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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Os mutantes contra a dengue

Soltos no Caribe, mosquitos transgênicos usam sexo para matar transmissores do vírus

Pela primeira vez, cientistas soltaram na natureza mosquitos geneticamente alterados para combater a dengue. Três milhões de machos transgênicos estéreis foram soltos.

Criados por britânicos, além de estéreis, eles são mais atraentes para as fêmeas. Acasalam, mas as larvas morrem. Eles acreditam que essa medida ajudará a diminuir a população do Aedes aegypti. No teste, a redução da população de mosquitos foi de 80%. Apenas as fêmeas do Aedes picam os humanos e transmitem o vírus que causa a dengue.

Na experiência, realizada de maio a outubro deste ano, pesquisadores da Oxitec Limited, uma companhia com sede na Inglaterra, soltaram gradativamente três milhões de mosquitos machos numa pequena área em uma das Ilhas Cayman, no Caribe. E os primeiros resultados indicaram que o transgênico poderia deter a rápida expansão da doença.

A equipe de Luke Alphey, diretor científico e cofundador da Oxitecel, modificou geneticamente o Aedes aegypti macho para morrer caso não receba certo antídoto, no caso o antibiótico tetraciclina. Então os mosquitos alterados receberam a droga no laboratório e foram reproduzidos em grande quantidade.

Depois de lançados no meio ambiente, eles se uniram às fêmeas selvagens e as crias herdaram uma cópia do gene. O resultado desse acasalamento gerou larvas que morreram antes ou logo depois de atingirem a maturidade como mosquitos.

Por causa da alteração genética, os mosquitos só sobrevivem se forem tratados com o antibiótico tetraciclina.

- Uma das vantagens é que os machos foram programados para buscar ativamente as fêmeas - disse Alphey. - As larvas que sobrevivem duram pouco como mosquitos.

Angela Harris, da Unidade de Pesquisa e Controle de Mosquitos das Ilhas Cayman, se disse muito animada com os resultados da experiência. Nessa fase, os mosquitos foram liberados três vezes por semana.

- Um dos principais problemas da dengue é que inexiste cura, vacina e drogas que você possa tomar para evitá-la ou sarar. Então a única forma de controlar é matando os mosquitos e assegurar que eles não estejam lá para transmitir o vírus - afirma.

A incidência de dengue aumentou drasticamente nas últimas décadas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a cada ano ocorrem mais de 50 milhões de casos no mundo, sendo 25 mil fatais. Pelo menos dois quintos da população estão em risco, especialmente na África e Ásia.

A Oxitec negocia com autoridades de vários países, inclusive Brasil, Malásia e Panamá, a realização de testes mais amplos.

Ainda assim, há quem critique a medida, por acreditar que esses insetos mutantes podem causar estragos ao meio ambiente.

- Se retiramos um inseto do ecossistema, não sabemos qual será o impacto - diz Pete Riley, diretor da GM Freeze, grupo britânico que se opõe à modificação genética. - As larvas servem de alimento para outras espécies, que podem morrer de fome.
(O Globo, 12/11)
Fonte:http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=74679

Um comentário:

  1. acho que deve ser feito o mais rapido possivel,as especies que se alimentam deles que mudem de cardapio

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