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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Invisibilidade ao alcance




Cientistas conseguem pela primeira vez camuflar um objeto macroscópico

Cientistas conseguiram pela primeira vez tornar invisível um objeto macroscópico usando cristais naturais para desviar a luz dele, de forma a enganar os olhos de um observador. Uma espécie de precursor da capa da invisibilidade, como a usada pelo personagem Harry Potter e invejada por tanta gente.

No experimento conduzido por Shuang Zhang e equipe na Universidade de Birmingham, no Reino Unido, foram utilizadas pedras de calcita, um cristal transparente como o vidro, para esconder totalmente um clipe de papel. Até então, pesquisadores tinham conseguido apenas camuflar estruturas microscópicas em alguns comprimentos de onda diferentes da luz visível, como microondas e infravermelho, usando materiais artificiais especiais conhecidos como metamateriais, em geral extremamente caros e difíceis de serem fabricados.

Embora ainda estejam muito longe de desenvolver qualquer coisa parecida com o manto de Harry Potter, os cientistas acreditam terem provado que isso é possível. Para tanto, porém, terão que superar diversas dificuldades.

A primeira envolve o próprio material de camuflagem que, apesar de esconder o objeto colocado sob ele e ser transparente, permanece visível. A técnica também só funciona se a luz que incide sobre o material for polarizada em um determinado plano, fazendo com que o objeto só fique totalmente invisível se o sistema for visto com um filtro.

- Outra limitação é que nossa camuflagem tem que ser colocada sobre uma superfície para funcionar - reconhece Zhang. - O manto de Harry Potter torna invisíveis coisas que estão livres no espaço e isso é algo muito mais difícil de ser feito.

No experimento da Universidade de Birmingham, publicado em artigo na edição deste mês da revista "Nature Communications", o clipe de papel foi colocado sob uma pirâmide feita com dois prismas de calcita com um pequeno espaço na sua base, que recebeu uma camada de ouro para torná-la reflexiva. Assim, os raios de luz que passavam pela pirâmide eram desviados de forma que sua base parecesse perfeitamente plana, criando o espaço para o esconderijo.

- Este foi um grande avanço, pois pela primeira vez a área "invisível" é grande o bastante para que o objeto pudesse ser visto a olho nu - explica Zhang. - Usando cristais naturais no lugar de metamateriais artificiais, pudemos aumentar a escala da camuflagem para esconder objetos milhares de vezes maiores que o comprimento de onda da luz.

Segundo o pesquisador, futuras versões da camuflagem poderiam ser usadas para esconder equipamentos militares ou até como maquiagem para fazer "sumir" pequenas imperfeições.

- Se você tiver um sinal na face, poderá camuflá-lo para não ser visto - diz. - Mas, de qualquer forma, você precisaria de uma camuflagem relativamente grande para esconder mesmo uma coisa pequena.

O fato de ser feita com um material natural e fácil de ser encontrado, no entanto, é uma grande vantagem da camuflagem criada na Universidade de Birmingham. Já foram encontrados cristais de calcita com mais de sete metros de comprimento e dois metros de altura, o bastante, de acordo com Zhang, para esconder um cachorro de grande porte.
(Cesar Baima)
(O Globo, 2/1)

Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=76228

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