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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Padrão de chuvas é alterado por aquecimento

C e-mail 4091, de 08 de Setembro de 2010.



Pesquisa alerta que é preciso diversificar as fontes de água para evitar o aumento da fome

A precipitação de chuvas, cada vez mais imprevisível devido às mudanças climáticas, ameaça seriamente a segurança alimentar e o crescimento econômico, segundo especialistas em hidrologia. Num relatório do Instituto Internacional para a Gestão da Água, no Sri Lanka (IWMI, na sigla em inglês), eles defendem um maior investimento em armazenamento de água e afirmam que a Ásia e a África são as regiões mais suscetíveis porque, em grande parte, dependem diretamente da chuva para a agricultura.

Os políticos e agricultores precisam encontrar urgentemente formas de diversificar as fontes de água, alertam os autores da pesquisa para o IWMI. E eles estimam que até 499 milhões de pessoas na África e na Índia poderiam se beneficiar de uma melhor gestão da água na agricultura.

O relatório adverte contra a excessiva dependência de soluções únicas, tais como grandes barragens. Segundo os autores, a construção de grandes represas sugere um alívio rápido, mas não garante totalmente a sustentabilidade a longo prazo. Apesar de sua capacidade para controlar inundações e melhorar a produtividade agrícola, essa opção traz problemas sociais e ambientais.

De acordo com o IWMI, as mudanças nos cursos dos rios já levaram 80 milhões de pessoas a se deslocarem de suas cidades e atingem 470 milhões que vivem perto de represas.

- Assim como os consumidores modernos diversificam suas fontes de renda para reduzir riscos, os pequenos agricultores precisam de uma ampla gama de reservas de água para amortizar os impactos das mudanças climáticas - diz Matthew McCartney, principal autor do relatório. - Quando se esgota uma fonte, pode-se usar as demais.

Período de extremos: secas e inundações

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU projetou um período mais extremo de secas, inundações e calor neste século. E o relatório do IWMI diz que apesar de uma grande expansão da irrigação nas últimas décadas na Ásia, 66% da agricultura da região dependem das chuvas. Na África Subsaariana, este índice é ainda maior: 94%. Estas são as áreas onde a infraestrutura de armazenamento de água é menos desenvolvida.

- Milhões de agricultores estão á mercê da disponibilidade de água - diz Colin Chartres, diretor-geral do IWMI. - A mudança climática vai atingir duramente essas pessoas. É preciso fazer logo grandes investimentos em medidas de adaptação.

Na opinião dos autores, uma abordagem integrada combinando grandes e pequenas áreas de armazenamento é a melhor estratégia. Eles sugerem o uso da água de zonas úmidas naturais (pântanos), das águas subterrâneas e coletadas em lagos, tanques e reservatórios.

- Para milhões de agricultores que dependem das chuvas, o acesso seguro à água pode fazer toda a diferença entre a fome crônica e o progresso estável em direção à segurança alimentar - acrescenta McCartney.

Mesmo pequenas quantidades de águas armazenadas, permitindo que culturas e animais sobrevivam a períodos de seca, pode produzir grandes ganhos agrícolas.

Calor agrava os desastres

Um melhor sistema de alerta sobre ciclones e ondas de calor, assim como no índice da pobreza, em nações em desenvolvimento, tornaram esses países mais preparados para enfrentar as condições extremas do tempo, o que colabora para frear o número de mortes. Mas isso não significa o fim do aumento do perigo, diz Diarmid Campbell-Lemdrum, especialista da Organização Mundial de Saúde.

O aumento da temperatura, diz o pesquisador, poderá agravar os efeitos dos desastres naturais e prejudicar a produção de alimentos: - A mudança climática apenas acrescenta outro motivo para controlar a malária, a diarreia e a lidar com o problema da má nutrição. Esses são os grandes desafios.

Para Andrew Haines, diretor da Escola de Medicina Tropical e Higiene em Londres, há hoje um crescimento da taxa de mortalidade por causas indiretas.
(O Globo, 8/9)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=73326

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