus professores, na qualidade (ou na existência) dos laboratórios, das instalações, das bibliotecas, etc.

Boa parte das escolas brasileiras não tem laboratórios de ciências. De que forma isto prejudica o trabalho nas instituições de ensino?
Guimarães - É muito difícil fazer os alunos compartilharem os prazeres da observação e da experimentação, momentos fundamentais na atividade da ciência, sem contar com um laboratório no qual possam ver e sentir os fenômenos, sejam eles físicos, químicos ou da esfera da Biologia, por exemplo. O laboratório permite de maneira imediata a percepção do aspecto lúdico da atividade cientifica. Ao observar os fenômenos, ou ao medir propriedades quantitativas, por exemplo, os estudantes passam a compreender que ciência não é apenas aquilo que está nos livros, já pronto, mas sim é uma atividade que se constrói com a observação e a experimentação.

O professor pode trabalhar as ciências de forma interessante, mesmo sem laboratórios específicos? Como?
Guimarães - Os professores de ciência devem sempre estimular as crianças a observar o mundo com os olhos da indagação científica. Os professores podem levar as crianças aos museus, fazer passeios em parques nos quais se pode observar a natureza, e finalmente, podem empregar materiais como livros, vídeos e revistas que sejam mais instigantes e estimulantes. Havendo possibilidade de acesso à internet, os estudantes podem ver imagens, vídeos, fazer simulações, etc.

Como o senhor avalia a formação dos professores que atuam no ensino de ciências no Brasil?
Guimarães - Não saberia fazer um juízo abrangente da formação de professores no Brasil, mas sei que essa formação tem muitos problemas. Existe consenso de que a profissão de professor não tem o prestígio que deveria ter, o que se mede, entre outras coisas, pelos salários recebidos por este profissional. Um dos elementos do problema é que os melhores estudantes no Brasil não desejam ser professores, o que é o oposto do que acontece nos países nos quais o desempenho dos estudantes em ciência é o mais elevado.

Disciplinas como física, matemática e química, ou seja, as que estão relacionadas à área de ciências, são justamente aquelas em que há maior falta de profissionais no mercado. De que forma isso prejudica o ensino de ciências nas escolas?
Guimarães - O personagem central no ensino é o professor: se ele não tem motivação, instrumentos e qualificação permanente, o ensino não poderá atingir um patamar de qualidade com o qual todos anseiam. As deficiências aqui atingem principalmente os professores de Ciências.

Programas de iniciação científica, com concessão de bolsas de estudo ou outros incentivos para os estudantes, ajudariam a incentivar mais o envolvimento de alunos com a ciência?
Guimarães - Os programas de iniciação científica são muito importantes para estimular os estudantes de nível superior a se interessar pelas ciências, mas não resolvem o problema que aflige os níveis anteriores da escola.

E no ensino superior: a iniciação científica já está consolidada ou seu alcance ainda é muito restrito?
Guimarães - A iniciação científica já desempenha um papel muito importante no sistema universitário brasileiro e é um grande êxito, pois estimula os estudantes a se dedicar às disciplinas cientificas, e principalmente permite a eles participar e contribuir nos projetos de pesquisa, portanto conhecendo a ciência em construção nos grupos de pesquisa do País. O CNPq atualmente tem cerca de trinta mil estudantes de iniciação científica.

O Instituto Ciência Hoje comemora 30 anos. Pode nos falar um pouco sobre os trabalhos desenvolvidos por ele?
Guimarães - O Instituto Ciência Hoje é o órgão da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) dedicado à divulgação científica e à educação científica. As principais publicações do Instituto Ciência Hoje são duas revistas de divulgação científica - a revista Ciência Hoje, revista pioneira no Brasil, criada há trinta anos, e a revista Ciência Hoje das Crianças.

Quais os objetivos destas publicações? Há outras formas de divulgação colocadas em prática pelo Instituto?
Guimarães - Em ambas as publicações busca-se fazer com que o cientista, o pesquisador brasileiro, dirija-se diretamente ao seu leitor, adulto ou criança. Outra marca dessas duas publicações é que elas retratam as atividades científicas tanto nas Ciências ditas Exatas, como nas Ciências Humanas e Sociais. O Instituto Ciência Hoje atua também na internet, com um portal específico, que divulga noticiário cientifico atualizado diariamente, e através do qual podem ser consultadas as suas publicações.

O Instituto Ciência Hoje tem alguma ação voltada para o fomento à educação científica?
Guimarães - O Instituto está envolvido ainda com a atividade de educação científica, através do Programa Ciência Hoje de Educação Científica (PCHAE). O Programa atua em vários municípios brasileiros, treinando e motivando professores de Ciências para o emprego de métodos mais atraentes de ensino, baseados no uso da publicação Ciência Hoje das Crianças.

Pode nos dar algumas informações sobre o alcance deste programa? Quantos estudantes já foram atendidos pelo projeto, por exemplo?
Guimarães - Já passaram por esse programa mais de 400 mil estudantes. O Programa Ciência Hoje de Educação Científica recebeu, em 2012, das mãos da presidente Dilma Rousseff, o prêmio dos Objetivos do Milênio, concedido a 20 iniciativas - de um total de mais de 1.600 candidaturas apresentadas - pela sua relevante contribuição para a educação científica no Brasil.

(Folha Dirigida - Caderno de Educação - 28/6)

Ciência: "Partícula de Deus" pode ter sido descoberta


Cientistas encontraram evidência da existência da partícula subatômica considerada uma das matérias-primas básicas da criação do universo

02 de Julho de 2012 | 13:30h


divulgação
Universo
Físicos do Laboratório Nacional Acelerador Fermi, vinculado ao Departamento de Energia dos Estados Unidos, anunciaram nesta segunda-feira (02/07) que encontraram a mais forte evidência até agora da existência de um corpo subatômico conhecido como "Partícula de Deus" ou "Bóson de Higgs". De acordo com a Reuters, a evidência surgiu com subprodutos da colisão de partículas no acelerador chamado de Tevatron. A pista, porém, ainda precisa de provas que a comprovem.

Uma vez que os mesmos subprodutos da colisão que indicam a existência da partícula também podem vir de outras partículas subatômicas, os físicos só poderão excluir outras explicações se tiverem confiança de 550 para 1, ou seja, de que há menos de 0,2% de chance de que os escombros da colisão não são do bóson de Higgs. Por convenção internacional, as probabilidades precisam ser mais próximas a 0,14%.

Na quarta-feira (04/07), físicos do CERN, o laboratório acelerador de partículas localizado na fronteira entre Suíça e França, devem anunciar seus próprios achados sobre a pesquisa da partícula.

O que é o Bóson de Higgs?

Segundo teorias da Física, Higgs é uma partícula subatômica considerada uma das matérias-primas básicas da criação do universo. Diferente dos átomos, feitos de massa, as partículas de Higgs não teriam nenhum elemento em sua composição. Elas são importantes porque dão respaldo a uma das mais aceitas teorias acerca do universo - a do Modelo Padrão, que explica como outras partículas obtiveram massa. Segundo essa tese, o universo foi resfriado após o Big Bang, quando uma força invisível, conhecida como Campo de Higgs, formou-se junto de partículas associadas, os Bósons de Higgs, transferindo massa para outras partículas fundamentais.

A caça ao Higgs é uma das razões que levaram à construção do imenso acelerador de partículas Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), do Cern (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), na Suíça. A primeira vez que se falou da partícula foi em 1964, quando seis físicos, incluindo o escocês Peter Higgs, apresentou uma explicação teórica à propriedade da massa. O Modelo Padrão é um manual de instruções para saber como funciona o cosmos, que que explica como as diferentes partículas e forças interagem. Mas a teoria sempre deixou uma lacuna - ao contrário de outras partículas fundamentais, o Higgs nunca foi observado por experimentos.