Translate

sábado, 4 de dezembro de 2010

O discurso da produção de artigos em C&T

A midia desenvolvimentista tem repercutido neste
final de 2010 um artigo da Science* , de sete
páginas, que informa que entre 1977 e 2007 o
número de artigos em ciência e tecnologia
publicados por pesquisadores brasileiros mais que
dobrou estando na casa de 19 mil artigos ao ano.

Contudo de acordo com dados do site do INPI *, no
Brasil houve nos mesmos dez 10 últimos anos entre
, também, 1997 à 2007, somente um aumento 16 %
no total de patentes depositadas no INPI por
todos os brasileiros trabalhando em em
universidades,laboratórios de pesquisa, empresas, tudo.
( )

Do total de 6.700 patentes foram depositadas em
2007por residentes no país e 80 % delas vieram da
região sudeste e em quase sua totalidade do setor
público.A contribuição do setor privado é
irrisória. E isso vale para os dez anos estudados.

É inevitável a pergunta: qual é o conteúdo dos 19
mil artigos indicados pela Revista Science? Se é
conteúdo de pesquisa, esta não esta se revertendo
em patentes. Ou então esta pesquisa em C&T está
completamente desassociada da inovação ou,
talvez, o grau destes estudos pesquisados é de
qualidade tão superior a densidade da
infraestrutura existente no nosso sistema
produtivo que não pode ser engenheirada no país.

A vasta maioria da produção em C&T pode estar se
dirigindo, ainda, para estudos de reflexões
teórico-filosóficos o que é bastante
louvável, mas estranho em um pais com a grande
necessidade de aprimorar diversos setores de sua
infraestrutura educacional, de saúde, transportes, indústria, e serviços.

Esta questão toda nos leva ainda ao problema,
também em evidência, dos repositórios de
informação livre, do qual somos defensores
acirrados. Mas estes estoques privilegiados
parecem não estar levando a produção da pesquisa
nacional a gerar conhecimento aplicado e com um
retorno em inovação para a sociedade.

Existe uma flagrante falta de conexão entre
produção científica brasileira em pesquisa e o
desenvolvimento e a utilização destes resultados
pela indústria e serviços, o que tem sido um
problema contínuo no país. O setor de produção
privado investem muito pouco em pesquisa e
desenvolvimento, em média menos que 1 % de seu
faturamento. A pesquisa que beneficia o setor das
empresas é feita com recursos do governo e em
laboratórios do governo, ainda que, a maior parte dela não seja patenteável.

Assim existe uma grande diferença entre o
discurso bem intencionado da produção cientifica
e uma verdadeira ação de inovação proveniente
deste discurso. Mesmo que ele venha com o poder
de sedução e convencimento de uma "Science". O
discurso da apropriação da inovação pela
sociedade é de fácil enunciação, tanto no
falatório da tribuna como nos planos programa e
textos escritos;mas, são estoques estáticos de
uma arquitetação intelectual que não modifica nada.

O discurso da ação opera no vazio é só uma
promessa de verdade. Não muda a realidade.


*"Science" - Brazilian Science: Riding a Gusher,
Science de 3 de Dezembro de 2010
http://www.sciencemag.org/content/current#ThisWeekinScience

INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial



Aldo de A Barreto
Mensagem recebida por E-mail 03/12/10

Nenhum comentário:

Postar um comentário