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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Nuvem corporativa da Google não dá conta do recado, diz diretor da Microsoft

Google? Não, eles não entendem nada de negócios e não respeitam a privacidade do usuário. Seu negócio são anúncios, afirma Tom Rizzo, de serviços online.

Em entrevista concedida à Computerworld/EUA, o diretor de serviços online da Microsoft, Tom Rizzo, falou sobre a migração da suíte de produtividade Office para a nuvem e sobre a competição que se estabelece com seu maior rival de todos os tempos, a Google.

As declarações de Rizzo jogam mais lenha na fogueira sob o caldeirão em que cozinhamos os ânimos de Steve Ballmer, CEO da Microsoft, e os de Eric Schmidt, CEO da Google - uma empresa ansiosa por finalmente entrar para o lucrativo segmento corporativo, depois de passar anos no jardim de infância cuidando de usuários pessoas físicas.

A versão a seguir é editada e toca apenas em temas que tratam das questões de privacidade da Google. Mais precisamente, sobre o acesso aos dados de usuários e as diferenças entre produtos desenvolvidos para o público consumidor final e as empresas.

Rizzo também fala de suas dúvidas com relação à capacidade da Google sobreviver no ambiente corporativo. De acordo com o executivo, a Google levará um susto quando se der conta da robustez da Microsoft no que diz respeito à computação em nuvem.

Computerworld: Qual é o maior desafio na migração de clientes para a nuvem?

Tom Rizzo: O que percebo é que muitas pessoas ainda têm desconfiança com respeito à nuvem. Os fatores que preocupam o consumidor são privacidade, segurança da informação e disponibilidade dos serviços. Elas crêem que, se puderem rodar os aplicativos de forma local, terão mais controle sobre seu funcionamento. Estão acostumadas a, no caso de qualquer falha de software, dar dois gritos com a equipe de TI e pronto, seus problemas acabam. O único jeito de nos afirmarmos enquanto prestadores de serviços será representar alguma vantagem comercial.

CW: Qual é a taxa de indisponibilidade dos servidores da Microsoft?

TR: Nós investimos naquilo em que acreditamos. Quando as pessoas falam em nuvem, logo mencionam a Google. Mas basta olhar para o acordo de disponibilidade deles para ver que só começam a contabilizar a indisponibilidade a partir dos 10 minutos e 1 segundo. Se o cliente ficar fora do ar por 9 minutos, eles dirão que não houve nada. Caso ultrapassem os limites do tolerado devolvem ao cliente direitos de utilização adicionais, para o consumidor usar aquele serviço lá... Aquele que não funciona, sabe? Nossa margem de indisponibilidade não chega a 0,1% e, na Microsoft, contabilizamos todo e qualquer segundo, exceto as interrupções planejadas para serviços de manutenção. Se nosso servidor parar, nós devolvemos dinheiro.

CW: Qual é o principal argumento que vocês ouvem das pessoas que migram para o serviços de nuvem da Microsoft?

TR: Olha, acontece que empresas como a Google, cujo negócio é vender anúncios online, leem as informações dos usuários e têm nas mãos vários dados das pessoas. Na Microsoft não fazemos nada disso. Não inspecionamos e não armazenamos as informações dos clientes. O dia em que um consumidor quiser seus dados de volta, simplesmente os retornamos e apagamos as informações de nossos data centers. O que salta aos olhos é o fato de nós conhecermos o mercado. Eles (a Google) vêm de um ambiente de anunciantes e precisam de informações para poder continuar seu negócio.

CW: Quer dizer que a Google não entende de negócios?

TR: Exatamente. De negócios corporativos eles não sabem nada. O que têm em mãos são os consumidores, gente que diversas vezes é menos zelosa com suas informações que entidades corporativas. Como nós crescemos em meio às empresas, entendemos melhor essas circunstâncias. Estamos uns 20 anos à frente deles e fizemos investimentos pesados. Com relação à Google, não sei dizer se ainda estarão por aqui em alguns anos. Eu li num relatório do Gartner que, depois de quatro anos no segmento de cloud computing, eles têm apenas 1% do mercado... Depois de quatro anos.

CW: Isso está me soando a uma promessa de falência do Google. É isso que você quer dizer?

TR: Eu diria que sim. Mas não é falência, é falha em um segmento em que não deram conta do recado da maneira que esperavam. Houve casos de clientes que nos abandonaram para ir ao Google e terminaram retornando para a Microsoft.

CW: Em uma entrevista, não muito tempo atrás, o Google afirmou que a Microsoft estaria atrasada no segmento de nuvem. O que acha de tal declaração?

TR: Acho óbvio que digam algo assim. Mas nós estamos na nuvem há muito mais tempo que eles. Desde 1998, quando compramos o Hotmail.

Nosso compromisso é com serviços duráveis, robustos. Já o Google mata seus serviços quando achar melhor. O Wave (Google Wave)? Mataram. Suporte offline? Não existe mais. Isso porque acham que conectividade à Internet é algo perene, imutável realidade. Nós, na Microsoft, acreditamos que nem todos têm conexões de banda larga. Mountain View (sede do Google na Califórnia) não é um retrato do mundo. Eles encerram o suporte offline e não avisam ninguém antes de isso acontecer.

CW: Mais cedo você mencionou privacidade. Como anda esse fator na Microsoft?

TR: Privacidade é sempre algo complicado e não vou atirar pedras na Google, porque não preciso. Acontece que, por vezes, a Google é o seu próprio algoz. Mesmo o Street View não está ajudando muito a empresa. Os termos de uso da Google também são uma coisa complicada. Assim que você clica em “concordo” está entregando sua imagem, sua logomarca, seu nome e tudo mais da maneira que acharem melhor. Não posso chamar isso de “respeito ao consumidor”.

CW: O que chama atenção é o fato de as duas empresas dizerem o mesmo: eles estão atrasados.

TR: Certamente. É um segmento que vale a pena acompanhar. Quer saber? Deixe o Google pensar que estamos perdendo a corrida. Quando se derem conta, ficarão chocados ao perceber que estamos dominando a área de cloud computing.

CW: E como anda a adoção do Office 365?

TR: Muitíssimo bem. Até o momento, mais de 2 mil empresas aderem à versão beta todos os dias. O interesse é enorme. Em 2011, quando estivermos entregando o software pronto, coisa que não faremos sem testes exaustivos, teremos um produto de alta qualidade.

(Sharon Gaudin )

Fonte:http://idgnow.uol.com.br/mercado/2010/12/01/nuvem-corporativa-da-google-nao-da-conta-do-recado-diz-executivo-da-microsoft

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