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terça-feira, 21 de junho de 2011

Virtualização ruma para a onipresença

Prática será um pilar essencial do universo da tecnologia.
Por BETH SCHULTZ, DA COMPUTERWORLD/EUA

Estamos "quase no ponto em que não mais precisaremos usar a palavra virtualização ou descrever arquiteturas virtualizadas, uma vez que a prática caminha para ser pilar essencial do universo da tecnologia". A opinião é do analista do instituto de pesquisas Gartner, Chris Wolf.

Não é preciso dizer que a tecnologia está em um caminho acelerado rumo ao domínio total dos servidores, além de entrar com força total no universo dos desktops. Em pouquíssimo tempo, o alcance da virtualização irá expandir-se para o horizonte das aplicações, dos dispositivos móveis e das metodologias de tratamento de dados.

Ela vai invadir as diversas arenas. A conferir:

Na arena das aplicações

Se fosse necessário citar qual é o próximo grande domínio da virtualização, James Staten, analista da consultoria Forrester Research, diria que isso vai ocorrer nas aplicações de missão crítica e mais importantes das corporações.

Segundo Staten, a maioria das organizações selecionava algumas aplicações para virtualizar e elegiam algumas que nunca deveriam ser virtualizadas, pelo caráter estratégico que elas tinham para a empresa. Mas isso foi em um tempo em que o estágio de maturidade da tecnologia não era o ideal. Agora, em um outro cenário, as organizações começam a rever os seus conceitos e já questionam a decisão de barrar a virtualização em determinadas aplicações.

Para Aren Taneja, fundador da empresa de análise Taneja Group, o universo corporativo já está pronto para quebrar barreiras significantes no que diz respeito à virtualização, de forma que as aplicações mais críticas já podem ser trazidas para baixo do guarda-chuva dessa tecnologia.

Segundo Taneja, nos últimos 18 meses, a indústria percorreu longo caminho para tentar resolver um dos principais problemas de virtualizar aplicações: entrada e saída de dados em sistemas de armazenamento.

Startups como NextIO, Virtensys e Xsigo Systems, por exemplo, oferecem produtos capazes de virtualizar ­ ou agregar ­ interconexões por meio de links de rede InfiniBand ou Ethernet. Os sistemas dessas companhias ajudam o departamento de TI a ter mais controle sobre entrada e saída de dados ao criar políticas, designando quanto de entrada e saída uma máquina virtual em particular requer e então reparte o restante da capacidade para as outras máquinas virtuais com base em regras de percentuais. "Esses produtos, na essência, atribuem qualidade de serviço a sistemas de entrada e saída de dados e proporcionam grande estímulo para a adoção mais abrangente da virtualização", completa Taneja.

Além disso, os produtos de virtualização de storage de companhias como a 3Par (adquirida recentemente pela HP em disputa com a Dell), Compellent (adquirida pela Dell) e a NetApp trabalham de forma bem melhor em ambiente virtualizado do que componentes tradicionais. Taneja aponta uma técnica conhecida como wide striping (distribuição de atividades de entrada e saída de dados pela infraestrutura para evitar sobrecargas) como algo que viabiliza o transporte de aplicações de missão crítica para ambientes virtuais.

A técnica ajuda a eliminar gargalos de armazenamento porque todos os discos passam a fazer parte da tarefa. Sem isso, os gestores de TI precisavam agrupar discos e especificar quais aplicações seriam servidas para cada conjunto de discos. O resultado era o desperdício de capacidade, com discos ociosos em diversos momentos.

"Se existe uma lição que aprendemos ao longo dos últimos três anos, ajudados por esforços de toda a indústria na busca de melhores soluções, é que em um ambiente de servidores virtuais não é possível manter armazenamento no estilo tradicional, do século passado", destaca Taneja.


"Virtualização também tem esse poder de mobilizar a indústria em busca das melhores soluções", completa.


Mas, além da forma de lidar com entrada e saída de dados, há outro aspecto muito importante na virtualização de aplicações: a portabilidade. De acordo com Staten, com a virtualização de servidores, as companhias ganharam o poder de criar imagens de servidores muito rapidamente, o que significa facilidade na movimentação das máquinas entre diferentes servidores físicos, clonagem, duplicação de máquinas e outras possibilidades relacionadas.

"Agora, as corporações querem que o mesmo seja possível com aplicações, ainda na camada do servidor físico: elas querem construir uma imagem de aplicação, implementar e movimentar entre diferentes servidores físicos, clonar, fazer a gestão do seu ciclo de vida, ou seja, a mesma forma com a qual se manipulam servidores virtuais", descreve Staten.


Todo esse conceito em torno da virtualização de aplicações tem, na verdade, mais de 12 anos de idade, mas muitos departamentos de TI só agora estão conhecendo essa tecnologia. Segundo Wolf, do Gartner, aqueles que se preocupam com padrões bem definidos, no caso de virtualização de aplicações e das plataformas que suporta essa prática, preferiram ver o mercado mais maduro antes de se comprometer com uma estratégica específica para essa tecnologia.

A maturidade chegou, com uma lista de opções de virtualização de aplicações que vêm de companhias como Citrix, Microsoft, Novell, Symantec e VMware.

Além disso, com o lançamento do Office 2010 realizado no ano passado, a Microsoft deu suporte oficial pela primeira vez às implantações virtualizadas de uma de suas aplicações.

"Se a Microsoft está começando nesse jogo apenas agora, com o suporte à prática, então você pode imaginar que a maioria dos fornecedores sob o ecossistema da Microsoft está um pouco atrás nessa tendência. O suporte das companhias também pode ser considerado como uma das barreiras para o uso da virtualização de aplicações, nas corporações", diz Wolf.


A VMware, que oferece a solução ThinApp para virtualização de aplicações, observa que há um aumento da importância atribuída à tecnologia na medida em que a arquitetura do desktop e a interação do usuário com o desktop se separam em diferentes camadas. Segundo o vice-presidente para computação de usuário final da VMware, Vittorio Viarengo, de forma crescente, os dispositivos do usuário estarão em uma ponta, com o suporte de computação para aplicações e as aplicações em si em um data center ­ e em configurações na nuvem no formato de software como serviço (SaaS).

"Isso tem implicações na forma como entregamos dados e aplicações com o tempo. Precisamos, de forma constante, migrar aplicações legadas e dar um jeito de torná-las utilizáveis a partir de qualquer dispositivo", diz Viarengo. "Essa talvez seja uma das principais possibilidades que a virtualização de aplicações oferece", completa.


A virtualização de aplicações também permite o uso mais granular da infraestrutura, ao possibilitar sua utilização a partir de qualquer tipo de dispositivo .³Se alguém aparece com um aparelho que roda Windows 7, mas precisa de uma aplicação especificamente construída para Windows XP, é possível virtualziar essa aplicação e rodar no desktop², exemplifica Viarengo, que adiciona a possibilidade de rodar a mesma aplicação nos dispositivos da Apple (iPhone e iPad) e em aparelhos com o sistema operacional Android.

Viarengo descreve um cenário interessante: um usuário pluga um iPad na rede e a VMware deposita um agente que inspeciona o dispositivo, determinando seu grau de segurança (seguro, relativamente seguro ou inseguro) e autenticando o usuário de acordo com essa análise. Em um exemplo, ele pode definir que "Esse é João e, baseado na política de TI, ele pode acessar essas cinco aplicações corporativas e acessar esse tipo de dado", explica Viarengo.

Uma vez que João usa o iPad, o agente entrega um cliente para o tablet, que permite que ele veja seu desktop, que a área de tecnologia hospeda em seu data center. Mais tarde, João se conecta de um laptop baseado em Windows. O agente, nesse caso, puxará as aplicações para rodar virtualmente no desktop local. Se o próximo passo de João for se conectar de um smartphone com Android, o agente entregará uma aplicação que permitirá que o desktop rode virtualmente naquele dispositivo.

"Isso mostra que precisamos ser capazes de desfazer o estreito relacionamento existente hoje entre aplicações, sistemas operacionais e hardware. Caso contrário, não poderemos transportar aplicações e dados para qualquer lugar", conclui Viarengo.


Arena da mobilidade

O diretor sênior de soluções para mobilidade da VMware, Srinivas Krishnamurti, não hesita em dizer que o campo da mobilidade é a próxima barreira a ser vencida pela empresa.

Por um lado, os telefones móveis, que possuem cada vez mais capacidade computacional, com CPUs rápidas e muita memória, estão-se tornando a próxima geração de PCs. Por outro, os analistas de mercado esperam que a venda anual de telefones inteligentes exceda as vendas de PC nos próximos dois anos. "À medida que mais dados, aplicações e serviços são consumidos nos telefones móveis, esse tipo de aparelho torna-se um elemento mais importante de atender com produtos", diz Krishnamurti.

A VMware vem promovendo de forma ativa a ideia de virtualização para mobilidade por mais de dois anos, desde o lançamento de seu produto VMware Mobile Virtualization Platform (MVP), projetado para ser instalado no núcleo dos smartphones. A plataforma permite que os fabricantes de aparelhos projetem aplicações para múltiplos sistemas operacionais, além de oferecer aos clientes a possibilidade de usar dois perfis em um único telefone. A VMware adicionou a tecnologia em seu portfólio por meio da aquisição da empresa Trango Virtual Processors, em 2008.

A primeira manifestação de virtualização em aparelhos móveis aparecerá, provavelmente, em dispositivos com Android, como resultado de uma parceria assinada em dezembro de 2010 entre a VMware e a empresa coreana LG. A iniciativa das duas companhias abraça a ideia de que as pessoas vão querer transportar um único telefone com elas, em vez de um corporativo e outro para uso pessoal, diz Krishnamurti. Os esforços iniciais estão focados justamente em permitir esse uso híbrido do equipamento, de forma que o departamento de TI possa tornar segura e gerenciar a parte corporativa, que estaria completamente isolada de todas as transações pessoais do usuário.

No entanto, mesmo com a VMware tateando o mundo da virtualização para mobilidade, Wolf, do Gartner, alerta que nenhuma grande operadora se comprometeu a dar suporte ao MVP. "Uma das preocupações que eu escutei sobre plataformas móveis é que os provedores de serviço querem garantir que não perderão dinheiro a permitir essa tecnologia", diz. Os usuários podem até se incomodar com o fato de ter de carregar dois aparelhos de telefone para todos os lados, mas isso não necessariamente incomoda as operadoras, porque significa a venda de mais aparelhos. "É bem óbvio que elas não se empolgariam em suportar um hypervisor, que faria com que elas vendessem um aparelho a menos e um contrato a menos de uso por usuário", completa.

Esse é o sentimento que a VMware ouviu de fornecedores de servidores quando apresentou o produto pela primeira vez. Mas, segundo Krishnamurti, essa questão foi superada quando os fabricantes perceberam que a virtualização daria a eles a oportunidade de vender máquinas com maior margem de lucratividade, mais avançadas e distribuir tecnologias de ponta como as de múltiplos núcleos. ³Acreditamos que a virtualização para mobilidade vá seguir caminho parecido, principalmente porque já estamos vendo processadores ARM de núcleos múltiplos, que permitirão a entrega de inovação em telefones celulares.² O diretor de TI da empresa de direito Winthrop & Weinstine, Craig Wilson, diz que não está convencido de que desktops virtuais rodarão com propriedade em smartphones em um futuro próximo, mas ele observa as ações dos fornecedores de perto, incluindo a tecnologia VMware View, que permite a virtualização de desktops em iPads e outros equipamentos que não são PCs.

"Essa é uma das belezas da virtualização: temos a possibilidade de testar e usar tecnologias em qualquer gadget que apareça. Quando algo impactante surgir, será de grande apelo para nossa empresa, que sempre busca manter advogados flexíveis, capazes de balancear a vida profissional com a privada, ao mesmo tempo em que atende às necessidades dos nossos clientes", comenta Wilson.


Virtualização de banco de dados

Enquanto a virtualização para mobilidade trilha seu caminho, a tecnologia também está começando a se enveredar pelo universo dos dados, diz Taneja.

Hoje, as metodologias de bancos de dados são ineficientes. Um exemplo é levar em consideração o fato de que toda aplicação crítica de negócios tem um banco de dados e uma quantidade enorme de cópias dos mesmos dados.

"O modus operandi é a clonagem dos bancos de dados para espalhar para todos os aplicativos que precisam deles. Eu faço uma cópia para o pessoal do data warehouse, outra para testes, uma para desenvolvimento e, então, cada uma delas se multiplicam por três porque são muitos grupos que precisam acessar os dados. Até agora, são nove cópias flutuantes dos mesmos dados, uma forma muito ruim de usar o armazenamento", descreve Taneja.

Para lidar com tais situações, startups, como a Delphix Corp., estão oferecendo sistemas de virtualização de bancos de dados. A companhia mantém o produto Delphix Server, que está disponível como software ou como dispositivo virtual. A ferramenta unifica snapshots de um banco de dados e arquivos de log para criar um banco de dados virtual funcional, de alto desempenho, com capacidades de leitura e escrita, derrubando a necessidade de quantidades enormes de armazenamento exigidas pelo método tradicional de cópias de bancos de dados. Por enquanto, a ferramenta foca em bancos de dados Oracle, rodando em Linux, Solares, HP-UX e AIX, de acordo com o vice-presidente de Pprodutos e Marketing da Delphix, Karthik Rau.

Uma vez que o banco de dados virtual é colocado em operação, uma funcionalidade de sincronização garante que ele permaneça alinhado ao banco de dados em produção, com a troca de apenas alguns blocos. Além disso, uma tecnologia de snapshot garante criação de mais bancos de dados virtuais em tempo real em uma interface de autosserviço.

"Nos perguntamos: por que criar todas aquelas cópias de bancos de dados se eles podem tirar proveito perfeitamente dos conceitos de virtualização? Em vez das dez cópias dos mesmos elementos que possui, basicamente, os mesmos dados, porque não criar uma única autoridade virtual?", conta Rau.

Antes de implementar o Delphis Server em meados de 2010, a empresa de conteúdo sob demanda TiVo tinha problemas com a movimentação de dados entre ambientes de produção e testes. "Era algo realmente difícil, que tomava diversos dias. Como consequência, só fazíamos isso uma ou duas vezes por ano. Mas essa prática estava restringindo nossos bancos de dados e prejudicando os negócios", diz o diretor sênior de TI da empresa, Richard Rothschild.

O executivo afirma que foi a primeira vez que uma tecnologia arrancou dele suspiros de surpresa pela qualidade, em 20 anos de carreira. "A TiVo é uma empresa pequena, cujo principal atributo é velocidade. A rapidez com a qual nos adaptamos ao novo mundo é vital para a companhia", afirma. Quando ouviu pela primeira vez sobre a tecnologia da Delphix, uma luz foi acesa em Rothschild. "Pensamos que, se a ferramenta fizesse o prometido, poderíamos aprimorar todo o ciclo de vida do nosso desenvolvimento em cima do software da SAP, além de permitir a criação de bancos de dados Oracle de acordo com a necessidade, eliminando aquele medo de criar novos bancos de dados por conta da complexidade de gerenciamento", afirma.

TiVo vem testando e usando a tecnologia de virtualização de banco de dados com sucesso desde então. "Agora, os desenvolvedores-chave podem escrever código, rodar em seus pequenos ambientes de bancos de dados, ver como funciona e como se altera, obtendo feedback quase em tempo real. Eles estão levando menos tempo para desenvolver e aprimorar a qualidade do código. E isso está colocando menos carga nos processos da extremidade da rede, como testes de desempenho", diz o executivo.

Rothschild ressalta que sua organização deve ampliar o uso da tecnologia para outras áreas de engenharia e para todos os desenvolvedores da companhia. Razão pela qual Taneja acredita que não será surpresa ver outras empresas implantando projetos parecidos em breve.

Fonte:http://computerworld.uol.com.br/tecnologia/2011/06/15/virtualizacao-ruma-para-a-onipresenca/

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