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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

USP perde candidatos com novas federais

Para especialistas, abstenção na Fuvest tem ligação com expansão de outras instituições

A ampliação da oferta de vagas em universidades federais no Estado é apontada por especialistas como uma das principais causas das abstenções recordes na segunda fase do vestibular da Fuvest, que seleciona para a Universidade de São Paulo (USP) e a Santa Casa. Na terça-feira, o índice chegou a 9%. Na segunda, 8,33%. O padrão era em torno de 5% a 6%.

Neste ano, as três universidades federais em São Paulo oferecem 5.118 vagas. Em 2005, eram 1.403, já que a Universidade Federal do ABC começou a funcionar em 2007, com 1,5 mil vagas. Há quatro anos, eram duas federais no Estado: Unifesp, com câmpus na capital, e os de São Carlos e Araras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A partir de 2008, foram abertos, além da federal do ABC, o câmpus de Sorocaba da UFSCar e outros quatro da Unifesp (Baixada Santista, Diadema, Guarulhos e São José dos Campos).

Os dados do Censo do Ensino Superior de 2007 e 2008, do Ministério da Educação, mostra que a oferta de vagas quase dobrou nas federais naquele período - passou de 4,5 mil em 2007 para 6.776 em 2008. As estaduais perderam 248 cadeiras.

Mas não é só: o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ampliou a chance de os estudantes ingressarem em boas instituições e a USP mudou o formato de seu vestibular desde o ano passado, tornando-o mais difícil na avaliação de educadores.

"A prova está muito mais difícil e desestimula o candidato, que também têm mais opções", afirma o presidente do cursinho Henfil, Mateus Prado. "Não existem pesquisas de campo precisas sobre isso, mas acredito que, além dos cursos privados, a seleção pelo Enem oferece ao aluno de São Paulo a possibilidade de estudar nas federais de outros Estados fazendo uma única prova", aponta Elizabeth Balbachevsky, especialista em ensino superior da Universidade de São Paulo (USP).

Para a coordenadora do Objetivo, Vera Lúcia Antunes, o Enem descentralizou o interessa na Fuvest. "O exame mostrou que existem mais opções", diz ela, que também destaca a dificuldade da prova da Fuvest como um contribuinte para a grande abstenção.

A coordenadora do Cursinho da Poli, Alessandra Venturi, concorda que a diversidade de vagas oferecida contribua para diminuir o interesse na Fuvest. "Mas temos que considerar fatores como o Programa Universidade para Todos (ProUni), que oferece vagas nas particulares."

Segundo Alberto Nascimento, coordenador de vestibular do Anglo, o aumento da abstenção é preocupante. "Ontem mesmo conversei com responsáveis pela Fuvest para que seja feito um estudo que identifique o porquê desses alunos desistirem."

José Coelho Sobrinho, assessor de comunicação da Fuvest, disse que uma comissão irá estudar os números após o encerramento do processo seletivo. O resultado será apresentado ao Conselho de Graduação da universidade.
(Ísis Brum e Mariana Mandelli)
(O Estado de SP, 12/1)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=75826

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