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domingo, 23 de janeiro de 2011

Lexmark digitaliza em três segundos

Depois de maravilhar o mundo com uma opção portátil e de baixo custo, os netbooks abandonam a cena e não deixam saudades.

Como se não bastasse a queda no volume de netbooks vendidos, as declarações do diretor comercial da Acer, Lu Bing-hsian, ajudam a jogar o que pode ser uma pá de cal sobre um mercado que já minguava antes da explosão dos tablets. “Vamos substituir nossa linha de netbooks por tablets, obedecemos às vozes do mercado”, disse.

De fato, contra as vozes do mercado, não há argumento. Durante edição da última CES – Consumers Eletronics Show, uma boa dúzia de tablets foi apresentada e dava sinais do que aguarda os netbooks: ostracismo digital. Pessoalmente, agradeço pela mensagem.

Venho esperando por tal anúncio desde 2007 quando pela primeira vez segurei um netbook nas mãos. Era uma Asus Eee 701 e eu era uma das primeiras pessoas no mundo a ter um, pois havia encomendado o dispositivo com meses de antecedência.

Decepção
Toda emoção que me impedia de abrir a embalagem de uma maneira civilizada foi destruída minutos depois do sistema dar o boot. Em termos de experiência do usuário a nota merecida era -3. Eu tinha cãibras nos dedos por operar aquele teclado minúsculo e desconforto por ter de movimentar o cursor com um trackpad que mais se assemelha a um selo, dado sua minúscula área. Isso, sem comentar área útil do monitor, pequena demais para qualquer propósito.

A falha era geral. Ninguém poderia usar o 7 polegadas. Exceção somente para crianças ou pessoas com mãos pequenas e muita paciência. Claro que houve quem soubesse operar o dispositivo sem jamais se queixar. Mas a maioria das pessoas – assim como eu – compraram o netbook, experimentaram e o promoveram para o sótão onde pudesse viver o resto de seus dias entre montes de poeira.

Obviamente naquela época ninguém admitia a frustração e ficamos todos boquiabertos esperando que os avanços tecnológicos pudessem resgatar esse malsucedido projeto das trevas, mas esse dia jamais chegou.

Leia também: CES 2011: Veja quais foram as tendências dos tablets
http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal/2011/01/15/ces-2011-veja-quais-foram-as-tendencias-dos-tablets/

Design e usabilidade
A conclusão que retiro disso é: se os fabricantes de netbooks não tivessem simplesmente encolhido um notebook, talvez – talvez – a experiência tivesse dado certo. Bastariam decisões inteligentes com consideração às dimensões ridículas do aparelho.

Também foi um problema perceber que os fabricantes encaravam os netbooks como PCs de baixo custo. Na perspectiva dessas empresas, o netbook seria só mais um produto para alcançar as classes que não podiam comprar um laptop – nada mais.

Nós, consumidores, queríamos um computador ultra portátil, sem ter de abrir mão da usabilidade. Dizer que o custo seria um fator a considerar é chover no molhado, pois preço sempre é um ponto chave. Mas isso não quer dizer que os preços dos netbooks deveriam ser arrochados ao último. Quem sabe 20 ou 40 dólares a mais para pagar por investimento em design pudessem ter salvo a família net e deixado os acionistas felizes, mas, novamente, não foi o caso.

Sistema operacional
Uma característica marcante em todos os netbooks é a baixa qualidade dos sistemas operacionais que carregam. Linux e Windows são excelentes para munir PCs grandes, mas netbooks não têm prerrogativas que justifiquem sua instalação nos microportáteis. O que faltava, falta ou faltou (não importa mais) é um sistema operacional próprio para esses dispositivos. O mesmo cuidado deveria ser tomado ao avaliar como será navegar na internet com esse PCzinho. Um browser padrão não fazia qualquer sentido. Imagine uma tela já bastante pequena exibindo um navegador cheio de barras de ferramentas e rodapés que ocupavam facilmente um quarto de toda a área visível. Eu não sou desenvolvedor de interfaces, mas não é preciso ser um para perceber isso. Não teria sido uma ideia razoável mover essas barras para um canto do lado esquerdo da tela, considerando o fato de a maioria das telas de netbook serem widescreen?

Em comparação à navegação em tablets só existe um veredito: netbook e internet são um pesadelo. Em contrapartida, navegar com um tablet beira a sonhar acordado. Inegavelmente os sistemas operacionais fizeram toda a diferença nesse veredito.

Adeus
Ainda assim, os netbooks foram capazes de introduzir uma cultura na população: ter mais de um PC. Basta lembrar que, em 2007, apenas fanáticos possuíam mais de uma máquina. A maioria dos mortais continuava com um computador apenas, fosse esse um laptop ou um desktop.

Com base nos netbooks, ficou evidente que poderíamos alastrar nossa presença digital por vários sistemas. Quem sabe, a revolução dos smartphones e dos tablets não seja um farol alto informando a esses PCzinhos que já é hora de partir.

Fonte:http://pcworld.uol.com.br/noticias/2011/01/19/adeus-netbooks-nao-precisam-voltar/

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