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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Brasil na rota do ensino

Notícias Terça-Feira, 10 de agosto de 2010
JC e-mail 4070, de 09 de Agosto de 2010.



Mais estudantes estrangeiros vêm ao país fazer faculdade, e alunos brasileiros ganham com isso

Há dez dias no Brasil, o italiano Giuseppe Belpiede, 21, já pede, logo após a primeira pergunta, que a entrevista seja em português. Responde em "portunhol", mas se faz entender muito bem.



Sobre os motivos que o trouxeram ao Brasil para cursar parte do seu mestrado, na FGV-SP, ele enumera: as oportunidades de trabalho no país, o clima agradável e o fato de ter amigos aqui.

Recém-alçado ao posto de país influente no cenário internacional e com uma economia sólida, o Brasil hoje é visto por estudantes estrangeiros como a bola da vez.



Além disso, a qualidade do nosso ensino superior é cada vez mais reconhecida lá fora, diz Lourdes Zilberberg, assessora de relações internacionais da Faap. A faculdade hoje recebe mais estrangeiros do que envia brasileiros, assim como a FGV-SP.



Entre 2006 e 2009, o total de alunos que vieram cursar o ensino superior no Brasil cresceu 144% - de 934 para 2.278, segundo a Polícia Federal (veja mais ao lado).



A PF não tem um levantamento sobre as nacionalidades, mas as faculdades brasileiras dizem receber muitos italianos, franceses, espanhóis e colombianos.



No grupo que veio estudar na FGV-SP com Giuseppe, há gente de Rússia, Suíça, Alemanha, França, Canadá, Portugal e Inglaterra.



Todos vão cursar ao menos um semestre na FGV, em um mestrado chamado Cems, formado por uma aliança entre 28 escolas tops de administração e por empresas do mundo todo.



Segundo o fundador do Cems, o francês Jean-Paul Larçon, viver no Brasil representa um diferencial no currículo dos estudantes.



As faculdades brasileiras se aproveitam disso para se internacionalizar, fazendo parcerias com instituições estrangeiras que preveem intercâmbio de alunos e docentes - de graduação e pós.



Com isso, ganham os alunos brasileiros que vão ao exterior e também os que ficam aqui. "Os estrangeiros trazem mais elementos para discussão", diz Renée Zicman, assessora de relações internacionais da PUC-SP.



Claudia Forte, que ocupa o mesmo posto no Mackenzie, completa: "Isso desperta nos brasileiros o interesse em aproximar culturas e forma cidadãos melhores".



Alan Shwartzbaum, 24, começou o mestrado do Cems na FGV e pretende estudar também em Barcelona. Mesmo sendo brasileiro, não perdeu a chance de participar da viagem a Paraty (RJ), organizada pela FGV para dar as boas-vindas aos estrangeiros. "Fui a Paraty para estar em contato com eles."



A escolha das parcerias é algo estratégico para as faculdades. Hoje, as brasileiras já podem se dar o luxo de recusar algumas alianças com instituições estrangeiras.



"Queremos privilegiar os convênios com as melhores", diz Adnei Melges de Andrade, vice-reitor de relações internacionais da USP, que tem hoje cerca de 450 parcerias.



Mas nem tudo são flores. Entre os problemas encontrados pelos estrangeiros no Brasil, estão o calvário para alugar um imóvel e a burocracia para se registrar na Polícia Federal - o órgão diz que já tomou medidas para agilizar o atendimento.



As faculdades, por sua vez, se esforçam para receber os estudantes cada vez melhor. "Tem todo um mimo para que eles se sintam bem-vindos e façam um boca a boca positivo", diz Liliane Kafler, diretora-adjunta do Departamento Internacional da Anhembi Morumbi.

(Fabiana Rewald)

(Folha de SP, 9/8)

Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=72692

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