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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Colegiado critica Biblioteca Nacional em carta a Dilma



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RAQUEL COZER
COLUNISTA DA FOLHA
Representantes do setor de livro, leitura e literatura junto ao governo enviaram a Dilma Rousseff carta em que acusam a Fundação Biblioteca Nacional de "se curvar ao comércio de livros" e focar as políticas públicas no atendimento de "interesses imediatos do mercado editorial".
A carta é assinada por 9 dos 15 membros titulares do Colegiado Setorial de Livro, Leitura e Literatura, instituído em maio de 2009 pelo MinC como o espaço para a sociedade civil acompanhar as políticas públicas da área.
Entre os signatários, estão representantes da cadeia criativa, como o poeta Ademir Assunção, e da cadeia mediadora, como o pedagogo Rogério Barata.
Nenhum dos quatro titulares da cadeia produtiva --a que estaria sendo beneficiada pela FBN-- participou da elaboração da carta, ressalta o escritor Nilton Bobato, que coordenou a entrega da carta.
Segundo o texto, os problemas começaram quando Galeno Amorim assumiu a presidência da FBN, no início de 2011, e iniciou a centralização das políticas públicas de livro, leitura e literatura.
Os signatários alegam que, dos investimentos previstos para 2011, R$ 44,8 milhões de um total de R$ 62 milhões estavam voltados a ações que beneficiam editoras, como compras de livros e feiras.
O texto diz ainda que, de R$ 30 milhões aprovados em 2010 e orçados no Fundo Nacional de Cultura (FNC) para a área, foi executado só um edital, de R$ 3 milhões, para pequenas e médias livrarias.
Marcos Michael/Folhapress
Galeno Amorim, presidente da Fundação Biblioteca Nacional
Galeno Amorim, presidente da Fundação Biblioteca Nacional
AGENTES DE LEITURA
Há críticas ainda à redução do programa Agentes de Leitura, que, segundo a carta, teve grande parte dos recursos transferidos para o futuro Programa do Livro Popular, maior bandeira de Amorim na presidência da FBN.
O Agentes de Leitura foi um dos quatro programas de fomento à leitura destacados pela Unesco, em 2010, como modelos a serem seguidos dentre os programas do gênero na América Latina.
Um das críticas quanto ao Livro Popular é que ele serviria para editoras se livrarem do encalhe de livros, já que, pelo preço final sugerido de R$ 10, elas não teriam lucro caso os produzissem especificamente para o programa.
"A necessidade de nossas bibliotecas está muito além da simples renovação de seus acervos, sendo muito mais necessária qualificação e ampliação de seus quadros profissionais e a modernização de seus espaços", diz o texto.
Folha apurou no MinC a existência de insatisfações no Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (órgão vinculado à FBN), cuja direção chegou a enviar carta a Galeno Amorim dizendo que uma política de apoio às bibliotecas não se resume à compra de livros.
Sobre o PNLL, plano que define os eixos das políticas de livro, leitura, literatura e bibliotecas, a carta diz que "está paralisado desde a saída do secretário executivo José Castilho, em abril de 2011."
OUTRO LADO
Procurada pela Folha, a FBN informou que no próximo dia 23 serão anunciados investimentos "expressivos" e que o valor destinado ao fomento à leitura será "bem maior" que o destinado a aquisição de acervos.
Disse que em 2011 o PNLL obteve o maior avanço desde sua criação, em 2006, ao passar a ser regido por decreto presidencial, e que as "informações sobre números e orçamentos [citadas na carta] carecem de maior precisão".

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