Anualmente, no último trimestre, a comunidade científica internacional fica tensa, na expectativa da divulgação pela imprensa, com o devido destaque, dos nomes dos diversos ganhadores do cobiçado Prêmio Nobel, com as suas respectivas especialidades e nacionalidades, reacendendo em nosso íntimo aquela pergunta: por que nunca um brasileiro foi aquinhoado, se vários titulares de outros países com dimensões e potenciais culturais menores que o nosso o foram, embora tivéssemos algumas indicações? Sucede, porém que tivemos um, apesar de não reconhecido oficialmente, mas gestado, parido, criado e educado no Brasil.
Criado a partir de 1901, o Prêmio Nobel foi instituído por Alfred Burnhard Nobel, intelectual e abonado industrial sueco, apaixonado por Química, descobridor da dinamite, já foi distribuído pelo menos até 2007, conforme os dados que consultamos, por 756 pesquisadores, nas áreas de Economia, Física, Química, Medicina, Literatura e Paz (política internacional). É solenemente entregue no dia 10 de dezembro, aniversário da morte do seu criador, em Estocolmo. Só o da Paz é entregue em Oslo, capital da Noruega.
Quanto ao nosso ganhador, quero referir-me a Peter Brian Medawar, nascido no Hospital Santa Teresa, na cidade de Petrópolis, RJ, em 28 de fevereiro de 1915, onde criou-se, filho de um casal anglolibanês, com seus primeiros estudos na nossa terra, só indo para a Inglaterra em torno dos 15 anos, quando seus pais o mandaram para aquele pais pensando na sua educação, o que era um costume também de muitas famílias brasileiras no início do século passado, face as nossas deficiências. Lá, formou-se em Biologia e Zoologia, fazendo carreira nas Universidades de Birmingham e Oxford, tendo ainda sido assistente de Alexander Fleming na descoberta da penicilina. Recebeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1960, na área de Fisiologia, juntamente com Frank M. Burnet, mago da Medicina australiana, pelos seus trabalhos sobre os princípios da tolerância imunológica, o que deu origem ao soro antilinfocitário. A Rainha Elizabeth também homenageou-os com o título honorário de Sir, que figura em suas biografias.
Consta que Sir Peter não recebeu o Prêmio na condição de brasileiro, o que tentou junto ao nosso governo, pelo fato do então ministro da Aeronáutica Salgado Filho, ter-lhe negado a nacionalidade requerida, pelo detalhe dele não ter prestado Serviço Militar entre nós. Daí ele ter sido obrigado a optar pela cidadania britânica para poder receber a consagração, de acordo com o estatuto do prêmio. O Nobel foi apenas um dos inúmeros recebidos por ele das mais diversas entidades médicas da Europa e outros países. Em 1962, apesar de não ser médico, foi nomeado diretor do Instituto Britânico de Pesquisas Médicas. Sir Peter Brian Medawar ainda voltou ao Brasil em 1962 para visitar familiares, tendo inclusive tomado parte em diversas reuniões científicas. Nascido em 28 de de fevereiro de 1915, faleceu em Londres em 2 outubro de 1987, aos 72 anos, deixando-nos a dever-lhe as devidas e mais que merecidas homenagens.
(*) Mário V. Guimarães é médico (dr_mariovg@yahoo.com.br)
Criado a partir de 1901, o Prêmio Nobel foi instituído por Alfred Burnhard Nobel, intelectual e abonado industrial sueco, apaixonado por Química, descobridor da dinamite, já foi distribuído pelo menos até 2007, conforme os dados que consultamos, por 756 pesquisadores, nas áreas de Economia, Física, Química, Medicina, Literatura e Paz (política internacional). É solenemente entregue no dia 10 de dezembro, aniversário da morte do seu criador, em Estocolmo. Só o da Paz é entregue em Oslo, capital da Noruega.
Quanto ao nosso ganhador, quero referir-me a Peter Brian Medawar, nascido no Hospital Santa Teresa, na cidade de Petrópolis, RJ, em 28 de fevereiro de 1915, onde criou-se, filho de um casal anglolibanês, com seus primeiros estudos na nossa terra, só indo para a Inglaterra em torno dos 15 anos, quando seus pais o mandaram para aquele pais pensando na sua educação, o que era um costume também de muitas famílias brasileiras no início do século passado, face as nossas deficiências. Lá, formou-se em Biologia e Zoologia, fazendo carreira nas Universidades de Birmingham e Oxford, tendo ainda sido assistente de Alexander Fleming na descoberta da penicilina. Recebeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1960, na área de Fisiologia, juntamente com Frank M. Burnet, mago da Medicina australiana, pelos seus trabalhos sobre os princípios da tolerância imunológica, o que deu origem ao soro antilinfocitário. A Rainha Elizabeth também homenageou-os com o título honorário de Sir, que figura em suas biografias.
Consta que Sir Peter não recebeu o Prêmio na condição de brasileiro, o que tentou junto ao nosso governo, pelo fato do então ministro da Aeronáutica Salgado Filho, ter-lhe negado a nacionalidade requerida, pelo detalhe dele não ter prestado Serviço Militar entre nós. Daí ele ter sido obrigado a optar pela cidadania britânica para poder receber a consagração, de acordo com o estatuto do prêmio. O Nobel foi apenas um dos inúmeros recebidos por ele das mais diversas entidades médicas da Europa e outros países. Em 1962, apesar de não ser médico, foi nomeado diretor do Instituto Britânico de Pesquisas Médicas. Sir Peter Brian Medawar ainda voltou ao Brasil em 1962 para visitar familiares, tendo inclusive tomado parte em diversas reuniões científicas. Nascido em 28 de de fevereiro de 1915, faleceu em Londres em 2 outubro de 1987, aos 72 anos, deixando-nos a dever-lhe as devidas e mais que merecidas homenagens.
(*) Mário V. Guimarães é médico (dr_mariovg@yahoo.com.br)
Fonte: Mário V. Guimarães (*) Diário de Pernambuco de 30.11.2012
Fonte:http://www.sbpcpe.org/index.php?dt=2012_12_06&pagina=noticias&id=07922
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