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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Navegando e naufragando

Alunos perdem o costume de manusear enciclopédias e ainda sentem dificuldade para encontrar informações de qualidade na internet; é papel da escola, portanto, orientá-los nas pesquisas

Fotos Carlos Cecconello/Folhapress


Arthur de Oliveira Araujo, 13, procura informações sobre o mesmo assunto na internet

Fabiana Rewald
Luciano Bottini Filho

Fernando Foster, 49, vende enciclopédias da Barsa há 30 anos. Seu modo de trabalhar quase não mudou e ele continua vendendo tão bem quanto no início da carreira.

A diferença é que agora sempre leva um notebook para as visitas a potenciais clientes. Assim, pode mostrar os atributos não só da edição impressa como da digital -quem compra os livros ganha DVD-Rom e acesso ao conteúdo da internet.

Luiz Felipe Pezzino Lugarinho, 12, está no 6º ano do colégio Elvira Brandão, na zona sul de São Paulo. Dentre seus cerca de 30 colegas, é o único que sabe o que é uma enciclopédia, mesmo que não a utilize com frequência.

Com um mundo de informações a apenas um clique, muitos alunos não aprendem a pesquisar em livros, o que preocupa as escolas.

"Não é preciso evitar a internet, mas o estudante deve entender a diferença [entre o material impresso e o que está disponível na rede]", diz Jorge Cauz, presidente da Encyclopaedia Britannica. Diferentemente da Barsa, a Britannica concentra 95% das vendas no meio digital.
Antônio Joaquim Severino, professor aposentado da Faculdade de Educação da USP, defende que o manuseio dos livros continua uma via pedagógica insubstituível. "O recurso às fontes eletrônicas é enriquecedor, mas complementar."

AULA DE BIBLIOTECA
Para suprir essa falta de costume de pesquisar em livros, o colégio Santa Maria (zona sul de SP) dá aulas sobre como usar a biblioteca.

"As crianças se assustam quando ouvem as palavras "acervo" ou "lombada'", conta a bibliotecária Marilúcia Bernardi. Os estudantes aprendem a manusear livros, jornais e revistas.
Mas a preocupação com o uso do conteúdo disponível na internet também existe. "Às vezes, o professor pressupõe que o aluno sabe pesquisar, mas tem que ter orientação", diz Miguel Thompson, diretor de marketing e serviços educacionais da Editora Moderna.

A ingenuidade faz com que os estudantes acessem sites inseguros, recorram a conteúdos desatualizados e não saibam a diferença entre informações boas e ruins.

"Os alunos pensam que sites que trazem poucos resultados são péssimos, em comparação com o Google, que traz um milhão de respostas", diz Helena Mendonça, coordenadora de tecnologia da informação e comunicação da Stance Dual (centro).

Quando há casos de plágio ou se os alunos escrevem o que não devem na rede, a escola propõe uma discussão sobre condutas éticas.

No Santo Américo (zona oeste), a saída foi convidar uma empresa de direito eletrônico para conversar com os alunos. "Passar a noção de autoria é um desafio", diz a diretora Elenice Lobo.

Fonte: Folha de S. Paulo

Pesquisa na rede é mais rápida, mas não é mais fácil

Para mostrar as diferenças entre os tipos de pesquisa, a reportagem convidou dois alunos do Elvira Brandão para participar de um desafio.

Luiz Felipe Pezzino Lugarinho, 12, teve dez minutos para pesquisar sobre o tema comércio informal em livros. O mesmo tempo foi a dado a Arthur de Oliveira Araujo, 13, que buscou informações sobre o assunto na internet.

Na biblioteca, Luiz levou mais de dois minutos até encontrar o volume da enciclopédia que serviria à sua pesquisa. Ao final do quarto minuto, ainda estava no índice.

No décimo, folha de caderno em branco, ele se convenceu: "Se a gente for consultar tudo na enciclopédia, vai perder muito tempo".

Na sala de informática, os dez minutos foram suficientes para que Arthur visitasse cinco sites e escrevesse quatro linhas. No entanto, elas não faziam muito sentido.

"É feita a cobrança muito alta de imposto para não fazer coisas com ele", dizia seu texto, que tentava relacionar o comércio informal à sonegação de impostos.

Segundo a psicanalista e colunista da Folha Anna Veronica Mautner, o conteúdo pesquisado na internet não é tão bem assimilado quanto o lido em uma fonte impressa.

"Existe um descaso em relação à internet. O internauta não se apropria da informação", diz ela.

Fonte: Folha de S. Paulo


DICAS PARA OS PAIS

4 passos para evitar o acesso a conteúdos inadequados

1 -DIÁLOGO
Converse comseu filho sobre o que ele acessa na rede e os riscos envolvidos

2 -CONTROLE
Filtros de conteúdo impedem o acesso a páginas proibidas para crianças. Acompanhe sempre o histórico de navegação de seu filho

3 -ESCOLA
Saiba se, na sala de aula, a internet é usada com segurança e se o professor ensina como usá-la

4 -PRESENÇA
O computador deve ficar em um ambiente comum, próximo dos pais. Não deixe a criança usar a internet sozinha, no quarto

Fonte: Rosilei Vilas Boas, coordenadora de Gestão da Informação da Divisão de Tecnologia Educacional da Positivo Informática

Fonte: Folha de S. Paulo


DICAS PARA OS ALUNOS

Antes de sair digitando www, pense em cinco perguntas: quem, por que, o que, quando e onde

1- QUEM?
Descubra quem é o autor do site para saber se é uma página pessoal ou de uma instituição. Isso assegura a confiança nos dados. Uma dica é atentar para o tipo de domínio da página (.com, .gov, .edu)

2- POR QUÊ?
Identifique a função da página -diversão, educação ou publicidade, por exemplo. Verifique se o autor não está sendo irônico

3- O QUÊ?
Diferencie os tipos de texto: pode ser uma notícia, um artigo de opinião ou uma pesquisa acadêmica, por exemplo

4- QUANDO?
Tenha cuidado com informações desatualizadas

5- ONDE?
Avalie a origem do conteúdo para saber se as informações valempara o seu país ou a sua cidade

Fonte: Helena Mendonça, coordenadora de tecnologia da escola Stance Dual

Fonte: Folha de S. Paulo
Fonte:pesquisa mundi

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