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terça-feira, 10 de maio de 2011

Risco de um mundo sem banana é destaque na Unesp Ciência



Fungos se alastram e ameaçam de extinção a fruta mais consumida.

Uma série de fungos agressivos vem colocando em alto risco o cultivo da fruta mais popular do mundo. Diante de doenças temidas, como Sigatoka negra e mal do Panamá raça 4, agrônomos e bananicultores no Brasil, na América Latina e na Ásia estão buscando novas técnicas de manejo e de melhoramento, mas não descartam a possibilidade de que essas ameaças, no futuro, acabem tornando necessária uma reinvenção da cultura. O desafio é tema de capa da nova edição de Unesp Ciência.

A reportagem foi ao Vale do Ribeira, região oeste de São Paulo, uma das maiores produtoras da fruta no Brasil, para mostrar a extensão do problema e as iniciativas para tentar contorná-lo. Nos arredores de Registro, principal cidade da região, é comum ver bananeiras da variedade nanica (a mais comum no País) com cachos atrofiados e folhas escuras, com aparência "estragada". Elas estão tomadas pelo fungo causador da Sigatoka negra, que impede as plantas de fazerem fotossíntese.

A revista acompanhou os trabalhos do engenheiro agrônomo Wilson da Silva Moraes, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia de Agronegócios (Apta) e professor do curso de Agronomia da Unesp em Registro. Ele busca maneiras de controlar a doença e melhorar a produtividade dos bananais usando o mínimo de fungicida. Além de diminuir os riscos de contaminação da bacia hidrográfica e os custos de produção, isso é importante para dificultar o surgimento de fungos cada vez mais resistentes.

Moraes testa, por exemplo, o rodízio e a combinação mais eficiente dos fungicidas; o uso deles direto na planta em vez da dispersão aérea; a correta adubação do solo; o efeito da temperatura e umidade na gravidade dos sintomas, etc. À medida que são concluídos, esses estudos geram resultados que ficam disponíveis aos produtores da região, por meio da Apta e de outros órgãos estaduais e municipais de fomento à agricultura.

O maior temor dos produtores, porém, é que outro fungo, presente por enquanto só na Ásia, na Austrália e na África do Sul, chegue ao Brasil. O chamado mal do Panamá raça 4 também atinge a banana nanica, não é controlável por nenhum fungicida e pode arrasar um bananal em semanas.

De acordo com especialistas ouvidos na reportagem, a situação da bananicultura no mundo é tão dramática que vários países estão unindo esforços para encontrar soluções e evitar que a nanica desapareça do mapa, tal como ocorreu a partir dos anos 1920 com a variedade Gros Michel, hoje extinta. O desafio é criar variedades resistentes tanto ao mal do Panamá quanto à Sigatoka negra. E se nem isso der certo, talvez a cultura tenha de mudar, apoiando-se em uma nova variedade.
(Ascom Unesp)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=77456

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