Translate

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A comida e você - Fique longe do açucar!

Por Dr. Alessandro Loiola . 18.11.10 - 15h51

Vamos começar nosso papo sobre comida com um dado importante – e espero que você guarde muito bem isso. É o seguinte: existem três tipos de Mentiras nesse mundo. O Engano, a Falsidade e a Estatística. Por causa de um ou outro, as pessoas vêm fazendo escolhas tão bizarras quanto equivocadas com relação à dieta.

Um dos primeiros grandes erros teve início na década de 1970, a partir de um catequismo sombrio na medicina chamado Doutrina do Colesterol.

Com o marketing agressivo dos laboratórios sobre médicos e pacientes, as últimas décadas do século XX nos levaram a acreditar que a redução do colesterol seria suficiente para reduzir o risco de ataques cardíacos.

As doenças do coração são a maior causa de morte na atualidade, respondendo por cerca de 800 mortes por dia apenas no Brasil. Então, tome dieta psicótica e caixas de remédios em cima do pobre colesterol.

Após entrevistar dezenas de milhares de pacientes, percebi que algumas coisas não fazem sentido. E a Doutrina do Colesterol é uma delas. Esta seita deriva de estatísticas no mínimo duvidosas. Como dizia um cunhado PhD em Engenharia de Produção: “A estatística é a arte de espremer os números até que eles digam o que você quer ouvir”. Infelizmente, nem sempre o que você quer ouvir é tudo que os números tem para lhe dizer.

As pesquisas mostram que pessoas com altos níveis de colesterol infartam mais. E pessoas que infartam mais tendem a morrer mais. Ok, muito bom. Mas pessoas que peidam também infartam. O mesmo acontece com quem tira meleca do nariz. Das pessoas que morreram por infarto, quantas tiravam meleca do nariz? Muitas. Seria então o caso de fazer campanhas e passeios na orla contra concreções nasais mucóides?

“Viva o coração saudável: não tire meleca do nariz!”, diria o slogan da campanha na camiseta branca do artista da Globo correndo em torno da lagoa. Ser saudável é ótimo. Ser fashion é tudo.

As vendas de lenços e sorinhos nasais iriam bombar.

O que as pesquisas de fato dizem, se você quer evitar um infarto:

1. Não adianta reduzir seu colesterol LDL (o colesterol mau) se o colesterol HDL (o colesterol bom) também estiver baixo ou se os níveis de Proteína Creativa estiverem elevados.

2. No caso de homens com mais de 69 anos de idade e mulheres com colesterol elevado, não existem dados definitivos mostrando que a redução dos níveis de colesterol seja capaz de reduzir o risco de morte cardíaca.

3. Tratamentos agressivos para reduzir os níveis de colesterol parecem aumentar o ritmo de formação de placas ateroscleróticas nas artérias, além de não reduzirem o risco de ataques cardíacos.

4. A imensa maioria (mais de 70%) das pessoas vitimas de ataques cardíacos apresentava níveis normais de colesterol.

Os estudos também mostram que pessoas mais idosas com níveis mais baixos de colesterol no sangue apresentam um maior risco de morte que pessoas com níveis mais elevados de colesterol.

Mesmo assim, a indústria dos medicamentos que reduzem o colesterol movimenta mais de R$ 50 bilhões por ano. Se estes remédios não apresentassem efeitos colaterais, menos mal. Mas eles causam lesões musculares, disfunção sexual, alterações hepáticas e uma miríade de outros problemas em 10-15% dos usuários. A carona no atalho da esperança nunca sai de graça.

Açúcar
O que realmente causa danos aos seus vasos sanguíneos não é a gordura na dieta. É o açúcar. O açúcar sob qualquer forma diminui os níveis de HDL, aumenta os triglicerídios e precipita o desenvolvimento da Síndrome Plurimetabólica (ou pré-diabetes).

Se fosse um romance da Agatha Christie, todo mundo apontaria para o Colesterol, mas seria o Açúcar o verdadeiro assassino da história. “Meu Deus”, você diria ao fechar o livro, “E eu que achei que ele fosse um doce!”.

Você sente terror e vontade de lavar a língua com água benta só de pensar em falar Colesterol? Eu sei como é isso. Mas as coisas não são tão simples assim. Quer dizer, elas são simples, mas podem não ser fáceis. O colesterol é apenas um dos vários fatores dietéticos – e certamente não o mais importante – no seu caminho para as doenças cardiovasculares.

É possível comer de tudo ao longo da vida, mas não coma como se a vida fosse acabar logo. A alimentação é crucial para promoção da saúde e aprender a construir uma relação saudável com a comida evita velórios precoces.

Se você quer fomentar um relacionamento sadio, comece já a utilizar esta abençoada ferramenta mental que a natureza lhe deu chamada Bom Senso. A mira não deve ser o Colesterol. O alvo é o Açúcar.

Uma dieta balanceada capaz de manter os níveis de glicose dentro do ideal certamente ajudará no reequilíbrio da gordura no sangue – com o bônus de efetivamente reduzir seu risco para doenças do coração.

O mundo muda. A medicina muda. Você evolui. Cumpra sua parte no contrato.

Semana que vem vamos conversar um pouco mais sobre como controlar o açúcar na dieta e outras pegadinhas escondidas no prato. Até lá, compartilhe sua solução, relate sua experiência e mande seu comentário no espaço do leitor. Conto com você!

PS – Para melhorar a compreensão deste artigo, vale mencionar que este é o quarto texto da série O Animal Humano, tendo sido precedido por O Animal Humano, Uma Mesa de Quatro Pés e Os Administradores de Horas.
Fonte:http://colunistas.yahoo.net/posts/6540.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário