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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Hologramas instantâneos

Método torna possível transmitir imagens tridimensionais em tempo recorde

Trinta anos atrás, o primeiro filme da saga "Guerra nas Estrelas" causou comoção ao exibir um comunicador onde uma pequena imagem tridimensional da Princesa Leia pedia socorro ao jedi Obi Wan Kenobi. A tecnologia usada pela personagem, até agora restrita à ficção científica, enfim tornou-se realidade.



Pesquisadores da Universidade do Arizona criaram um sistema que funciona nos mesmos moldes, capaz de processar cenas multicoloridas praticamente em tempo real. Ou seja, foi aberta a era da holografia 4D (a quarta dimensão é o tempo).



- Telepresença holográfica significa gravar uma imagem 3D em um lugar e exibi-la em outro, em qualquer canto do mundo, em tempo real - explica Nasser Peyghambarian, que coordenou a equipe responsável pelo desenvolvimento da nova tecnologia.



Além de descrever o projeto na mais recente edição da revista "Nature", a equipe de Peyghambarian antecipou muitas de suas possíveis aplicações. A holografia 3D pode revolucionar áreas como a medicina, as telecomunicações e, claro, o cinema.



Imagem produzida em dois segundos



Antes da técnica de Peyghambarian, cientistas conseguiam criar sistemas capazes de exibir hologramas tridimensionais, mas eles eram estáticos.



Dois anos atrás, o pesquisador elaborou um dispositivo que conseguia renovar uma imagem holográfica a cada poucos minutos. Demorava cerca de três minutos para produzir uma imagem monocromática, seguida por outro minuto para apagar e substituir a figura anterior.



Também em 2008, na noite de cobertura das eleições presidenciais, a rede de TV CNN usou algo semelhante à tecnologia holográfica. O jornalista Wolf Blitzer conversou frente a frente com a correspondente Jessica Yellin, que não estava no estúdio. O efeito, porém, não foi conseguido em tempo real.



Agora, na pesquisa divulgada pela "Nature", Peyghambarian reduziu o tempo de "escrita" da imagem para apenas dois segundos. Sua equipe também foi bem-sucedida ao transmitir imagens policromáticas e que poderiam ser percebidas em diferentes perspectivas - uma vez que elas são captadas por câmeras posicionadas em ângulos distintos.



- Digamos que eu, que estou no Arizona, queira dar uma palestra em Nova York - exemplifica o pesquisador. - Precisaria apenas de algumas câmeras convencionais em meu escritório, cada qual em um ângulo, e uma conexão rápida com a internet. Na outra ponta, em Nova York, haveria um dispositivo 3D ligado a nosso sistema de laser. Tudo automatizado e controlado por um computador.



Quando os sinais de imagem fossem transmitidos, eles seriam inseridos por laser numa tela e convertidos em pequenos pulsos, formando uma projeção 3D, quase instantânea. Pelo mesmo sistema, uma pessoa poderia falar com outra em outro canto do mundo e ver a projeção 3D de seu interlocutor transmitida praticamente junto com a voz.



Os sistemas de telepresença, portanto, capturam imagens bidimensionais, que se tornam 3D quando a elas é acoplada a tecnologia holográfica. O segredo dessa conversão é a tela formada por um novo tipo de plástico, conhecido como polímero fotorrefrativo.



É este material que permite aos pesquisadores gravar e apagar as imagens tão rapidamente. A Universidade do Arizona já consegue trabalhar com telas de 43 centímetros de altura.



Segundo Peyghambarian, a tecnologia permitirá que fabricantes de equipamentos sofisticados, como carros e aviões, aperfeiçoem seus projetos conforme acompanham, em tempo real, a construção pelos hologramas.



Em uma cirurgia complexa, o 4D permitiria que vários especialistas do mundo inteiro assistissem e participassem como se estivessem na sala de operação. No cinema, a holografia tridimensional desbancaria facilmente os recentes avanços, vistos, por exemplo, na nova versão de "Avatar".



- Quando você vê um filme 3D comum, tem à sua disposição duas perspectivas, uma fornecida por cada olho. Em nosso experimento, demonstramos 16 perspectivas, mas a tecnologia tem potencial para, futuramente, elevarmos este número para centenas.



A tecnologia holográfica, no entanto, ainda precisa de ajustes para chegar ao mercado. Os pixels precisam ser reduzidos para garantir imagens mais nítidas. Também é necessário acelerar a atualização da imagem para cerca de 30 vezes por segundo, o que daria a impressão de que essas figuras têm o mesmo ritmo e continuidade daquelas vistas na televisão.



Há muito trabalho pela frente, mas Peyghambarian anima-se ao constatar que o material de transmissão já está disponível para os seus futuros usuários. A quantidade de dados exigida pelo sistema de telepresença pode ser facilmente carregada por um cabo de internet de banda larga.

(O Globo, 4/11)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=74504

"Ciência Hoje On-line": Ciência e ficção, nova edição do Estúdio CH

Algumas descobertas científicas, como a robótica, a clonagem e os satélites artificiais, foram previstas em livros e filmes antes de se tornarem realidade. Os impactos desse tipo de obra sobre o meio científico são discutidos esta semana no Estúdio CH

Em entrevista a Fred Furtado, Lúcia Rodriguez de La Rocque, bióloga da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professora de literatura inglesa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), aborda a relação entre ciência e ficção científica.



Segundo La Rocque, a primeira obra de ficção científica evidencia uma relação de cautela com a ciência. Trata-se de um alerta contra um tipo de ciência experimental, presunçosa e particularmente isolada, que não comunica suas descobertas.



Ouça a nova edição do Estúdio CH na Ciência Hoje On-line, que tem conteúdo exclusivo atualizado diariamente:

http://cienciahoje.uol.com.br/podcasts/Ciencia%20e%20ficcao.mp3
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=74505

Implante de chip restaura a visão

Três pessoas cegas desde a infância que receberam o dispositivo voltam a enxergar

Três pessoas que sofrem de cegueira congênita recuperaram a capacidade de enxergar depois de receberem o implante de um chip na retina.



Uma delas foi capaz de identificar e encontrar objetos sobre uma mesa e caminhar de forma independente numa sala, segundo o estudo publicado na revista "Proceedings of the Royal Society B".



A experiência é promissora, já que os resultados são muito mais significativos do que as outras tentativas de implantar um olho biônico em cegos. Até agora, a técnica mais bem-sucedida usa câmera e transmissor acoplados. O novo chip - uma lâmina de 3 milímetros quadrados e espessura de um décimo de milímetro, contendo 1.500 sensores - permite ao paciente detectar objetos com os seus próprios olhos.



O dispositivo alemão é chamado de implante subrretinal e foi criado pela equipe de Eberhart Zrenner, do Instituto de Investigação Oftalmológica da Universidade Tubingen e pesquisadores da companhia Retina Implant AG.



Inicialmente, o implante foi colocado em 11 portadores de doenças como a retinite pigmentosa, condição genética que afeta uma em cada 4 mil pessoas e destrói a retina, resultando em perda de visão noturna e lateral, e, por fim, cegueira. Os sintomas aparecem ainda nos primeiros anos.



Alguns dos pacientes que participaram da pesquisa não perceberam melhora porque os seus casos eram mais graves. A maioria, porém, detectou pontos brilhantes. Segundo Zrenner, os melhores resultados foram obtidos com Miikka Terho, que reconheceu objetos como uma xícara colocada sobre uma mesa e a imagem de um relógio. Ele também conseguiu identificar tons distintos de cinza e caminhou num ambiente de forma totalmente independente.



Em testes posteriores, Terho leu grandes letras, incluindo o próprio nome, que havia sido escrito de forma errada. E ele percebeu isso.



- Três ou quatro dias depois da cirurgia para implante, pude ver certa atividade - explicou Terho, que vive na Finlândia. - Aos poucos, a minha visão foi melhorando.



Dispositivo funciona ligado à bateria e terá nova versão



Agora os médicos retiraram o protótipo do chip dos pacientes, mas devem colocar em breve uma outra versão melhorada. O mecanismo funciona convertendo a luz que entra no olho em impulsos elétricos que são recebidos no nervo óptico. Ele funciona com energia externa. No estudo preliminar, o dispositivo foi conectado a um cabo que sai da pele atrás do ouvido e conectado a uma bateria.



- O estudo é uma prova de que esses dispositivos podem restaurar a visão em pessoas cegas, mas a sua aplicação clínica ainda levará algum tempo - diz Zrenner.



O próximo passo é testar o implante de retina num número maior de pessoas, pelo menos de 25 a 50 pacientes, na Europa. Talvez a técnica usada no chip possa ser desenvolvida para tratar também os pacientes que sofrem de degeneração macular relacionada à idade, a principal causa de cegueira em idosos.

(O Globo, 4/11)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=74503

Como se forma a memória, artigo de Fernando Reinach

"Se a ideia é educar crianças para lidar com a informação e utilizar o conhecimento de maneira critica e criativa a repetição exaustiva não é a melhor forma de educar"

Fernando Reinach é biólogo. Artigo publicado no jornal "O Estado de SP":



Entre o Oiapoque e o Chuí existem centenas de marcos geográficos que demarcam a fronteira brasileira. Um amigo dos meus pais os recitava de memória. Eu fui obrigado a decorar a tabuada, o que não ocorreu com meus filhos. Nas últimas décadas a memorização de novos conhecimentos por meio da repetição exaustiva caiu em desuso.



Em parte isto se deve aos novos métodos pedagógicos que valorizam a capacidade de utilizar o conhecimento ao invés de sua simples memorização. Mas uma polêmica nos meios científicos sobre a melhor maneira de criar memórias de longo prazo também contribuiu para o ocaso da tabuada.



A teoria clássica afirmava que a repetição exata de um estímulo era a melhor forma de memorizá-lo. A nova teoria propunha que memórias mais duradouras eram formadas quando o estímulo contendo a informação era apresentado em diferentes formas a cada repetição.



Na teoria clássica a melhor maneira de memorizar a tabuada era repetir cada frase centenas de vezes. Na nova teoria o aluno deveria ser submetido a uma série de repetições nas quais o contexto da informação mudasse a cada repetição. A memorização seria mais eficiente pois o conhecimento ficaria "ancorado" em diversos pontos da memória. Agora, analisando diretamente a atividade cerebral à medida que a memória é formada, os cientistas descobriram como as memórias mais duráveis são formadas.



Os testes foram feitos em 24 voluntários. A cabeça da pessoa era colocada dentro de uma máquina de ressonância magnética capaz de medir a atividade de cada região do cérebro a cada instante. É como se a máquina estivesse filmando que parte do cérebro está ativa ou inativa a cada segundo.



Com a máquina na cabeça, os voluntários observavam uma tela de computador e eram instruídos a memorizar 120 fotos de faces de pessoas. Cada face era apresentada três vezes misturada aleatoriamente às outras faces.



Dada esta combinação, cada voluntário examinava um total de 360 faces enquanto a maquina de ressonância registrava a atividade cerebral. Desta maneira foi possível registrar a atividade cerebral de cada voluntário para cada uma das três vezes em que ele foi apresentado a cada uma das 120 faces.



Uma hora depois de terminada esta parte do experimento o voluntário voltava para o laboratório para tentar identificar as faces que havia memorizado. Nesta segunda etapa, feita sem o aparelho na cabeça, era apresentada a uma sequência de 240 faces sendo que 120 eram novas e 120 eram as mesmas que ele havia observado com a máquina na cabeça. Para cada uma destas 240 faces ele deveria dar uma nota de 1 a 6 dependendo do grau de certeza que a face já havia sido observada na primeira parte do experimento.



Feito isso os cientistas selecionaram, entre as faces apresentadas na primeira parte do experimento, as que as pessoas tinham certeza que se lembravam (nota 5 e 6) e as que elas seguramente haviam visto mas não se lembravam (nota 1 e 2).



Sabendo quais faces haviam sido memorizadas e quais haviam sido esquecidas os cientistas examinaram a atividade cerebral do voluntário enquanto estava olhando faces memorizadas ou esquecidas. O objetivo era tentar descobrir que atividades cerebrais eram indicativas de que a memória estava se formando de forma eficiente.



A comparação da atividade cerebral de um voluntário enquanto examina duas faces distintas é pouco informativa. Já se sabe que diferentes faces provocam diferentes reações e consequentemente diferentes atividades cerebrais.



Enquanto uma face pode provocar reações do tipo "ela é parecida com minha avó Zica" outra face pode provocar reações do tipo "nunca vi um homem tão triste" e é claro que a atividade cerebral que gera estes pensamentos é diferente. Foi por este motivo que os cientistas compararam a atividade do cérebro nas três vezes que a mesma face foi apresentada ao voluntário, tanto no caso das faces memorizadas quanto no caso das faces esquecidas.



Quando esta comparação foi feita em centenas de faces lembradas ou esquecidas pelos 24 voluntários ficou clara uma diferença entre as faces lembradas e as esquecidas. No caso das faces lembradas, a atividade cerebral era semelhante nas três vezes em que a pessoa observava a mesma face.



No caso das faces esquecidas cada vez que a pessoa observava a face a atividade cerebral era diferente. Isto demonstra que a formação eficiente de memória ocorre quando o padrão de atividade cerebral se repete perfeitamente cada vez que o estímulo é apresentado.



Este tipo de experimento foi repetido usando palavras escritas e sons em vez de faces, confirmando que formação eficiente de memória ocorre quando o estímulo é capaz de provocar reações idênticas em nosso cérebro, e comprovando a teoria clássica do processo de memorização.



É por isso que um grupo de crianças forçadas a recitar em voz alta todo dia um poema ou a tabuada acaba memorizando a informação para o resto da vida e um advogado, 50 anos depois de sair da escola, ainda é capaz de listar os rios e montanhas do Oiapoque ao Chuí.



Portanto, se o objetivo é simplesmente memorizar algo, a repetição exata é a solução preferida, mas se a ideia é educar crianças para lidar com a informação e utilizar o conhecimento de maneira critica e criativa a repetição exaustiva não é a melhor forma de educar. A arte está em combinar estas duas atividades.
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=74500

PEC DO DIPLOMA E DESONESTIDADE CIENTÍFICA

Fonte: Mauricio Tuffani(*), Folha de São Paulo de 04.11.2010

Apesar de não ser documento científico, deve-se exigir um mínimo de cientificidade de proposta legislativa, como a PEC do diploma do jornalismo

O que têm em comum o livro "O Ambientalista Cético", do estatístico dinamarquês Bjorn Lomborg, e o relatório da proposta de emenda constitucional (PEC) da Câmara dos Deputados que visa restaurar a exigência de formação superior específica em jornalismo para essa profissão no Brasil? Resposta: a desonestidade científica.

Para refutar a tese do aquecimento global, Lomborg questionou-a com estudos de pesquisadores. Mas, em vez de apresentá-la com fontes de igual status, recorreu a dados da mídia. Em 2003, o Comitê Dinamarquês sobre Desonestidade Científica enquadrou essa unilateralidade em seus "critérios objetivos de desonestidade científica".

Esse mesmo tipo de unilateralidade está no relatório aprovado em julho na comissão especial da Câmara sobre a PEC do diploma. No texto do relator, deputado Hugo Leal (PSC-RJ), figuram como favoráveis à obrigatoriedade professores de jornalismo, advogados e sindicalistas; como contrários, somente representantes empresariais da imprensa.

Em outras palavras, o relatório contempla posições divergentes, mas dá ao saber acadêmico o papel de fiel da balança em favor da obrigatoriedade, algo como uma razão científica contra os patrões. Porém, isso não passa de uma distorção enganadora.

Na verdade, nesse documento, as sínteses dos depoimentos de professores omitem o ponto de vista acadêmico contrário à obrigatoriedade, que não é minoritário fora do país. Assim, o texto desconsidera obras de pesquisadores de jornalismo respeitados internacionalmente, como Daniel Cornu, diretor do Centro Franco-Suíço de Formação de Jornalistas, em Genebra.

É o caso também de Claude-Jean Bertrand, da Universidade de Paris 2, além de Bill Kovach, da Universidade do Missouri, e Tom Rosenstiel, diretor do Programa para Excelência do Jornalismo, em Washington. Sem falar em brasileiros, como Bernardo Kucinski, da USP, e Ivana Bentes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Em contraposição a longos trechos com exposições de advogados pró-diploma, o relatório apenas menciona, sem apresentar, pareceres contrários de Sidney Sanches e Célio Borja, ex-ministros do STF. E deixa de considerar outros juristas renomados, não só brasileiros, como Geraldo Ataliba e Eros Grau, mas também estrangeiros, como Jean Rivero e Hughes Moutouh.

Embora um relatório parlamentar não seja um documento científico, exige-se um mínimo de cientificidade de uma proposta legislativa.

Ainda mais por pretender restaurar uma exigência já condenada pelo STF e que só vigora em poucos países, entre eles África do Sul, Arábia Saudita, Colômbia, Congo, Costa do Marfim, Croácia, Equador, Honduras, Indonésia, Síria, Tunísia, Turquia e Ucrânia.

Não está em pauta aqui minha posição pessoal contra a obrigatoriedade do diploma, que desvinculo da função que exerço. As objeções deste artigo podem ser feitas até mesmo por partidários não casuístas dessa exigência, fiéis ao preceito jornalístico, científico e ético de não obstar o confronto de posições divergentes.

Além da PEC da Câmara dos Deputados, também já seguiu para votação em plenário outra, no Senado, de igual teor, apresentada com um relatório mais limitado ainda nos aspectos ora destacados.

Com o devido respeito aos parlamentares que atuaram nas duas propostas, aos quais seria temerário atribuir desonestidade, elas não estão em condições de serem votadas, muito menos de contestar uma decisão do STF.

(*) MAURÍCIO TUFFANI, 53, é jornalista, editor do blog Laudas Críticas e assessor de comunicação e imprensa da Unesp.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
Fonte:http://www.sbpcpe.org/index.php?dt=2010_11_04&pagina=noticias&id=06038

NEURÔNIOS AFIADOS

Fonte: Luciana Vicária, Revista Época Online

Como os jogos eletrônicos podem melhorar o desempenho de seu cérebro

Não é fácil memorizar os detalhes de uma reunião após uma jornada de mais de dez horas de trabalho. Ainda mais quando se participa de três ou mais reuniões em um único dia. Esse tem sido o desafio da analista financeira Katia Kimiyo, de 35 anos. Ela registra as demandas em um caderno de anotações e até grifa o que é mais importante. Mas no fim do dia muita coisa importante escapa da memória. “Meu desejo é reter o essencial”, diz Katia. Há três meses, ela passou a se dedicar a um treinamento cerebral com jogos on-line que prometem lapidar a memória. “Estou mais atenta e já percebo mudanças positivas no trabalho”, afirma.

Os novos jogos eletrônicos de “ginástica cerebral” são tão específicos quanto os aparelhos de uma academia de ginástica: alguns servem apenas para aquecer os neurônios, outros para ativar áreas específicas do cérebro que trabalham com memória, atenção, linguagem e a visão espacial. O cérebro funciona como um músculo, dizem os neurocientistas. Tende a ficar mais forte à medida que é usado.
E formas de usá-lo não faltam. Há pelo menos 40 novos jogos “cerebrais” lançados neste ano. Todos eles, sem exceção, dizem ser montados com base nas últimas descobertas da neurociência. “São mais dinâmicos e eficientes que seus primos mais velhos, da década passada”, diz Richard Grane, neurocientista de Harvard que trabalha em parceria com programadores eletrônicos. “Agora eles têm embasamento científico e o aval dos principais centros de estudo de neurociência.”

A promessa dos jogos é atraente: ao exercitar os neurônios, o sujeito cria uma espécie de reserva cognitiva, o que torna novas áreas do cérebro aptas a executar tarefas antes restritas a poucas regiões. Uma boa reserva cognitiva permite chegar aos 40 anos melhor do que se passou pelos 30 – e atravessar os 60 sem trocar o nome dos parentes. “As pessoas desejam ter com o cérebro os mesmos cuidados que aprenderam a ter com o corpo”, diz a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A maior preocupação com o bom desempenho do cérebro, segundo ela, acontece porque se vive mais do que antes e as pessoas têm mais expectativas em relação à terceira idade.

Os primeiros jogos on-line em português surgiram neste ano, no site Cérebro Melhor. São versões de games da empresa francesa Happy Neuron. Seus jogos permitem montar treinos personalizados e até comparar seu desempenho ao de pessoas de outros países, de mesmo sexo, idade e escolaridade. Há jogos gratuitos on-line e conteúdo pago com uma mensalidade de R$ 18,90. Até os consoles DS e Wii têm games de exercício cerebral. Não são tão eficientes quanto os demais, mas são bem divertidos.

Será que precisamos recorrer a jogos eletrônicos para manter o cérebro saudável? Não, dizem os cientistas. “Basta ter uma vida ativa intelectualmente”, diz Paulo Caramelli, neurologista da Universidade Federal de Minas Gerais. Mas nem sempre isso é possível. O matemático capixaba Marcos Cesar Gomes, professor de ensino médio, diz que “esfola” seus neurônios seis horas por dia com equações de alta complexidade. “Sou bom em raciocínio lógico, mas péssimo com a linguagem”, diz.

Gomes adotou o programa importado Brain Age para melhorar a fluência verbal. Diz estar progredindo.
Os especialistas dizem que jogos que melhoram o desempenho cerebral conseguem retardar os sintomas de doenças degenerativas, como o Alzheimer, embora não impeçam seu surgimento.
Fonte:http://www.sbpcpe.org/index.php?dt=2010_11_04&pagina=noticias&id=06038

EMPRESÁRIOS BRASILEIROS NÃO ADEREM À “LEI DO BEM” POR FALTA DE INFORMAÇÃO

Fonte: Domingos Orestes Chiomento(*), Cotidiano Digital de 03.11.2010

Às vésperas do aniversário de cinco anos da Lei nº 11.196, regulamentada em 21 de novembro de 2005, muitos empresários brasileiros continuam não aderindo à conhecida “Lei do Bem” por falta de informação. Esta Lei é assim denominada por criar incentivos fiscais para as empresas que desenvolvem inovações tecnológicas. De acordo com informações do MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia), menos de 650 empresas utilizam a Lei de incentivo à inovação, quer na concepção de produtos, quer no processo de fabricação ou agregação de novas funcionalidades ou características a um determinado produto ou serviço.

Dados do relatório anual da utilização dos incentivos fiscais ano-calendário 2009, produzido pelo MCT, especificam que 635 empresas estão cadastradas na Lei do Bem, porém isso não significa que todas elas utilizam as vantagens. O resultado revela que poucos empresários conhecem e tiram proveito dessa legislação, uma vez que esse número representa menos de 10% do universo das 6 mil empresas que poderiam se candidatar aos benefícios legais. A maioria delas desconhece os procedimentos para a concessão e as formas de utilização dos recursos disponíveis.

Para se chegar ao atual formato da Lei do Bem, houve uma longa jornada: antes, existia a Lei nº 8.661/1993, que instituía os PDTI (Programas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial) e os PDTA (Programas de Desenvolvimento Tecnológico Agropecuário). Vale lembrar que a Lei nº 11.196 passou a ser reconhecida como “Lei do Bem” porque é raro uma legislação tributária criar isenção fiscal. Com ela, parte dos incentivos é destinada ao abatimento do IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).

As empresas podem contar ainda com a redução de 50% do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) incidente sobre equipamentos, máquinas, aparelhos e instrumentos, bem como os acessórios sobressalentes e ferramentas que acompanhem esses bens. Além disso, os empresários que trabalham com remessas para o exterior têm redução do IR retido na fonte nos casos de contratos de transferência de tecnologia destinada ao registro e a manutenção de marcas e patentes.

Para usufruir desses e de outros recursos, o requisito básico que deve ser preenchido é aplicar em inovação: se o investimento for feito junto a um ICT (Instituto de Ciência e Tecnologia), há necessidade de uma aprovação prévia; se a pesquisa for feita na própria empresa, a utilização é bem mais simples. Mas, afinal, o que é inovação? O conceito está na própria Lei. Segundo o artigo 17§ 1º, “considera-se inovação tecnológica a concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado”.

Hoje, muitas empresas não se candidatam às beneficiárias da Lei do Bem porque não se reconhecem como inovadoras. Atualmente, os setores mais beneficiados são os de mecânica, petroquímica, transportes, metalurgia, eletroeletrônica e bens de consumo. A maior parte das empresas com esse perfil está localizada na região sudeste e sul do Brasil. Se esses empreendimentos adotarem um programa de inovação, com projetos eficazes, que tem por propósito melhorar os processos ou produtos, terão, com certeza, os incentivos fiscais.

(*) Domingos Orestes Chiomento é presidente do CRC SP (Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo).
Fonte:http://www.sbpcpe.org/index.php?dt=2010_11_04&pagina=noticias&id=06038

JOVENS BRASILEIROS ESTÃO CADA VEZ MAIS DEPENDENTES DA WEB, REVELA PESQUISA

Fonte: Cotidiano Digital de 03.11.2010

Comportamentos merecem atenção: jovens acessam a web de seus próprios quartos, passam noites em claro teclando, se consideram viciados e muitos são vítimas de alguma forma de violência na internet

Como os jovens brasileiros se comportam na Internet? Este foi o tema da sexta edição do projeto “Este jovem brasileiro”, desenvolvido pelo Portal Educacional (www.educacional.com.br) para entender o comportamento dos jovens e refletir, junto com eles, sobre assuntos cruciais para sua vida. Neste ano, mais de 10,5 mil alunos de 13 a 17 anos, de 75 escolas da rede particular de ensino de todo o país, participaram da pesquisa. Eles responderam anonimamente a um questionário online sobre seus hábitos de uso da Internet, relações virtuais, exposição, violência e situações hipotéticas que podem ocorrer com quem usa a rede.

“Os dados sobre o uso da Internet pelo jovem revelam uma série de comportamentos que merecem ser melhor entendidos e discutidos. Como um espaço novo de relacionamento, ela exige uma série de cuidados e limites que não estão muito claros, nem para os próprios jovens, nem para os pais e professores”, comenta Jairo Bouer, médico psiquiatra e coordenador da pesquisa. Segundo ele, não é o caso de impor limites e regras e controlar a vida dos jovens na Internet, mas sim mostrar os riscos que existem. “É importante que eles próprios aprendam a criar seus filtros e a lidar com essas situações de uma forma mais segura e responsável”, diz Bouer.

Entre os participantes da pesquisa, 99% têm computador em casa, metade no próprio quarto, e 55% usam computador todos os dias, sendo que 40% usam Internet de 2 a 4 horas por dia durante a semana, mas 15% ficam conectados por mais de 8 horas. Nos finais de semana, o número de horas de conexão é maior, e as redes sociais (MSN, Facebook, Orkut) são a categoria mais acessada, o que sinaliza que muitos estão trocando horas de lazer e convivência com os amigos para ficar na frente do computador. Mais de 20% dos participantes avaliam que seu uso de Internet está acima do normal ou se consideram dependentes e 17% enfrentam conflitos com os pais por conta do excesso de uso.

A sexta edição do projeto “Este jovem brasileiro” confirma dados já observados em edições anteriores no que diz respeito à forma como os jovens estão se relacionando: 60% dos participantes da pesquisa já usaram a Web como forma de conhecer pessoas, sendo que desses, 27% usaram as redes sociais para tanto; 38% já fizeram amigos na Internet que trouxeram para a vida real e 25% já “ficaram” com pessoas conhecidas por meio da rede. Ao se aproximar de um desconhecido, 97% dizem não confiar logo de cara em quem conhecem pela rede - 44% admitem a possibilidade de marcar encontros reais, 32% seriam muito cuidadosos, 10% teriam algum tipo de cuidado, mas 2% não teriam maiores preocupações.

Outra questão importante é como o jovem se expõe na Internet e se ele tem noção do impacto que essa exposição pode ter em sua vida futura. As respostas revelam que 36% costumam postar comentários na Internet, e 71% costumam postar fotos; 7% já colocaram fotos ou filmes mais ousados na rede. 35% não usam filtros para impedir que qualquer um acesse as suas informações e quase 7% costumam abrir a webcam para pessoas que não conhecem. Do outro lado, muitos já enfrentaram problemas por causa dos conteúdos publicados na Internet: 17% no namoro, 11% na escola e 19% com os amigos. Além disso, 10% já enfrentaram problemas por causa de imagens ou posts publicados por outras pessoas na rede.

A violência também foi abordada na pesquisa, e entre os entrevistados, 69% concordam que o anonimato da Internet estimula as pessoas a ofenderem umas às outras, e 29% já fizeram algum comentário ou tiveram alguma atitude ofensiva com amigos ou desconhecidos na Internet. Nas respostas, 31% disseram que já foram vítimas de alguma forma de violência, 11% de preconceito e 15% já se sentiram mal em função de alguma agressão sofrida. Mais de 3% evitaram sair de casa, falar com alguém ou ir à escola por algum problema surgido na Internet.

A pesquisa também propôs uma série de situações que podem vir a acontecer com quem utiliza a Internet, pedindo que os participantes contassem se já tinham vivenciado ou conheciam amigos que tinham passado por essas situações, e que avaliassem a chance dessas situações acontecerem. Entre as situações hipotéticas estavam, por exemplo, sofrer ameaças ou pressões depois de abrir a webcam para desconhecidos, ter problemas no namoro em função de comentários publicados, ser vítima de preconceitos ou comentários maldosos ou sofrer restrições do uso da Internet pelos pais depois de algum tipo de exposição. Apesar da maioria ter dito que essas situações nunca aconteceram com eles ou com amigos próximos, os resultados mostram que os jovens estão por dentro dos riscos e sabem que essas situações vem acontecendo cada vez mais.

O projeto procurou ainda checar se alguns tipos de comportamento na Internet poderiam estar potencializados em alguns grupos de jovens. A conclusão é que quem falta muito e vai mal na escola, tem problemas emocionais frequentes, relação péssima em casa ou pai e mãe que já faleceram, fuma, usa drogas ou bebe com freqüência, tem maiores riscos de exagerar no uso da Internet, passando noites em claros e criando dependência, de desenvolver comportamentos que coloquem em risco sua segurança, criem problemas de relacionamento com os amigos ou causem exposição indesejada, e ainda de fazer comentários ou agir de modo ofensivo. “Para os jovens que fazem parte de algum dos grupos citados, é uma boa ideia prestar mais atenção no próprio comportamento na Internet e procurar alguma forma de ajuda caso sinta necessidade. E o mesmo vale caso se perceba esse tipo de risco e de comportamento com um amigo”, aconselha Bouer.

O projeto Este jovem brasileiro é realizado anualmente pelo Portal Educacional, abordando temas que preocupam pais, educadores e a sociedade. Neste ano, o questionário sobre como o jovem se comporta na Internet foi respondido no período de 01 de junho a 31 de agosto. Os resultados, comentados pelo Dr. Jairo Bouer, serão apresentados no Portal Educacional para os alunos e colocados em discussão, levando os estudantes a refletir sobre o tema. Nas edições anteriores do projeto, os estudantes responderam questionários e discutiram sobre Comportamento e risco, Valores e atitudes, Relações familiares, Sexualidade e Álcool.
Fonte:http://www.sbpcpe.org/index.php?dt=2010_11_04&pagina=noticias&id=06038

Novo sistema holográfico permite respostas em tempo real

Cientistas desenvolveram processo utilizando material foto-refrativo que permite mudanças de imagens quase em tempo real. Sistema antigo realizava atualizações em cerca de 4 minutos


Cientistas da Faculdade de Ciências Óticas da Universidade do Arizona anunciaram avanços na tecnologia que permite o uso de hologramas para exibição de imagens em 3D. A equipe conseguiu reduzir o tempo de atualização que as projeções levam por conta de um novo material foto-refrativo que, da mesma forma que outros sistemas holográficos, não é necessário o uso de óculos especiais para visualizar a profundidade.

A velocidade com que a imagem é atualizada faz grande diferença para o telespectador. Na antiga tecnologia, o tempo para uma imagem surgir era de aproximadamente três a quatro minutos e, para que ela desaparecesse, era necessário cerca de um minuto. Esse novo material permite uma atualização de imagens que leva apenas alguns segundos.

O novo sistema holográfico é descrito como o primeiro a atingir uma velocidade que pode ser apontada como muito próxima ao tempo real.

Por enquanto, o sistema pode apresentar hologramas em uma tela de 10 polegadas através do uso de câmeras que fazem registros regulares de vários ângulos diferentes, posteriormente processados para criar a imagem 3D. Em seguida, um feixe de laser de pulsação rápida permite que as imagens sejam gravadas em um polímero foto-refrativo, que registra pixels holográficos chamados de hogels.

A pretensão é de que a tecnologia seja utilizada em sinalização digital, atualização de mapas, sistemas de comunicação e até mesmo dispositivos de entretenimento.

Confira uma demonstração do sistema no vídeo abaixo:

Fonte:http://olhardigital.uol.com.br/produtos/digital_news/novo-sistema-holografico-permite-respostas-em-tempo-real/14681

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Índico: criada maior reserva mundial

Reino Unido transforma Arquipélago de Chagos em área de proteção

A maior reserva marinha totalmente protegida do mundo enfim saiu do papel. Administrada pelo governo britânico, ela conta com 544 mil km² - o dobro do tamanho do Reino Unido - e comporta todo o Arquipélago de Chagos, no Oceano Índico. A pesca comercial será proibida em todo o seu perímetro.

Embora sua criação seja aplaudida por especialistas, sobram ressalvas de que o esforço não é o suficiente para a comunidade internacional cumprir suas metas.

Em 2002, as nações participantes da Convenção da Diversidade Biológica e da Cúpula da Terra para o Desenvolvimento Sustentável comprometeram-se a proteger, até 2012, 10% da área ocupada pelos oceanos do planeta. Hoje, a apenas 15 meses do fim do prazo, estima-se que apenas 1,17% deste território está sob alguma forma de proteção. Diante da impossibilidade de cumprir a promessa, o prazo foi estendido na semana passada para 2012.

A medida não agradou aos pesquisadores da vida marinha, que sustentam que o acordo instituído é menos ambicioso do que o necessário. De acordo com suas estimativas, é preciso proteger um terço das águas oceânicas para que as espécies presentes naquele habitat possam por sua sobrevivência.

- O fracasso em se aproximar das metas originais resultará em uma perda maciça de recursos marinhos e, consequentemente, em menos formas de sustento - pondera Heather Koldewey, administradora do Programa Internacional de Conservação Marinha e de Água Doce da Sociedade Zoológica de Londres. - Seria necessário dedicar de 30 a 40 por cento dos ambientes aquáticos a alguma forma de conservação.

O biólogo marinho Charles Sheppard, da Universidade de Warwick, na Inglaterra, acredita que a criação de mais reservas marinhas é vital para manter "vida suficiente nos oceanos".

- Os governos precisam enfrentar o lobby da pesca industrial antes que seja tarde demais - alerta. - Não podemos suportar mais atrasos, quando seus compromissos já deveriam estar sendo honrados.

A reserva de Chagos é lar de espécies ameaçadas de extinção como tartarugas de mar verde e golfinhos, além de contar com um dos maiores recifes de coral do mundo - um habitat para mais de 1.200 espécies. Sua vida marinha foi duramente atingida pela prática descontrolada da pesca.

A Sociedade Zoológica de Londres estima que, nos últimos cinco anos, cerca de 60 mil tubarões, entre outras espécies, foram capturados como um "complemento acidental" da pesca comercial de atum.
(O Globo, 2/11)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=74465

O fim do resfriado comum

Cientistas descobrem anticorpos que atacam vírus antes que ele domine células

Num avanço que beneficiará milhões de pessoas, cientistas mostraram pela primeira vez que o sistema de defesa do corpo pode destruir o vírus do resfriado comum depois que este invade uma célula humana; um feito que, até agora, se imaginava, impossível. Não existem drogas específicas contra o resfriado - todas combatem os sintomas.

A descoberta abre caminho para o desenvolvimento de uma nova classe de drogas antivirais capazes de reforçar o mecanismo natural de eliminação de vírus dentro das células.

Os cientistas acreditam que os primeiros testes clínicos com novos medicamentos podem começar dentro de dois a cinco anos.

Segundo os autores, muitos outros vírus responsáveis por uma série de doenças também podem ser alvo da nova abordagem. Entre eles estão o norovírus, que causa infecção gástrica, e o rotavírus, responsável por diarreia grave.

Os vírus são os maiores assassinos da Humanidade, causadores de duas vezes mais mortes do que o câncer, essencialmente porque podem ficar dentro das células, escondidos das defesas imunológicas. Porém, o estudo realizado por uma equipe do Laboratório de Biologia Molecular da Universidade de Cambridge mostrou que a teoria sobre os limites do sistema imunológico era errada. Anticorpos antivirais podem entrar na célula e desencadear uma rápida destruição do invasor.

- Em qualquer livro de imunologia você vai ler que uma vez que um vírus toma conta de uma célula, já era - disse Leo James , que liderou a equipe da pesquisa, publicada na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences".

Mas a equipe de James descobriu que anticorpos produzidos pelo sistema imunológico, que reconhecem e atacam os vírus invasores, na verdade, pegam carona para o interior da célula com o vírus invasor.

Uma vez dentro da célula, o anticorpo é reconhecido por uma proteína que ocorre naturalmente, chamada TRIM21. Esta por sua vez aciona um poderoso mecanismo de destruição do vírus, eliminando o inimigo dentro de duas horas. Isto ocorre antes que o vírus tenha a chance de seqüestrar a célula para começar a fazer suas próprias proteínas.

- Esta é a última oportunidade que uma célula tem antes de ser infectada - explicou James. - O anticorpo é anexado ao vírus e, quando o invasor é sugado para dentro da célula, o anticorpo permanece colado nele. Não há nada nesse processo que o derrube - E tudo que está ligado ao anticorpo é reconhecido como estranho e destruído.

Antes se pensava que os anticorpos do sistema imunológico trabalhavam totalmente fora das células, no sangue e em outros fluidos extracelulares do corpo.

Novo spray nasal seria mais eficaz

Agora, os cientistas sabem que há uma outra frente de defesa no interior das células humanas. E talvez seja possível melhorar essa defesa natural e evitar suas falhas.

- O bom é que para cada caso de infecção, há também uma oportunidade para os anticorpos nas células agirem - disse James. - Este sistema lembra uma emboscada.

Uma possibilidade é que a proteína TRIM21 possa ser usada num spray nasal para combater os diversos tipos de vírus que causam o resfriado comum, como rinovírus.
(Steve Connor, do Independent)
(O Globo, 3/11)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=74467

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Portinari na internet e para todos

3/11/2010

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Pesquisador das áreas de engenharia de telecomunicações e de matemática, João Candido Portinari deixou a carreira acadêmica de lado há 35 anos, quando decidiu se dedicar integralmente a um projeto grandioso: localizar, digitalizar e catalogar as mais de 5 mil obras de seu pai, Candido Portinari (1903-1962), um dos principais artistas brasileiros.

O Projeto Portinari conseguiu disponibilizar em forma digital praticamente toda a obra do artista. De acordo com João Candido, a iniciativa é uma forma de corrigir uma consequência perversa da importância e do reconhecimento da obra de seu pai: com a maior parte de seus quadros dispersa em coleções privadas de todo o mundo, o pintor que dedicou sua vida a retratar o povo tem sua obra inacessível ao público geral.

Depois de 20 anos de pesquisas, qualificadas por João Candido como “um verdadeiro trabalho de detetive”, toda a obra foi catalogada. Nos últimos 13 anos, o Projeto Portinari tem divulgado a obra do pintor por todo o Brasil, realizando exposições itinerantes em comunidades afastadas, com foco especial nas crianças.

O próximo passo do projeto será grandioso: trazer de volta ao Brasil, temporariamente, a obra Guerra e Paz: dois painéis de 14 metros de altura que foram concebidos especialmente para a sede das Nações Unidas, em Nova York.

Com a sede passando por uma grande reforma, o Projeto Portinari conseguiu a guarda dos dois painéis até 2013. A obra, concluída em 1956, foi a última de Portinari e causou sua morte. Durante os cinco anos em que trabalhou nos painéis de 140 metros quadrados, o pintor já estava intoxicado pelo chumbo das tintas a óleo. Ele morreria no início de 1962 em decorrência do envenenamento.

Considerada pelo próprio Portinari como sua melhor obra, os painéis de Guerra e Paz serão apresentados em dezembro, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, cidade onde foram apresentadas ao público brasileiro por uma única vez antes de serem embarcados para os Estados Unidos, há 53 anos. Em seguida, serão submetidos a uma restauração que poderá ser acompanhada pelo público, em processo que levará alguns meses. Após o restauro, passarão por diversas cidades, acompanhados de 120 estudos preparatórios executados por Portinari entre 1952 e 1956.

No dia 21 de outubro uma exposição com as 25 obras de Portinari que ilustram o Relatório de Atividades FAPESP 2009 foi inaugurada na sede da Fundação, em São Paulo. Na ocasião, João Candido concedeu à Agência FAPESP a seguinte entrevista:

Agência FAPESP – O Projeto Portinari fez a digitalização de praticamente todas as obras de seu pai. Quais foram as dificuldades encontradas para realizar o levantamento de uma obra tão extensa?
João Candido Portinari – De fato é uma obra extensa. Conseguimos catalogar mais de 5 mil obras. Esse número correspondia à estimativa que tínhamos, antes de iniciar o trabalho, de que ele teria produzido um trabalho a cada três dias, em média, durante cerca de 40 anos, incluindo os grandes painéis e murais que levavam vários meses ou anos para ser realizados. Quando começamos o levantamento, a situação era dramática, pois o paradeiro da maioria das obras era desconhecido, não havia nenhum museu, nenhum catálogo e os livros sobre sua vida e obra estavam esgotados.. Foi um trabalho de detetive que consumiu muitos anos, porque se trata de uma obra dispersa não só em coleções privadas do Brasil, mas em vários países. Encontramos obras nas Américas, na Finlândia, na antiga Tchecoslováquia, no Canadá, na África do Sul, em Israel, no Haiti e em muitos outros países.

Agência FAPESP – Quanto tempo levou esse processo?
João Candido– Essa fase de atividade de rastreamento, localização, catalogação e digitalização consumiu inteiramente os primeiros 20 anos do projeto. Foi uma aventura que só teve sucesso graças à solidariedade da sociedade brasileira. Esse trabalho imenso não se restringiu apenas ao levantamento das obras, conseguimos também reunir mais de 30 mil documentos.

Agência FAPESP – Qual é a natureza dessa documentação?
João Candido – Todo tipo de documento, incluindo 9 mil cartas que Portinari trocou com intelectuais e artistas de sua época, como Mario de Andrade, Manuel Bandeira, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Luís Carlos Prestes, Heitor Villa-Lobos, Cecília Meirelles, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade e muitos outros. É um tesouro extraordinário. Além disso, temos 12 mil recortes de periódicos que vão de 1920 até os dias de hoje. Além de compilar esse material, também produzimos novos documentos. Fizemos um programa de história oral que, ao longo de anos, entrevistou 74 contemporâneos de Portinari. Disso resultaram 130 horas gravadas em vídeo, que não se restringem a comentar sobre Portinari ou arte, mas também abordam preocupações estéticas, culturais, sociais e políticas daquela geração. Tudo isso está consubstanciado em um site, onde qualquer um pode encontrar toda a documentação.

Agência FAPESP – O Projeto Portinari tem uma sede física ou se concentra no universo virtual?
João Candido– Nossa sede fica na PUC-RJ, no Rio de Janeiro, mas você tem razão em dizer que se trata de algo primordialmente virtual. O projeto poderia estar em qualquer lugar, pois não temos nenhuma obra original, apenas reunimos os conteúdos e a pesquisa sobre o artista. Projetamos criar, no futuro, um Museu Portinari, no qual o público pudesse ter contato, em um só lugar, com toda a obra do artista. Faríamos isso com reproduções impressas em alta definição. Avaliamos que reunir reproduções de alta qualidade das 5 mil obras sairia mais barato do que fazer um museu com apenas dez obras originais. Foi o que a FAPESP fez com a exposição de reproduções atualmente em sua sede.

Agência FAPESP – Podemos dizer que, em relação ao tamanho de sua obra, Portinari é pouco conhecido?
João Candido – Sim, essa foi uma das principais motivações para o projeto e é também o que nos inspira o sonho de um dia ter um Museu Portinari. Meu pai dizia que sua obra era dedicada ao povo, mas o destino dela foi vítima de uma ironia perversa: hoje, o povo não tem acesso à sua obra, que está dispersa em coleções privadas e museus em várias partes do planeta. Isso motivou o questionamento de Antonio Callado: "segregado em coleções particulares, em salas de bancos, Candinho vai se tornando invisível. Vai continuar desmembrado o nosso maior pintor, como o Tiradentes que pintou?".

Agência FAPESP – Com a conclusão da catalogação e digitalização das obras, o Projeto Portinari cumpriu sua missão?
João Candido – Não, pelo contrário, consideramos que o verdadeiro trabalho começou a partir do momento em que tivemos todos os conteúdos levantados, catalogados, cruzados entre si e pesquisados minuciosamente. Desde então, passamos a desenvolver uma série de ações. A mais importante delas é o trabalho com crianças, realizado nos últimos 13 anos: o Brasil de Portinari.

Agência FAPESP – Como é desenvolvido esse trabalho?
João Candido– Percorremos escolas, centros culturais e prefeituras em todos os estados brasileiros. Visitamos também hospitais, populações ribeirinhas e presídios. Mas a prioridade é apresentar o trabalho às crianças. Realizamos, por exemplo, uma excursão no Pantanal recebendo crianças para uma exposição em um barco. Em 2009, fizemos uma parceria com a Marinha e percorremos o Amazonas e seus afluentes, ficando 19 dias no rio Purus. Nos navios, moradores de povoados muito precários têm contato com a obra de Portinari e recebem assistência médica e odontológica, tiram documentos, entre outras atividades.

Agência FAPESP – Como é a reação das crianças?
João Candido – Às vezes as crianças têm uma percepção visual bem mais aguçada que a dos adultos. Eles se envolvem muito e entendem imediatamente o que diz o pintor. O resultado tem sido de um sucesso extraordinário. Procuramos incentivar a criança a uma reflexão crítica sobre a realidade do mundo. A ideia é colocá-los em contato com a obra de Portinari e sua poderosa mensagem de não-violência, de fraternidade, de solidariedade, de compaixão e de respeito pelo sagrado da vida. Nada disso seria possível com uma obra que não tivesse a força do trabalho de Portinari.

Agência FAPESP – Podemos dizer que a força do trabalho de Portinari vem da preocupação com a questão social?
João Candido – Sim e isso é muito interessante. O trabalho do meu pai foi caracterizado por um experimentalismo incessante – a ponto de críticos dizerem que em sua obra há uma dezena de pintores diferentes. Mas a temática é sempre a mesma: a profunda preocupação social. Ele foi mudando o estilo e a forma de expressão. Dava importância à técnica, dizia que sem ela é impossível expressar o que vai na alma, mas destacava que seu tema era o homem. Está presente invariavelmente em sua obra esse desejo profundo de solidariedade e de compaixão.

Agência FAPESP – O excluído é o personagem central da obra do pintor?
João Candido – O excluído é um personagem absolutamente central. Ele vivia em uma região cafeeira do interior paulista que era passagem de retirantes que vinham do Nordeste. Isso impressionou de forma indelével as retinas daquele menino que presenciou a tragédia das famílias que viajavam em condições desumanas. Essa experiência despertou nele, de forma muito precoce, um sentimento de solidariedade incondicional com o excluído. Eu diria que esse sentimento solidário – e de revolta e denúncia contra a violência e as injustiças – é uma das características mais fundamentais para compreender Portinari. Esse foco na exclusão encontraria sua síntese máxima em sua última obra, os monumentais painéis Guerra e Paz. Ali, o excluído é a espécie humana inteira, submetida ao flagelo da guerra e excluída da paz.

Agência FAPESP – Quais são os outros temas importantes em Portinari?
João Candido – A partir desse eixo da preocupação com a exclusão social, a temática dele é muito abrangente, abordando questões universais e trazendo também um grande retrato do Brasil. Algo que pouca gente sabe, por exemplo, é que Portinari foi um dos maiores pintores sacros do mundo. É extraordinário como pintou tantas vezes o Cristo e as cenas bíblicas. Uma produção sacra que levou Alceu Amoroso Lima – grande pensador católico – a levantar um intrigante paradoxo: como um pintor comunista como Portinari fazia a pintura sacra com tanto fervor.

Agência FAPESP – Trata-se de fato de um paradoxo?
João Candido – O próprio Amoroso Lima concluiu que não havia paradoxo quando foi a Brodowsky, cidade natal de Portinari, visitar sua casa. Conhecendo a mãe, a avó e as tias do pintor, compreendeu que se tratava de uma típica família matriarcal italiana, de católicas fervorosas. E percebeu que não havia contradição: Portinari era um homem de um misticismo ancestral e nunca abandonou isso. Ele se recusou a seguir as diretivas do Partido Comunista Russo, de que os pintores socialistas deviam seguir os cânones do realismo socialista. Luis Carlos Prestes, que era seu amigo, teve a grandeza de perceber essa dimensão e não fazer qualquer restrição ao meu pai no Partido Comunista.

Agência FAPESP – Além da temática religiosa, o que é mais presente em sua obra?
João Candido – Por tomar para si o partido do desfavorecido, Portinari se tornou um dos maiores pintores de negros das Américas. Isso foi dito por Assis Chateaubriand, que escreveu um texto sobre a presença da África na obra de meu pai: "Portinari é o maior e mais fantástico pintor de negros que ainda viu a espécie humana. Ele sente a África com sua magia, os seus mistérios, a sua volúpia, como nenhum outro artista do pincel". A infância também é um tema recorrente. A infância está em sua obra poética, lírica. Porque é uma infância do interior do Brasil, que, apesar de ser pobre é passada sob as estrelas, no mato, brincando na rua, com animais. Isso está na obra dele de forma riquíssima, impregnada de poesia. Outro elemento é o trabalho. O trabalhador é um tema que percorre toda a sua trajetória. Tudo isso foi abordado de uma forma que apresenta sempre uma dialética entre o drama e a poesia, entre a fúria e a ternura e entre o trágico e o lírico. Em qualquer ponto da trajetória de Portinari veremos essa dialética.

Agência FAPESP – O senhor é pesquisador do ramo de engenharia de telecomunicações. Como foi sua carreira acadêmica? Ainda atua na área?
João Candido – Estudei matemática na França e lá prestei concurso para escolas de engenharia e me formei em telecomunicações. Fiz o doutoramento no Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), ainda na área de engenharia elétrica, mas já com meu interesse todo voltado, novamente, para matemática. Terminando o doutoramento, depois de dez anos fora do Brasil, em 1966 fui convidado pela PUC do Rio de Janeiro para ajudar a criar seu Departamento de Matemática. Eu tinha 28 anos. No ano seguinte fui diretor do departamento e fiquei 13 anos totalmente absorvido na pesquisa, ensino e administração. Em 1979 concebemos o Projeto Portinari. Rapidamente vi que seria impossível conciliar as duas atividades, porque o projeto ia se desdobrando e, infelizmente, tive que abrir mão da matemática.
Fonte:http://www.agencia.fapesp.br/materia/12986/portinari-na-internet-e-para-todos.htm

Unesp oferece curso de difusão científica

3/11/2010

Agência FAPESP – O Instituto de Biociências (IB) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Botucatu, oferece o curso “Unesp Difundindo e Popularizando a Ciência”, voltado a professores do ensino básico e alunos do ensino médio.

O curso – ministrado durante as férias escolares de janeiro – oferece aulas gratuitas com o objetivo de promover a popularização da ciência por meio da difusão de avanços recentes em biologia, ciências e tecnologias.

O projeto, realizado desde 2007, pretende promover a atualização em conteúdos específicos da grade curricular e em recentes avanços de ciências, por meio de atividades que desenvolvam a curiosidade e a criatividade.

As aulas ocorrerão de 24 a 29 de janeiro de 2011, das 8h30 às 17h30. A Unesp oferecerá auxílio para alimentação e transporte aos participantes.

Serão oferecidas oficinas para os alunos, com os temas “Experimentando genética”, “Investigando a vida das plantas” e “Reprodução de A a Z”. Para os professores do ensino básico (ensinos infantil, fundamental e médio) o tema será “Experimentando a genética”.

Haverá uma seleção que privilegiará alunos de escolas públicas e levará em conta o interesse demonstrado pelos temas das aulas.

Os interessados devem preencher um formulário disponível no site do projeto e enviá-lo para o e-mailawasko@ibb.unesp.br . Também é possível se inscrever pessoalmente, no Departamento de Genética do IB.

Mais informações e inscrição: www.ibb.unesp.br/extensao/difundindo_popularizando_ciencia/index.php
Fonte:http://www.agencia.fapesp.br/materia/12989/unesp-oferece-curso-de-difusao-cientifica.htm

Brasil é primeiro na Olimpíada Ibero-Americana de Química

3/11/2010

Agência FAPESP – O Brasil ficou em primeiro lugar na 15ª Olimpíada Ibero-Americana de Química, encerrada no dia 29 de outubro, na Cidade do México.

Pela segunda vez consecutiva o primeiro lugar geral da olimpíada ficou com Raul Bruno Machado da Silva, do Colégio Ari de Sá, no Ceará. Os paulistas André Silva Franco e Jéssica Kazumi Okuma, ambos do Colégio Etapa, ganharam medalha de ouro, e Felipe Mendes Santos, do Colégio Militar de Brasília, ficou com bronze.

Na competição entre países, o Brasil também terminou na primeira colocação. O evento de oito dias foi realizado na Cidade do México e reuniu alunos do ensino médio de 13 países, que foram avaliados em exames teóricos e de laboratório. Cada país foi representado por quatro estudantes escolhidos em seleções nacionais de seus respectivos locais de origem.

Os brasileiros foram selecionados por meio do Programa Nacional Olimpíadas de Química, promovido pela Associação Brasileira de Química com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Mundo das baterias

Estão abertas até 29 de novembro as inscrições para a Olimpíada de Química do Estado de São Paulo (OQSP-2011). Podem participar alunos paulistas da 1ª e 2ª séries do ensino médio. A seleção envolve a produção de uma redação. O tema desse ano é “Do marca-passo ao carro elétrico: o mundo das baterias”.

Os professores farão a seleção das melhores redações e cada escola providenciará a inscrição de duas redações.

Os 40 vencedores da fase final da OQSP serão inscritos pela Associação Brasileira de Química na Olimpíada Brasileira de Química. Mas somente estudantes de 1ª série (em 2010) poderão alcançar a Olimpíada Internacional de Química.

Mais informações: http://allchemy.iq.usp.br
Fonte:http://www.agencia.fapesp.br/materia/12990/brasil-e-primeiro-na-olimpiada-ibero-americana-de-quimica.htm

Robô atolado em Marte encontra indícios de água

Laboratório em Marte

Parece que o plano de transformar o robô marciano Spirit em um laboratório fixo está dando mais resultados do que deixá-lo andando por Marte.

Cientistas da NASA acabam de anunciar que o terreno onde o robô está encalhado desde o ano passado tem indícios de que água líquida, oriunda provavelmente de neve derretida, escorreu para o subsolo de forma contínua em um passado geologicamente recente.

Depois de inúmeras tentativas para desatolar o robô, preso pelo umbigo em uma pedra, depois que suas rodas afundaram na areia mais do que o previsto, a NASA optou por transformar o Spirit em um laboratório fixo em Marte.

Apesar disso, alguns membros da missão ainda têm esperança de que, no próximo verão marciano, os painéis solares do robô recebam energia suficiente para novas tentativas de movê-lo.

Mas a experiência está mostrando que uma parada de vez em quando faz bem, mesmo para robôs.

Infiltração de água

Os instrumentos do Spirit identificaram camadas de solo estratificadas, com diferentes composições, próximas à superfície, sendo que os minerais mais solúveis desceram para camadas mais profundas do que os minerais não-solúveis.

A melhor hipótese para a observação é que a água fluiu do solo para o subsolo, diluindo os minerais e levando-os para camadas mais profundas. A análise é assinada por nada menos do que 37 cientistas, em um artigo publicado no Journal of Geophysical Research.

A infiltração poderia ter acontecido durante as mudanças climáticas cíclicas do planeta, nos períodos em que Marte sofre uma inclinação em seu eixo. A inclinação do eixo de rotação varia em escalas de tempo de centenas de milhares de anos.

Os minerais insolúveis mais próximos da superfície incluem o que parece ser hematita, sílica e gesso. Sulfatos férricos, que são mais solúveis, parecem ter sido dissolvido e levados junto com a água para camadas mais profundas. Nenhum desses minerais foi encontrado exposto na superfície, que é coberta por areia e poeira.

O irmão gêmeo do Spirit, o robô Opportunity, continua em uma longa jornada rumo a uma grande cratera, chamada Endeavour. Ele está agora a cerca de 8 quilômetros de distância de seu objetivo.

Bibliografia:

Spirit Mars Rover Mission: Overview and selected results from the northern Home Plate Winter Haven to the side of Scamander crater
R. E. Arvidson et al.
Journal of Geophysical Research
Vol.: 115, E00F03
DOI: 10.1029/2010JE003633
Fonte:http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=robo-marte-encontra-indicios-agua&id=020130101029&ebol=sim

Técnica de busca rastreia ideias mais influentes

Cientistas da computação da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, desenvolveram uma nova maneira de rastrear as origens e a propagação de ideias.

Segundo eles, a técnica pode ajudar a avaliar a influência que será alcançada não apenas por artigos científicos, mas também por notícias que se tornam manchetes e alcançam grandes audiências, e até por comentários que "viralizam".

Metamorfose da linguagem

O método se baseia em algoritmos de computador que analisam como a linguagem se metamorfoseia ao longo do tempo dentro de um grupo de documentos - sejam eles trabalhos de pesquisa em física quântica ou posts em um blog sobre política.

O resultado dessa análise na transformação da linguagem é uma avaliação de quais textos foram os mais influentes.

"A questão é ser capaz de administrar a explosão de informações possibilitada pelos computadores e pela Internet", diz David Blei, explicando o elemento motivador da pesquisa.

"Estamos tentando entender como os conceitos são gerados e se modificam. Talvez você queira saber quem cunhou um certo termo, como 'quarks', ou pesquisar notícias antigas para descobrir onde foi o primeiro protesto contra a guerra nos anos 1960," exemplifica ele, citando "primeiros casos" que depois se espalharam pelo mundo.

Blei afirma que a técnica poderá futuramente ser utilizada por historiadores, cientistas políticos e outros estudiosos para estudar como as ideias surgem e se espalham.

Ideias influentes

Mecanismos de busca, como o Google e o Bing, são exemplos de técnicas de localizar informações de muito sucesso. Mas os critérios usados por eles não refletem a influência que um artigo inicial teve ou terá.

Os cientistas também se interessam muito pelo assunto, na tentativa de quantificar o impacto de um artigo científico. Normalmente isso é feito contando o número de vezes que outros pesquisadores citaram o artigo.

Mas o que fazer quando se quer saber a influência de um post em um blog, de uma notícia de um jornal ou mesmo de uma patente registrada por um inventor?

Blei e seu colega Sean Gerrish decidiram se voltar para o próprio documento, analisando como a linguagem muda ao longo do tempo: documentos que se tornam influentes em um campo vão estabelecer novos conceitos e novos termos que vão mudar os padrões de palavras e frases usadas nos trabalhos posteriores.

"Pode haver um artigo que introduza, por exemplo, o laser, que será mencionado em artigos subsequentes", explica Gerrish. "A premissa é que um artigo introduz a linguagem que será adotada e usada no futuro."

Encontrando documentos esquecidos

A primeira versão do programa é capaz de analisar cada artigo e sua influência ao longo de décadas em três publicações científicas: Nature, Pnas e Antologia da Associação para a Linguística Computacional.

As publicações científicas foram escolhidas porque isso permitiu comparar o resultado do novo programa com o método tradicional de medir o impacto acadêmico de um artigo, que possui técnicas reconhecidamente eficientes de avaliação.

Os pesquisadores afirmam que seus resultados coincidiram com a avaliação tradicional em cerca de 40 por cento do tempo.

Mais importante, porém, eles descobriram artigos que tiveram uma forte influência sobre a linguagem da ciência, mas que não foram muito citados. Em outros casos, eles descobriram que artigos que foram citados com frequência não tiveram muito impacto sobre a linguagem utilizada em seu campo.

Os pesquisadores afirmam que não pretendem que seu modelo seja um substituto para a contagem do número de citações, mas que ele representa um método alternativo para medir a influência de um artigo.

Com a vantagem de que a técnica pode ser estendida para encontrar notícias, sites e documentos legais e históricos influentes.
Fonte:http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=ideias-mais-influentes&id=010150101101&ebol=sim

"Ciência Hoje On-line": Um debate necessário

Deixada de lado nas eleições para presidente, discussão sobre a descriminalização das drogas mobiliza o meio acadêmico

No encontro anual da Anpocs, intelectuais de diversas áreas defenderam a mudança da política brasileira contra as drogas, marcada pela proibição e pelo enfrentamento.

As políticas públicas em relação às drogas são tema de discussão e objeto de reformulação de leis e de suas interpretações em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Embora a discussão sobre o tema tenha sido deixada de lado nas eleições deste ano - pouco se disse além da posição "a favor" ou "contra" dos candidatos -, o cenário é diferente no meio acadêmico, no qual o debate em torno da descriminalização tende a assumir uma posição cada vez mais central.

Leia a matéria completa na CH On-line, que tem conteúdo exclusivo atualizado diariamente:
http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2010/10/um-debate-necessario
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=74411

Planetas como a Terra podem ser comuns

Análise de 166 estrelas a até 80 anos-luz conclui que de cada 100 parecidas com o Sol 23 teriam planetas com tamanho semelhante ao da Terra

A busca por planetas parecidos com a Terra tem tudo para se mostrar altamente frutífera. Um novo estudo aponta que sistemas como o Solar são comuns e que quase um quarto de todas as estrelas como o Sol podem ter planetas de tamanho semelhante ao da Terra.


Andrew Howard, da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, e colegas observaram durante cinco anos 166 estrelas das classes G e K localizadas a até 80 anos-luz da Terra, com o telescópio Keck, no Havaí.

O Sol é a mais conhecida estrela do tipo G, que são amarelas. As estrelas do tipo K são um pouco menores e laranja ou vermelhas.

O estudo procurou determinar número, massa e distância orbital dos planetas dessas estrelas. O trabalho se baseou em observações e estimativas, uma vez que das estrelas analisadas apenas 22 têm planetas que já foram detectados.

A pesquisa, feita por um grupo de cientistas dos Estados Unidos, China e Japão, incluiu um grande número de pequenos planetas, até o menor tamanho detectável atualmente de corpos chamados de super-Terra, com cerca de três vezes a massa terrestre.

"De cada 100 estrelas parecidas com o Sol, uma ou duas têm planetas com massa semelhante à de Júpiter, seis parecidas com a de Netuno e 12 têm entre três e dez vezes a massa terrestre. Se extrapolarmos a relação para planetas do tamanho da Terra, podemos estimar que encontraremos cerca de 23 deles para cada 100 estrelas", disse Howard.

"Essa é a primeira estimativa, baseada em medidas reais, da fração de estrelas que têm planetas do tamanho da Terra", destacou Geoffrey Marcy, também de Berkeley e outro autor do estudo que foi publicado na edição desta sexta-feira (29/10) da revista Science.

"Isso significa que quando a Nasa [agência espacial norte-americana] desenvolver novas técnicas na próxima década para tentar encontrar planetas com tamanho realmente parecido com o da Terra não será preciso procurar muito", disse Howard.

O artigo The Occurrence and Mass Distribution of Close-in Super-Earths, Neptunes, and Jupiters, de Andrew Howard e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org
(Agência Fapesp, 29/10)

Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=74409

Um jeito hacker de ser, artigo de Nelson Pretto

"A troca permanente de informações e conhecimentos possibilita a implantação de um círculo virtuoso de produção coletiva"

Nelson Pretto é professor associado da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Artigo publicado no jornal "A Tarde":

Algumas palavras ganham o imaginário popular por conta de um intenso uso pela mídia, mas com significados equivocados, quase que opostos aos seus sentidos originais.

Para a maioria, os hackers são aqueles nerds que invadem os computadores para roubarem senhas, dinheiro ou realizarem operações fraudulentas. A palavra hacker, contudo, surge no meio dos programadores de computador para designar aqueles que se dedicam com entusiasmo ao que fazem nesse campo.

Steven Levy, em um interessante livro sobre a história da computação, afirma que os hackers trabalham de forma aficcionada para "tomar as máquinas em suas mãos para melhorar as próprias máquinas e o mundo".

Foi o esforço coletivo e colaborativo dessa turma que possibilitou a criação e a presença da internet em quase todo o planeta. No entanto, muito ainda se tem que avançar em termos de políticas públicas para que, de fato, todas as classes sociais tenham acesso a ela.

No Brasil, são importantes as ações do governo federal, como o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) e o projeto "Um Computador por Aluno" (UCA), este em implantação em fase piloto, em diversos estados brasileiros. Também merecem destaques as discussões sobre o Marco Civil da Internet e a necessária reforma da Lei de Direito Autoral que, depois da recente consulta pública, deverá ser consolidada e encaminhada ao Congresso.

Iniciativas como essas, contudo, precisam estar acompanhadas de uma reflexão mais profunda sobre os valores éticos contemporâneos. Isso porque não podemos pensar na utilização dessas redes simplesmente com o objetivo de transformar cada cidadão em apenas mais um mero consumidor, seja de produtos ou de informações.

Pensar para além dessa estreita lógica do consumo é um desafio cotidiano e tem nos movido a pesquisar sobre a temática da chamada "ética hacker", expressão cunhada pelo filósofo finlandês Pekka Himanen em livro de mesmo nome.

Nosso pressuposto é que uma nova cultura se estabelece a partir da forma de trabalhar dessa turma, tendo a paixão, o trabalho solidário e colaborativo como elementos socialmente necessários para a construção de um mundo sustentável.

Essa forma de trabalhar - exemplarmente representada pelas bem sucedidas iniciativas do movimento software livre com o desenvolvimento do sistema operacional GNU/Linux, da Wikipedia, entre tantas outras - vem demonstrando que a sua motivação reside no alcance social de suas ações. Assim, pensamos a cultura hacker como um novo campo de luta pela socialização dos bens culturais e científicos, a partir do resgate do trabalho colaborativo e apaixonado, do incentivo à circulação plena de ideias e descobertas, do livre acesso ao conhecimento e a intensificação da criação.

A troca permanente de informações e conhecimentos possibilita a implantação de um círculo virtuoso de produção coletiva, inspirado na ideia de que conhecimento e cultura não são bens tangíveis e escassos, que ao serem consumidos se exaurem. Ao contrário, quanto mais eles circulam e são trocados, mais a criação é estimulada.

Atribui-se a Bernard Shaw uma excelente frase que serve de metáfora para essa discussão: "Se você tem uma maçã e eu tenho uma maçã, e nós trocamos as maçãs, então você e eu teremos uma maçã. Mas se você tem uma ideia e eu tenho um ideia, e nós trocamos essas ideias, então cada um de nós terá duas ideias". Complemento: cada um de nós terá pelo menos duas ideias, pois nada melhor do que a troca de ideias para a criação de muitas outras.

Assim, entretenimento, trabalho, cultura, educação, ciência, tecnologia, enfim, todos os campos podem e devem estar imersos nesses princípios, onde o prazer do fazer seja o grande combustível de todos, tendo a solidariedade, a generosidade e a mobilização colaborativa como forma de pensar e agir na construção de uma sociedade justa e democrática. Assumir na sua plenitude o nosso ativista jeito hacker de ser constitui-se uma atitude política de inserção social nessa rede.
(A Tarde, 25/10)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=74407

Alternativas sustentáveis, artigo de Renato Ribeiro Abreu

"Em vez de somente criticar, falar e condenar, mudar nosso comportamento com honestidade nas ações e respeito ao próximo tornará a tarefa possível"

Renato Ribeiro Abreu é empresário. Artigo publicado em "O Globo":

O respeito ao meio ambiente, associado ao desenvolvimento sustentável, é uma agenda permanente para a sobrevivência de todos nós e nossos descendentes. Muito se fala sobre sustentabilidade, preservação ambiental, poluição, camada de ozônio.

Contudo, o tema é sério demais, e exige muita responsabilidade quando se trata do assunto.

Não temos pretensão alguma de ser donos da verdade. Porém, como participantes ativos nos setores industriais e do agronegócio em diversas atividades e estados do Brasil, entendemos que, por questão de honestidade, devemos emitir nossa opinião de forma imparcial. Muitos se arvoram em donos da verdade, com críticas irresponsáveis, inconvenientes e até por interesses outros, sem ter o mínimo conhecimento da realidade vivida pelos principais atores, que são os nossos agricultores, principalmente os do Centro-Oeste brasileiro.

Pela complexidade do tema, teremos que voltar a um, dois ou até três séculos. A nossa colonização começou com a extração do pau-brasil, depois mineração, açúcar, café etc. Mesmo antes do fim da escravidão, o governo brasileiro, durante o Império, começou a incentivar a vinda de estrangeiros para fortalecer nossa agricultura, bem como para o suprimento de mão de obra mais especializada. Colonizar, produzir, expandir e ocupar nossas fronteiras foi, durante esse longo período, o melhor que se tinha a fazer.

Nessa mesma ocasião, nos Estados Unidos, na famosa corrida para o Oeste, estes fatos também ocorriam, até com muito mais intensidade.

No final do século XIX, com o início da industrialização na Inglaterra, em alguns países da Europa e depois nos Estados Unidos, o fluxo de mão de obra, que até então era quase todo da agricultura, começou a migrar para a indústria. À medida que o setor industrial crescia, o homem do campo migrava para os grandes centros.

A humanidade continua e continuará crescendo, e a necessidade de alimentos idem. No Brasil, tínhamos, e ainda temos, dois terços de nossa área (região da Amazônia Legal) precisando de constante proteção. Não é fantasia, nem nacionalismo barato.

Quem viaja constantemente para o exterior sabe o quanto essa área é visada.

Em função disso, durante o governo JK, com a construção de Brasília e o início da industrialização no Brasil, e depois com o regime militar, ocupar essa região tornou-se prioridade.

Continua sendo agora, só que com responsabilidade ambiental e sustentável. Novos bandeirantes foram para o Centro-Oeste incentivados pelo governo. Trocaram pequenas áreas de terras no Sul e no Nordeste do Brasil por médias e grandes áreas no Centro-Oeste. Com clima e topografia excelentes, melhoraram a produtividade a cada ano, via fundações de pesquisas e Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (no nosso entender, a mais importante empresa do Brasil).

Todo esse processo levou o Brasil a se tornar um dos líderes (em alguns setores o maior) na produção mundial de alimentos. Nos últimos 12 anos, isoladamente, o saldo do agronegócio tem sido muito superior ao saldo comercial brasileiro como um todo. E sem ele não teríamos atravessado tantas crises. Os outros setores da economia consomem parte do saldo da balança comercial do agronegócio. Ao longo de quase três séculos, todo este processo sempre contou com incentivo e apoio governamental.

Culpar os grandes desbravadores do passado e ainda do presente é uma enorme injustiça. Tratar nossos heróis como bandidos, idem. É óbvio que todo setor tem seus indesejados e aproveitadores, porém achamos que são minoria. O Brasil, com certeza, pode dobrar ou até triplicar nossa produção sem a necessidade de nenhum desmatamento, somente recuperando áreas degradadas e até reflorestando algumas.

Precisamos de alternativas criativas e viáveis, buscar a geração tanto quanto possível de energia limpa, proteger nossos mananciais, melhorar tecnologicamente nossas indústrias, reduzir drasticamente o desperdício e o consumo exagerado. Sabemos que não é uma tarefa fácil, mas, em vez de somente criticar, falar e condenar, mudar nosso comportamento com honestidade nas ações e respeito ao próximo tornará a tarefa possível.
(O Globo, 29/10)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=74406

Caixa das universidades federais soma R$ 20 bi

MEC defende expansão, mas gestão anterior aponta evolução menor na média anual de matrículas

As 57 universidades federais brasileiras terminam 2010 com um caixa de R$ 19,7 bilhões - já descontado o pagamento de aposentadorias e pensões. O valor é o mais elevado em duas décadas e representa um salto de quase 120% na comparação com o orçamento verificado em 2005, de acordo com números compilados pelo professor Nelson Cardoso Amaral, da Universidade Federal de Goiás (UFG), e pelo Ministério da Educação (MEC).

Os últimos cinco anos ficaram marcados pela execução das duas fases do programa federal de interiorização das instituições de ensino superior e de expansão da oferta de vagas e cursos, da contratação de professores e funcionários e dos investimentos para ampliação da infraestrutura da rede, com novos prédios de salas de aula, laboratórios e equipamentos. O aumento do orçamento das universidades sucede um longo período de estabilidade orçamentária, que durou 11 anos, entre 1995 e 2005.

Observador do desempenho orçamentário das universidades federais desde 1989, o professor Amaral lembra que, apesar da recente evolução, os recursos destinados a investimentos precisam crescer, pois são bem inferiores aos gastos com salários, aposentadorias, pensões e até manutenção. Segundo a execução orçamentária de toda a rede, dos R$ 22,1 bilhões do orçamento integral de 2009 (incluindo inativos), R$ 1,4 bilhão (6,5%) foi a rubrica capital, destinada à ampliação da infraestrutura ou aquisição de equipamentos. Folha de pagamento e inativos representam fatia que supera 80% do caixa das universidades.

"Gastos com salários são importantes, porque mão de obra é a maior riqueza de uma universidade. Ainda assim, o crescimento é o maior dos últimos anos e ajudou a superar o período de estagnação no custeio e investimento durante os oito anos do governo FHC. Muitas universidades ficaram endividadas", diz Amaral.

Cálculos do acadêmico apontam que o orçamento das federais registrou ligeira queda entre 1994 e 2002, passando de R$ 9,2 bilhões para R$ 9 bilhões, já descontados inflação e gastos com inativos. Os investimentos recuaram com maior intensidade no período (de R$ 278 milhões para R$ 45 milhões), enquanto os recursos empregados em manutenção - contas de água, luz e telefone e serviços de limpeza e segurança - também caíram, de R$ 996 milhões para R$ 537 milhões.

O ex-ministro da Educação do governo FHC Paulo Renato Souza, atual secretário da Educação de São Paulo, contesta os números. Segundo ele, o levantamento do acadêmico não contempla o Programa de Modernização das Universidades Federais, que previa a concessão de créditos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de organismos internacionais para a aquisição de equipamentos. Com a iniciativa, diz Souza, a média anual de gastos com custeio em oito anos foi de R$ 1,3 bilhão.

"Não tivemos diminuição de recursos, observamos que era possível fazer mais com o que havia. Concentramos a distribuição de recursos de custeio e investimentos com base no número de alunos e cursos e, depois, criamos, o programa de estímulo à docência", ressalta Souza, destacando que havia muito desperdício na administração das universidades federais e "foi preciso instituir mais cobrança por parte do MEC".

Na opinião de Amaral, da UFG, as universidades correram um risco de queda de qualidade com a adoção da Gratificação de Estímulo à Docência (GED) na gestão de Souza no MEC, abolida em seguida, ainda quando Cristovam Buarque era ministro da Educação no governo Lula. "Ao provocar uma maior preocupação com índices de produtividade, a GED poderia ter consequências negativas, por forçar uma atuação burocrática do docente, apenas preocupado em somar pontos numa tabela que resultaria em aumento da parcela salarial", avalia.

Souza diz também que as matrículas nas universidades federais durante o governo FHC cresceram a uma taxa média anual de 6%, enquanto no governo Lula ela foi menor, de 3,2%, considerando dados até 2008. O tucano também contesta os números de formação nos cinco anos do governo Lula. "Em termos absolutos, o número de formandos caiu mesmo com toda essa derrama de dinheiro, faltou eficiência ao MEC e iniciativas de cobranças."

O MEC rebate as acusações, afirmando que foi obrigado a passar os primeiros anos de gestão "apagando fogo da expansão irresponsável" promovida nos últimos anos do governo anterior, de acordo com um dirigente do ministério. As universidades federais, acrescenta, tinham mais de R$ 2 bilhões em dívidas.

"Só a Unifesp em São Paulo tinha uma única conta de água não paga de R$ 50 milhões. Além disso, o calendário universitário estava atrasado 120 dias por causa das greves e tivemos que chamar novos concursos públicos para substituir os professores temporários contratados no passado. A expansão só pôde ser iniciada depois que saldamos as dívidas com cada fornecedor, a partir de 2004", diz a fonte.

Segundo ela, se a comparação da evolução do número de matrículas levar em conta os mandatos completos de Lula e FHC, a vantagem é do primeiro. Considerando a previsão de matrículas de 2010, de 860 mil novos alunos, a expansão entre 2003 e 2010 será de 51%, enquanto que, entre 1995 e 2002, o crescimento foi de 44%.

Quanto à taxa de formação, a fonte do MEC explica que, por conta da fase de ajustes no início do mandato, o número de titulados se manteve estável e já começa a registrar crescimento. Entre 2003 e 2009, a taxa de formação cresceu 9%. "E crescerá ainda mais nos próximos anos. Segue uma lógica clara: se a expansão se intensificou em 2005, e é preciso pelo menos cinco anos para a formação, não tinha como aumentar antes de 2009."

Em 2009, número de novos alunos aumentou 17% em relação a 2008

O Brasil pode atingir a marca de 1 milhão de matrículas no ensino superior federal em 2012, ano de conclusão do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Previsão do Ministério da Educação (MEC) aponta crescimento da oferta de vagas superior a 75% em relação aos 643,1 mil alunos matriculados em 2008, quando começou a execução do Reuni.

Números oficiais do Censo da Educação Superior 2009, que será divulgado nas próximas semanas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostram que foram criadas 210,2 mil vagas nas universidades federais no ano passado, o que representa crescimento de 24% sobre 2008.

Com isso, a taxa de matrículas em 2009 registrou a entrada de 752,8 mil novos alunos na rede pública federal, uma alta de 17% em comparação com o ano letivo anterior. Para 2010, a previsão é que sejam registradas 860 mil matrículas (avanço de 14%), revelou uma fonte do MEC.

A taxa de formação dos estudantes reverteu queda de 2008 e voltou a crescer, embora em ritmo mais lento do que o da oferta de vagas: foram 91.576 concluintes em 2009 contra 84.034 no ano anterior, variação positiva de 9%. Na avaliação da fonte ministerial, a tendência é de aumento mais forte das graduações nos próximos anos. "O tempo médio de formação da maioria dos cursos é de 4,5 anos. À medida em o Reuni avança também deveremos registrar alguns repiques nos índices de conclusão dos universitários."
(Luciano Máximo)
(Valor Econômico, 29/10)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=74398

Como expandir a educação superior sem financiamento?, artigo de Fábio J. Garcia dos Reis

"Brasil corre o risco de se tornar pouco competitivo se não aumentar o acesso"

Fábio José Garcia dos Reis é professor e diretor acadêmico do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal) e doutor em História Social pela USP. Artigo publicado no "Valor Econômico":

Desde janeiro, o Departamento de Educação dos Estados Unidos está negociando novas regras com os diferentes atores que atuam na educação superior com o objetivo de instituir algumas deliberações no Higher Education Opportunity Act, que regulamenta o financiamento federal para os estudantes.

A regra que tem gerado maior polêmica é a que requer que alunos das "for-profit institutions" não possam contrair uma dívida de financiamento se a projeção do seu salário, após terminar a graduação, não for compatível com o empréstimo solicitado. Como o Estado financia o aluno das instituições privadas, mas o estudante não consegue pagar o empréstimo em função dos baixos salários ou mesmo do desemprego, o governo americano questiona se deve continuar financiando estudantes de instituições com fins lucrativos.

O exemplo dos EUA pode servir de parâmetro para a discussão do assunto aqui no Brasil, embora não necessariamente como modelo, pois os sistemas são diferentes. Entre nós, o tema principal do debate ainda é o da urgente necessidade de expansão do ensino superior, mas ele passa obrigatoriamente pela questão do financiamento. Afinal, como vamos expandir nosso sistema de educação superior sem financiamento?

No Brasil, apenas 13,7% dos jovens de 18 a 24 anos estão matriculados em instituições de ensino superior, sendo que 25% deles estudam em instituições públicas, enquanto o setor privado é responsável por 75% das matrículas. Nos EUA, mais de 60% dos jovens nessa faixa etária estão na universidade e, ao contrário do Brasil, 73% deles estudam em instituições públicas e 27% em instituições privadas.

Por sua vez, apenas 6,2% dos alunos matriculados no ensino superior brasileiro têm financiamento reembolsável, número muito negativo quando comparado com os EUA, onde mais de 50% dos universitários recebem algum tipo de financiamento estudantil.

O Brasil investe pouco no financiamento da sua educação superior. Não só o percentual brasileiro é muito baixo, como a sua evolução é negativa. Um país que ostenta uma das piores taxas de escolarização líquida, e que possui um baixo número de vagas ofertadas nas universidades públicas, não poderia jamais ter apenas 6,2% dos estudantes com acesso a financiamento estudantil, um índice que era de 8,1% em 2005, e vem caindo desde então.

O Ministério da Educação e os dirigentes públicos continuam se recusando a discutir a cobrança de mensalidade nas instituições de ensino superior públicas brasileiras, sob o argumento que a educação é um bem público, um dever do Estado e, portanto, a oferta pública de educação precisa ser integralmente financiada pelo Estado.

Mas poderíamos inverter a discussão. Se o ensino é um bem público, as pessoas que se formam nas instituições públicas utilizam suas habilidades e conhecimentos para o benefício público ou privado? Qual o real retorno para a sociedade? Como as instituições públicas fazem o controle do gasto dos recursos públicos?

Nos EUA, o ensino superior é pago, inclusive em todas as instituições públicas. Segundo o Almanac Issue 2009-2010, um relatório sobre a educação superior publicado pelo jornal "The Chronicle", o preço médio de uma instituição de ensino superior pública (4 anos), com taxas e mensalidades, é de US$ 5,9 mil (cerca de R$ 10,2 mil). Já em uma instituição privada (4 anos), nas mesmas condições, é de US$ 21,5 mil (cerca de R$ 37 mil).

No Brasil, segundo dados o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), um aluno do curso superior matriculado em uma universidade pública custa anualmente aos cofres públicos R$ 15 mil, o que representa três vezes mais o custo médio de um aluno matriculado numa instituição privada.

Os EUA gastaram, em 2008, mais de US$ 10 bilhões em algum tipo de auxílio para os estudantes. No Brasil, segundo informações do Semesp, o governo brasileiro gasta por ano cerca de R$ 860 milhões por meio do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) e do Programa Universidade para Todos (ProUni). Esse valor representa cerca de US$ 480 milhões, ou seja, nem um décimo do gasto americano.

O Departamento de Educação dos EUA abriu o debate sobre as regras de financiamento. Aqui, uma boa oportunidade para o debate desse assunto aconteceu em setembro, em São Paulo, quando o especialista em educação sênior do Banco Mundial, Michael Crawford, apresentou alternativas para ampliação do financiamento e do acesso à educação superior durante fórum sobre o ensino superior particular brasileiro.

Mas o que ressaltou no evento foi que o foco precisa estar na construção de um sistema de educação superior em que as regras sejam discutidas pelos atores que atuam no interior do sistema, exatamente como está ocorrendo nos EUA.

O Brasil corre o risco de ser pouco competitivo no que se refere a inovação e conhecimento se não aumentar o acesso ao ensino superior, repensar seus indicadores de qualidade na educação superior e estabelecer um Plano Nacional de Educação (PNE) com objetivos e metas coerentes com a nossa realidade e que tenha como parâmetro indicadores internacionais.

No geral, as atuais propostas são ideológicas. E, sem uma mudança nessa linha de pensamento, o país não conseguirá promover a expansão do seu sistema de educação superior, com graves consequências para o futuro de toda uma geração.
(Valor Econômico, 29/10)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=74402