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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Na Microsoft, código aberto leva outro nome: interoperabilidade

Por Robinson dos Santos, do IDG Now!
Publicada em 27 de agosto de 2010 às 09h10

Para atender quem mistura Windows e software livre, empresa investe em pesquisa, mantém repositório de código e promove até palestras sobre Linux.

Conhecida pelo zelo com que defende sua propriedade intelectual, a Microsoft parece, enfim, ter encontrado uma fórmula para conviver com o mundo do código aberto. E o Brasil tem escrito parte importante desta história, destaca o gerente de estratégias de plataforma da Microsoft Brasil, Djalma Andrade.

“A Microsoft não compete em relação a open source. Não há antagonismo”, explicou Andrade ao IDG Now!.

É uma posição em harmonia com a anunciada recentemente pelo gerente geral de interoperabilidade da matriz americana, Jean Paoli. Em entrevista à Network World/EUA, o executivo afirmou: “Nós amamos open source.”

Não é que a posição da empresa em relação à defesa de sua propriedade intelectual tenha mudado. O que a Microsoft tem levado em conta, explica Andrade, é o fato de que muitos clientes mantêm, em suas instalações, sistemas Windows e software de código aberto, ora lado a lado (no caso do Linux), ora sobrepostos (como servidores de código aberto PHP). Essa necessidade tem nome: interoperabilidade.

“Nos Estados Unidos, a matriz mantém vários laboratórios de interoperabilidade, inclusive com open source”, conta Andrade. “No Brasil, desde 2006 mantemos laboratórios de interoperabilidade em cinco universidades.”

A lista de instituições com laboratórios inclui Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Estadual Paulista, Universidade Estadual de Campinas, Universidade de São Paulo e Universidade Federal do Pará. Neste ano, entrou em operação um sexto laboratório – o do Senai, em Brasília (DF), com “projetos voltados a necessidades específicas de negócio”, explica o gerente.

Kernel do Linux
Os laboratórios não são a única iniciativa da Microsoft com open source. A empresa afirmou ter aberto 20 mil linhas de código para serem aproveitadas no kernel do Linux em funções de virtualização de sistemas. Além disso, ela disse ter destacado uma equipe do desenvolvimento do Windows para desenvolver um SDK para uso com o PHP, e que abre a possibilidade de usar o gerenciador de banco de dados SQL Server, da Microsoft, com PHP.

Os ambientes mais complexos exigem várias soluções. Os clientes precisam saber que, seja qual for a solução que ele vá ter no futuro, ela poderá ser utilizada com os softwares da Microsoft”, ressalta Andrade.

É possível até encontrar uma mina de projetos de código aberto dentro dos próprios sites da Microsoft. O Codeplex é exatamente isso – um repositório de projetos open source hospedados pela Microsoft, e fornecidos, mantidos e compartilhados pela comunidade de desenvolvedores especializados em suas plataformas. “Há milhares de projetos”, diz o gerente.

Andrade estima existirem 400 mil aplicativos open source. Destes, cerca de 350 mil funcionam em plataforma Microsoft. Entram no cálculo muitos softwares que funcionam tanto em Linux como no Windows – caso do servidor web Apache e do próprio PHP, por exemplo.

Creative Commons
A última ação da Microsoft na cena copyleft ocorreu na quinta-feira. A empresa publicou uma atualização dos documentos de melhores práticas em computação segura (Security Development Lifecycle - SDL) na licença Creative Commons. Essas práticas tem sido aplicadas desde 2003 como uma forma sistemática de produzir software mais robusto e confiável.

De acordo com mensagem no blog oficial da iniciativa, os novos termos da licença permitem que qualquer um copie, distribua e transmita a informação a terceiros. Até então, quem quisesse fazer alguma dessas ações teria antes que obter permissão explícita da Microsoft.

Por enquanto, dois novos documentos serão publicados sob a licença Creative Commons: "Simplified Implementation of the Microsoft SDL" e "Microsoft Security Development Lifecycle 5.0". Mas a licença não se aplica, no entanto, às ferramentas SDL desenvolvidas pela Microsoft, informa o blog.

Um bom acervo de informação sobre a relação da Microsoft com o código aberto já está disponível de forma organizada no Brasil, por meio dos sites www.microsoft.com/brasil/opensource e o blog www.porta25.com.br. A partir de 1.º de setembro, haverá reformulação de conteúdo e formato em ambos os sites, informa Andrade.

A interoperabilidade também terá toda uma sequência de palestras na TechEd 2010, conferência da Microsoft para desenvolvedores que será realizada de 13 a 15 de setembro, em São Paulo.

Na descrição do programa do evento, a empresa afirma acreditar que a interoperabilidade “simplifica a complexidade, criando uma ponte entre as tecnologias proprietária e de código-fonte aberto”. Para quem achava que nunca veria um evento Microsoft tratando de Ruby, PHP, Linux, Java e Mono, esta é a chance.

Fonte:http://idgnow.uol.com.br/computacao_corporativa/2010/08/27/na-microsoft-codigo-aberto-leva-outro-nome-interoperabilidade/

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