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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Softwares open source chegam à maturidade

Não é uma questão puramente financeira. Empresas já avaliam predominantemente as funções, os recursos e o desempenho.


Há três anos, o diretor de TI Jim Wenner procurava por uma solução de BI. Ele não pensava em contratar o Cadillac dos serviços, pois tudo que precisava fazer era gerar relatórios para a rede de lojas de conveniência Sheetz, avaliada em 4,9 bilhões de dólares. Depois de verificar as opções, Wenner decidiu-se pela suíte de BI da empresa Pentaho Corporation, uma solução de código aberto. A escolha foi motivada pela presença de funções requisitadas e pelas oportunidades de economia.

De natureza prática, Wenner havia planejado um plano B para o caso de o produto não ser tão eficiente “Nós estabelecemos uma meta. Se entre seis e nove meses depois de implementada, a solução não trouxesse os resultados no nível que esperamos, poderíamos substituí-la por outro programa”, explica.

Agora, passados dois anos, a parceria entre a Sheetz e o provedor da suíte de BI permanece em andamento. Wenner diz que houve curvas de aprendizado que desafiavam a expertise dos desenvolvedores. Atualmente apenas em software, Wenner investe algo em torno de 50 mil dólares anuais. “Não somos adoradores de plataforma de código aberto, apenas tentamos lidar com nossos recursos de maneira sábia”, diz.

Não é coisa de fã

Está evidente que fanatismo e adoração não têm mais nada a ver com a adoção de plataforma abertas no meio corporativo. Um estudo recente conduzido pela Accenture PLC evidenciou que metade das 300 empresas de grande porte pesquisadas já está comprometida com soluções de código aberto, ao passo que 28% ainda realizam testes ou têm empregado esse tipo de software em casos específicos. No geral, 69% dos respondentes afirmou avaliar a possibilidade de aumentar os investimentos em soluções open source.

O chefe do departamento de arquitetura de TI da Accenture, Paul Daugherty, diz que a participação de softwares de código aberto é mais evidente em níveis mais baixos, como servidores de aplicativos web, “mas sua participação em ambientes menos técnicos tem aumentado. Agora percebem-se empresas que buscam por integração de soluções de código fonte aberto, como frameworks e outros”, afirma.

O que chama atenção na pesquisa da Accenture é o fato de as empresas terem citado qualidade, segurança e confiabilidade como fatores mais atraentes na escolha por softwares open source. O que se esperava era o fator custo na liderança das motivações de escolha por produtos de código aberto, já que por muito tempo foi assim.

Segundo Daugherty “isso é um sinal de que esse modelo de software se aproxima da maturidade e que as empresas avaliam predominantemente as funções, os recursos e o desempenho ante aos custos relacionados com a adoção das plataformas open source”.

Na ótica do diretor de TI da American Nuclear Society, Joseph Koblich, o incentivador da tranquilidade que gestores de TI têm ao integrar soluções open source em suas estruturas é o fato de existirem milhares de comunidades em que se compartilham informações e conhecimento. “Uma base extensa assim dá aos administradores maior certeza de suas estruturas não naufragarem por falta de quem lance a bóia salva-vidas”, ressalta.

Koblich e sua equipe interna de TI desenvolveram um fluxo eletrônico de documentos baseados em ferramentas de código aberto como MySQL; também usam servidores Linux há mais de dez anos.

Por vezes, o diferencial entre os softwares de código aberto e os comerciais está em sua flexibilidade. Por dois anos a empresa Mitre Corp, sediada no estado norteamericano de Massachussets, aplica soluções open source no desenvolvimento de sua rede social interna. Batizada de Handshake, a plataforma exigia uma interface com o portal intranet da empresa. Tal solução não era encontrada em nenhum produto comercial padrão; a saída mais lógica foi partir para uma opção de código aberto.

O CIO da Mitre Corporation, Joel Jacobs, queria estar em sintonia com a evolução. “Não podemos realizar modificações profundas no portal comercial na velocidade que gostaríamos. Decidimos, então, migrar para uma plataforma de código aberto e baseamos nossa aproximação com releases sucintos de tamanho padrão e na análise dos comentários de nossos usuários”.

Metodologia

A equipe de TI conduziu um experimento de seis meses de duração para desenvolver um software de código aberto mais flexível que a interface comercial que usavam até então. Terminado com sucesso, o projeto deve ir ao ar até o final do ano, substituindo a versão comercial.

Jacobs reconhece que há seis anos jamais teriam considerado partir para um modelo de infra estrutura lógica desse tipo. “É um a mudança radical em nossa filosofia”, afirma o executivo que reconhece a impossibilidade dessa substituição acontecer com os softwares instalados nos servidores de RH e de finanças da empresa. “Mas, quando o assunto é interface com usuários via web, estaremos sempre dispostos a avaliar as opções disponíveis”, ressalta.

A empresa de pesquisas Gartner antevia o crescimento das plataformas abertas e sua chegada ao disputado mercado. O analista da organização, Mark Driver, porém, reconhece que a maturidade da plataforma open source é algo que deve ser apreciado com moderação e cautela, pois não se aplica a todas as soluções que permeiam o mercado.

O mesmo pode ser dito do volume de informações sobre cada pacote diferente. “Partir da premissa de sucesso garantido para todas os aplicativos dessa plataforma leva inevitavelmente a decepção”, alerta.

“É algo com que me deparo diariamente. As organizações dizem que economizaram volumes absurdos de recursos com o Linux e afirmam estar satisfeitas. Assim que as empresas se livram das inconvenientes licenças da Oracle e DB2 os problemas começam em efeito dominó. A adoração pelo código livre é tamanha, que não avaliam os riscos de gestão intrínsecos às mudanças desse tipo”, adverte Driver.

Segundo o analista, as organizações baixam todo e qualquer aplicativo que encontram na internet, os instalam e, sem se aproximar do fornecedor do produto, acreditam que se a solução se transformar em problema, serão capazes de resolvê-las com uma ou duas pesquisa no Google. “O que, muitas vezes, não é o caso”, conclui.

Por esses e outros motivos as Accenture adverte aos clientes que utilizem distribuições de plataformas open source com contratos de suporte do fornecedor. “Somente assim você terá certeza de que poderá contar com o apoio necessário”.
Fonte:http://computerworld.uol.com.br/gestao/2010/11/24/softwares-open-source-chegam-a-maturidade/

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