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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Arqueologia espacial



Fonte: O Globo, 26/05/2011, Ciência, p. 36

Satélites descobrem 17 pirâmides, tumbas e até vilarejos enterrados no Egito

A GRANDE pirâmide de Gizé, a maior e mais antiga da região: tecnologia permitirá a descoberta de muitas outras maravilhas escondidas do Egito Antigo

Indiana Jones, o famoso arqueólogo aventureiro do cinema, não tem mesmo mais lugar no mundo de alta tecnologia de hoje. Levantamento em infravermelho feito por satélites em órbita da Terra permitiu a localização de 17 pirâmides, mais de mil tumbas e 3 mil vilarejos antigos enterrados no Egito. Escavações preliminares já confirmaram a descoberta de muitas das estruturas, inclusive pelo menos duas das pirâmides. O trabalho, capitaneado pela arqueóloga Sarah Parcak, da Universidade do Alabama, será tema de documentário, com exibição prevista pela BBC para o fim do mês.

¿ Indiana Jones é da velha guarda, nós seguimos em frente. Desculpe, Harrison Ford ¿ brincou Sarah em entrevista à emissora. ¿ Conduzimos esta pesquisa intensamente por mais de um ano. Eu podia ver os dados enquanto eles entravam, mas o momento ¿arrá¿ foi quando eu pude dar um passo para trás e ver tudo que encontramos. Não acreditava que pudéssemos localizar tantos sítios por todo o Egito.

Câmeras podem detectar objetos com apenas 1m

A equipe de Sarah analisou imagens em infravermelho produzidas por satélites a 700 quilômetros de altitude, equipados com câmeras tão poderosas que podem detectar objetos com menos de um metro de diâmetro na superfície da Terra. Os antigos egípcios construíam suas casas com tijolos de barro, material mais denso do que o solo em volta, o que permitiu que os contornos das estruturas pudessem ser delineados pelos instrumentos.

¿ Escavar uma pirâmide é o sonho de qualquer arqueólogo ¿ comemorou Sarah. ¿ Isso mostra o quão fácil é subestimar o tamanho e escala dos antigos assentamentos humanos.

Assim, ela acredita que vai descobrir ainda mais antiguidades escondidas no Egito:

¿ Estes são apenas os sítios próximos da superfície. Ainda há milhares de sítios adicionais que o Nilo cobriu com sedimentos. Este é apenas o início deste tipo de trabalho.

As câmeras da BBC seguiram Parcak na sua viagem ao Egito, onde ela liderou as escavações que confirmaram o que seu uso da tecnologia podia ver sob a superfície. No documentário, intitulado ¿As cidades perdidas do Egito¿, ela visitou a região de Saqqara, onde as autoridades, a princípio, não se interessaram por suas descobertas. Mas, depois que ela contou ter localizado duas potenciais pirâmides, escavações preliminares fizeram o governo considerar aquele um dos mais importantes sítios arqueológicos do país. Para Sarah, porém, o momento mais excitante foi sua visita a Tanis.

¿ Eles escavaram uma casa de 3 mil anos que as imagens do satélite mostravam e seu contorno era quase que perfeitamente igual ao que os satélites viam ¿ contou ela. ¿ Isso foi uma verdadeira validação da tecnologia.

As autoridades egípcias agora planejam usar a técnica para ajudar a proteger as antiguidades do país. No recente levante contra o ex-ditador Hosni Mubarak, saqueadores invadiram alguns sítios arqueológicos.

¿ Podemos dizer pelas imagens que uma tumba saqueada era de um período em particular e, assim, alertar a Interpol para vigiar se antiguidades daquela época estão sendo oferecidas no mercado ¿ explicou a arqueóloga.

Ela também espera que a tecnologia ajude arqueólogos em suas pesquisas pelo mundo.

¿ Ela permite que tenhamos mais foco e sejamos mais seletivos no nosso trabalho ¿ avaliou. ¿ Quando nos deparamos com um sítio grande, não sabemos por onde começar. O satélite é uma ferramenta importante para escolhermos onde vamos escavar.

As primeiras imagens em 4,5 mil anos

Robô penetra em túnel de pirâmide e revela hieroglifos e marcas nas paredes

GREGG LANDRY posiciona o robô usado em 2002: imagem de pedra bloqueando a passagem no túnel

Um robô enviou as primeiras imagens de marcas na parede da pequena câmara secreta da Grande Pirâmide de Gizé, no Egito, que não são vistas há pelo menos 4,5 mil anos. Os desenhos podem ser simples grafites deixados por trabalhadores ou símbolos religiosos. As imagens mostram também uma porta, que pode levar à outra câmara secreta.

A grande pirâmide do complexo de Gizé foi construída como a tumba do faraó Quéops (ou Khufu, como é chamado no Egito) e é a última das sete maravilhas do mundo antigo que ainda se mantém de pé. Ela apresenta três alas principais: a Câmara da Rainha, a Grande Galeria e a Câmara do Rei, que apresenta dois dutos de ar contectando-a com o exterior. Estranhamente, no entanto, há dois pequenos túneis, de aproximadamente 20 centímetros por 20 centímetros, que se estendem nas paredes norte e sul da Câmara da Rainha, e terminam diante de portas de pedra antes de alcançarem o exterior da pirâmide.

A função dos túneis e das portas é desconhecida, mas alguns especialistas acreditam que possam levar a uma câmera secreta. Zahi Hawass, o ministro das Antiguidades do Egito, descreve as portas como o último grande mistério da pirâmide. Diversas tentativas de explorar os túneis com pequenos robôs já foram feitas. Em 1993, um robô avançou 63 metros pelo túnel da parede sul e descobriu o que parecia ser uma pequena porta de pedra com pinos de metal. Nenhuma estrutura da grande pirâmide apresenta metal e a descoberta deu origem a especulações de que os pinos seriam maçanetas, chaves ou mesmo parte de sistema de energia construído por aliens.

Em 2002, outro robô entrou no bloco de pedra e filmou uma pequena câmara bloqueada por uma grande pedra. Agora, um robô projetado pelo engenheiro Rob Richardson, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, e batizado de Djedi (o nome do feiticeiro consultado por Quéops quando planejou sua tumba), captou imagens de hieroglifos escritos em tinta vermelha e linhas na pedra.

¿ Se esses hieroglifos forem decifrados, podem ajudar egiptólogos a descobrir por que esses túneis misteriosos foram construídos ¿ afirmou Richardson, em entrevista à ¿NewScientist¿.

A câmera revelou também mais imagens dos não menos misteriosos pinos de metal, revelando que eles seriam ornamentais e, dificilmente, parte de uma instalação elétrica.

Diretor do Projeto Djedi, Zahi Hawass acredita que possa haver um quarto secreto por trás das portas, onde estaria a tumba do faraó. Por essa teoria, a Câmara do Rei seria uma galeria feita para despistar o verdadeiro local do sepultamento.

fonte:http://www2.senado.gov.br/bdsf/bitstream/id/200207/1/noticia.htm

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