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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

50 ANOS QUE ABALARAM O MUNDO

Fonte: Sérgio Mascarenhas (*)
Após a invenção dos raios-X por Rontgen em 1895, o que tomou a fronteira no desenvolvimento científico foi o campo da radioatividade. Os estudos começaram com Antoine Becquerel (1852-1908), cientista francês, que pela primeira vez detetou a radioatividade em sais de urânio. Porém sem identificar claramente a natureza das radiações, que hoje sabemos serem partículas (alfa e beta) e radiação eletromagnética (raios-gama).

Porém a grande contribuição veio de Marie (1867-1934) e Pierre Curie (1859-1906), que além de determinarem a natureza das radiações descobriram novos elementos radioativos como o Radium e o Polônio.

Marie Sklodowka Curie, nasceu na Polônia ocupada e é um exemplo espetacular de paixão pela ciência, capacidade inacreditável de trabalho e naturalmente criatividade. Mas o que a faz única é que foi a primeira mulher a ganhar tal expressão científica num mundo não apenas masculino, mas machista. Contar a história de Madame Curie, como passou a ser conhecida pelo público, é impossível nesta curta crônica , tais são os eventos tão dramáticos e intensos que permearam sua vida! Estudar a vida de Madame Curie é uma obrigação histórica e cultural. Foi uma das cientistas a ganhar dois prêmios Nobel (de Física e de Química)! Lutou bravamente por seus ideais ao lado de seu esposo Pierre, morto dramáticamente por atropelamento por uma carruagem em Paris.

Com sua filha Irene , seguiu-se outra bela história que contarei em outra crônica, sob o tema Mulheres na Ciência. Irene também recebeu o Premio Nobel, pela descoberta da radioatividade artificial, com seu esposo Joliot-Curie (sobrenome por ele adotado espontâneamente). Mas escolhi para a minha usual metáfora com Janus, o Deus romano, bifronte, da ilustração, que mira o passado e o futuro, uma outra figura feminina Hipatia (séc. IV DC) , grande matemática e cientista grega de Alexandria.

A razão que me induz a cotejar as duas grandes mulheres da ciência é ainda o drama da vida da ciência e da sociedade. Hipatia era cientista, filósofa e professora na famosa Biblioteca de Alexandria no Egito. Adotava a filosofia grega denominada neoplatonica, que resumidamente implicava em que o ser humano pode se aperfeiçoar e conquistar a felicidade no mundo, em sua vida. Isto se opunha drasticamente à filosofia católica em ascensão que o homem é imperfeito e que a felicidade somente pode ser alcançada no Paraíso religioso, óbviamente católico!

Hipatia tinha dado contribuições na Geometria, afinal foi representada na famosa Escola de Atenas de Rafael, próxima a Euclides, também de Alexandria! Aí deu-se a tragédia: O bispo católico de Alexandria, Cirilo, instigou a multidão a assassinar Hipatia, que foi apedrejada e queimada pelo ódio religioso e por sua paixão pela ciência material contrária ao “espiritualismo” católico de

Aí estão as duas Hipatia e Madame Curie, exemplos notáveis para as jovens mulheres do século XXI que buscam na ciência a sua afirmação e independência criativa!

Sérgio Mascarenhas (*) – Físico, Professor da USP. sm@usp.brentao
Fonte:http://www.sbpcpe.org/index.php?dt=2010_09_02&pagina=noticias&id=05843

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